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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Capinan


Capinan, José Carlos Capinan (19/2/1941 Esplanada/BA). Letrista. Poeta. Escritor. Publicitário. Jornalista. Médico. Filho de Osmundo Capinan e Judite Bahiana Capinan com mais 12 irmãos, começou a escrever poesia aos 15 anos.

Em 1960, mudou-se para Salvador, iniciando o Curso de Direito na Universidade Federal da Bahia. Por essa época, estudando também teatro no Centro Popular de Cultura, ligado à UNE, conheceu Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos cursando as faculdades de Filosofia e Administração de Empresas, respectivamente. Atuou na peça "Os fuzís da Senhora Cará", de Brecht, dirigida por Álvaro Guimarães.


Em 1963, escreveu e estreou a peça "Bumba-meu-boi", musicada por Tom Zé. Em 1964 formou-se Artes Cênicas e Direito. Com o golpe militar, foi forçado a deixar Salvador, transferindo-se para São Paulo, indo trabalhar como redator publicitário na agência Alcântara Machado.

Por essa época, conheceu Geraldo Vandré (que fazia jingles para a agência), além de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal (do Teatro de Arena) que o levaram para o meio musical de São Paulo. Logo depois foi apresentado a Edu Lobo.

Participou ativamente dos movimentos culturais da década de 1960: Centro Popular de Cultura (CPC), Feira da Música (Teatro Jovem, ao lado de Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Torquato Neto e Gilberto Gil) e Tropicalismo, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duarte, Rogério Duprat e Gal Costa.


Em 1965, foi co-autor, com Caetano Veloso e Torquato Neto, da peça "Pois É", interpretada por Gilberto Gil, Maria Bethânia e Vinicius de Moraes, no teatro Opinião, no Rio de Janeiro. Compôs com Caetano Veloso a trilha sonora do filme "Viramundo", de Geraldo Sarno, que contou também com a música-título "Viramundo", esta, composta em parceria com Gilberto Gil.



Em 1965, reencontrou Gilberto Gil em São Paulo e compôs "Ladainha", que foi a sua primeira música gravada. No ano seguinte, sua composição "Ladainha" (c/ Gilberto Gil) foi incluída no lado B do compacto que trazia no lado A "A banda", de Chico Buarque (que havia vencido o "Festival de Música Popular Brasileira", da TV Record naquele ano).


Ainda em 1966, compôs com Paulinho da Viola "Canção para Maria", interpretada por Jair Rodrigues e classifica em 3º lugar no "II Festival da Música Popular", da TV Record de São Paulo.

No ano de 1966, publicou o livro de poemas "Inquisitorial". Em seguida, voltou a Salvador, onde cursou Medicina, profissão que chegou a exercer por algum tempo.


Em outubro de 1967, venceu o "III Festival da Música Popular Brasileira", da TV Record com a música "Ponteio", em parceria com Edu Lobo, ganhando o "Prêmio Sabiá de Ouro", no Teatro Paramount. A música foi interpretada por Edu Lobo, Marília Medalha e o grupo Momento Quatro. Neste mesmo ano, no LP "Edu & Bethânia", foi incluída outra composição de sua autoria, "Cirandeiro" (c/ Edu Lobo). Ainda neste mesmo ano, Edu Lobo interpretou "Corrida de jangada" e "Rosinha", ambas, parceria da dupla Edu e Capinan.


Neste mesmo ano de 1967, Gilberto Gil incluiu em seu disco "Louvação", pela gravadora Philips, duas parcerias de ambos: "Água de meninos" e "Viramundo".

Em 1967, com Torquato Neto, escreveu o programa de televisão "Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo", interpretado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa.

No ano de 1968, Caetano Veloso incluiu em seu LP, pela Philips, as composições "Clarisse" (c/ Caetano Veloso) e "Soy loco por ti, América" (c/ Gilberto Gil).


Neste mesmo ano, foi lançado o disco do Movimento Tropicalista, do qual fazia parte. No LP "Tropicália ou Panis et Circencis", Gilberto Gil interpretou "Miserere nobis" (c/ Gilberto Gil). Ainda em 1968, Elis Regina regravou "Corrida de jangada" (c/ Edu Lobo) e "Viramundo" (c/ Gilberto Gil).

