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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Egberto Gismonti


Ontem a noite depois de fazer a postagem do TRIO AMARANTO,  me aconteceu algo interessante, eu comecei a pesquisar vida e obra de Egberto Gismonti... e então resolvi dormir e continuar com a pesquisa logo pela manhã. Hoje fui surpreendida com um artigo do Estadão que menciona o multi-instrumentista, compositor e arranjador brasileiro Egberto Amin Gismonti, dono de uma das obras mais vastas e coerentes dentro da música brasileira. Então, eis minha postagem...


A música de Egberto Gismonti abrange uma vasta gama de paletas sonoras, texturas, dialetos musicais e estados de espírito. Pode soar grandiosa ou introspectiva, dramática ou lúdica, nostálgica ou futurista, brasileira ou oriental. Suas composições são concebidas para os mais variados efetivos instrumentais, desde o violão solo até a orquestra sinfônica, passando pelos instrumentos étnicos e os teclados eletrônicos.

Entre as principais influências de sua linguagem musical, podemos citar Heitor Villa-Lobos, Maurice Ravel, Django Reinhardt, John McLaughlin, Baden Powell, Astor Piazzolla, o folclore nordestino e do centro-oeste brasileiro, a música indígena e a música indiana, entre outras.

VIDA E OBRA

Egberto Gismonti Amin (Carmo, 5 de dezembro de 1947) é um compositor, músico, cantor e arranjador brasileiro, considerado um virtuoso da música instrumental popular, destacando-se pela sua capacidade de experimentação.

De família musical, começou a estudar piano aos cinco anos. Ainda na infância e adolescência, seus estudos no Conservatório já incluíram flauta, clarinete, violão e piano.

Em 1968, participou de um festival da TV Globo com a canção "O Sonho", que atraiu a atenção do público e elogios da crítica.


Egberto partiu nesse mesmo ano para a França, onde estudou música dodecafônica com Jean Barraqué e análise músical com Nadia Boulanger. Esta o encorajou a se voltar para as linguagens musicais brasileiras e não se deixar influenciar demasiado pela música européia.

É interessante notar que Gismonti só começou a tocar seriamente o violão em 1968, após muitos anos de estudo sistemático de piano. Em busca de um veículo mais adequado à sua música e à sua técnica, Gismonti migrou, ao longo dos anos, do violão de seis cordas sucessivamente para instrumentos de 8, 10, 12 e 14 cordas. Paralelamente, nunca deixou de ser um virtuose do piano.

Em 1969, lançou seu primeiro disco, Egberto Gismonti, com forte influência da Bossa Nova. O álbum, hoje cult, acabaria sendo uma de suas obras mais acessíveis, dado que, nos anos 1970, Gismonti se dedicaria a pesquisas musicais e experimentações com estruturas complexas e instrumentos inusitados, voltando-se quase exclusivamente para a música instrumental.

Naquele mesmo ano de 1969, pouco antes do lançamento de seu primeiro disco, Egberto Gismonti teve sua carreira impulsionada por Maysa. Com quem trabalhou em parte dos arranjos de seu LP, intitulado simplesmente Maysa. Que conta com duas canções de sua autoria gravadas pela cantora. O álbum de Maysa foi lançado ainda em 1969.

Maysa interpreta "Um Dia" de Egberto Gismonti

Maysa interpreta "Indí" de Egberto Gismonti e Arnoldo Medeiros

Pêndulo- Egberto Gismonti

No decorrer dos anos 70, a música de Gismonti foi se orientando para o lado instrumental e para estruturas mais complexas, o que dificultou seu relacionamento com o selo EMI/Odeon, para o qual gravava.

A hesitação das gravadoras brasileiras com o seu estilo o levou a procurar refúgio em selos europeus, pelos quais lançou vários álbuns pelas décadas seguintes.

