Déo Cesário Botelho ou Déo Rian (Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1944) é um músico, compositor e bandolinista brasileiro. Seus avós eram chorões e recebiam amigos para saraus. Começou a estudar bandolim aos 13 anos. Foi aluno de Moacir Arouca.
Freqüentava rodas de samba no Rio de Janeiro desde criança, se interessando logo pelo bandolim, sobretudo por influência da música de Jacob do Bandolim. Aos 17 anos passou a freqüentar as rodas de choro na casa de Jacob do Bandolim. Profissionalizou-se aos 18 anos, quando começou a tocar no Rádio Mauá.
Em 1970, com o falecimento de Jacob do Bandolim, foi sucessor deste no conjunto de choro Época de Ouro, que Jacob tinha liderado.
CZARDAS - POR RAPHAEL RABELLO E DEO RIAN
Gravou dois LPs solo nos anos 70 e formou o próprio conjunto, Noites Cariocas, com quem gravou o disco "Inéditos de Jacob do Bandolim".
Época de Ouro - Déo Rian, César Faria, Damásio, Jonas e Jorginho
Mistura e Manda de Nelson Alves
Déo Rian nasceu e cresceu ouvindo o choro das rodas que seu avô materno promovia em casa. Seu pai era seresteiro e seus tios maternos tocavam bandolim, cavaquinho e violão.
Essas são as lembranças musicais mais antigas do músico, acrescidas de um detalhe, no mínimo, luxuoso: ele freqüentava as rodas de choro da casa de Jacob do Bandolim e do Retiro da Velha Guarda.
Déo começou a tocar bandolim aos 10 anos de idade e a estudar por música aos 15. Estudou a prática do instrumento com o bandolinista Luperce Miranda e música com o clarinetista Moacyr Arouca.
Déo lembra-se bem dos exercícios de palheta e escalas que fazia, assim como dos métodos de bandolim de Jacob Thomas e F. Cristófaro que foram utilizados em seu aprendizado.
De tudo, para ele, o que ficou de mais útil e mais agradável foi aprender a "tocar choro".
Choro na Arlequim: Déo Rian e André Bellieny - Tema de Telck (Orlando Silveira)
"Minha família e meus amigos chorões" foram as figuras decisivas em sua formação musical, além do autodidatismo: sozinho, "observando os chorões", o músico aprendeu "som e interpretação".
"A maneira de se tocar choro" Déo Rian aprendeu com os músicos com quem conviveu e ainda convive, entre os quais destaca Moacyr Arouca, Luperce Miranda, Jacob do Bandolim, "e outros amigos chorões".
Seu filho Bruno Rian é considerado um dos grandes bandolinistas da nova geração e integrante do Conjunto Sarau.
Saracoteando (Jacob do Bandolim) - Déo Rian & Regional
A visão de Déo Rian
Déo Rian já viu de tudo. Ainda adolescente conviveu com os maiores mestres do instrumento, participou ativamente da revitalização dos anos 70 e optou pelo caminho dos discos independentes para continuar a nos proporcionar sua arte. Teve a chance de uma relação única com o mestre Jacob, que ajudou a formar seu próprio estilo, hoje inconfundível.
Déo dividiu um pouco de sua história com o Bandolim, falando sobre antigos, novos bandolinistas, Jacob e sua carreira.
Por ter se iniciado cedo no choro você pôde conviver com bandolinistas de outras gerações. Como você vê a evolução da técnica, a facilidade de adquirir conhecimentos e as diferenças no uso do instrumento.
Atualmente a maioria dos bandolinistas prioriza a técnica da velocidade em detrimento da interpretação. Eu, particularmente, valorizo a sonoridade do instrumento e sou fã incondicional de uma interpretação sensível.
Quanto à facilidade em adquirir conhecimentos técnicos do instrumento, em que pese o advento da internet, ainda é insuficiente a quantidade de métodos de bandolim, por exemplo.
E como foi a sua transição pessoal? Sentiu uma necessidade de "se adaptar" a este novo cenário?
