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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Jackson do Pandeiro


Jackson do Pandeiro, nome artístico de José Gomes Filho, foi um cantor e compositor de forró e samba, assim como de seus diversos subgêneros, a citar: baião, xote, xaxado, coco, arrasta-pé, quadrilho, marcha, frevo, dentre outros. Jackson também era chamado de O Rei do Ritmo.

Do alto da serra onde fica a cidade de Areia, em plena região do brejo paraibano, avista-se lá embaixo a cidade de Alagoa Grande, com a lagoa que dá nome à cidade brilhando à luz do sol nordestino, como uma colher de prata em cima de uma toalha verde. Pois foi em Alagoa Grande, em 31 de agosto de 1919, que nasceu José Gomes Filho, que mais tarde viria a se tornar conhecido como Jackson do Pandeiro.

Queria ser sanfoneiro. Mas a sanfona era um instrumento caro, e sendo o pandeiro mais barato, foi esse que recebeu de presente da mãe, Flora Mourão, cantadora de coco, a quem desde cedo o menino ouvia cantar coco, tocando zabumba e ganzá.

Aos 13 anos, com a morte do pai, veio com a mãe e os irmãos morar em Campina Grande, onde começou a trabalhar como entregador de pão, engraxate e pequenos serviços. Na feira de Campina, entre um mandado e outro, assistia aos emboladores de coco e cantadores de viola. Ia muito ao cinema e tomou gosto pelos filmes de faroeste, admirando muito o ator Jack Perry. Nas brincadeiras de mocinho e bandido com os outros garotos, José transformava-se em Jack, nome pelo qual passou a ser conhecido. Aos dezessete anos, largou o trabalho na padaria para ser baterista no Clube Ipiranga.

Em 1939, já formava dupla com José Lacerda, irmão mais velho de Genival Lacerda. Era Jack do Pandeiro. No o início da década de 40, Jackson foi morar em João Pessoa, onde continuou a tocar nos cabarés, e logo depois na Rádio Tabajara, onde ficou até 1946. Em 1948, foi para o Recife trabalhar na Rádio Jornal do Comércio Foi aí que o diretor do programa sugeriu que ele trocasse o Jack por Jackson, que era mais sonoro e causava mais efeito quando anunciado ao microfone.



Somente em 1953, já com trinta e cinco anos, foi que Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: Sebastiana, de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: Forró em Limoeiro, rojão composto por Edgar Ferreira.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Alburquerque, com quem se casou em 1956 vivendo com ela até 1967. Fizeram uma dupla de sucesso, ele cantando e ela dançando ao seu lado, tendo participado de dezenas de filmes nacionais. A paixão por Almira era tão grande que Jackson chegou a colocar várias músicas no nome dela. Depois doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem também se separou.

No Rio, já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com O Canto da Ema, Chiclete com Banana, Um a Um e Xote de Copacabana. Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais: baião, coco, samba-coco, rojão, além de marchinhas de carnaval.

Músicos que o acompanharam como Dominguinhos e Severo dizem que ele era um grande “sanfoneiro de boca”, o que significa que apesar de não saber tocar o instrumento ele fazia com a boca tudo aquilo que queria que o sanfoneiro executasse no instrumento. O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística. Também é famosa a sua maneira de dividir a música, e diz-se que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com ele.

No palco, tinha uma ginga toda especial, uma mistura de malandro carioca com nordestino. Ficou famoso pelas umbigadas que trocava com a parceira e esposa Almira.

Já com sessenta e três anos, sofrendo de diabetes, ao fazer um show em Santa Cruz de Capibaribe sentiu-se mal, mas não quis deixar o palco. Já estava enfartado mas continuou cantando, tendo feito ainda mais dois shows nessas condições, apesar do companheiro Severo, que o acompanhou durante anos na sanfona, ter insistido com ele para cancelar os compromissos: ele não permitiu. Indo depois cumprir outros compromissos em Brasília passou mal, tendo desmaiado no aeroporto e sendo transferido para o hospital. Dias depois, faleceu de embolia cerebral, em 10 de julho de 1982. Foi enterrado em 11 de julho no Cemitério do Cajú, no Rio de Janeiro.




