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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Karen Souza


O nome não podia ser mais brasileiro. O sotaque, carregado, muitas vezes quase incompreensível, aliado ao jeito tímido, nervoso, também parecia identificar uma conterrânea nossa, cujos cabelos loiros e a pele clara poderiam ser originários de alguma descendência europeia, algo comum em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até a escolha das canções para seu disco de estreia, Essentials, que inclui uma composição de Tom Jobim, serviria como pista para cravar a origem tropical dessa cantora.


No entanto, Karen Souza, de idade não revelada, é norte-americana - ou quase isso. "Queria eu ser brasileira", disse bem-humorada, em entrevista realizada a poucos dias de seu primeiro show no país, nesta segunda-feirap, às 21h, no Teatro Bradesco, em São Paulo.

Releituras elegantes e cheias de postura para clássicos dos Beatles - com uma versão impagável para Strawberry Fields Forever-, Michael Jackson e Creedence Clearwater Revival são tema do disco Essentials (Music Brokers, R$ 20 em média), álbum que dá o pontapé inicial na carreira solo da cantora e compositora Karen Souza.

A cantora faz sua estreia em terras brasileiras hoje, no Teatro Bradesco, em São Paulo. Apaixonada por MPB, ela colocou no álbum sua versão - belíssima - para Corcovado, de Tom Jobim. Bossa nova e jazz, misturados à deliciosa voz de Souza, são o tempero principal de Essentials.


A cantora de voz doce - fã da música de figuras como Miles Davis, Nina Simone e também de Pink Floyd e The Kinks - revela já ter escrito entre dez e 12 canções compostas para o próximo disco. "Terei um novo disco até o fim deste ano. Trabalhei em Los Angeles. As músicas terão romantismo, blues, funk e jazz".

Feliz com sua visita ao País, Karen conta ter preparado boas surpresas para sua apresentação na capital paulista. "Será uma mistura de canções antigas, clássicos, algumas faixas do disco Essentials e também algumas composições novas. Será uma boa surpresa", conta, entre risos.


Karen Souza - Show. Hoje (29/08/2011), às 21h.
No Teatro Bradesco - Rua Turiassú, 2100 -
Shopping Bourbon.São Paulo. Tel.: 3670-4100.
Ingr.: De R$ 20 a R$ 160

"O álbum Essentials é uma compilação de todas essas canções que gravei naqueles discos, com grandes sucessos que as pessoas já conhecem e têm a oportunidade de relembrar sob um olhar diferente", explicou Karen, desmistificando o suposto preconceito de admiradores de jazz em relação aos grandes hits da música pop. "Se a música for boa, você pode interpretá-la como bossa nova, jazz ou qualquer outro estilo".

Além das releituras para canções tocadas à exaustão pelas rádios nas décadas passadas, o disco traz um cover para Corcovado, de Antônio Carlos Jobim, músico bastante admirado pela cantora, que, apesar de se dizer grande fã da bossa nova, demonstrou certa dificuldade em nomear um artista específico do estilo, algo de fato bastante comum em relação a praticamente todos os temas com os quais foi confrontada durante a conversa. "Não conheço com tanta profundidade a bossa nova. Mas, se você puder me dar alguma dica, com certeza irei atrás para conhecer", explicou. "Além disso, tenho uma memória muito ruim".

Diva

Se há algo que Karen parece ter de sobra é a confiança em seu trabalho. Afinal, não é todo dia que uma cantora jovem, intérprete de canções originalmente compostas para ser tocadas nas pistas de dança, ganha o título de principal revelação do jazz dos últimos anos.

"Não sinto nenhuma pressão. Na verdade, toda vez que entro no estúdio ou subo em um palco, é simplesmente adorável", garantiu, citando a importância de sua música como forma de atrair admiradores jovens para um estilo considerado por muita gente como de "velho". "Minhas apresentações têm como objetivo fazer as pessoas felizes, trazendo um pouco de jazz do passado e presente. Sinto-me tão tranquila, que quero ver a plateia com a mesma sensação de relaxamento e arrepio que tenho quando interpreto minhas músicas".

O grande sucesso alcançado com Essentials acabou ainda dando à cantora a segurança tão necessária para trilhar caminhos mais arriscados, como o da composição. "Estou cantando jazz profissionalmente há mais ou menos uns cinco anos. Por enquanto, só apresento esses covers que amo tanto, mas estou começando a escrever algumas coisas para lançar futuramente".

Apesar de ter iniciado a carreira como colaboradora em discos de colegas da música eletrônica - nos quais assinava seu nome com pseudônimos -, Karen afirmou ter sido ouvinte voraz de jazz desde a infância, quando conheceu, através dos discos de seu pai, grandes nomes como Miles Davis e Frank Sinatra. E mesmo com o repertório que apresenta atualmente e com aquele com o qual deu o primeiro passo para sua carreira, disse não ver nenhuma graça em artistas modernos, como ela mesma os chama. "Não ouço nada que passe da década de 1960. Claro que adoro as canções que canto, além de tantas outras dos anos 1980, 1970, mas, quando estou sozinha em casa, ainda opto pelo jazz clássico".



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