No ano seguinte, concorreu ao "IV Festival Internacional da Canção", da TV Globo do Rio de Janeiro com a música "Gothan City", em parceria com Jards Macalé, que a apresentou. Neste mesmo ano, Gal Costa interpretou "Pulsares e quasares" (c/ Jards Macalé).


Em 1969, no LP "Elizete e Zimbo Trio balançam a Sucata", foi incluída de sua autoria "Ponteio", com Edu Lobo. Ainda na década de 1960 participou do filme "Brasil Ano 2000", de Walter Lima Júnior. Dirigiu o filme "Missa do Vaqueiro", com José Avelar.


Compôs com Paulinho da Viola "Coração imprudente" e "Orgulho", ambas incluídas no disco "Dança da solidão", pela Odeon. Ainda em 1969, Elis Regina e Toots Thielemans regravaram "Corrida de jangada", também incluída no LP "Elis Regina in London" deste mesmo ano.


Na década de 1970, foi co-editor ao lado de Abel Silva da "Revista Anima".

No ano de 1972, Jards Macalé incluiu quatro parcerias de ambos em seu disco: "Farinha do desprezo", "78 rotações", "Meu amor me agarra & geme & treme & chora & mata" e "Movimento dos barcos".


Em 1973, dirigiu e produziu o show de Gal Costa e Jards Macalé, no teatro Oficina, em São Paulo, e o espetáculo "Luiz Gonzaga, o Rei do Baião", no teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. As músicas "Come se fosse" (c/ Fagner) foi gravada no LP "Manera Fru Fru, manera", primeiro disco do cantor.


No segundo disco de Fagner, "Ave noturna", lançado pela gravadora Continental em 1975, foi incluída "Última mentira", outra parceria com Fagner.

Compôs com Paulinho da Viola "Coração imprudente" e "Orgulho", ambas incluídas no disco "Dança da solidão", de Paulinho da Viola, lançado pela Odeon.


Em 1976, Edu Lobo incluiu várias parcerias de ambos no disco "Limite das águas": "Negro negro", "Limite das águas", "Repente" e "Considerando".

Terezinha de Jesus em 1979 regravou, de sua autoria, "Coração imprudente" (c/ Paulinho da Viola) e ainda "Não posso crer", em parceria com Mirabô Dantas. Neste mesmo ano, Marlui Miranda, no disco "Olho d' água", interpretou "Pitanga", parceria de ambos.



Em 1976, publicou poemas na antologia "26 poetas hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda.

No ano seguinte, lançou pela editora Macunaíma "Ciclo de navegação Bahia e gente". Em 1980, "Acalanto", em parceria com Mirabô Dantas, foi incluída no disco "Caso de amor", de Terezinha de Jesus. Ainda neste ano, Amelinha interpretou "Gemedeira" (c/ Robertinho de Recife), tornando-se um grande sucesso, e Alcyvando Luz, no disco "Fala moço", incluiu "Caipira", parceria de ambos. Ainda em parceria com Alcyvando Luz compôs o jingle (de muito sucesso) "Verde que te quero verde".

No ano de 1981, Geraldo Azevedo gravou, com sucesso, "Moça bonita", parceria de ambos, incluída na trilha sonora do seriado "Terras do Sem-Fim", da Rede Globo.


Em 1982 formou-se em Medicina, pela UFBA. Dois anos depois, estruturou a TV Educativa da Bahia, criando diversos programas para seu lançamento e em 1985 atuou como diretor da emissora.

Em 1983 Paulinho da Viola interpretou "Mais que a lei da gravidade" e "Prisma luminoso", parceria com Capinam. Esta última, deu título ao disco do compositor. Neste mesmo ano, Clarisse incluiu em seu LP a música "Filhos de verão", pela gravadora EMI, parceria com Sueli Costa. Ainda em 1983, Ederaldo Gentil, no disco "Identidade", gravou "Luandê", parceria de ambos.

No ano seguinte, João Bosco gravou no disco "Gagabirô" duas parcerias com Capinam: "Imã dos ais" e "Papel marchê" (esta última obteve um grande sucesso não apenas na voz de João Bosco, mas também na interpretação de Zizi Possi), e neste mesmo ano "Nega Dina" (c/ Moraes Moreira) foi gravada por Zezé Motta.


