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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Diário da Música ♪♫: Wando


Diário da Música ♪♫: Wando: Wanderley Alves dos Reis, o Wando, morreu no dia 8 de fevereiro/12 em decorrência de infarto seguido de uma parada cardíaca. Além da música, era conhecido por ganhar calcinhas de suas fãs durante os shows. Wando possuia uma coleção da vestimenta estimada em 17 mil peças.

Wando entrou para o RankBrasil - Recordes Brasileiros - pela “Maior coleção de calcinhas do país”. A coleção teve início em 1990, após o lançamento do álbum ‘Tenda dos Prazeres’. Como estratégia de divulgação do disco, ele usou a brincadeira de distribuir as peças íntimas nos shows e o retorno foi imediato, deixando registrada a sua marca.


Sua carreira de cantor iniciou-se em 1969 e o sucesso veio em 1973 quando gravou seu primeiro disco na Discos Copacabana. Compôs para outros medalhões da MPB, como Jair Rodrigues, que no ano de 1974 gravou “O Importante é Ser Fevereiro” e "Se Deus quiser". Nesse mesmo ano lançou o seu primeiro disco, um compacto com a música "Maria, Mariá", e o LP "Glória Deus no céu e samba na Terra".

Em 1975, Ângela Maria gravou "Vá, mas Volte". “A Menina e o Poeta” foi gravada por Roberto Carlos em seu álbum de 1976. "Moça" (1975). A música "Moça" fez parte da trilha sonora da novela "Pecado Capital" e fez com que o disco vendesse 1,2 milhão de cópias.


A música "Chora Coração" (1985), fez parte da trilha sonora da telenovela Roque Santeiro. Fez também grande sucesso com a música "Fogo e Paixão", lançado no álbum O Mundo Romântico de Wando, de 1988, foram seu maiores sucessos.


Em 1988, voltou a ultrapassar a cifra de 1 milhão de discos vendidos com o LP "Obsceno". Nesse período, transformaria suas apresentações em espetáculos com apelo erótico, focados no público feminino, o que ajudou a alavancar a boa vendagem de seus discos.

Em 1999, lançou um CD ao vivo e, no ano seguinte, "Picada de amor", ambos pela Indie Records. Passou por várias gravadoras, ganhando 19 discos de ouro, 7 de platina, e 2 de diamante. Considerado um dos nomes mais importantes do estilo que se convencionou chamar brega-romântico, ainda está em atividade. Tem mais de 400 músicas compostas.


Em 2001 lançou o CD "Fêmeas", com destaque para a música "Nossa Senhora das fêmeas", de sua autoria.


Em 2002 lançou o CD duplo "Acústico ao vivo", com destaque para as composições "Sangrando", de Gonzaguinha, "Codnome Beija-flor", de Cazuza, "Evidências", de José Augusto e Paulo Sérgio Valle.


No segundo CD os destaques são "Certas coisas", de Lulu Santos e Nelson Motta, "Deslizes", de Sullivan e Massadas, além de "Moça" e "Fogo e paixão", de sua autoria.


Em 2011 foi lançado o documentário sobre música romântica "Vou Rifar Meu Coração", de Ana Rieper, ainda inédito nos cinemas, traz um depoimento de Wando sobre a influência de sua vida pessoal em suas músicas. Durante as filmagens, a diretora conta que a equipe de filmagem ficou "apaixonada" pelo cantor, que "Filmamos entrevistas com vários artistas, mas a equipe ficou toda apaixonada pelo Wando. Ele é muito de bem com a vida, muito suave, calmo em suas falas e opiniões", diz Ana. No longa, ele fala sobre a música "Moça", que trata de virgindade - um tabu na época em que foi lançada, nos anos 70.

Moça
Wando

Moça me espere amanhã
levo o meu coração pronto pra te entregar
Moça, moça eu te prometo
eu me viro do avesso, só pra te abraçar
Moça eu sei que já não é pura,
teu passado é tão forte pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo
jogue o teu sentimento todo em minhas mãos
Eu quero me enrolar nos teus cabelos
abraçar teu corpo inteiro,
morrer de amor, de amor me perder


A diretora lamenta que Wando não tenha conseguido ver o filme, que só foi exibido em alguns festivais. Para Ana, Wando é um ícone da música brasileira: "Wando foi um artista muito importante para a música brasileira na medida em que a música dele mobilizou muitas pessoas durante muito tempo, pelo menos 30 anos. Acho que ele foi um ícone."

O filme trata do imaginário romântico, erótico e afetivo brasileiro a partir da obra dos principais nomes da música popular romântica, também conhecida como brega, e deve ser lançado nos cinemas em maio. Além do depoimento de Wando, o longa traz falas de Odair José, Agnaldo Timóteo e Waldick Soriano, dentre outros artistas.

O documentário trata do imaginário romântico, erótico e afetivo brasileiro a partir da obra dos principais nomes da música popular romântica, também conhecida como brega. Letras de músicas de artistas como Odair José, Agnaldo Timóteo, Waldick Soriano, Evaldo Braga, Nelson Ned, Amado Batista e Wando, entre outros, formam verdadeiras crônicas dos dramas da vida a dois.

Em Vou rifar meu coração, os temas destas músicas se relacionam com as histórias da vida amorosa de pessoas comuns, enfrentando o desafio de falar sobre a intimidade de pessoas reais, em situações reais. Além destas pessoas que abrem seus corações e contam suas histórias, o filme tem os depoimentos de Agnaldo Timóteo, Wando, Amado Batista, Lindomar Castilho, Nelson Ned e de Rodrigo Mell, este último representante da nova geração do brega.

O documentário Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper, apresenta-se como uma viagem ao imaginário romântico brasileiro a partir da obra dos principais nomes da música brega, ou como preferem da música popular romântica.

Neste sentido, conta com depoimentos de inúmeros nomes conhecidos pelo gênero, como Agnaldo Timóteo, Wando, Amado Batista, Nelson Ned, Walter de Afogados e Rodrigo Mell, além de fazer várias citações a Waldik Soriano, Reginaldo Rossi, Peninha e companhia.

O principal mérito do filme, no entanto, é justamente não colocar toda a responsabilidade da narrativa nas costas de tais músicos. Obviamente, são muito importantes para o longa, mas o grande diferencial deste é investir em entrevistas com pessoas comuns que de alguma forma se sentem atraídos por aquele tipo de melodia.

Apesar do possuir algumas qualidades, é interessante constatar que uma das maiores foi inclusive não intencional. O longa conta com momentos tão, digamos, bregas que acaba se tornando cômico, sendo bem possível que o expectador dê verdadeiras gargalhadas durante a produção.

Quem também teve seu depoimento registrado pelo filme foi Lindomar Castilho responsável pela canção que dá título ao longa ("Eu vou rifar meu coração").


Pra mim o título remete ao poema Rifa-se um coração, de Clarice Lispector...


Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

Clarice Lispector

FONTE

http://www.adorocinema.com/colunas/vou-rifar-meu-coracao-1234

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wando

http://www.dicionariompb.com.br/wando/dados-artisticos

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