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segunda-feira, 14 de março de 2016

Toni Bellotto


Antonio Carlos Liberalli Bellotto, mais conhecido como Tony Bellotto, (São Paulo, 30 de junho de 1959) é um músico e escritor brasileiro. É guitarrista e compositor da banda de rock Titãs desde a sua criação, nosanos 1980, sendo um dos quatro membros remanescentes da banda que já foi um noneto.


Filho de Heloísa Liberalli Bellotto, conhecida doutora em arquivística e do historiador Manuel Bellotto. Tony também é apresentador do: "Afinando a Lingua" no canal Futura e escritor especializado no gênero policial.


Já lançou três romances com o investigador Bellini: Bellini e a Esfinge (1995), Bellini e o Demônio (1997) e Bellini e os Espíritos (2005). Também escreveu BR163: Duas Histórias na Estrada (2001), O Livro do Guitarrista (2001) , Os Insones (2007) e No Buraco (2010).


Em 2001, o diretor Roberto Santucci Filho adaptou e filmou o livro de romance policial da autoria de Tony, Bellini e a Esfinge. O longa contou com a participação de Fábio Assunção como o detetive e Malu Mader, interpretando uma prostituta. Ganhou o prêmio do público de melhor filme de longa-metragem de ficção no Festival do Rio BR 2001.


Em 2006, o diretor Marcelo Galvão adaptou o segundo livro, Bellini e o Demônio, novamente com a participação de Fábio Assunção. No entanto, o filme só foi exibido em 2009 no Festival do Rio e estreou no circuito brasileiro de cinema em 2011.


Em agosto de 2014, lançou o quarto livro de sua série Bellini,Bellini e o Labirinto. Tony Belloto manteve até 2012 uma coluna na revista Veja. A partir de junho de 2013, ele começou a escrever no jornal O Globo.


Tony também é conhecido pelos livros que lançou; aqui, ele é visto na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2013.

Frases de Toni Bellotto aqui


Em 1985, atuou no filme Areias Escaldantes, um musical brasileiro.


Desde 1989 Tony é casado com a atriz Malu Mader, com quem tem dois filhos, João Mäder Bellotto, nascido em 1995, e Antônio Mäder Bellotto, nascido em 1997. O músico também é pai de Nina, fruto de uma relação anterior. Começou sua carreira tocando na cidade de Assis, onde morava com a família e passou sua infância.

Leia mais aqui 

Fonte

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Bellotto

sábado, 12 de março de 2016

Milton Guedes


Dono de voz, presença de palco e versatilidade singulares, Milton Guedes propõe a mistura de estilos em seu show. No repertório, canções como Louras Geladas (RPM) misturada com This Love (Maroon 5), e também Que Pena (Jorge Benjor) vs Na Mira (Marisa Monte). Tudo bem dançante, além dos Mashups que fazem muito sucesso como, Eu Me Rendo (Fábio Jr.) Vs Beyoncé e É Preciso Saber Viver (Roberto e Erasmo) Vs Where Is The Love (Black Eyed Peas) .


Milton Guedes, nome artístico de Milton Carlos Muniz Guedes (Rio de Janeiro, 4 de junho de 1963) é um saxofonista, flautista, gaitista,compositor e cantor brasileiro. Antes de se tornar cantor, compositor e instrumentista, Milton Guedes adorava andar de skate nas quadras de Brasília e chegou até a ganhar em uns campeonatos.


Por influência da irmã, ele entrou para o coral mirim do Sesi e lá aprendeu a tocar flauta doce. Sobre a gaita, diferentemente, ele aprendeu a tocar sozinho. Já o sax ele aprendeu com um vizinho. Com 18 anos, se juntou com o irmão (Marco Guedes) e outros 3 amigos e fizeram a banda “Pôr do Sol”. Porém pouco tempo depois, a banda se desfez.


Milton passou a tocar em barzinhos de Brasília e em 1986 Oswaldo Montenegro o viu tocando sax e no final do show foi falar com o que ele. Uma semana depois, os dois desembarcaram no Rio para ensaiar a peça “Os Menestréis”. Além dessa, Milton participou também de “Aldeia dos Ventos” e “Dança dos Signos".

Além de multi-instrumentista, Milton é considerado um dos melhores assoviadores do Brasil. Neste disco "Os Menestréis" ficou famoso o seu assovio na música "Engarrafamento (Taxímetro)", e com frequência ele é chamado para gravar assovios em trilhas sonoras para a Rede Globo e outros.


Em 1987, participou do festival “O Som das Águas”, da Rede Manchete, com a canção “Até Mais – Viva a Alegria” de Oswaldo Montenegro.


Em 1988, conheceu Lulu Santos que o convidou para ingressar em sua banda. Milton entrou na banda de Lulu Santos e acompanhou o Lulu em seus shows por quase dez anos. Tocaram juntos até no Festival de Montreaux, na Suíça.


Em 1993, Milton participou do álbum Tigres de Bengala do cantor e compositor Ritchie - este projeto também contava com a figura de Claudio Zoli.


Em 1997, Milton saiu da banda de Lulu Santos para se dedicar a sua carreira solo e seu segundo CD com o qual emplacou nas rádios de todo o país a música “Sonho de Uma Noite de Verão”.

Em 2002, ingressou na banda da dupla Sandy & Junior.

Em 2003, começou a acompanhar também o cantor Claudio Zoli.

Em 2004, paralelo ao trabalho que faz com Sandy & Junior e com o Claudio Zoli, Milton também participou da gravação do primeiro DVD do grupo carioca Roupa Nova, o Roup Acústico. Também estreou com a banda SoulFunk, na qual é o vocalista.


A banda encerrou suas atividades em 2007, pois a maioria de seus músicos também faz parte da banda de Sandy & Junior, e precisou dar prioridade à turnê de despedida da dupla.

Em 2006, ainda continuou a tocar com a banda Roupa Nova em seu segundo DVD, o RoupAcústico 2, DVD que ganhou disco de ouro. Nesse DVD, ele tocou acompanhado de Daniel Musy, atual saxofonista da banda.


Em 2007, lança seu mais novo CD, o "Certas Coisas". O repertório revela as influências do artista em releituras cuidadosas de grandes sucessos nacionais e internacionais.

Destaca-se a versão de Roxanne, sucesso do grupo The Police, em que o solo é feito pelo impressionante assovio de Milton. Este mesmo assovio é acompanhado pelo excepcional bandolinista Hamilton de Holanda na versão de O Diamante Cor de Rosa de Roberto e Erasmo Carlos.Junior Lima participa de duas faixas tocando bateria, Rise e Maria Fumaça, esta, uma homenagem à banda Black Rio prestada pela banda SoulFunk, da qual Milton e Junior fazem parte. Celso Fonseca traz brasilidade à versão de Isn´t she lovely, com seu violão sofisticado.


Certas Coisas, canção tantas vezes executada por Guedes nos shows de Lulu Santos, dá nome ao cd e ganha versão especial na gaita.