SUCESSOS

*Garoto de Caculé, Jackson do Pandeiro e Almira(1963)
*A feira, Mônica Silveira e Nonato Buzar (1970)
*A mulher do Aníbal, Genival Macedo e Nestor de Paula (1954)


*Cabo Tenório, Rosil Cavalcanti (1954)

*Cantiga do sapo, Buco do Pandeiro e Jackson do Pandeiro (1959)
*Casaca-de-couro, Ruy de Moraes e Silva (1959)


*Chiclete com Banana, Almira Castilho e Gordurinha (1959)

*Chuchu beleza, João Silva e Raymundo Evangelista (1973)
*Coco do Norte, Rosil Cavalcanti (1955)
*Como tem Zé na Paraíba, Catulo de Paula e Manezinho Araújo (1962)
*Cremilda, Edgar Ferreira (1955)
*Cumpadre João, Jackson do Pandeiro e Rosil Cavalcanti (1958)
*Dezessete na corrente, Edgar Ferreira e Manoel Firmino Alves (1958)
*Ele disse, Edgar Ferreira (1956)
*Falso toureiro, José Gomes e Heleno Clemente (1956)
*Forró de Surubim, Antônio Barros e José Batista (1959)
*Forró em Caruaru, Zé Dantas (1955)
*Forró em Limoeiro, Edgar Ferreira (1953)
*Lágrima, Jackson do Pandeiro, José Garcia e Sebastião Nunes (1959)
*Rosa, Ruy de Moraes e Silva (1956)


*Sebastiana, Rosil Cavalcanti (1953)

*Sina de cigarra, Delmiro Ramos e Jackson do Pandeiro (1972)
*Um a um, Edgar Ferreira (1954)
*Velho gagá, Almira Castilho e Paulo Gracindo (1961)
*Vou gargalhar, Edgar Ferreira (1954)
*Xote de Copacabana, José Gomes (1954)
*Meu Enxoval, José Gomes (1954)

Discografia
1955: Jackson do Pandeiro
1956: Forró do Jackson
1957: Jackson e Almira - Os Donos do Ritmo
1958: Forró do Jackson
1959: Jackson do Pandeiro
1960: Sua Majestade - o Rei do Ritmo
1960: Cantando de Norte a Sul
1961: Ritmo, Melodia e a Personalidade de Jackson do Pandeiro
1961: Mais Ritmo
1962: A Alegria da Casa
1962: ...É Batucada!
1963: Forró do Zé Lagoa
1964: Tem Jabaculê
1964: Coisas Nossas
1965: ...E Vamos Nós!
1966: O Cabra da Peste
1967: A Braza do Norte
1970: Aqui Tô Eu
1971: O Dono do Forró
1972: Sina de Cigarra
1973: Tem Mulher, Tô Lá
1974: Nossas Raízes
1975: A Tuba da Muié
1976: É Sucesso
1977: Um Nordestino Alegre
1978: Alegria Minha Gente
1980: São João Autêntico de Jackson do Pandeiro
1981: Isso é que é Forró!
 

Você Sabia?
*Seu nome artístico nasceu de um apelido que ele mesmo se dava: Jack, inspirado em um mocinho de filmes de faroeste, Jack Perry. A transformação para Jackson foi uma sugestão de um diretor de programa de rádio. Dizia que ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse ser anunciado.

*Jackson, que fez grande sucesso nos anos 1950, a partir de 1953, quando morava no Recife e lançou o 78 rpm com Forró em Limoeiro e Sebastiana, fez sucesso também nos últimos anos de vida, alavancado por Pixinguinha. Atualmente, sua obra vem ganhando cada vez mais reconhecimento.

*Em 2009, o compositor recebeu diversas homenagens, como tributos nas festas de São João, apresentações no Sesc, na casa Canto da Ema (São Paulo) pelo pernambucano Silvério Pessoa e um show na Praça da Paz, no bairro dos Bancários, em João Pessoa, com participação de 11 músicos e a presença da viúva de Jackson, Neuza Flores.

*Além do Memorial ao artista, Alagoa Grande também ostenta um gigantesco pórtico em forma de pandeiro, instalado na entrada da cidade, circundado por uma placa com os dizeres: "Alagoa Grande – Terra de Jackson do Pandeiro".






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