O filme "Brasileirinho", título de uma música composta em 1947 por Waldir Azevedo, é uma abordagem despretensiosa do choro e das suas diversas vertentes... O choro "Brasileirinho", considerado o maior sucesso da história do gênero, foi gravado por Carmen Miranda e, mais tarde, por vários outros músicos de todo o mundo.
Waldir Azevedo (Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1923 - Brasília, 21 de setembro de 1980) foi músico e compositor brasileiro, mestre do cavaquinho e autor do choro "Brasileirinho". Waldir Azevedo foi um pioneiro que retirou o cavaquinho de seu papel de mero acompanhante no choro e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando de forma inédita as potencialidades do instrumento.
BRASILEIRINHO
by Waldir Azevedo
O brasileiro quando é do choro
É entusiasmado quando cai no samba,
Não fica abafado e é um desacato
Quando chega no salão.
Não há quem possa resistir
Quando o chorinho brasileiro faz sentir,
Ainda mais de cavaquinho,
Com um pandeiro e um violão
Na marcação.
Brasileirinho chegou e a todos encantou,
Fez todo mundo dançar
A noite inteira no terreiro
Até o sol raiar.
E quando o baile terminou
A turma não se conformou:
Brasileirinho abafou!
Até o velho que já estava encostado
Neste dia se acabou!
Para falar a verdade, estava conversando
Com alguém de respeito
E ao ouvir o grande choro
Eu dei logo um jeito e deixei o camarada
Falando sozinho. Gostei, pulei,
Dancei, pisei até me acabei
E nunca mais esquecerei o tal chorinho
Brasileirinho!
FILME-DOCUMENTÁRIO: BRASILEIRINHO
O filme documentário "Brasileirinho"(2005), um tributo ao choro, gênero musical brasileiro, dirigido pelo cineasta finlandês Mika Kaurismaki foi uma das atrações da mostra Fórum do Festival de Berlim de 2005.
Mika Kaurismäki que é de uma família que se dedica ao cinema - seu irmão Aki Kaurismäki é um roteirista e diretor na Finlândia e sua filha Maria também estudou a sétima arte - vive no Brasil desde 1992 e já fez vários filmes que exploram temas relacionados ao país, como a Amazônia, o samba e o chorinho.
Kaurismäki, apaixonado pelo Brasil e sua cultura, tem se dedicado a estudar e filmar a música do país. O que o diretor finlandês Mika Kaurismäki fez pelo samba em seu "Moro no Brasil" (2002), ele fez pelo choro em "Brasileirinho", no qual ele combina suas três grandes paixões: cinema, música e o Brasil.
Brasileirinho, de Mika Kaurismäki
No documentário "Brasileirinho", que estréiou no país em 2007, Mika mostra a vitalidade do estilo musical que é considerado genuinamente brasileiro. O que se vê em Brasileirinho são apaixonados pela música e pelo estilo de vida do choro.
"Brasileirinho" ficou pronto em 2005 e estreou no Festival de Berlim daquele ano. Depois, entrou em circuito em diversos países da Europa, como França, Finlândia e Inglaterra. No Brasil, chegou com dois anos de atraso porque o diretor teve que solucionar pendências com os direitos autorais de algumas músicas apresentadas no filme.
O documentário tem como fio condutor uma apresentação do Trio Madeira Brasil, composto por Marcello Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo Souza. O longa acompanha a preparação e ensaios dos artistas e vai contando a história da evolução do choro ao longo de quase 150 anos.
Esse estilo de música exerce uma grande fascinação não só sobre estrangeiros, como Mika Kaurismäki, radicado no Rio de Janeiro há vários anos, mas também entre brasileiros. Zé Paulo Becker antes de mergulhar fundo no mundo do Choro, construiu uma sólida reputação como violonista, dominando o repertório clássico e ganhando prêmios significativos em concursos de violão.
Deixou os concertos internacionais de lado e foi para o botequim que, segundo ele, 'é a grande escola da música brasileira'. Conhecido por transformar grandes sucessos populares em sofisticadas peças para violão, começou na carreira vencendo o Concurso Nacional Villa-Lobos, em 1990.
Com sólida formação técnica, não resistiu à paixão pela música popular. Sua tese no mestrado da UFRJ, com Turíbio Santos, era sobre o papel do violão de seis cordas no acompanhamento do choro. Com o Trio Madeira Brasil (Ronaldo do Bandolim e Marcello Gonçalves), acompanhou grandes cantores e instrumentistas.
Zé Paulo Becker é mestre em música pela UFRJ. Já tocou e gravou com artistas como Armandinho, Francis Hime, Wagner Tiso, Zé Renato e Elza Soares. Lançou os CDs Lendas Brasileiras, com arranjos para violão solo de clássicos da música brasileira e Sob o Redentor, com composições próprias, sendo duas em parceria com Aldir Blanc e que conta com a participação de Dominguinhos, Leila Pinheiro, Elza Soares, entre outros.
O CHORO É O JAZZ BRASILEIRO
Para o trombonista Zé da Velha, 'o choro é o jazz brasileiro'. O trompetista Silvério Pontes, por sua vez, considera que esse estilo não tem idade, comunicando-se com pessoas das mais diversas faixas etárias. Além disso, a música também tem o seu papel social. "Brasileirinho" mostra uma oficina de choro para crianças carentes no Rio de Janeiro.
Nascido em Sergipe, Zé da Velha (José Alberto Rodrigues Matos) foi influenciado musicalmente pelo pai, alfaiate profissional e flautista e saxofonista amador. Já morando no Rio, aos 15 anos começou a tocar trombone, primeiro de pistão, mais tarde de vara. Logo cedo se enturmou com músicos de gafieira, sambistas e chorões da Velha Guarda, de onde veio o apelido que virou nome artístico.