Também fazem parte deste novo trabalho os sucessos: Careless Whisper, Just the way you are, Don´t know why, Smooth Operator, Eu sei (Na Mira), Eu me rendo e Ain´t no sunshine. Sacha Amback, diretor musical do cd, e Milton assinam a composição Azuis, na qual celebram a parceria musical de tantos anos.


Certas Coisas é um trabalho bonito e despretensioso, feito pelo prazer de tocar para o prazer de ouvir.

Em 2008 Milton Guedes fez parte da banda de Lulu Santos que foi uma das atrações do Brazilian Day em Nova Iorque, junto com Jorge Ben Jor e Banda Eva.


Em 2010 Milton Guedes emplacou mais um sucesso ao regravar a música Você vai lembrar de mim, da Banda gaúcha Nenhum de Nós, fazendo parte da trilha sonora da novela Ti Ti Ti, da Rede Globo.


É casado com a cantora Adriana Maciel.


fonte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Guedes

http://www.miltonguedes.com.br/

George Israel


George Alberto Heilborn Israel (Rio de Janeiro, 16 de maio de 1960) é um compositor, guitarrista e saxofonista brasileiro, membro da banda Kid Abelha. Carioca, compositor, nascido em 1960, é saxofonista e violonista do Kid Abelha desde sua formação em 1981 e mantém carreira solo paralelamente desde 2004.


Como autor, tem com a parceira Paula Toller 80 canções gravadas, entre elas sucessos como: Amanhã é 23, Grand' Hotel, Nada sei, Te amo pra sempre e Eu tive um sonho. Com Cazuza são 18 canções entre elas "BRASIL".


Junto com Paula Toller e Bruno Fortunato gravou 15 discos com o Kid Abelha, sendo o "Acústico MTV", um dos que co-produziu, o mais representativo, com 1.300.000 de CDs vendidos. No total são por volta de 5 milhões de discos/dvds vendidos nesses 28 anos.


Em 1989 ganhou 2 prêmios SHARP como compositor, um deles pela música do ano "Brasil", gravada por Gal Costa sendo uma parceria de George, Nilo Romero e Cazuza com quem fez entre outras "Solidão que nada", "Burguesia" e "Blues do ano 2000".


Desde 2007 dedica-se também à carreira individual. Tem três discos solo: "13 parcerias com Cazuza", o mais recente, foi produzido por Dadi e lançado em junho de 2010 pela MP,B. Junta sua obra com o poeta Cazuza. Participações de Elza Soares, Ney Matogrosso, D2, Sandra de Sá, Frejat, Tico Santa Cruz, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita, Family Man (Wailers). "4 letras" lançado em 2004 (produzido por Ramiro Musoto). "Distorções do meu jardim" lançado em 2007 pela Som Livre e produzido por Nilo Romero.


Neles canta e apresenta suas músicas inéditas, aparecendo também como letrista em canções como "Por trás desses olhos verdes" e "Curados ao sol de Copacabana". Parcerias com Leoni, Arnaldo Antunes, Alvin L, Marcelo Camelo, Dulce Quental foram gravadas. Alguns dos que participaram dos CDs; Os Paralamas, Sergio Dias (Mutantes), Lulu Santos, Jorge Mautner, Bruno Fortunato.

Atualmente em turnê solo com mais de 200 apresentações fez entre outros shows o Réveillon da praia no Rio em 2009, o Canecão, temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. Vários Festivais de Inverno como o Leblon Jazz Festival, Itabira, Guapimirim, cidades de Minas Gerais e do estado Rio de Janeiro. Lançou seu CD também em Belo Horizonte, Fortaleza, Uberlândia, Natal, Vitória, Teresina, Itaipava. Na banda que o acompanha estão Guto Goffi (Barão Vermelho) na bateria, Odeid no baixo, Gê Fonseca nos teclados e Rene Rossano na guitarra. Seus filhos Leonardo Israel e Frederico Israel marcam presença em participações especiais.


OS RONCADORES, trio de sax que mantém junto com Rodrigo Sha e Gustavo Contreras se apresentará no Rock in Rio em setembro no Rock Street. Criado em 2006 tem intensificado suas apresentações performáticas em 2011 junto com percussionistas e djs convidados. Participaram 2 vezes do Festival Back to Black, do Rio Cena Contemporânea e do Festival Leblon Jazz entre outros.

Incursões na música eletrônica, tem sido feitas com SOLLAR; projeto muito bem sucedido com o DJ Memê. Juntos participaram nesse último ano de grandes festivais como MOB , uma das maiores festas do mundo em alto mar, do festival Helvetia e tocaram nos grandes clubs por todo Brasil. Também é residente da boate BOOX em IPANEMA onde já se apresentou solando seu sax com DJs por mais de 100 vezes.


Como produtor, gravou Triângulo das Bermudas um tributo aos Mutantes em 1997. Gilberto Gil, Tom Zé, Barão Vermelho, Planet Hemp, Ney Matogrosso estão entre os artistas que participaram do cd.

Tem com OS BRITOS, banda formada em 1994, um CD/DVD gravado em Liverpool, Londres e Rio de Janeiro no ano de 2006. Junto com Guto Goffi, Rodrigo Santos e Nani Dias tocam músicas dos Beatles no espírito Cavern Club; e tem composições próprias.


fonte

https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Israel

http://www.georgeisrael.com.br/perfil/

Zé Miguel Wisnik


José Miguel Soares Wisnik (São Vicente, 27 de outubro de 1948) é ummúsico, compositor e ensaísta brasileiro. É também professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo.

Graduado em Letras (Português) pela Universidade de São Paulo (1970), mestre (1974) e doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada (1980), pela mesma Universidade.

Wisnik estudou piano clássico durante muitos anos, mas optou pela faculdade de Letras. Apresentou-se pela primeira vez como solista daOrquestra Municipal de São Paulo aos 17 anos, interpretando o Concerto nº 2, de Camille Saint-Saëns.


Em 1968 participou do Festival Universitário da extinta TV Tupi, com a canção Outra Viagem, cantada por Alaíde Costa e gravada posteriormente por Ná Ozzetti. Wisnik tem quatro discos gravados.

Em 1992 gravou o disco independente José Miguel Wisnik.

Em 2002 lançou o CD São Paulo Rio, que teve participação da cantora Elza Soares, com quem Wisnik realizou alguns shows em 2002, além de participar da direção artística de seu disco Do Cóccix até o Pescoço.

Em 2003 lançou o CD Pérolas aos Poucos.


Em 2011, lançou o CD duplo Indivisível, com um disco dedicado a canções acompanhadas por piano, e outro, por violão. Apresenta-se regularmente em shows no Brasil e no exterior. Desde 2005 tem realizado várias séries de "aulas-shows" com o violonista e compositor Arthur Nestrovski.

Participou também do disco desenvolvido com Tom Zé para trilha do espetáculo Parabelo, do Grupo Corpo.


