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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Antenógenes Silva

Acordeonista premiado no exterior, gravou o primeiro disco em 1929, pela Victor de São Paulo, com canções próprias. Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro e fez carreira como acordeonista. Aluno de Guerra-Peixe, entre seus maiores sucessos estão "Pisando Corações" (com E. Campos) e "Santa Teresinha", gravado por Gilberto Alves. Foi presença constante em estúdios de gravação e palcos. Autor de Saudades do Matão, com Raul Torres e Jorge Gallatti, Antenógenes gravou com diversos artistas desde os anos 30, e teve uma escola de acordeon no Rio de Janeiro. Trabalhou em rádio e televisão, onde apresentou o programa “O Rancho Alegre de Paulo Bob”. Em 1957, ganhou o primeiro prêmio em um festival na Alemanha tocando sanfona de oito baixos.

Antenógenes Honório da Silva (Uberaba, 30 de outubro de 1906 — ?, 9 de março de 2001) foi um acordeonista e compositor brasileiro.

Era filho de Olímipio Jacinto da Silva, serralheiro, ferrador de cavalos e acordeonista, e de Maria Brasilina de São José. Pelo lado materno, descendia do então empobrecido Barão da Ponte Alta. Freqüentou a escola por apenas dois anos, começando a trabalhar muito cedo. Já nessa época, tocava acordeão e compunha.

Em 1927, trabalhando como servente de pedreiro, mudou-se para Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, e iniciou sua carreira artística. No ano seguinte, na capital paulista, começou a tocar na Rádio Educadora.

Em 1929, gravou seus primeiros dois discos na Victor, interpretando o choro Gostei da Tua Caída, o maxixe Saudade de Uberaba, e as valsas Norma e Feliz de Quem Ama, todas de sua autoria.

Em 1939 o cantor Jorge Veiga, estreou em disco com a rancheira "Adeus João" acompanhado ao acordeom por Antenógenes Silva que era na verdade o titular do disco.

Antenógenes Silva gravou também na Orion e na Arte Fone.

Antenógenes Silva - Coração que sofre (1941)



Em 1931, casou-se com Marcília Marinari, violinista e locutora com o nome artístico de Léa Silva, que, depois de atuar na Rádio Nacional, foi para os Estados Unidos trabalhar na CBS e na NBC.

Um programa feminino de muita repercussão nos anos 30 era “A Voz da Beleza”, da PRA-3, Rádio Clube do Rio de Janeiro. No comando estava a locutora Léa Silva. Ia ao ar diariamente das 13 às 14 horas.

A Revista Walkyrias, de julho de 1936, comenta: “o mundo feminino segue atentamente seus conselhos. Um programa original e atraente. Consigna um justo orgulho à direção de uma mulher”.

A Revista O Malho de 11 de junho de 1935 destaca que entre os programas do gênero, “A Voz da Beleza” era considerado o melhor do gênero.. “Através do espírito de Léa, torna-se o Rádio um objeto de primeira necessidade para a mulher que quer ser elegante e sedutora.” Num tom de crítica, a revista completa: “um programa dedicado às mulheres e naturalmente pouco ouvido pelos cronistas de Rádio”.

A Revista A Cena Muda de 26 de fevereiro de 1946, comentava que a locutora parecia ter compreendido o verdadeiro sentido da radiodifusão, pois parou de ler as cartas elogiosas que recebia dos ouvintes e melhorou o nível do programa. “Hoje, Léa mudou. Efeito do tempo? Seu programa para o sexo frágil merece ser ouvido. Além de seus conselhos, toca músicas... é alguma coisa que se recomenda no Rádio carioca.”.

A Voz da Beleza” fez escola em diversas cidades do interior. Em Santos, estado de São Paulo, havia um programa, com o mesmo nome, comandado por Adelina Pereira da Silva, que conta como tudo começou. “Fui, em 1936, visitar minha irmã no Rio de Janeiro. Lá, minha amiga Léa fazia esse programa na Clube e me encantei.” Assim que voltou a Santos, Adelina procurou a Rádio Atlântica e iniciou, em 1937, um programa parecido e que ia ao ar diariamente das 15h30 às 16h30; adotou então o pseudônimo de Lina Léa. Ela usava esse horário para falar sobre formas de beleza, noções de tratamento de pele, cabelos e ginástica...

Antenógenes Mudou-se para Rio de Janeiro em 1933, tornando-se desde então nacionalmente conhecido. Acompanhou grandes intérpretes nacionais e internacionais, entre eles, Lucienne Boyer e Marta Eggerth.

Em 1934, fez uma turnê pela Argentina, e chegou a gravar com Carlos Gardel e Libertad Lamarque.