Em 1985, seu parceiro Gereba o convidou a participar do disco "Te esperei". Neste LP, Capinam registrou com sua voz o poema "Te esperei", de sua autoria. Ainda nesse disco, Gereba interpretou "Baião de nós", "La nave vá", "Pro Gereba e os onze", todas em parceria com Capinam.

Neste mesmo ano, outro parceiro, desta vez Gonzaguinha, o convidou para uma participação especial no disco "Olho de lince - Trabalho de parto", no qual interpretaram "Janeiro ainda - Possibilidades", parceria de ambos.


No ano seguinte, em 1986, "Pirata azul" (c/ João Bosco) foi lançada no disco "Ai, Ai, Ai de mim", pela CBS, e Selma Reis gravou diversas composições de sua autoria: "Todos queremos" (c/ Geraldo Azevedo); "La nave va" (c/ Gereba); "Garrafas vazias" (c/ Sueli Costa); "Santa menina sensual do metrô" (c/ Gereba e Kapenga) e "Libido", em parceria com Gereba. Neste mesmo ano, sua composição "Valsa derradeira" (c/ Gereba) foi incluída no LP "Luz e esplendor" de Elizete Cardoso, lançado pela gravadora Arca Som.

Em 1986 foi nomeado Secretário Municipal da Cultura, de Camaçari (BA), passando a integrar o Conselho Nacional de Direito Autoral, do Ministério da Cultura (MinC), participando também de comissões de Divulgação Autoral.


De 1987 a 1989, atuou como Secretário da Cultura do Estado da Bahia, e como presidente dos Fóruns Nacional de Secretários da Cultura e Estadual de Cultura. Neste mesmo ano editou três livros: "Inquisitorial" (reedição, o original é de 1967) e "Confissões de Narciso", pela editora Civilização Brasileira, além de "Balança Mas Hai Kai", pela editora BDA.

No ano de 1988, em comemoração aos 21 anos do movimento tropicalista, e em sua homenagem, foi lançado o LP "O viramundo - 21 anos de Tropicalismo". No disco foram compiladas algumas de suas composições mais conhecidas: "Soy loco por ti America " (c/ Gilberto Gil), "Papel machê" (c/ João Bosco), "Te esperei" (c/ Gereba), "Gemedeira" (c/ Robertinho de Recife), "Gotham City" (c/ Jards Macalé), "Ponteio" (c/ Edu Lobo), "Um dueto" (c/ Francis Hime), "Coração imprudente" (c/ Paulinho da Viola), "Xote dos poetas" (c/ Zé Ramalho) e ainda "Te esperei", poema que havia gravado em disco anterior do parceiro Gereba.

Uma de suas composições mais conhecidas é "Moça bonita", que o próprio parceiro Geraldo Azevedo regravou diversas vezes, inclusive no disco "Cantoria 2", de Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Faria e Xangai.


Entre seus intérpretes destaca-se Simone Guimarães, em "Cirandeiro" (c/ Edu Lobo).

Em 1990, fez o show "Poeta, mostra a tua cara", tendo como convidados especiais Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Geraldo Azevedo, no Jazz Club, no Rio de Janeiro.

Em 1991 o parceiro Gereba ganhou com a composição "Três por acaso", parceria de ambos, o primeiro lugar o festival "IX FAMPOP", da cidade de Avaré, em São Paulo.

No ano de 1995, relançou do pela Editora Civilização Brasileira, "Inquisitorial", seu livro de poemas, contou com ensaio crítico de José Guilherme Merquior, escrito em 1968 e publicado no livro "A astúcia da mímese" em 1969.
Em 1995, Moraes Moreira, em seu disco "Acústico", interpretou "Cidadão" (c/ Moraes Moreira). Neste mesmo ano, foi lançado pela gravadora Lumiar o "Songbook de Edu Lobo". No álbum duplo foram incluídas várias parcerias da dupla (Edu e Capinam), interpretadas por nomes importantes da MPB: João Bosco "Corrida de jangada", Geraldo Azevedo e Marcus Pereira "Viola fora de moda", Leny Andrade "Considerando" e Alceu Valença, em "Ponteio". No ano seguinte, no CD "Dom de passarinho", de Edil Pacheco, lançado pela gravadora Velas, foi incluída "Paz de Xangô" (c/ Edil Pacheco).