Com naturalidade, meu estilo continua o mesmo. Fiel ao choro tradicional, preocupando-me sempre com a interpretação, procurando tocar o repertório pouco divulgado. Apesar de existirem novos bandolinistas maravilhosos (como Bruno Rian, Jorge Cardoso, Hamilton de Holanda, Adriano e Danilo Brito) ainda é preciso ouvir e estudar mais Luperce Miranda, Evandro e Rossini Ferreira entre outros.
Apesar de não ter sido oficialmente aluno de Jacob você provavelmente foi o bandolinista que mais usufruiu do contato direto com o mestre. Como foi essa convivência em termos do seu aprendizado? Quem foram realmente seus professores?
Tive a felicidade de privar da amizade do grande Jacob do Bandolim e aprendi informalmente com esta convivência: olhando-o tocar nas rodas que promovia, perguntando sobre eventuais dúvidas e acatando as sempre pertinentes observações do "mestre". Jacob foi muito importante na minha carreira de chorão.
Formalmente, meus professores foram Moacyr Arouca que, curiosamente, sendo grande clarinetista, ensinou-me bandolim, e Luperce Miranda, bandolinista que tocava com extrema velocidade, técnica até hoje jamais igualada.
Você poderia nos passar alguma dica ou técnica que tenha aprendido direto com Jacob?
Jacob feria as cordas do bandolim com movimentos circulares de palheta, usando a primeira e a segunda articulações do dedo polegar e a segunda articulação do dedo indicador. É o que faço até hoje e que passei também para o meu filho Bruno Rian.
Você vem de uma família de músicos amadores, sempre manteve uma profissão paralela a suas atividades musicais e incentiva seu filho a fazer o mesmo. O que você do choro ter perdido essa característica de amador, de varanda?
Houve uma transformação natural com o passar dos anos, a começar com a transformação do mobiliário urbano. Os quintais foram acabando e junto com eles as rodas de choro informais que se realizavam naqueles espaços. Naquelas rodas, os músicos tocavam por amor ao gênero. Não viviam do choro. Eram amadores. Cada um tinha o seu emprego, geralmente fora da música.
Hoje, mesmo com a pouquíssima divulgação da música instrumental, os músicos de choro estão se profissionalizando. Mas, para isso, estudam música seriamente e não ficam somente no choro. Tocam, também, outros gêneros, dão aulas, dedicam-se à pesquisa, à preservação dos acervos, da memória do choro, fazem incursões nas áreas fonográfica e de direitos autorais . . . Enfim, diversificam para sobreviver. Eu, embora admirador incondicional do choro de varanda, dos quintais, reconheço o valor dos músicos da nova geração que preservam e difundem o choro.
Com a crise geral da indústria fonográfica e as imposições do mercado muitos artistas de vários estilos estão optando pelo caminho dos "independentes". Como você chegou a essa opção?
Pela falta de oportunidade para gravar. As gravadoras, principalmente as multinacionais, não se interessam muito em gravar esse gênero. Preferem lançar CDs com música de consumo imediato e, muitas vezes, de qualidade duvidosa. Quando pensam no choro, geralmente optam por coletânea com regravações de diferentes artistas em um mesmo CD.
Choro Music entrevista Déo Rian sobre Jacob do Bandolim
Ficha técnica; Instrumento: Bandolim do Souto (Bandolim de Ouro); Cordas: Rouxinol; Palhetas: Tartaruga; Captador: Shadow
- Dados Artísticos
No ano de 1973, participou do show "Sarau", ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, entre outros. No ano seguinte, gravou o segundo disco solo "Choros de sempre".
Em 1975, gravou o terceiro disco solo, só com músicas de Roberto Carlos. No ano seguinte, lançou o quarto disco, "Saudades de um bandolim". Nesse mesmo ano também gravou o LP "Clube do Choro" com o Conjunto Época de Ouro.
No ano seguinte, em 1977, participou do show "Canto das três raças", de Clara Nunes. Também apareceu em três outros discos lançados: "Choradas, chorões, chorinhos" (coletânea da Cia. Internacional de Seguros) disco duplo, produzido por Ricardo Cravo Albin e Mozart Araújo; "Chora, chorão" (da Continental) e "Época de Ouro interpreta Pixinguinha e Benedito Lacerda". Depois disso, desligou-se do Conjunto Época de Ouro, formando o conjunto Noites Cariocas.