Paralela à atividade de instrumentista, trabalhou em companhias aéreas por mais de 40 anos, até se aposentar.
O trompetista Silvério Pontes, 20 anos mais jovem que Zé da Velha, transita pela área do choro e tocou ao lado de artistas como Luiz Melodia, Tim Maia, Elza Soares e integra o naipe de metais do grupo de reggae Cidade Negra.
A parceria entre Silvério e Zé da Velha começou em 1991, e deu tão certo que os dois passaram a se apresentar juntos e em 1995 gravaram o disco "Só Gafieira", indicado para o prêmio Sharp. Em 1999 veio o segundo CD, "Tudo Dança — Choros, Maxixes, Sambas", trazendo faixas como "Bole Bole" (Jacob do Bandolim), "O Bom Filho a Casa Torna" (Bonfiglio de Oliveira) e "Pra Machucar Meu Coração" (Ary Barroso). No ano seguinte veio "Ele e Eu", com repertório de choros e sambas.
Outros Destaques no Documentário "Brasileirinho"
O violonista e compositor gaúcho Yamandu Costa (Passo Fundo, 24 de janeiro de 1980), filho da cantora Clari Marson e do multiinstrumentista e professor de música Algacir Costa. Em um de seus depoimentos para o documentário Yamandu diz que: 'o violão de sete cordas é inteligente e chega a propor idéias' ao músico.
Yamandu, começou a estudar violão aos sete anos de idade com o pai, Algacir Costa, líder do grupo Os Fronteiriços e aprimorou-se com Lúcio Yanel, virtuoso argentino radicado no Brasil. Até os quinze anos, sua única escola musical era a música folclórica do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Depois de ouvir Radamés Gnatalli, ele começou a procurar por outros brasileiros, tais como Baden Powell, Tom Jobim, Raphael Rabello entre outros.
Aos dezessete anos, Yamandu Costa apresentou-se pela primeira vez em São Paulo no Circuito Cultural Banco do Brasil, produzido pelo Estúdio Tom Brasil, e a partir daí passou a ser reconhecido como músico revelação do violão brasileiro.
Yamandu toca estilos diversos como choro, bossa nova, milonga, tango, samba e chamamé, sendo difícil enquadrá-lo em uma corrente musical, dado que mistura todos os estilos e cria interpretações de rara personalidade no seu violão de sete cordas.
Já o trompetista Joatan Nascimento destaca que tocar choro não é para qualquer um, pois o estilo pede uma improvisação e nem todos são capazes.
Nascido em 1968, o alagoano Joatan Nascimento é um dos mais reconhecidos trompetistas de sua geração. Iniciou-se no mundo da música aos onze anos atuando em diversos conjuntos de música popular e, em 1987, mudou-se para Salvador (BA) graduando-se em trompete pela Escola de Música da UFBA.
Desde 1989 é membro da Orquestra Sinfônica da Bahia, onde teve um aprendizado gigantesco com os maestros Isaac Karabchevsk, Roberto Duarte, Julio Medaglia, entre outros. Ao longo do tempo, Joatan vem sendo requisitado para inúmeras gravações ao vivo e em estúdio. Artistas como Carlinhos Brown, Banda Eva, Fred Dantas, Banda Cheiro de Amor, Chiclete com Banana e Ivete Sangalo já dispuseram do vibrante som de seu trompete.
Em 1994, Joatan participou do show do percussionista porto-riquenho Tito Puente no Fest'in Bahia e desde 1995 integra a banda de Daniela Mercury. Em 1998 participa da turnê Livro Vivo, de Caetano Veloso, na qual é registrado o CD ao vivo Prenda Minha e quatro anos depois lança seu debut, intitulado Eu Choro Assim.
"Machucando" - BRASILEIRINHO - Grandes Encontros Do Choro Contemporâneo
Apesar do tom às vezes muito didático, "Brasileirinho" é um convite a viajar pela cultura brasileira -- em especial aquela que está ligada ao choro. Kaurismäki dosa bem os depoimentos e apresentações gravadas num show feito no Dia do Choro, 23 de abril, quando também se comemora o nascimento do compositor Pixinguinha (1897-1973).
Alguns músicos que participaram do filme foram Yamandú Costa, Paulo Moura, Trio Madeira Brasil, Teresa Cristina, dentre outros.
CURIOSIDADE S E AFINS
*A gravadora Rob Digital lançou em agosto a trilha sonora do filme “Brasileirinho – Grandes Encontros do Choro Contemporâneo”, contendo uma seleção de execuções musicais que marcam o longa metragem dirigido por Mika Kaurismaki. O lançamento do CD nas lojas do Brasil chegou simultâneo com a estréia do filme nos cinemas dia 24/08 e teve show de lançamento dia 29/08 na casa Canecão Petrobrás, no Rio de Janeiro.
*Além do filme, o DVD conta com rico conteúdo extra, incluíndo 6 músicas que não entraram no filme, um vídeoclipe com cenas de bastidores das filmagens, entrevistas com o diretor Mika Kaurismäki e com o diretor musical do filme, Marcello Gonçalves, e o trailer do filme no Brasil. A seleção de cenas do filme foi feita de forma que leva diretamente ao início das 18 músicas mais importantes do filme. Confira o conteúdo do DVD. Você pode comprar pela Internet ou nas seguintes lojas.
FONTE
Wikipédia- filme-documentário "Brasileirinho"
Cliquemusic-Joatan Nascimento
Cliquemusic-Zé da Velha e Silvério Pontes
Wiquipédia-Yamandu Costa
Wiquipédia- Waldir de Azevedo
Filme-Documentário-Brasileirinho
Músicos do Brasil
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