Wisnik escreve regularmente ensaios sobre música e literatura, além de participar dos livros coletivos Os Sentidos da Paixão, O Olhar e Ética (Companhia das Letras, 1987, 1988 e 1992) e do Livro de Partituras (Gryphus, 2004). Mantém uma coluna semanal no jornal carioca O Globo.


Além de seus discos, livros, ensaios e aulas, Wisnik faz também música para cinema (Terra Estrangeira, de Walter Sallese Daniela Thomas), teatro (As Boas, Hamlet e Mistérios Gozozos para o Teatro Oficina, e Pentesiléias, de Daniela Thomas, dirigida por Bete Coelho) e dança. Fez quatro trilhas sonoras para o grupo Corpo: Nazareth, de 1993, sobre obra de Ernesto Nazareth; Parabelo, de 1997, em parceria com Tom Zé; Onqotô, de 2005, com Caetano Veloso e Sem Mim, de 2011, com Carlos Nuñez, sobre canções de Martín Codax.



José Miguel Wisnik é pai do arquiteto Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.


Obras
  • O Coro dos Contrários - a Música em Torno da Semana de 22 (Duas Cidades, 1977);
  • O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira (Brasiliense, 1982);
  • O Som e o Sentido (Companhia das Letras, 1989);
  • Sem Receita - Ensaios e Canções (Publifolha, 2004);
  • Veneno Remédio: O Futebol e o Brasil (Companhia das Letras, 2008);
  • Machado Maxixe: O Caso Pestana (Publifolha, 2008).


FONTE

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Miguel_Wisnik

Mathilda Kóvak





Repórter investigativa. Detetive particular. Escritora gênero: pagou-levou. Compositora paranormal. Psicógrafa bilíngue. Alpinista psicossocial.

Desde a década de 80, quando começou a chamar atenção como uma enfant terrible do pop nacional, Mathilda Kóvak compôs centenas de canções, algumas gravadas por Zeca Baleiro, Ed Motta, Fernanda Abreu, Pedro Luís, Rita Lee e Suely Mesquita, entre outros intérpretes. Nos últimos anos, além de ter escrito uma pequena biografia do compositor Lamartine Babo (1904-1963), dedicou-se mais à literatura infantil. A compositora e escritora niteroiense lançou em outubro passado seu primeiro livro dirigido ao público adolescente: “A Maldição da Rainha do Rock” (Escrita Fina Edições).


A história de seu novo livro, “A Maldição da Rainha do Rock”, me fez lembrar um filme que eu curti bastante, na década de 70, “O Fantasma do Paraíso” (Phantom of the Paradise, 1974). Dirigido pelo norte-americano Brian de Palma, ele transformou o romance “O Fantasma da Ópera”, de Gaston Leroux, em uma divertida ópera-rock. Esse filme está entre as referências de seu livro? Pode falar sobre elas?

Mathilda Kóvak - Eu adoro "O Fantasma do Paraíso", que foi, sim, uma das referências para a criação deste livro. Eu vi esse filme, nos anos 70 mesmo, num cinema cheio de adoradores de rock’n’roll, no Rio de Janeiro, numa sessão da meia-noite. Esse filme e outras óperas-rock me inspiraram, porque, como digo no livro, ele é a primeira ópera-rock literária de todos os tempos. Eu me inspirei também em "Rock Horror Picture Show", que vi num cinema de Nova York, com todas aquelas pessoas singing along, reproduzindo o que se passava na tela. Eu me lembro que, na época, pensei que aquilo seria o cinema do futuro. Algo interativo. E, claro, me inspirei em "Hair", "Jesus Christ Superstar" e em musicais mais antigos, da Metro e de Fred Astaire. Eu adoro musicais também. E meu sonho sempre foi escrever libretos. De certo modo, este pequeno livro foi uma espécie de realização-mirim deste sonho, embora ele seja mesmo um romance destinado ao público adolescente. Mas um romance musical, de todo modo.


Você já trabalhou em publicidade e em rádio e TV, é compositora, letrista, cantora, humorista e roteirista, mas nos últimos anos tem se dedicado com mais frequência à literatura para crianças e adolescentes. Como você explica – se é que existe alguma lógica – essa sua trajetória no campo cultural?

Mathilda - Não existe exatamente uma lógica, mas eu diria que existe um denominador comum a tudo o que criei em diferentes frentes, que é o meu estilo. Depois de mais de 30 anos de profissões, eu posso dizer que tenho uma marca-registrada, que meu texto pode ser identificado como de minha autoria, por quem quer que o leia, tanto faz se é uma letra, um roteiro, um livro, é a mesma narradora. Cantar foi só uma forma de tornar mais direta esta narrativa. Porém, eu ainda quero me aventurar em outros campos, como a ciência e, neste livro, de certo modo, eu me exercitei um pouquinho nisto, porque ele também tem elementos de science fiction. Eu tenho uma alma de cientista. Gosto de experimentar. E, de alguma maneira, transitar por diferentes canais de expressão, foi uma espécie de pesquisa científica para mim, uma vez que os espécimes que encontrei, neste longo e diversificado caminho, eram dignos de classificação em compêndios de biologia e congêneres (risos).

Escrever para crianças é uma atividade que me acompanha, desde 1989, ou seja, há 22 anos. Minha estreia na literatura para adolescentes vem justamente com este livro. Um convite da Laura Van Boekel, da Escrita Fina, que me conhecia da Rocco, onde editei um livro infantil, "A Caixa da Pandura". Eu recebi algumas encomendas, ao longo desses anos, para escrever para adolescentes, só que não conseguia porque achava isso muito limitado, ao contrário do que ocorre na literatura infantil, que é solta, livre e lúdica. Mas os adolescentes do século XXI se parecem comigo e, portanto, foi mais fácil entrar no universo deles. Enfim, fora minha atividade como jornalista, que você se esqueceu de mencionar (risos), nunca planejei uma carreira específica. Eu sempre fui respondendo a convites.

Eu acho que, por uma razão que eu não sei até hoje explicar, sempre fui considerada uma mulher inteligente e original, que ninguém sabia exatamente para que servia e, portanto, eu era convidada a realizar coisas em diferentes áreas, porque achavam que eu tinha algo a comunicar. Até hoje isto acontece. Eu recebo convites para escrever para teatro, ou mesmo para me apresentar num teatro, e eu pergunto: "Mas fazendo o quê?". E me respondem: "o que você quiser". Eu nunca fui do tipo que batalha por nada, porque sou muito preguiçosa. Eu respondo a estímulos. E assim eu vou experimentando minhas ideias, que independem do meio, para existir.