Em 1978, gravou outro LP com músicas de Roberto Carlos. No ano seguinte, participou do projeto "Instrumental da Funarte".
No ano de 1980 gravou, com seu conjunto Noites Cariocas, o disco "Inéditos de Jacob do Bandolim", relançado em CD anos mais tarde pela gravadora Sony Music . No ano seguinte, apresentou-se no Teatro João Caetano, no projeto "Seis e Meia".
Em 1982 foi lançado no Japão seu primeiro disco "Ernesto Nazareth".
Entre 1984 e 1985 participou novamente da "Série Instrumental da Funarte". No ano posterior participou da "Série Pixingão", também da Funarte.
No ano de 1987 fez temporada no Espaço Cultural Sérgio Porto. Novamente apresentou-se no projeto "Seis e Meia", neste ano e no posterior.
Em 1990, fez show no Teatro Municipal de Ouro Preto, MG. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, com o "Concerto para dois bandolins e orquestra".
Fez turnê no Japão pelas cidades de Tóquio, Osaka, Kioto, Kobe, Nagoya. Por essa época, gravou um CD para o mercado japonês.
No ano de 1992, fez nova temporada no Japão. No ano seguinte, gravou um CD com Raphael Rabello.
Em 1994, fez temporada em Santiago, no Chile. No ano seguinte, realizou sua terceira temporada no Japão. Gravou em 1996, um CD independente com seu filho Bruno Rian: "Choro em família".
Pelo "Projeto Pixinguinha", da Funarte, apresentou-se em Goiânia, Palmas, Cuiabá, Campo Grande, Porto Velho e Rio Branco, durante o ano de 1997.
Em 1998 participou do "Festival Chorando Alto", no Sesc - SP. Nesse ano, apresentou-se no Clube do Choro, em Brasília. Ainda em 1998, juntamente com Pedro Amorim, Bruno Rian, Ronaldo do Bandolim, Isaías, Joel Nascimento, Reco do Bandolim, Hamilton de Holanda, Jorge Cardoso e Rossini Ferreira, lançou o disco "Os bambas do bandolim", pela gravadora Kuarup Discos.
No ano seguinte, participou do show Bandolins em Jacob, no Centro Cultural Banco do Brasil. Neste mesmo ano de 1999 o grupo Sarau, lançou o CD "Cordas novas", no qual incluiu de sua autoria "Quando me lembro".
Em 2002 foi lançado o livro "Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor fez várias referências ao músico.
No ano de 2003 ao lado de Márcio Almeida, Bruno Rian, Henrique Cazes e Walmar Amorim, apresentou o show "Sempre Waldir", dedicado a Waldir Azevedo. Neste mesmo ano foi relançado pela gravadora Som Livre o disco "Relendo Waldir Azevedo", no qual vários cavaquinista brasileiros prestaram homenagem ao mestre.
No ano de 2007, pela gravadora Rob Digital, o CD "Inéditas de Jacob do Bandolim - Volume II - Déon Rian e Noites Cariocas", com composições criadas nas décadas de 1950 e 1960, entre as quais "Adylia", composta por Jacob para a esposa no ano de 1962; "Maxixe na tuba"; "Sapeca Iaiá"; "Sereno"; "Bisbilhoteiro"; "Chuva" e "Papo de anjo", da qual participaram Luciana Rabello, Maurício Carrilho, Pedro Amorim, Cristóvão Bastos, Marcelo Bernardes, Pedro Paes e Ruy Alvim. Do disco também participaram os músicos Dirceu Leite, Felipe Prazeres, Pedro Mibielli, Ivan Zandonade, Marcus Ribeiro, além de arranjos de Cristóvão Bastos e Maurício Carrilho e encarte com apresentação de Sérgio Cabral.
MÚSICA DO BRASIL
Por gentileza,Deo Rian, gostaria de saber aquela musica que o Bruno toca com a Aline,chama se Dainea,quem e o compositor de Dainea,procurei informações mas não obtive,quem possa vc poderia me informar,ficaria muitíssimo agradecido,pelo fato de ser uma musica lindíssima com lindos acordes. Obrigado. Evaldo de ribeirão preto
ResponderExcluir