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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Diário da Música: Cauby Peixoto


Diário da Música: Cauby Peixoto: Cauby Peixoto lança CD e DVD dedicados à obra de Frank Sinatra. O álbum era um sonho que foi realizado pelo cantor de "Conceição"

Conceição by Cauby Peixoto e Conjunto MPB4


Gravar um disco com o repertório de Franck Sinatra é um desejo de Cauby Peixoto desde o começo dos anos 60, quando chegou a atuar ao lado ídolo, nos estúdios da então poderosa gravadora americana CBS, quando registrou "Na baixa do sapateiro", de Ary Barroso. O sonho acaba de se concretizar na forma de umo CD e DVD ao vivo "Cauby sings Sinatra".


Com sua potente e aveludada voz, o "Professor" (forma como é tratado pelos amigos e como costuma trata seus músicos) o intérprete traz uma pronúncia escorreita do idioma inglês. Desta maneira, em "Cauby sings Sinatra" são resgatadas pérolas do brilho das mais populares como: "Strangers in the night", "All the way", "Let me try again", "Fly me to the moon", "My way" e "Theme from New York New York" e outras não tão conhecidas, do homem de olhos azuis,
 como: "The world we knew", "All the things you are" e "Triste".


Apesar de ser acompanhado por uma banda, a sonoridade obtida em "Cauby sings Sinatra" nos remete ao som de uma competente orquestra. A direção musical é da dupla Thiago Marques Luiz e Ronaldo Rayol (que também tocou violão e guitarra).


Hanilton Messias ficou no piano; Eric Budney, no baixo acústico; Nahame Casseb, na bateria; Ubaldo Versolato, no sax-alto; Marcelo Monteiro, no sax-barítono; Nahor Gomes, no trompete; e Duarsen de Campos, no trombone. A participação especial fica por conta de Kecco Brandão que assina o arranjo e toca piano na música "Laura".

No DVD constam quinze músicas. Do CD ficou de fora a versão em inglês de "Triste", de Tom Jobim. O repertório, os instrumentistas e arranjadores foram escolhidos pelo próprio Cauby Peixoto. O registro foi feito numa apresentação que aconteceu em 2 de maio de 2010, no Teatro Fecap, em São Paulo.


A apresentação de Cauby Peixoto é impecável. Durante as interpretações das músicas, ele faz intervenções ilustrativas do projeto artístico. Fala das performances dos instrumentistas, os quais imprimem uma atmosfera jazzística para as composições, como também agradece ao diretor da gravadora Lua Music, Thomas Roth, presente no públcio do espetáculo, pela execução do que ele considerou uma realização na minha trajetória musical.


Cauby disse que se sentiu muito à vontade quando da escolha do set list: "São músicas belíssimas e também as mais conhecidas do cancioneiro americano", acrescentando sobre o cantor Frank Sinatra, que é "a maior voz do mundo".

O produtor Thiago Marques Luiz explica a empolgação do cantor, diante do projeto "Cauby sings Sinatra": "Realizar esse sonho de Cauby não tem preço. Há anos, ele me falava desse projeto com brilho nos olhos. Foram só duas semanas de ensaios, pois ele já estava com tudo na ponta da língua. Esse é um dos motivos para ele se mostrar tão à vontade em cena", detalhou.


O projeto em CD e DVD "Cauby sings Sinatra" é uma segunda investida do cantor nascido Cauby Peixoto Barros em Niterói, no Rio de Janeiro, no dia 10 de fevereiro de 1931. Portanto, no início do próximo mês, teremos mais um oitentão na música popular brasileira.


O intérprete, em 1995, já havia lançado o álbum "Cauby canta Sinatra", no qual cantava versões em português de clássicos imortalizados pelo artista americano, ao lado de grandes vozes da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Zizi Possi, entre outros.

Como os artistas que lançam seus novos produtos sempre partem para as divulgações e geralmente realizam apresentações nas principais capitais do Brasil, vamos aguardar que o cantor comece logo a fazer os shows de "Cauby sings Sinatra"...