Talvez eu me aventure no teatro também. Mas quero fazer alguma coisa diferente do que já foi feito, porque esta é também minha marca registrada. Talvez por não ser uma especialista em nada, quando sou chamada a realizar algo, eu faço diferente, mais por incompetência, do que propriamente por compromisso com a originalidade (risos). Fui chamada recentemente, por uma curadora de artes plásticas, para fazer uma exposição num centro cultural em SP. Eu tive a ideia de fazer uma exposição sobre mim mesma intitulada: "Mathilda Kóvak, a obra póstuma de uma artista viva". Eu tenho 52 anos, e acho que até hoje existem pessoas que pensam que eu sirvo para alguma coisa, mas não sabem exatamente o quê. Eu mesma me considero apenas uma boa redatora.

Não sei se você concorda, mas me parece que no cinema norte-americano das últimas décadas é marcante uma tendência à infantilização do espectador. Não é à toa que a maioria dos filmes de hoje produzidos em Hollywood, muitos calcados em super-heróis e histórias para crianças, parecem ser feitos para que as famílias possam ir com os filhos ao cinema. Obviamente, para que tantos os adultos como os adolescentes e crianças apreciem o mesmo filme, a solução é rebaixar, infantilizar o conteúdo. Como você vê essa questão? É a indústria que tenta transformar o público em criança, fazendo filmes feitos para serem vistos com um balde de pipoca e um barril de refrigerante na mão? Ou o ser humano que estaria sofrendo de uma espécie de síndrome de Benjamin Button?

Mathilda - Na verdade, quando a indústria do entretenimento descobriu que existia um segmento adolescente, há mais ou menos 30 anos, que era capaz de consumir, em doses industriais, tudo o que fosse destinado a ele, começou a investir nele, maciça e massivamente. Este fenômeno veio acompanhado de pesquisas de marketing, que sempre existiram, mas que, ao se voltar para um público ainda em formação, tornaram a indústria ainda mais servil. Em vez de trazer conhecimento a este público, a indústria de massa começou a buscar nele elementos que pudessem atraí-lo. De certo modo, isto não apenas infantilizou o público, em geral, como contribuiu para a imbecilização dos adolescentes. Mas a sociedade norte-americana, berço dessa indústria, sempre teve uma tendência ao brinquedo, à infância eterna. Americanos não gostam de pensar na morte e, por esta razão, vivem uma infância de muitas décadas, como se pudessem adiar a finitude, recusando-se a crescer. Isto não é novidade. Peter Pan tem quase um século de existência.

O que é mais recente é o fato de que a indústria do cinema, principalmente, tenha se voltado para um único público, praticamente, ignorando o resto. Talvez porque este público de pais já tenha sido parte do início deste processo. Eu me lembro que, nos anos 70, quando eu era adolescente, a indústria começou a ensaiar os primeiros passos neste sentido. Eu fui uma adolescente que lia Dostoievsky, Tolstoi, Kafka, Thomas Mann e via filmes de Bergman, Fellini, os filmes noir da década de 40, enfim, eu não era exatamente uma adolescente típica de uma cidade balneária.

Creio mesmo que ainda não existisse esta ideia de se criar algo exclusivamente destinado ao público adolescente, a não ser por um outro filme ou livro, que não tinham maior expressão. Mesmo o adolescente mais imbecil, da minha época, tinha uma certa cultura. Acho que foram Spielberg, George Lucas e derivados, que começaram com a teenmania. Porém, é interessante notar que agora, ainda que exista um público adolescente, que consuma produtos como "Crepúsculo," existe um outro público paralelo, surgindo talvez em virtude do aparecimento da internet, que funciona um pouco como máquina do tempo, e este segmento é mais criativo e exigente.

O meu livro foi construído a partir de pesquisas, junto a estes adolescentes, em seus blogs, no convívio com eles. Para ser sincera, eu tive que reescrever o livro todo, depois desta pesquisa, porque ele estava muito bobo antes. Existem adolescentes no século XXI, que andam colocando adultos no chinelo, em termos de conhecimento e criatividade. Digo, sem nenhuma demagogia, ou teenagogia, que aprendi muito com esses adolescentes e espero aprender muito mais. E acho mesmo que esta subserviência teen não vai durar muito tempo ainda, porque os adolescentes mesmos vão se tornar cada vez mais exigentes, com o que andam assimilando na internet. Estou quase convencida de que toda esta produção infantilizada atingiu o seu paroxismo e que, a partir de agora, vai começar a declinar.

O Benjamin Button, por sua vez, veja você, foi escrito pelo Fitzgerald, na era do jazz. O filme já é uma infantilização do conto, que, aliás, não tem absolutamente nada a ver com o filme. Eu não sei se o ser humano está sofrendo de uma síndrome de Benjamin Button, mas os produtores de cinema de Hollywood certamente estão. E estão se ferrando por isto. As séries norte-americanas que apostam em temáticas mais adultas são muito mais bem-sucedidas do que os filmes. Ainda assim, acho que é possível criar para adolescentes, sem cair no tatibitati.


No final da década de 90, ao cobrir o New Orleans Jazz & Heritage Festival, na Louisiana (EUA), tive o prazer de conhecer e entrevistar Katrina Geenen, cantora e produtora de rádio, que lançou em 2001 o álbum “High & Low”, interpretando 11 canções de sua autoria – algumas em versões bem jazzísticas. Como foi essa experiência com ela?

Mathilda - A Katrina é uma das maiores cantores e artistas que conheço. Ela tem uma voz que não se parece com a voz de nenhuma outra cantora e um jeito de interpretar muito particular também. Foi algo realmente mágico este nosso encontro. Ela queria gravar um cd e não achava um repertório inédito com o qual se identificasse e, um dia, na casa de Rita Peixoto, uma excelente cantora brasileira, ela ouviu algumas músicas de minha autoria compostas originalmente em inglês, e quis fazer um disco inteiro só com composições minhas. Eu, por minha vez, procurava uma intérprete de língua inglesa para essas canções. Assim, ela convidou o Paulo Baiano, que havia produzido o meu CD, e fez um songbook de minha obra anglófona (risos). O CD foi muito bem acolhido pela crítica, em New Orleans. Fui comparada a Derrida e louvada como uma letrista do padrão de um Cole Porter. Eu fiquei bastante envaidecida, claro, com os elogios, e acho mesmo que minhas letras em inglês são superiores às em português, porque, como meu vocabulário em inglês é menor, eu escolho as palavras certas e tenho mais poder de síntese. Além disto, minha formação foi constituída através de canções em inglês, muito mais do que em português, porque sou uma fanática pela música americana, de todo o século XX.


Dicionário
E o que ele disse...
Compositor: Mathilda Kovak/Luciano Mauricio

Você põe palavras
Na minha boca
E eu sinto vontade 

De falar de amor
Só falar de amor
Escrevo versos num diário
Que escondo no fundo

De um armário
Dicionário do que eu não sei
A sua boca
Conta histórias tão loucas

E o que ele disse não se lê na escola
O que ele disse não se lê
O que ele disse não se vê nas telas

E o que ele disse eu vou escrever
Você põe imagens nos meus olhos
E eu faço cinema

Um filme de amor,filme de amor
Escolho atores e um cenário
Que só existem no imaginário
Visionário

Que eu nunca filmei
A sua imagem é o meu longa metragem

Conheci seu trabalho musical em 1990, na época em que você era a líder da banda pop Os Mathildas, de breve duração. Com todo esse revival de bandas dos anos 70 e 80, vocês já pensaram em rearticular os Mathildas?