Gismonti explorou diversas avenidas da música, sempre imprimindo o seu interesse pessoal: o choro o levou a estudar o violão de oito cordas e a flauta, a curiosidade com a tecnologia e a influência da Europa o levaram aos sintetizadores, a curiosidade com o folclore e as raízes do Brasil o levaram a estudar a música indígena do Brasil, tendo mesmo morado por um breve período com índios yawaiapiti, do Alto Xingu, tendo conhecido o chefe Sapaim. A comunicação entre Gismonti e os integrantes da tribo se dava principalmente através da linguagem da música.

A experiência foi determinante na elaboração de seu trabalho seguinte, Sol do Meio-Dia, com a participação de astros em ascensão no selo ECM, o saxofonista Jan Garbarek, o percussionista Colin Walcott e o violonista Ralph Towner.

A partir do final dos anos 70, Gismonti se tornou uma unanimidade entre os apreciadores da música instrumental brasileira. Realizou turnês pela Europa e tocou com grandes nomes do jazz e da world music: além de Naná, Garbarek, Walcott e Towner, podemos mencionar também Herbie Hancock, Airto Moreira, Flora Purim e Charlie Haden (que participou de seus discos Folk Songs e Mágico, de 1979).

Em 1976 gravou, com o grande percussionista Naná Vasconcelos, o seu primeiro disco para a ECM, o hoje clássico Dança das Cabeças. Nesse trabalho, internacionalmente elogiado, o virtuosismo violonístico de Gismonti aparece em toda a sua plenitude.

Em 1985 gravou Sanfona, um notável disco duplo: em um dos CDs, Gismonti toca sozinho, e no outro é acompanhado pelo grupo Academia de Danças, formado pelo saxofonista e flautista Mauro Senise, o baterista Nenê e o contrabaixista Zeca Assumpção.

Em 1995 gravou com a Orquestra Sinfônica Estatal da Lituânia o disco Meeting Point, consagrando-se como compositor erudito.

A carreira de Gismonti prosseguiu sólida - se não comercialmente explosiva - e o artista continuou gravando seus álbuns e participando de discos alheios, além de fazer turnês de sucesso, especialmente na Europa.

Entre os músicos com os quais colaborou ou colaboraram com ele, destacam-se Naná Vasconcelos, Marlui Miranda, Wanderléa, Charlie Haden, Jan Garbarek, André Geraissati, Jaques Morelenbaum, Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Flora Purim.

Gismonti nos anos 80 recomprou todo o seu repertório de composições e tornou-se um dos únicos compositores do país donos de seu próprio acervo. Ele relançou parte de sua discografia pelo seu próprio selo, Carmo. Muitos músicos vêm gravando suas composições recentemente.

GISMONTIPASCOAL - André Mehmari & Hamilton de Holanda

A missão parece das mais inglórias: trabalhar em cima do vasto legado já deixado - e que ainda vem sendo construído - por dois dos maiores revolucionários da música brasileira, Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal. E eis que diante de tal desafio, Hamilton de Holanda e André Mehmari conseguiram o que parecia improvável e engrandeceram temas de Egberto e Hermeto.

O duo, que já havia dado provas em 2007, no disco Contínua Amizade, de como fazer arranjos respeitosos, criativos e autorais para composições de nomes como Pixinguinha, Nelson Cavaquinho e Guinga, surpreende ainda mais em Gismontipascoal.

O álbum tem pela primeira vez a participação de Egberto e Hermeto num mesmo disco. O primeiro tocou seu violão para seu tema Fala da Paixão. Já o segundo, como de costume, fez sua zorra do bem com teclado, chaleira, flauta, etc em Música das Nuvens e do Chão.

Em termos de qualidade sonora, o disco foi muito bem gravado, ficando à altura das composições e das interpretações inspiradas de Hamilton e Mehmari.