Documentário "Cauby - Começaria Tudo Outra Vez"


O documentário "Cauby - Começaria tudo outra vez", direção de Nelson Hoineff, traz para as telas vida e obra de um dos grandes nomes da música popular brasileira: Cauby Peixoto. Cauby tem fãs de todas as idades. Pelo menos sempre que Cauby canta no Bar Brahma, na esquina das míticas avenidas Ipiranga e São João, em São Paulo, em apresentações semanais, às segundas-feiras, às 22h30, gerações variadas se reúnem na plateia para aplaudi-lo aos acordes de "Conceição" e "Bastidores". 


"Vi o Cauby pela primeira vez no Hotel Quitandinha. Eu tinha 5 ou 6 anos, e aquela figura cercada de fãs enlouquecidas me encantou" - lembra Nelson Hoineff, crítico de cinema e documentarista famoso por seu estilo escrachado, perverso para alguns, hilário para outros, premiado em 2009 pelo júri popular do Festival de Paulínia com "Caro Francis".

"Mais tarde, eu percebi que havia em Cauby dois vetores que me fascinavam. Um estava na ousadia de seu comportamento, uma espécie de militância velada da transgressão. Outro, na firmeza da sua interpretação. Saber exatamente do que está falando. Reconheço isso em pouquíssimos artistas: Bethânia, Caetano, Chico, João (Gilberto), Gonzaguinha e também (Agnaldo) Timóteo", diz Nelson.

"O Cauby é uma pessoa muito fechada. Seu mundo é sua música. É quase impossível extrair revelações. O próprio Faour já tinha me adiantado isso. A irmã do Cauby, com quem fui me aconselhar, foi taxativa: "Meu filho, ninguém tira nada dele." Mas a gente insistiu, criou truques. A partir daí, acho que conseguimos revelações inéditas sobre a sua visão da sexualidade e a conturbada relação com o empresário Di Veras, por exemplo" - diz Hoineff.

"Fico envaidecido com esse interesse do cinema brasileiro por mim. Vi o filme que o Nelson fez sobre o Chacrinha ("Alô, Alô, Terezinha") e gostei muito. Quero muito estar no Rio para a estreia [...] Não tomo álcool. Não bebo nada gelado. Faço tudo para preservar a voz. Com ela, eu gravei muita gente importante como Tom Jobim, Chico Buarque, Ivan Lins e até Sinatra. Eu acho que já gravei todo mundo que está ou já esteve por aí na Música Popular Brasileira. Gosto de ouvir o bom trabalho de vozes mais jovens do que a minha, como Alcione, Emílio Santiago e Zizi Possi. Mas sinto falta das composições do passado", diz Cauby. 



A literatura foi a primeiraa homenagear Cauby
Em 2001, o jornalista Rodrigo Faour publicou, via Record, o livro "Bastidores - Cauby Peixoto: 50 anos da voz e do mito", elogiado pela crítica especializada como uma das melhores biografias ligadas à música da década passada.


Em 2006, foi a vez do teatro: Diogo Villela protagonizou o musical "Cauby! Cauby!", cujo texto, de Flávio Marinho, foi editado pela Imago. Faltava o cinema reverenciar o artista que, de acordo com o "Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira", "é considerado por dez entre dez figuras da MPB o maior cantor do Brasil".

CURIOSIDADES

*My Way by Cauby Peixoto

(Cauby interpreta a música My Way, de Frank Sinatra).

My Way (Claude François/Jacques Revaux/Paul Anka) é o título em inglês da canção francesa Comme d'habitude, lançada pelo autor, Claude François, em 1967, na França. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua inglesa, adaptada por Paul Anka e que virou um de seus maiores clássicos. É uma das músicas populares mais gravadas da história.

A versão de estúdio de Elvis Presley foi gravada em junho de 1971; e lançada só em 1995 no disco "Walk A Mile In My Shoes".



* Cauby Peixoto, que sempre dizia não ter sucessor para ele, aponta sua sobrinha, Adriana, como a “nova voz” da MPB. “Ela é fantástica, uma voz linda, um timbre diferente de tudo o que está aí.”

FONTE

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