Mathilda – (risos) Bom, eu até que gostaria muito de reunir o Mathildas, mas dois de seus integrantes moram, há 18 anos, nos Estados Unidos. O que fiz foi reunir, com o Pedro Montagna, baixista da banda, e um dos donos da Livraria da Travessa, onde farei o lançamento do livro, várias gravações da banda, que somam mais de 40 canções. A ideia é masterizar e lançar num CD. O trabalho com Mathildas é um dos que mais gosto. Eu até hoje, quando o ouço, acho que antecipamos muita coisa. Esta banda teve excelente acolhida da crítica, tanto no Rio, quanto em São Paulo e Belo Horizonte. Chegamos a ter um contrato com a WEA. Nunca vou me esquecer da cara do Liminha, quando ele ouviu a gravação de "Com a Macaca", a música de trabalho, no estúdio Nas Nuvens. Ele ouviu, perplexo, e disse: "Nossa, muito doido. Muito bom. Não se parece com nada que eu já tenha ouvido antes". E realmente não se parecia (risos). E sabe o que era o ritmo que intrigou o produtor? Um exercício de baixo, sobre o qual eu coloquei uma letra, criada por mim e pela Patricia Wuillaume, tecladista da banda, durante a projeção do filme do Caetano Veloso, no Fest Rio. O Arthur Omar, que tinha sido meu professor de cinema, se levantou na sala de projeção e gritou: "Esse filme é uma merda". Eu disse, então, para a Patrícia: "Nossa, ele tá com a macaca". Aí a gente fez a letra, ali mesmo, com as pessoas ao lado, fazendo: "psiu, psiu." Mas o filme era muito chato e a gente se distraiu inventando uma letra.


Como você encara a cena musical de hoje no Brasil? É uma época criativa?

Mathilda - Se você pensar em mainstream, é, sem dúvida, a pior época da música no Brasil. Mas o circuito alternativo apresenta trabalhos bons e criativos, como o trio Sinamantes, da minha parceira Natalia Mallo, a Claudia Dorei, ambas de SP, ou bandas de rock´n roll formada por meninas, como algumas que participaram do CD “Mrs. Lennon”, em homenagem a Yoko Ono, no qual fiz uma faixa. Há também bandas de adolescentes muito interessantes aparecendo. Eu conheci um músico de Niterói, de 17 anos, que me deixou muito impressionada. Ele se chama Caio Mazur. Suas letras se parecem muito com as letras do Mathildas. Falam de morte, suicídio e outros temas pesados, com bom humor. O Theo Cunha, que tem 15 anos, também é uma promessa da música, para mim. Ele, aliás, inspirou um dos personagens do livro. Existe também um menino, que eu conheci, quando ele tinha 12 anos, o Diogo Strausz, que hoje tem 21 anos e é um guitarrista fenomenal de rock. E já ouvi falar muito bem de bandas de rock’n’roll, que andam aparecendo na periferia de SP. Acho que a internet trará à tona muita gente criativa na música de todos os lugares.

Agora, essa chatice de MPB, com cantoras que primam pela sensaboria, ou fórmulas reeditadas há quatro décadas, realmente, é insuportável. Acho que a última leva de gente criativa, na música brasileira, veio mesmo com o rock dos anos 80 e se estendeu ao início dos 90, com bandas como a minha, Mulheres Negras, Luni e similares. O que veio depois foi um decalque da Tropicália, do qual eu fiz parte também com o Retropicália, O Ovo e Bolsa Nova, cujos integrantes, com raras exceções, caíram na mesmice. O problema do Brasil é que se criam, desde os anos 60, uns feudos, umas glebas, que contribuem para o afunilamento do mercado. Por fim, a atitude desses artistas, que não querem largar o osso, acaba por ser burra, porque o mercado se empobreceu de uma tal forma, que eles mesmos, o senhores feudais do nosso cancioneiro, estão sofrendo os prejuízos. A concorrência é a alma do bom negócio. Se você não tem desafios, se você é hegemônico, você não cresce como artista. E o mercado, por sua vez, também passa a sofrer de nanismo artístico.

Quem acompanha suas intervenções no Facebook sabe que você é fã ardorosa de Amy Winehouse. Sei também que você gosta de jazz e blues. O que você tem ouvido de bom nos últimos tempos?

Mathilda - Eu acompanho este seu blog e pesquiso suas indicações, porque você sempre indica boas novidades, no jazz e no blues. A Amy Winehouse foi realmente a única cantora que me sensibilizou nos últimos anos. Não apenas por ser uma intérprete fantástica e uma compositora genial, mas por sua atitude iconoclasta. Eu realmente achei, quando ela ganhou todos aqueles Grammys, que iria haver uma guinada no mercado, saturado de Madonnas e seus carbonos. A Madonna deu início à saga das cantoras-executivas, das agências de publicidade cantantes, das marqueteiras. Nunca foi uma artista de verdade. Quando a Amy surgiu, eu e muita gente pensamos: "Até que enfim".

Sinceramente, eu custo a crer que ela tenha cumprido esta sina dos 27 anos. Chego a pensar mesmo numa armação de gravadora ou algo parecido. Era muito óbvio. Dizem que ela deixou 30 gravações inéditas. A julgar pela que saiu no CD do Tony Bennett, e pelo que eu vi aqui, no show dela, ainda teremos material de Amy Winehouse muito superior ao de qualquer outra cantora branca contemporânea. Digo branca, porque não dá pra concorrer com as cantoras negras, que são as melhores de todas. Mas Amy Winehouse tinha alma negra e parecia receber mesmo o espírito de divas do soul e do jazz. E, de qualquer maneira, ela era ainda uma compositora extraordinária, com letras extremamente pessoais e uma musicalidade infinita. Ela me comove, me emociona muito.

Agora, eu ando com mania também de ouvir Kate Bush. Na era punk, de onde vim, eu tinha que esconder que gostava dela. Hoje em dia, os fãs de Kate Bush saíram do armário, inclusive, o sex pistol John Lydon. Ela é uma compositora muito original e uma cantora que também tem uma personalidade singular. Tenho ouvido o CD “Red Shoes”, que já é antigo, mas que comprei recentemente. Tenho ouvido bastante também o Saara Saara, uma banda independente liderada por um artista muito criativo, Servio Tulio, que também tem um trabalho muito interessante, chamado Kabarett Berlin. Ouço também, na Rádio Roquete Pinto FM, na internet, o programa “Geléia Moderna”, que sempre apresenta uma infinidade de gente boa do mundo todo, de que infelizmente não tenho mais cabeça para decorar os nomes. E ouço bastante música clássica, na rádio MEC FM. E ouço algumas rádios da internet, quando me mandam links. Eu recebo indicações musicais muito boas, tanto contemporâneas, quanto antigas, mas pouco conhecidas, via internet.