Mesmo estando em janeiro não é nenhum desatino afirmar que Gismontipascoal fatalmente já é um dos melhores álbuns de 2011. De Egberto, além de Fala da Paixão, o duo deu nova vida a clássicos do compositor fluminense, como Palhaço e Frevo, além das emotivas Memória e Fado, Lôro (composta e dedicada a Hermeto) e um dos maiores destaques do disco, Sete Anéis.

Já Hermeto, o Bruxo de Lagoa da Canoa, foi contemplado em temas lindos que reafirmam mais uma vez sua grandiosidade como melodista. Bandolim e piano enalteceram pérolas como Bebê, em velocidade absurda, O Farol que Nos Guia e as não menos emotivas e brilhantes São Jorge, Intocável e Santo Antonio.

O álbum também reservou espaço para composições de Hamilton e André. O bandolinista regravou desta vez a dolente Menino Hermeto, que ele fez inspirado em Menina Ilza (composta pelo multi-instrumentista quando da morte de sua ex-mulher).

Já o pianista fez Chorinho pra Eles, uma colagem divertida de diversos temas da dupla de homenageados no disco. Mas o petardo mesmo fica por conta de Gismontipascoal, que batiza o disco, além de ser registrada em dois arranjos e comprovar que já está mais do que na hora de Hamilton de Holanda e André Mehmari serem respeitados não apenas como grandes instrumentistas, mas também como compositores de primeira linhagem.


Discografia
Egberto Gismonti (1969)
Sonho'70 (1970)
Janela De Ouro (1970)
Computador (1970)
Orfeu Novo (1971)
Água & Vinho (1972)
Egberto Gismonti - Arvore (1973)
Academia De Danças (1974)
Corações Futuristas (1976)
Dança Das Cabeças (1977), com o percussionista Naná Vasconcelos
Carmo (1977)
Sol Do Meio-Dia (1978), com Jan Garbare, Collin Walcott e Ralph Towner
Nó Caipira (1978)
Solo (1979)
E. Gismonti, N. Vasconcelos e M. Smetak (1979)
Mágico (1979), com Charlie Haden e Jan Garbarek
Folk Songs (1979), com Charlie Haden e Jan Garbarek
Antologia Poética de João Cabral de Melo Neto (1979)
Antologia Poética de Ferreira Gullar (1979)
Antologia Poética de Jorge Amado (1980)
A Viagem Do Vaporzinho Tereré, con Dulce Bressante (1980)
O Pais Das Aguas Luminosas (1980)
O Girigivel Tereré, con Francis Hime (1980)
Sanfona (1980)
Circense (1980)
Em Família (1981)
Fantasia (1982)
Guitar From ECM (1982)
Sonhos De Castro Alves (1982)
Cidade Coração (1983)
Egberto Gismonti & Hermeto Paschoal (1983)
Works (1984)
Egberto Gismonti (1984)
Duas Vozes (1984), con Nana Vasconcelos
Trem Caipira (1985), versões de Villa-Lobos
Alma (1986)
Egberto Gismonti-Live (1986)
Feixe De Luz (1988)
Pagador De Promessas (1988) trilha sonora da minissérie(TV Globo)
Dança Dos Escravos (1989)
Kuarup (1989), trilha sonora do filme
Duo Gismonti / Vasconcelos (1989)
Infância (1991) com Nando Carneiro, Zeca Assumpção e Jaques Morelenbaum
Amazônia (1991), trilha sonora da novela (TV Manchete)
El Viaje (1992), trilha sonora do filme
Casa Das Andorinhas (1992)
Música De Sobrevivência (1993) com Nando Carneiro, Zeca Assumpção e Jaques Morelenbaum
Egberto Gismonti - ao vivo no Festival in Freiburg Proscenium (1993)
Egberto Gismonti - ao vivo em São Paulo (1993)
Zig Zag (1996)
Meeting Point (1997)
In Montreal (2001)
Saudações (2009)

FONTE

Wikipédia

EJAZZ

ESTADÃO

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