O compositor Roberto Martins nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 29/1/1909 e faleceu em 14/3/1992. Órfão de pai com um ano de idade, estudou na Escola Pública Teófilo Otoni e aos 12 anos trabalhava numa fábrica no bairro da Tijuca, do Rio de Janeiro, passando depois para outra indústria no bairro de São Cristóvão, onde ficou até os 15 anos.
A influência musical marcou-o bem cedo em casa: a mãe tocava piano, instrumento que ele logo começou a aprender. Por volta de 1925, já havia feito algumas composições, de que ele próprio não gostava. Seu terceiro emprego foi no ramo de calçados - fábricas e lojas -, atividade em que permaneceu até os 20 anos, quando decidiu entrar para a polícia como guarda-civil.
Nesse período compôs seu primeiro samba, Justiça (1929), que, embora não chegasse a ser gravado, teve sua letra publicada no livro Samba, de Orestes Barbosa.
Em 1933 conseguiu que duas de suas composições fossem gravadas por Leonel Faria, na Odeon: Regenerado e Segredo.
Em 1936, com Valdemar Silva, compôs Favela, interpretado por Francisco Alves em disco Victor, um de seus maiores sucessos, que se tornou um dos grandes clássicos da música popular brasileira e que foi regravada por outros grandes nomes da MPB. Essa música acabou recebendo mais de cem outras gravações, além de ser uma das primeiras brasileiras editadas nos Estados Unidos.
Em 1937 foi transferido para o 5° Distrito, como investigador, lá ficando até 1939, quando conseguiu licença de dois anos e não mais voltou à polícia, desempenhando a partir dai somente atividades relacionadas com a música.
SE ESSA RUA FOSSE MINHA (Roberto Martins e Mário Lago) Luiz Barbosa
O ano de 1939 é o de seu grande sucesso, Meu consolo é você (com Nássara), samba gravado por Orlando Silva, que ganhou o concurso de músicas carnavalescas da prefeitura.
No Carnaval seguinte, sua batucada, Cai, cai, gravada por Joel e Gaúcho, se transformou num clássico de Carnaval (continuando entre as mais tocadas em bailes durante a década de 1970). Cai-cai foi executada em nada menos de dez filmes estrangeiros, embora no concurso da Prefeitura do Rio de Janeiro tivesse obtido apenas um modesto terceiro lugar. Foi com os direitos de Cai-cai que comprou a casa em que residiu na Ilha do Governador.
CAI, CAI (Roberto Martins) Joel e Gaúcho 1939
Desde 1937, até 1945, já vinha participando, como ritmista, da Orquestra de Simon Bountman, e em 1943 começou a trabalhar na UBC, da qual foi sócio fundador e conselheiro permanente.
No mesmo ano, com Mário Rossi, compôs Beija-me, gravada por Ciro Monteiro, e Renúncia, um dos primeiros êxitos de Nelson Gonçalves.
Em 1945 alcançou sucesso no Carnaval com a marcha O cordão dos puxa-sacos (com Eratóstenes Frazão), gravada pelos Anjos do Inferno.
Nos Carnavais seguintes, a Marcha dos gafanhotos (com Frazão) e Cadê Zazá? (com Ari Monteiro) foram grandes êxitos, nas vozes de Albertinho Fortuna (1947) e Carlos Galhardo (1948), respectivamente. Seu último grande sucesso foi uma gravação de Blecaute, de 1949, Pedreiro Waldemar (com Wilson Batista).
Pedreiro Waldemar
A partir daí, passaria a se engajar cada vez mais na luta pelos direitos autorais. Aposentou-se na década de 1980, afastando-se dos meios artísticos.
Teve muitos outros parceiros, entre eles Benedito Lacerda, Jorge Faraj, Mário Lago e Mário Rossi, em composições de vários gêneros: sambas, batucadas, marchas, valsas e fox-trots.
BRINQUEI DE AMOR (Roberto Martins e Mário Rossi) Carlos Galhardo 1940
Foi sócio-fundador da UBC (União Brasileira de Compositores), onde teve vários cargos importantes. Entre suas composições de sucesso estão: Beija-me, Favela, Meu consolo é você, Cordão dos Puxa Sacos, Renúncia, Dá-me tuas mãos, Cai Cai, Cadê Zazá , Marcha dos Gafanhotos, Pedreiro Valdemar, Bodas de Prata.
Aliança Partida - Roberto Martins e Benedito Lacerda by Orlando Silva
Bodas de Prata (Roberto Martins e Mário Rossi)
Em 1988, foi homenageado na série carnavalesca da Funarte com o show O cordão dos puxa-sacos, criado e dirigido por Ricardo Cravo Albin, no qual o compositor apareceu narrando sua vida e falando de sua obra, cantada na ocasião pela dupla Marília Barbosa e Chamon, que substituiria o cantor Roberto Paiva na véspera da estréia.
Em 1989 foi homenageado com o show À Roberto Martins: nos seus 80 anos de vida, música e carnaval, criado e dirigido por Ricardo Cravo Albin, no qual o compositor apareceu narrando sua vida e falando de sua obra, cantada na ocasião pela dupla Marília Barbosa e Chamon.
No cenário atual, Roberto Martins, foi regravado por Moacyr Luz, que redescobriu os sambas Não Deves Sorrir para Mim e Leva Meu Coração, parceria com Mário Lago. Elza Soares, Thalma de Freitas e Zeca Pagodinho gravaram o samba Beija-me, parceria com Mário Rossi.
Roberto Martins faleceu no Rio de Janeiro aos 83 anos, deixando viúva Isaura e seus três filhos: Yole, Jorge Roberto e Elizabeth.
Em 2009, os cem anos de nascimento do compositor Roberto Martins foram celebrados com projeto de CD e livro idealizado pela família do artista e desenvolvido pela Elaborar.
Uma seleção de cantores, músicos, arranjadores, escritores e pesquisadores foi reunida para homenagear o autor de “Cade Zazá”, “Renúncia”, “Cordão dos Puxa-Sacos”, “Pedreiro Waldemar” e outras canções de Roberto Martins com parceiros como Mario Lago, Mario Rossi e Wilson Batista.
O CD+livro trará gravações com Simone, Zé Renato, Joyce, Elton Medeiros, Cristina Buarque, Beth Carvalho, Leny Andrade, Tito Madi, Aldir Blanc, Jards Macalé e outros artistas, sob direção musical de Moacyr Luz e com arranjos feitos especialmente para o projeto por Cristóvão Bastos, Kiko Horta e Afonso Machado.
O livro incluirá fotos, textos de Sérgio Cabral, João Máximo, Zuza Homem de Melo, Hermínio Bello de Carvalho, Ricardo Cravo Albin e Fernando Faro, a cronologia de vida e obra do compositor feita pelo pesquisador Jairo Severiano, e a reprodução de jornais, revistas, partituras e documentos do acervo da família.
Mil unidades deste CD (com o livro) serão distribuídas gratuitamente a bibliotecas, centros culturais e escolas de música. O projeto terá ainda site sobre o compositor, com sua obra completa. O projeto está aprovado na Lei de Incentivo à Cultura, em fase de captação de recursos. (site Elaborar).
Cowboy do Amor
FONTE
Cifrantiga
Portal Luis Nassiff
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