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sábado, 16 de abril de 2011

Leandro Sapucahy


Leandro Sapucahy gravou seu primeiro DVD, “Favela Brasil” em 2008 na Fundição Progresso - nesse palco carioca, e transportou para lá o clima da periferia. No lugar da banda convencional: uma mesa de bar e personagens típicos da favela. A direção cênica ficou a cargo de Regina Casé, que pela primeira vez conduziu um show. “A favela é o retrato da situação do país. E abordo o tempo todo a situação crua nas minhas músicas, sem rodeios. Não escondo nada. Será uma leitura no estilo cinema mudo”, contou Sapucahy, em entrevista exclusiva ao EGO.

Sobre o nome "Favela Brasil", Leandro conta que: "Fiz duas turnês com o D2 de 70 dias na Europa e vi que lá fora se vende bossa nova, samba de mulata, mas não o samba tradicional. Então quis fazer uma troca de palavras com “Aquarela do Brasil”. Ficamos até na dúvida se o nome seria “Favela Brasileira” ou “Aquarela Brasileira”. A favela é o retrato da situação do país. E abordo o tempo todo a situação crua nas minhas músicas, sem rodeios. Não escondo nada. Não tenho esse desprendimento para ter um disco comercial - um disco romântico. Me preocupo em gravar grandes compositores. Sempre ouvi a imprensa reclamar que faltava conteúdo, e é isso que procuro fazer. Sempre se falou tanto de amor, e vemos hoje em dia famílias se matando..."

Regina Casé foi uma das grandes responsáveis por colocar Leandro Sapucahy em evidência. Regina levou a música “Numa Cidade Muito Longe Daqui” para Angola, e Leandro teve uma resposta muito boa, eles quiseram saber quem tinha feito a música, quem ele era.


Casé também colocou seis músicas do cantor em um programa, e eles acabaram ficando próximos. Participou de um especial de final de ano da “Central da Periferia”, na Apoteose, no Rio. Regina e Leandro sempre conversam sobre como seria ver imagens nas músicas, como em “Polícia e Bandido”.

Participações de peso não faltaram na gravação. Para a encenação, foi escalado o grupo “Nós do Morro”, com Jonathan Haagensen e Roberta Rodrigues. Na parte musical: Arlindo Cruz, Leci Brandão, Marcelo D2 (foi percussionista da banda de D2 e fez parceria com ele na música “Polícia e Bandido”, hit de seu primeiro CD, “Cotidiano”), MC Marcinho, e uma participação virtual de Seu Jorge - ele gravou um depoimento e a música “Problema Social”. “Não tenho esse desprendimento para ter um disco comercial. Eu me preocupo em gravar grandes compositores”, explicou o músico.

A música entrou na vida de Leandro Sapucahy meio de brincadeira, e, desde muito criança, os instrumentos viraram brinquedos e, dos brinquedos fazia instrumentos, tirando som de tudo. "Minha mãe cantava em casa o dia todo, tem um repertório enorme, popularzão, tipo Rádio Nacional, muita afinação e swing. Meu pai era mais bossa-novista - João Gilberto, Leny Andrade..." Já adolescente, foi apresentar-se profissionalmente, o que fez com que seu repertório aumentasse.


"Precisava conhecer mais estilos e enveredei pela MPB, pelo rock... Tocava até aquilo de que eu não gostava muito. Vários fatores começaram a me puxar para a percussão e para a música. Tinha um bloco carnavalesco que ensaiava perto da minha casa, por exemplo" - conta.

Daí para o trabalho profissional em estúdio foi um pulo. E que pulo. Leandro Sapucahy deixou sua marca em vários discos de samba, como músico e muitas vezes como produtor. Seu primeiro CD, “Cotidiano”, trouxe participações de bambas como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e do chapa Marcelo D2. O disco reúne músicas que ele foi juntando aos poucos, sem pressa, conduzido por uma idéia-fixa-quase-missão: qualidade e a capacidade de satisfazer a si mesmo.

"Como produtor, sempre recebi muito material dos compositores. O que não ia servindo para o mercado, eu ia separando. Aos poucos, juntei coisas. Resolvi fazer o meu disco sem pressão. Meu intuito foi criar algo que as pessoas ouvissem e não considerassem parecido com nada do que já está por aí.

Isso sem no entanto deixar de lado uma boa linguagem e uma melodia bonita" - explica Sapucahy. Leandro insistiu na idéia de dar à luz um trabalho que por um lado celebrasse o talento de compositores-referência e, por outro, fosse diferente de tudo que há no mercado.

"Resolvi fazer um disco por prazer. Meu trabalho é centralizado no samba, mas é pesado, chega perto do rap. Eu não sou mergulhado na política, mas passei a prestar atenção no comportamento da classe política. É um disco que fala sobre corrupção, balas perdidas. Mas também fala sobre esperança e família" - explica. Ao fazer músicas, ele se posiciona de uma maneira muito própria.

"Quero espetar. E quero que os espetados me ouçam. Me posiciono como povo, mas aproveito o lugar onde estou para mandar mensagens. Não vou no óbvio, nunca. Sempre fui do contra, desde moleque. Além disso, quero resgatar bons autores. Isso vai ser bom para o samba” - prega.




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