No ano seguinte, em 1996, publicou "Uma canção de amor às árvores desesperadas", livro de poemas. Neste mesmo ano apresentou-se no projeto "Fala, poeta", acompanhado pelo grupo Confraria da Bazófia, em Salvador, Bahia. Publicou também "Signo de Navegação Bahia e Gente" e "Estrela do Norte, Adeus".

Em 1997, no disco "Tropicália - 30 anos" (Natasha Records) a banda Araketu interpretou "Soy loco por ti, América".

 No ano de 1999, no disco "Pérola fina", CD em homenagem à obra de Ederaldo Gentil, foi incluída uma regravação de "Luandê" (c/ Ederaldo Gentil).

Em 2000, compôs, juntamente com Fernando Cerqueira e Paulo Dourado, a ópera "Rei Brasil 500 Anos", uma crítica às comemorações dos 500 anos do Brasil. Ainda neste ano, compôs com Tom Zé "Perisséia" e, com Sueli Costa, "Jardim".

Em 2002 Célia gravou de sua autoria "Vuelve mi luz", parceria com Sueli Costa. Neste mesmo ano, ao lado de Chico Buarque, Abel Silva, Antônio Cícero, Paulinho Lima, Ana Terra, Alcione, Leila Coelho Frota, Adélia Prado, Afonso Romano de Sant'Anna, Ritchie, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Gabriel, O Pensador, Elisa Lucinda e Murilo Antunes, entre outros, num total de 149 pessoas, participou do álbum com quatro CDs em homenagem ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.

O álbum intitulado "Reunião - O Brasil dizendo Drummond" foi lançado pelo selo Luz da Cidade, do poeta e letrista Paulinho Lima. Neste mesmo ano, foi lançado o livro " Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências ao poeta.

Zeca Baleiro incluiu "Eu despedi o meu patrão" (parceria de ambos) no CD "PetShopMundoCão", e a cantora Teresa Cristina interpretou "Mais que a lei da gravidade" e "Coração imprudente", parcerias suas com Paulinho da Viola incluídas no disco "A música de Paulinho da Viola".

Ainda em 2002, Lucinha Lins interpretou "Mar de Espanha" e "Vuelve mi luz", ambas, em parceria com Sueli Costa no CD "Canção brasileira", disco em homenagem à obra de Sueli Costa. Ainda em 2002 foi lançado o livro "Driblando a censura - De como o cutelo vil incidiu na cultura", de Ricardo Cravo Albin, no qual constou o relato de uma composição de sua autoria proibida pela censura e liberada logo depois pelo Conselho Superior de Censura. Sua composição em questão foi "Triângulo das Bermudas" (c/ Carlos Pita).

O Conselho Superior de Censura tinha como função provocar a transição de um Estado de Exceção para um Estado de Direito, atuando incisivamente, entre os anos de 1979/1989, na liberação de músicas, livros, peças, novelas, caso especial, filmes e outras obras intelectuais proibidas pelo regime militar.

Ainda em 2002 a cantora Fernanda Cunha incluiu a composição "Cruel beleza" (c/ Lisieux Costa) no CD "O tempo e o lugar".

Em 2003, Edil Pacheco, no CD "O samba me pegou", incluiu uma parceria de ambos, "Meu coração sabe gostar". Neste mesmo ano, Zé Renato no disco "Minha praia", incluiu "Algum lugar" (Zé Renato e Capinan). Maria Bethânia no disco "Brasilierinho" interpretou de sua autorua "Yáyá Massemba" (c/ Roberto Mendes).

Em 2004 participou do especial do programa de debates "Nomes do Nordeste", do Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza. Acompanhado pelo violonista Roberto Mendes, narrou sua trajetória de vida e cantou alguns de seus maiores sucessos em escritos em parceria com Edu Lobo, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, João Bosco,

Francis Hime, Moraes Moreira, Raimundo Fagner, Zeca Baleiro, Geraldo Azevedo, Nonato Luiz, Jards Macalé, Robertinho do Recife e Gereba, entre outros.

Em 2005, Lisieux Costa gravou "Cruel beleza" e "Cognac e batom", parcerias de ambos.

Em 2006, "Esse pobre brasileiro", uma de suas parcerias inéditas com Maurício Tapajós, foi interpretada por Zélia Duncan no CD póstumo "Sobras repletas", de Maurício Tapajós.

FONTE

Dicionário Cravo Albin

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