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terça-feira, 19 de junho de 2012

Orquestra Petrobras Sinfônica




Com o Theatro Municipal lotadíssimo, a Orquestra Petrobras Sinfônica fez o concerto da série Portinari II, no último dia 16, tendo a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, diretor Musical e regente titular do conjunto, e o pianista Nelson Freire.



Falar de Karabtchevsky é sempre falar de um ícone da música brasileira, altamente competente e respeitado como grande maestro, assim como figura que se preocupa com o social, tendo como exemplo o trabalho que faz em Heliópolis, São Paulo.


Desde 2004, desenvolve um importantíssimo trabalho com a Petrobras Sinfônica, tendo como ponto alto, entre outros, o trabalho sonoro que o conjunto atualmente demonstra e brilha, sem falar na energia do conjunto, que é verdadeiramente ímpar. Como já havíamos informado, as Sinfonias de H.Villa-Lobos estão sendo revisadas pela OSESP e reeditadas também pela orquestra através de sua Editora Criadores do Brasil.

A execução foi fenomenal, sobretudo o segundo movimento, uma bela página do nosso Villa-Lobos. O trabalho de memória, assim como o restauro e reedição são extremamente importantes para um compositor. Sem esses métodos e trabalhos a obra fica difícil de ser tocada por outras orquestras, inclusive estrangeiras, uma vez que os conjuntos são exigentes e os materiais devem ser sempre impecáveis.

Surge o pianista Nelson Freire, bem mais magro, muito elegante e como sempre um pianista que amamos ouvir. As “Noches en los Jardines de Espanã”, de Manuel De Falla, foram traduzidas com uma precisão maravilhosa. O pianista é muito íntimo do universo da música espanhola. Nesta página, De Falla trabalha o texto tendo o piano como um elemento bem intimista, o que Nelson fez com perfeição, tendo como seu maior parceiro Karabtchevsky.

Fechando com chave de ouro o belíssimo “Bolero”, de Maurice Ravel, obra importantíssima, que merece algumas informações aos leitores.

A partir de uma encomenda proposta pela célebre coreógrafa Ida Rubinstein, Ravel, recém chegado de uma turnê triunfal nos Estados Unidos, cria em 1928 uma de suas obras mais importantes, o Bolero.

Trinta e oito repetições de um tema marcante, repetidos de maneira obsessiva, onde o único elemento de variação é o tratamento orquestral, exatamente onde Ravel é mestre maior. Um verdadeiro “tour de force” de orquestração, onde o tecido orquestral vai se amplificando pouco a pouco em volume sonoro até atingir inexoravelmente a explosão final de toda a orquestra. Ora, é o Bolero a obra mais importante de Ravel? Do ponto de vista de uma incrível premonição estética podemos afirmar que sim. No Bolero, Ravel inaugura e influencia o que seria o modelo de um dos movimentos mais importantes da Música do Século XX, isto é, o Minimalismo, ou a Escola Repetitiva, dos compositores norte-americanos que viriam renovar a música do século XX,em oposição ao serialismo alemão.

Compositores como Steve Reich, Philip Glass e, sobretudo, John Adams, voltaram-se contra o serialismo e seus dogmas com a “não repetição”, instalando como princípio fundamental, justamente o da repetição. Neste sentido, podemos dizer que o Bolero de Ravel, apoteose da repetição em seu grau mais elevado, foi o precursor do minimalismo e a obra de Ravel, neste sentido, mais importante para a renovação da música no século XX.

O BRAVO da coluna ao grande concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica, regida pelo maestro Karabtchevsky, que a cada apresentação se supera, e à interpretação brilhante do pianista Nelson Freire nos levando aos mais belos sonhos de Espanha.

fonte

http://www.jb.com.br/sol-maior/noticias/2012/06/18/critica-orquestra-petrobras-sinfonica-2/

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