Páginas

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Edgar Ferreira


Um dos criadores do ritmo rojão, próximo do coco, Edgar Ferreira (07/04/1922 Recife/PE – 19/12/1995 Recife/PE) - foi considerado um dos maiores compositores de Pernambuco nos anos 1950 e 1960. Ainda adolescente, fundou a Escola de Samba Turma Brasileira, de Recife, em 1937. Fundador do primeiro Sindicato da Indústria Metalúrgica de Material Elétrico de Recife. em 1941, foi demitido por participar de uma greve na Fábrica Matarazzo, onde trabalhava, e passou a vender livretos de cordel com as letras de suas músicas, no Largo da Paz, em Recife.

Edgar Ferreira ajudou a fundar o Sindicato dos Compositores, do Rio, onde fixou-se em 1942, conseguindo que suas músicas aos poucos fossem gravadas por nomes do porte de Carlos Galhardo, Joel de Almeida e Luiz Wanderley. Entretanto seu maior incentivador e porta-voz de suas músicas para o sucesso foi o cantor Jackson do Pandeiro, que lançou várias de suas composições a partir do início dos anos 50, como "Um a Um" (1953) e "Forró em Limoeiro" (54), além de "17 na Corrente".



Em 1959, Ari Lobo gravou o rojão "O criador", e em 1961, "Recife sangrento". No ano seguinte, Altamiro Carrilho e sua Bandinha regravaram "Forró em Limoeiro". Ainda com Jackson do Pandeiro teve gravadas o xote "Cremilda".


Em 1967, foi premiado pela trilha sonora da peça "O Rei da vela", de Oswald de Andrade. Em 1983, a mesma peça foi levada para o cinema e ele ganhou um Kikito de ouro no festival de gramados pela trilha sonora, ambas as versões dirigidas por José Celso Martinez.

Em 1999, Carmélia Alves regravou seu coco "Um a um".



Em 2000, sua composição "Ele disse", composta em homenagem ao ex-presidente da República Getúlio Vargas, foi regravada pelo cantor Zé Ramalho no CD duplo "Nação Nordestina".



No mesmo ano, o cantor pernambucano Claudionor Germano gravou "A dor de uma saudade". Também na mesma época, o coco "Forró em Limoeiro" foi regravado pelo Trio Nordestino no CD "Trio Nordestino - Xodó do Brasil" que marcou o retorno do trio.


Em 2002, seu samba "Vou gargalhar" foi regravado por Silvério Pessoa no CD "Batidas Urbanas - Projeto Micróbio do Frevo".

Em 2007, teve as músicas de sua autoria "Ele disse (carta de Getúlio)"; "Forró em Limoeiro"; "Um a um"; "Na corrente" e "Cremilda", gravadas pelo cantor e compositor Kojak do forró, no álbum ao vivo "O afilhado do rei do ritmo Jackson do Pandeiro". O CD/DVD, de produção independente, produzido por Kleber Matos, foi uma homenagem ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro.


Edgar Ferreira recebeu um prêmio pela trilha sonora da peça "O Rei da Vela" (1967), de Oswald de Andrade, e um Kikito no Festival de Cinema de Gramado, em 1983, na sua versão cinematográfica (dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa, que também encenou a versão teatral).



Suas músicas já foram gravadas recentemente por Beth Carvalho, Martinho da Vila, Gilberto Gil, João Bosco, Genival Lacerda, Cascabulho, Zé Ramalho e Os Paralamas do Sucesso ("Um a Um").



Edgar também compôs "Tempo de Menino" e "Vou Gargalhar" (campeã do carnaval de 1955) e musicou a carta-testamento de Getúlio Vargas no rojão "Ele Disse".


Ele Disse
Composição: Edgar Ferreira
(incluindo trecho do pronunciamento de Getúlio Vargas
em 1º de maio de 1951, no Clube de Regatas Vasco da Gama)

Ele disse muito bem:
"O povo de quem fui escravo
Não será mais escravo de ninguém"

Para todo operário do Brasil
Ele disse uma frase que conforta:
"Quando a fome bater na vossa porta
O meu sangue é capaz de vos unir
Meus amigos por certo vão sentir
Que na hora precisa, estou presente
Sou o guia eterno dessa gente
Com meu sangue o direito eu defendi"

Ele disse com toda consciência:
"Com o povo eu deixo a resistência
O meu sangue é uma remissão
A todos que fizeram reação
Eu desejo um futuro cheio de glória
Minha morte é bandeira da vitória
Deixo a vida pra entrar na história
E ao ódio eu respondo com perdão"

Ele disse muito bem:
"O povo de quem fui escravo
Não será mais escravo de ninguém"

CURIOSIDADES

*Em 1967, visando uma forma de fazer teatro diferente, a companhia encena a peça O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, peça essa fortemente ligada aos ideais do Tropicalismo, alias é o marco inicial desse movimento. "Essa nova forma de teatro tinha que ser capaz de despertar no espectador reações, provocando-os a pensar na sociedade em que estavam inseridos. Não era mais possível que o teatro agisse, como instrumento de educação, através de historias de bons-meninos, mas sim através de uma “arte brasileira e violenta”. O teatro tem hoje necessidade de desmistificar, colocar esse público no seu estado original, cara a cara com sua miséria, a miséria do seu pequeno privilégio ganho às custas de tanta concessões, de tantos oportunismos, de tanta castração e recalque e de toda a miséria de um povo.” O grande precursor dessa arte foi Oswald de Andrade, com O Rei da Vela de 1933. Logo, o teatro, exercendo seu papel social, ficava nas mãos da Antropofagia. Essa peça também marcou uma ruptura na própria concepção de dramaturgia no Teatro Oficina. Com O Rei da Vela a ruptura foi total. Não somente com toda uma linha que vinha seguindo o Oficina, mas com todo o caminho da cultura brasileira”. (Zé Celso Martinez Corrêa em entrevista realizada por Tite de Lemos e publicada na revista aParte, do TUSP, em abril de 1968. In: Tropicália)




FONTE

Cliquemusic

Dicionário MPB

Foha Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário