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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Mahmundi


A carioca Marcela Valle se apresenta desde 2012 sob o codinome Mahmundi. O som da guitarrista, como ela mesmo diz, "têm um pouco das canções daqui com a sonoridade lá de fora", um híbrido de Marina Lima e Rita Lee com chillwave que pode ser melhor apreciado no EP "Efeito Das Cores", lançado em 2012.

Mahmundi, musicista e compositora do Rio de Janeiro, a técnica de áudio do Circo Voador, até que resolveu investir na própria carreira de cantora. Com influência do pop nacional dos anos 80 de bandas como Sempre Livre, Rádio Táxi, Metrô e da Marina, Mahmundi faz um som gostoso de ouvir.

Se existem características a serem enumeradas a respeito de Mahmundi desde que a própria tomou a coragem de iniciar seu projeto solo as prerrogativas então seriam a inquietude e o esforço pra pensar e produzir fora da caixa sem se desvincular do gênero Pop.



O registro Efeito das Cores foi o primeiro exemplo acertado pela carioca em 2012, que reuniu em um rápido disco as referências que busca de fora a ritmos que respaldam em inspirações eletrônicas ointetistas através de canções fluidas, mesmo a própria atestando que sua intenção maior sempre foi fazer algo que agradasse a seus exigentes padrões de bom gosto.

Tomada inicialmente pela ideia de estrear seu primeiro álbum em 2013, Marcela Vale decidiu pisar no freio, subestimando um tanto seu potencial e lançado uma diferente faceta de suas criações através de mais um EP, desta vez intitulado como Setembro. A cantora, que foi vencedora de Melhor Hit pelo Prêmio Multishow neste ano com a canção Calor Do Amor, apresenta no último dia do mês que nomeia seu disco um lado menos conhecido pelo seus fãs, ainda mais sereno e delicado.


Se na estreia ela esbanjava a molecagem típica dos nativos do Rio de Janeiro e o molejo de hits a serem ouvidos a beira mar, Marcela agora muda de estação, veste seu moletom e apresenta o som que ressoa em seu inconsciente em um trabalho mais sério, sisudo e pé no chão.

Vem, a faixa de abertura, é acompanhada de um longo suspiro logo no início, como se a própria convidasse quem ouve a tampar o nariz e mergulhar em seu novo emaranhado de sintetizadores que se associam aos sons de marimbas, abrindo o caminho também para a variedade percussiva que permanece por todo o extended play.


A voz crua e pouco rouca de Vale busca ainda mais experimentação em diversos momentos que a artista brinca com a duplicação de sua voz e o uso de autotune de maneira crescente em momentos mais tímidos como em Prelúdio e Quase sem querer e mais denso na música-título, Setembro.

As bem elaboradas letras da jovem cantora e que elevam a canção a um patamar quase etéreo ainda reverberam pelo seu trabalho - Momentos como "Então eu pego o trem e atravesso a cidade, pontes da zona norte ao sul de mim" relembram passagens de faixas como Quase Sempre ("Preparei uma mesa farta. E o que sobra é a sua falta").

O mais próximo de hit do material é Arpoador, que aparenta ser familiarizado com Desaguar porém transitando num dia chuvoso ou então singrando pelo mesmo mar da praia do Leblon, mas um tanto distante da costa.


A lembrança do músico SILVA é quase imprescindível desde sempre nas estruturas sonoras de Mahmundi, com a diferença que Lucio Souza segue uma trincheira atualmente mais comercial e Marcela ainda bate o pé pelas suas vontades sonoras. Heavenly Beat, Small Black, Metronomy, Washed Out das antigas e até mesmo vagos resquícios de Youth Lagoon podem ser associados a continuidade esperta e calma da cantora que ainda deve chamar muito atenção a longo prazo e permanecer como contraventora Pop que agrada mais e mais em doses diárias de audição.



FONTE



 http://blogdosank.blogspot.com.br/2013/09/a-cantora-mahmundi-e-um-luxo.html

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