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domingo, 10 de julho de 2011
Irmãos Valença
Os instrumentistas e compositores João Vitor do Rego Valença e Raul do Rego Valença, filhos de João Bernardo do Rego Valença Filho e Maria Martins do Rego Valença, nasceram no bairro da Madalena, cidade do Recife em 2 de abril de 1890 e 7 de agosto de 1894, respectivamente. Formaram uma dupla expressiva da música do Carnaval de Pernambuco e ficaram conhecidos em todo Brasil como Irmãos Valença.
A família Valença ficou famosa por conta da tradicional opereta natalina O Presépio dos Irmãos Valença, encenada pela primeira vez no Recife, em 1865, pelo casal João Bernardo do Rego Valença e Dona Ana Alexandrina do Rego Valença, avós de João e Raul, no Sítio dos Valença, que fica no bairro da Madalena.
A origem do Presépio é de Aracati, Ceará, e veio para o Recife por intermédio de Dona Alexandrina. Interrompidas as encenações em 1880 e 1900, João e Raul reativaram a opereta em 1910. O Presépio passou por muitas dificuldades para manter suas apresentações. Atualmente, está na sua sétima geração e é encenado restritamente para a família e amigos.
João Vitor, com apenas oito anos, aprendeu piano e, mais tarde, teve aulas de solfejo.
Raul, aos 20 anos, estudou violão. Ambos continuaram seu aprendizado como autodidatas. Sem dúvida, o Presépio que era encenado em sua casa influenciou os irmãos na composição de músicas para teatro, comédias, marchas juninas, carnavalescas e maracatus.
Em 1924, junto com primos e amigos, fundaram uma sociedade teatral, o Grêmio Familiar Madalenense. Foi nessa época que compuseram as suas primeiras músicas. Iniciaram com a opereta Espinho de rosa (1924), logo depois, as comédias musicadas Gato escaldado, Cartazes de amor, Coração de violeiro(opereta regional).
João Valença escreveu as canções: Viola querida, Capionga e Devoção, além de diversos hinos, tais como o Hino Juarez Távora, Hino do detento e o Hino de São Sebastião, este último com Ariano Suassuna. Compôs com diversos parceiros, entre eles Silvino Lopes e Samuel Campelo, as peças teatrais: Noite de novena, Uma senhora viúva e Luar do Norte. Criaram também músicas para as peças teatrais infantis O Pequeno Polegar e Mulatinha. Foram apresentadas no Grêmio e, mais tarde, no Teatro Santa Isabel pelo grupo Gente Nossa.
Em 1928, os irmãos compuseram a marcha carnavalesca Mulata que foi muito tocada por orquestras nos clubes recifenses.
Em 1932, o músico carioca Lamartine Babo gravou esta marcha mantendo a música, alterando a poesia e o título para O teu cabelo não nega. João e Raul Valença tomaram as providências legais para confirmar a autoria da música e a justiça deu sentença favorável a eles. Entretanto, a Lamartine foi concedida co-autoria da marcha carnavalesca que foi um grande sucesso no Brasil.
(Sátira de Lamartine Babo à decisão que o condenou por O TEU CABELO NÃO NEGA ser plágio da música MULATA, de autoria dos irmãos VALENÇA).
Em 1975, gravaram o LP Pastoril pela Rozenblit.
Principais obras:
Entre tantas composições destacam-se: A lua veio ver, Vou pedir a pape, Boneca sem coração, Mandarim, Romance sertanejo, Iracema, Vila de Pinho, Mandinga, Capionga, Devoção, Malmequer e Maracatucá (em parceria com o jornalista Silvino Lopes conquistou o segundo lugar no concurso promovido pela Federação Carnavalesca, Rádio Clube de Pernambuco e Diario de Pernambuco, em 1938); Você não gosta de mim; Tive um sonho que durou três dias; O meu bode anda solto; O teu lencinho; Máscaras de veludo; Pisa a baiana, Foi você que me deu um beijo; Mulata (gravada em 1932 por Lamartine Babo, passando a se chamar O teu cabelo não nega); com o maracatu Ô, já vou e as marchinhas Nós dois e Foi você foram três vezes campeões do Carnaval do Recife.
Peças teatrais: Maior riqueza, Mancheiros de rosas, A cigana.
Musicaram várias peças teatrais: Lar do Norte, Morenas brasileiras, Noites de novena, Cartazes de amor.
João Valença faleceu em 7 de agosto de 1983 e Raul em 16 de julho de 1977. Raul deixou preparado o frevo-canção Xique-xique-bum e o maracatu Rainha dos Palmares, para o Carnaval de 1978.
FONTE
Ministério da Educação
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