Eu perdi a vontade de fazer música, porque, mesmo que eu ficasse 24 horas por dia, só ouvindo música, eu não conseguiria ouvir tudo de bom que é ou foi produzido no mundo. Apesar de o mercado, sobretudo no Brasil, ter se estagnado, a música está aí, na internet, pra quem quiser ouvir, e de graça. Eu acho isso maravilhoso. E tenho muito orgulho de ter tido uma de minhas canções, "Resurrection", numa lista das mais baixadas da internet. Meu CD, "Mahatmathilda, a Evolução de Minha Espécie", também foi pirateado nos quatro cantos do mundo. Meu primo entrou numa loja, que ele me disse ser a mais chique de Barcelona, e deu de cara com uma edição pirata do meu CD. Eu acho tudo isto uma insurreição. Adoro ser contrabandeada deste jeito. Acho muito melhor do que ser roubada por uma gravadora major, ou pelo ECAD, e ainda tenho planos de criar um site para disponibilizar todas as mais de 700 canções que compus, para quem quiser baixar. Por mim, a arte seria distribuída de graça e os artistas seriam bancados por fundações. Talvez estejamos caminhando para isto. Como disse Nietzsche, tem que haver o caos para que dele surja uma fulgurante bailarina.


FONTE
http://www.carloscalado.com.br/2011/09/mathilda-kovak-compositora-lanca-opera.html

Júlio Barroso


Pai da New Wave brasileira, Júlio Barroso, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de novembro de 1953, e faleceu em São Paulo, em 6 de junho de 1984 foi um jornalista, compositor, ensaista, beatnik, e disc-jóquei brasileiro. Visionário, o carioca retornou de uma temporada em Nova York no início dos anos 80 para promover uma virada cultural no Brasil. Fundou o grupo Gang 90 e as Absurdettes no início da década de 1980, do qual também participava sua irmã, Denise Barroso, e antecipou o movimento new wave no país. Ou melhor, uniu a irreverência brasuca ao ritmo rocker estrangeiro.


O disco Essa Tal de Gang 90 & Absurdettes (1983) é um clássico instantâneo. No repertório, “Nosso Louco Amor”, “Telefone”, “Perdidos na Selva” e “Noite e Dia” (com Lobão). Muitos desses sucessos foram (e ainda são) regravados por ex-parceiros e bandas contemporâneas. 


Após a participação no Festival MPB-Shell, promovido pela Rede Globo em 1981, concorrendo com o hit Perdidos na Selva (Júlio Barroso / Márcio Vaccari / Guilherme Arantes), posteriormente gravado pelo Barão Vermelho em 1996. Júlio e seu grupo gravaram o LP Essa tal de Gang 90 & Absurdettes. O grupo é tido até hoje como um dos precursores do rock brasileiro dos anos 80. Como compositor, foi parceiro de Lobão e Ritchie.


Dirigido e roteirizado pelo jornalista Ricardo Alexandre (autor de Dias de luta, o melhor livro sobre a trajetória da geração pop da década de 80, lançado em 2002 e reeditado neste ano de 2013), o documentário Julio Barroso - Marginal conservador foca as contradições do artista - mentor da banda paulista Gang 90 & As Absurdetes, pioneira ao trazer a onda da New Wave para o Brasil - ao longo de 49 minutos preenchidos por entrevistas, fotos do perfilado, algumas imagens raras e o áudio inédito de Rosas e tigres (Júlio Barroso, Roberto Firmino e Taciana Barros), música ouvida no filme em versão embrionária de 1984, registrada com a voz de Barroso, mas que o cantor não teve não tempo de gravar oficialmente para o LP homônimo lançado pela Gang 90 em 1985, um ano após sua morte.


É do álbum Rosas & tigres, aliás, a música que batiza o bom documentário,Marginal conservador (Julio Barroso e Roberto Firmino), retrato da dicotomia que regeu a vida do artista, pioneiro na adoção de uma atitude pop em mercado então dominado pela MPB. "O primeiro grito de rock'n'roll (dos anos 80) foi o da Gang 90", ressalta Lobão, que compara, algumas falas depois, o impacto de ver a Gang 90 defender Perdidos na selva (Julio Barroso) no festival MPB-Shell 81, produzido e exibido pela TV Globo, com o "escândalo" provocado pela aparição do grupo paulista Os Mutantes em festival de 1967.


De fato, guardadas as devidas proporções, o aparecimento da Gang 90 em rede nacional contrariava o establishment musical da época. Só que o sistema logo deglutiu a novidade da banda de Julio - e o filme de Ricardo Alexandre expõe tal contradição ao lembrar que, em 1983, apenas dois anos depois do surgimento da Gang, era do grupo a música, Nosso louco amor (Julio Barroso e Herman Torres), que abria e dava título à novela das oito da vez.


Reforçando o paradoxismo que regeu a vida de Barroso, a boa entrevista do jornalista carioca Antonio Carlos Miguel - amigo do artista - elucida mais contradições ao lembrar que o rapaz de visual nerd (com cabelo curto, camisa social e óculos fundo de garrafa) que conheceu no início dos anos 70 foi o que surpreendeu o grupo de amigos - em tese, mais descolados - a se oferecer para subir sozinho o Morro de Mangueira para comprar maconha para a turma. "Fumamos ali os nossos cachimbos da paz e não nos desgrudamos mais", lembra Miguel, contando também que o amigo falsamente mauricinho chegou a ser internado em clínicas por seus pais para se livrar da dependência do álcool e das drogas.


Mas Barroso era livre o suficiente para querer permanecer banguela porque o dente da frente perdido numa queda no bar - na noite em que, embriagado, chorou a dor da morte de John Lennon (1940 - 1980) - simbolizava de certa forma seu inconformismo pela perda do Beatle. Enfim, cada entrevistado - o jornalista Okky de Souza (cunhado de Barroso) e a cantora, compositora e tecladista Taciana Barros (namorada de Barroso), entre outros - dá seu depoimento afetivo sobre o marginal conservador.

Ao fim, quando rolam os créditos ao som da emotiva Do fundo do coração (Julio Barroso e Barros, 1985), música do álbumRosas & tigres, fica a sensação incômoda de que Julio Barroso saiu de cena cedo demais, justo quando buscava equilibrar sua loucura com um pouco de lucidez. Mais uma das muitas contradições do artista. Em 2013 o filme "Júlio Barroso - Marginal Conservador" foi exibido no TV brasileira.


Depois de virar de ponta-cabeça o rock, Barroso faleceu tragicamente, um ano depois de lançar sua obra imortal. Enfrentando problemas com drogas e alcoolismo, morreu tragicamente ao cair da janela de seu apartamento, no 11º andar, em São Paulo. Ao cair (ou saltar) para a morte, em queda da janela de seu apartamento em São Paulo (SP) que pode ter sido acidental ou o último voluntário ato de uma vida vivida à margem, o cantor e compositor carioca Julio Barroso virou lenda do pop rock brasileiro dos anos 80.

Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Barroso

http://www.blognotasmusicais.com.br/2013/03/documentario-foca-contradicoes-do.html

terça-feira, 8 de março de 2016

O ser mulher na música de Rita Lee: do rosa ao choque



A história das letras de músicas escritas por mulheres brasileiras está relacionada à transformação da condição social feminina. Com a multiplicação dos sistemas de significação e representação cultural, há uma multiplicidade desconcertante de identidades possíveis e, muitas vezes, o sujeito pós‑moderno identifica‑se, mesmo que temporariamente, com cada uma das identidades apresentadas. 
Um dos temas predominantes na música de autoria feminina é a representação da busca de uma identidade autônoma ou a representação do conflito de identidade. Diante disso, de acordo com as discussões sobre a identidade na pós‑modernidade, de Stuart Hall e de Zigmunt Bauman, buscou‑se analisar como na letra da música “Cor de rosa‑choque”, da cantora e compositora Rita Lee, é representada a identidade da mulher que se constitui como um sujeito fragmentado e multifacetado.

Ao longo da história, a mulher foi confinada, silenciada e representada pelo olhar masculino. A luta pelo reconhecimento como membro so‑ cial e intelectual percorreu um longo e conflituoso caminho e, apenas depois de séculos de submissão e silenciamento físico e intelectual, a mulher conquistou a possibilidade de falar de si mesma. Com a conquista de direitos sociais e políticos, a mulher brasileira iniciou o rompimento das barreiras que impediam sua expressão intelectual, o que favoreceu a produção artística de sua história. Existiria uma maneira feminina de fazer/escrever a sua história, radicalmente diferente da masculina? E, ainda, existiria uma memória especificamente feminina? É um questiona‑ mento de dupla resposta.

De um lado, sim, porque se entende que há um modo de interrogação próprio do olhar feminino, um ponto de vista específico das mulheres ao abordar seu passado, uma proposta de releitura da história no feminino. Por outro lado, não, em se considerando o método e a forma de trabalhar e procurar as fontes. A análise de letras de músicas escritas por mulheres recorta, no universo discursivo, um “conjunto de discursos que interagem num dado momento” (Maingueneau, 1996, p. 15), um lugar de fala que nos traz textos e imagens como objetos sociais e históricos, elaborados no social segundo códigos e significados pré‑construídos; por outro lado, são, também, produtores/ressemantizadores das representações instituidoras da socialidade. A história das letras de músicas escritas por mulheres brasileiras está relacionada à transformação da condição social feminina. 

As letras de músicas não só interpretadas, mas também escritas por mulheres, são resultado de um processo de conscientização da sua situação social. Para Margareth Rago (1998), as mulheres trazem uma experiência histórica e cultural diferenciada da masculina, ao menos até o presente, uma experiência que várias já classificaram como das margens, da construção miúda, da gestão do detalhe, que se expressa na busca de uma nova linguagem ou na produção de um contra discurso, é inegável que uma profunda mutação vem se processando também na produção do conhecimento científico.

As teóricas feministas propõem não apenas que o sujeito deixe de ser toma‑ do como ponto de partida, mas que seja considerado dinamicamente como efeito das determinações culturais, inserido em um campo de complexas relações sociais, sexuais e étnicas. Portanto, em se considerando os “estudos da mulher”, essa não deveria ser pensada como uma essência biológica predeterminada, anterior à história, mas como uma identidade construída social e culturalmente no jogo das relações sociais e sexuais, pelas práticas disciplinadoras e pelos discursos/saberes instituintes. É com esse pensamento que as mulheres/escritoras/compositoras passaram a relatar seus desejos, seu ponto de vista sobre a sociedade e sobre sua própria condição social e psicológica.

Por meio de uma linguagem rica em metáforas, a representação da identidade feminina ganhou lugar nas entrelinhas dos textos literários e também nas letras de músicas. A rebeldia e a busca por igualdade de direitos e de decisões da juventude da década de 60 (séc. XX) marcam também uma mudança no comportamento da mulher, que passa a assumir sua voz num discurso de liberdade e auto‑ afirmação presente em diferentes manifestações culturais. Entre os fatores que promovem uma ruptura com relação à identidade feminina traçada até então, pode‑se destacar o impacto do movimento feminista, que surgiu na década de 60 (séc. XX), e o crescimento do rock, não apenas como gênero musical, mas também como movimento social e cultural que contestava a organização social e política, a sexualidade, os costumes, a moral e a estética.

Nas letras de músicas escritas por mulheres, elas registram, por meio de uma voz singular, de linguagem e temática próprias, em textos repletos de reflexão, questionamentos existenciais, políticos e filosóficos que são construídos historicamente. Um dos temas predominantes na música de autoria feminina é a representação da busca de uma identidade autônoma, ou a representação do conflito de identidade, própria do sujeito pós‑moderno. Diante disso, ao analisar as letras de canções compostas por mulheres, busca‑se observar como ocorre a representação da identidade da mulher na música de autoria feminina e como as mudanças culturais influenciam nessa representação.

Dessa forma, de acordo com a noção de “obra aberta”, de Umberto Eco, com as discussões sobre a identidade na pós‑modernidade, de Stuart Hall e Zigmunt Bauman, objetiva‑se analisar como, na letra da canção “Cor de rosa‑choque” da cantora e compositora Rita Lee, é representada a identidade da mulher que se constitui como um sujeito fragmentado e multifacetado.



Mulher “Cor de rosa‑choque”: um sujeito multifacetado

O campo midiático vem sendo objeto de um diferente olhar, nas últimas décadas. Sob o impacto dos chamados Estudos Culturais, observa‑se que os sujeitos, expostos à ação desses meios, produzem estratégias de oposição e resistência que complexificam e problematizam os significados das produções veiculadas pela mídia.

Assim, os meios de comunicação de massa passam a representar um outro espaço que se oferece para a atividade de contestação e a produção de sujeitos críticos. Se os gêneros musicais são sistemas de significação sócio-discursivos, como afirma Walser, então os indivíduos podem identificar‑se com tais discursos, e, muitas vezes, isso vem acompanhado pela adoção, pelo sujeito, de com‑ portamentos linguísticos associados a esses gêneros. Isso quer dizer que, sendo um discurso, o gênero musical conecta a subjetividade aos processos sócio‑históricos.

Dessa maneira, gêneros musicais conferem identidades. Detalhes musicais passam a significar atitudes e crenças/ideologias que tanto congregam comunidades de sujeitos identificados com os valores do grupo, como também mantêm afastados aqueles que adotam uma atitude de rejeição em relação a tais valores. No fim nos anos 60 (séc. XX), após o Golpe Militar no Brasil, o Tropicalismo foi o auge das manifestações contracultura no País.