Foi o primeiro a tocar música lírica no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nunca deixou de se aperfeiçoar, tendo aprendido harmonia, solfejo e orquestração com Guerra Peixe. Foi também professor de Luiz Gonzaga, quando este ainda era não era famoso.

Em 1949, tendo concluído o curso primário em São Paulo, fez o ginásio em Niterói, formando-se depois em química industrial.

Antenógenes sempre manteve uma atividade paralela à vida artística, como comerciante de queijos. Depois de se formar, fundou o Laboratório Creme Marcília no Rio de Janeiro, do qual foi diretor-presidente.

Em 1957, ganhou o primeiro lugar no concurso patrocinado pela fábrica de gaitas Honner, realizado em Trossingen, na Alemanha, tendo sido considerado um dos maiores acordeonistas do mundo. Nessa ocasião, recebeu convite para apresentações no Conservatório de Paris. Dois anos depois, fundou a Rádio Federal de Niterói, que ajudou, literalmente, a construir com as próprias mãos.

Antenógenes Silva - Saudade de Iguape (1956)

(By Roberto Fioravanti and João Batista do Nascimento - Image - Baile na Roça, de Cândido Portinari)

Conhecido como O Mago do Acordeão, tem uma extensa discografia. Durante muitos anos, manteve no Rio de Janeiro uma escola de acordeão, com cursos de teoria, solfejo e harmonia. Compôs valsas, tangos, xotes, mazurcas, sambas, rancheiras e outros ritmos. Gravou mais de 130 composições de sua autoria sozinho ou com diversos parceiros.

  • Sucessos
Ave Maria, Erotides de Campos (c/Augusto Calheiros, 1939)
Mês de Maria, de sua autoria (c/Alcides Gerardi, 1947)
Pisando Corações, de sua autoria e Ernani Campos (c/Augusto Calheiros, 1936)
Santa Teresinha, de sua autoria (c/Gilberto Alves, 1943)
Saudades de Matão, Jorge Galati e Raul Torres (1938)
Uma Grande Dor Não Se Esquece, de sua autoria e Ernani Campos (c/Gilberto Alves, 1943).

CURIOSIDADE

Até 1920, quando Saudades de Matão já se tornara bem conhecida, pouco se sabia sobre sua autoria, sendo por alguns considerada tema popular. Então, através da revista A Lua, de São Paulo, Jorge Galati foi identificado como autor da composição.

Nascido na província de Catanzaro (Itália) cm 1885, ele chegou ao Brasil cinco anos depois, quando a família transferiu-se da Europa para São Carlos do Pinhal (SP). Daí em diante, até sua morte em 1969, viveria em diversas cidades paulistas sempre levado por suas atividades musicais.

Assim, após estudar música em São José do Rio Pardo, já exercia com apenas 19 anos a função de mestre da Banda Ítalo-Brasileira de Araraquara. Foi aí, em 1904, que compôs a celebre valsa, originalmente intitulada Francana e que depois, à sua revelia, passou a chamar-se Saudades de Matão. A troca do título aconteceu por volta de 1912, sendo responsável pela mudança Pedro Perches de Aguiar, na época músico em Taquaritinga.

Em 1949, quando Saudades de Matão transformada em sucesso nacional já rendia bons dividendos artísticos e pecuniários, o mesmo Perches resolveu reivindicar sua autoria, estabelecendo-se grande polêmica na imprensa e no rádio.

O assunto mereceu de Almirante rigorosa pesquisa, havendo em seu arquivo variada documentação a favor de Jorge Galati. Há, por exemplo, uma declaração, registrada em cartório, do Sr. Pio Corrêa de Almeida Morais, prefeito de Araraquara em 1904, que afirma ter ouvido muitas vezes naquele ano Galati interpretar a valsa Francana.

Mas, segundo Galati, apareceram ainda no decorrer do tempo outros pretendentes à autoria da valsa, como Antonio Carreri, José Carlos Piedade, Protásio Tomás de Carvalho, José Stabile e Antenógenes Silva, sendo que este último registrou um arranjo sobre o tema popularizada como peça instrumental, Saudades de Matão recebeu letra de Raul Torres em 1938.

Saudades de Matão (valsa, 1904) - Jorge Galati, Antenógenes Silva e Raul Torres

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Neste mundo eu choro a dor / Por uma paixão sem fim
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Ninguém conhece a razão / Porque eu choro tanto assim
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Quando lá no céu surgir / Uma peregrina flor
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Pois todos devem saber / Que a sorte me tirou foi uma grande dor
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Lá no céu junto a Deus / Em silêncio minh’alma descansa
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E na terra, todos cantam
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Eu lamento minha desventura nesta grande dor
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Ninguém me diz / Que sofreu tanto assim
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Esta dor que me consome / Não posso viver / Quero morrer
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Vou partir prá bem longe daqui
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Já que a sorte não quis / Me fazer feliz.

Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34



FONTE

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