Rita Lee foi uma das mulheres que participou desse movimento musical de crítica e discussão do novo, interpretando, com o seu grupo de rock “Os Mutantes”, a canção Panis et Circensis, que marcou a representação de um sujeito antropofágico e relativizado no disco “Tropicália”, lançado em 1968. Com “Os Mutantes”, Rita Lee participou também das transformações es‑ téticas da música brasileira com sua voz e as performances sempre ousadas e o visual provocativo que acompanharam as primeiras utilizações de guitarras elétricas nos novos riffs do rock nacional.


“Os procedimentos concretos e a antropofagia influenciaram o tropicalismo na concepção de cultura como um conflito de visões distintas, no humor corrosivo e irônico, nos jogos de palavras e na atitude em relação aos valores estabelecidos.” (Dantas, 2009, p. 77). O tom obscuro e debochado das letras, o uso de estrangeirismos, a mistura de ritmos e a fragmentação do discurso passaram a ser características de denúncia e de resistência.

O hibridismo e a não unificação do gênero musical que se consolidava refletiam também as características das novas identidades e posições do sujeito feminino na sociedade.

Conforme cita Dantas, para Lopes, o sujeito tropicalista difere dos outros sujeitos principalmente por não propor um posicionamento rígido frente às questões levantadas, tendo como uma das suas principais características a ironia. “Ele é um sujeito fundamentalmente, constitutivamente negativo, porque seu discurso é um anti-discurso do outro. [...] Ao terminar de demolir o discurso do outro, o tropicalista termina seu próprio discurso”. (Lopes, 1999: 196). Para poder constituir‑se enquanto sujeito de seu projeto, o tropicalista parte da desqualificação dos projetos das outras correntes musicais.

De forma que, ao terminar de demolir o discurso do outro, o tropicalista termina o seu próprio discurso. (Dantas, 2009, p. 797). As características estéticas e culturais de rompimento e reelaboração desse contexto no qual teve início a carreira musical de Rita Lee permaneceram constantes na sua produção artística, mesmo depois de sair de “Os Mutantes” e formar o “Tuti Fruti” em 1973 e, posteriormente, na sua carreira solo a partir de 1980.

Na música “Cor de rosa‑choque”, lançada em parceria com Roberto de Carvalho, em 1982, o sujeito feminino é representado como fundamental‑ mente paradoxal. A expressão que dá nome à canção e é repetida várias vezes no refrão, indica o tom irônico e de ruptura desse discurso e indica um sujeito multifacetado.

A simbologia da cor rosa, culturalmente conhecida como uma cor feminina e delicada, é subvertida ao ser denominada cor de rosa‑choque. Choque reme‑ te ao impacto, à força, à quebra, a mudanças radicais. A mulher representa‑ da nessa canção é cor de rosa‑choque: essencialmente feminina e constitutivamente forte e transgressora. Eva é o nome próprio escolhido para designar uma mulher de duas faces: “Eva significa a sensibilidade do ser humano e seu elemento irracional.” (Chevalier, 2005, p. 410). A Eva, de Rita Lee, não é a representação da sub‑ missão da mulher ao homem. Ela é bela, frágil, delicada; mas também é fera, forte e dissimulada. Seu sorriso de quem nada quer é sua arma, seu ardil na luta por seus direitos e desejos.

Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso
De quem nada quer...

Em “A dominação masculina”, Pierre Bourdieu, ao falar sobre a economia dos bens simbólicos e estratégias de reprodução, afirma que: excluídas do universo das coisas sérias, dos assuntos públicos e mais especial‑ mente dos econômicos, as mulheres ficaram durante muito tempo confinadas ao universo doméstico e às atividades associadas à reprodução biológica e social da descendência; atividades (principalmente maternas) que, mesmo quando aparentemente reconhecidas e por vezes ritualmente celebradas, só o são realmente enquanto permanecem subordinadas às atividades de produção, as únicas que recebem uma verdadeira sanção econômica e social, e organizadas em relação aos interesses materiais e simbólicos da descendência, isto é, dos homens. (2011, p. 116).

Na música em análise, a paráfrase da passagem bíblica que diz: “Nem só de pão vive o homem” rompe com a imagem da mulher objeto sexual ou de reprodutora. Mas, no verso Nem só de cama vive a mulher, a conjunção nem não exclui a proposição que inicia. Ao contrário, adiciona, acrescenta outras necessidades e compromissos ao mesmo sujeito, o que representa a identidade da mulher da modernidade que acumula várias atividades além das domésticas, familiares e sexuais.

Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama
Vive a mulher...

A intensidade e a particularidade femininas, o sofrimento biológica e socialmente instaurado e emocionalmente marcado na crise de identidade podem ser observados na ironia ao se referir a clichês que identificam a mulher cultural‑ mente.

Mulher é bicho esquisito
Todo mês sangra
Um sexto sentido
Maior que a razão.

Ao estabelecer intertextualidade com o conto de fadas “A gata borralheira”, Rita Lee subverte a imagem da idealizada princesa. Sem sapatinhos de cris‑ tal, sem luxo gratuito, sem fada‑madrinha.

Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie
Em extinção...

O verso que finaliza a estrofe retoma a característica de instabilidade, de mu‑ dança e liquidez das identidades na pós‑modernidade. A extinção da mulher dondoca, daquela que vive normalmente à custa e à sombra de um homem, indica o rompimento com velhas identidades, com os valores historicamente estabelecidos e perpetuados pela cultura. Não há mais espaço para o sujeito passivo.

Conclusão

O sujeito da contemporaneidade busca novas maneiras de identificar‑se na sociedade em que vive, e as várias transformações culturais que sofreu ao longo dos anos são também refletidas no caráter híbrido das identidades na pós‑modernidade. Considerando que as letras de músicas de autoria feminina recebem as marcas históricas, culturais e sociais da condição da mulher que busca representar metaforicamente a sua subjetividade e refletir sobre sua identidade, buscou‑se realizar uma análise sobre a representação da identidade feminina nas letras de rock considerando o apelo à liberdade e à ruptura.

Ao analisar a letra da canção “Cor de rosa‑choque”, de Rita Lee, foi possível observar a representação da identidade da mulher que, inserida nesse contínuo processo de transformação cultural, não pode mais ser vista como um sujeito único, homogêneo, pleno e predeterminado por forças sociais, como era o sujeito do Iluminismo.

As inegáveis marcas históricas de submissão à dominação do pensamento masculino ainda constituem a identidade feminina, mas, hoje, a mulher transita por diferentes papéis sociais e para cada posição assumida há também uma nova possibilidade de identificar‑se. Dessa forma, o sujeito feminino re‑ presentado nas letras de músicas compostas por mulheres – neste trabalho tomada como exemplo a música da cantora Rita Lee – é multifacetado e tem como principal característica o caráter fragmentado das identidades contemporâneas.

Fonte: Leia mais aqui
http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conexao/article/viewFile/1809/1472