sábado, 6 de dezembro de 2008

Geraldo Vandré


Geraldo Vandré entrou para a história da MPB fazendo sucesso com suas músicas de letras e melodias marcantes como: "Caminhando", "Porta Estandarte", "Aroeira", "Disparada"...

VIDA E OBRA

Geraldo Vandré, nome artístico de Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilo  (João Pessoa, 12 de setembro de 1935) é um advogado, cantor e compositor brasileiro. Foi o primeiro filho do casal José Vandregísilo e Marta. O nome artístico Vandré é uma abreviatura do segundo nome do pai.

Vandré apresentou-se num programa de calouros na Rádio Tabajara de João Pessoa quando tinha 14 anos. Em Nazaré da Mata, Pernambuco, onde cursava o ginásio em internato, participou de alguns shows organizados para as missões.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, onde conheceu pessoas ligadas ao meio artístico, como o compositor Valdemar Henrique, Baden Powell e Luís Eça. Vandré ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Vandré apresentou no programa de calouros de César de Alencar, no qual foi desclassificado. Aproximou-se então de Ed Lincoln, que nessa época tocava com Luís Eça, na boate do Hotel Plaza, tentando cantar nos intervalos das apresentações.

Em 1955, com o pseudônimo de Carlos Dias, defendeu a canção "Menina" (Carlos Lyra) num concurso musical promovido pela TV-Rio. Mais tarde, o encontro com o folclorista Valdemar Henrique abriu-lhe a oportunidade de se apresentar no programa da Rádio Roquete Pinto, usando o nome Vandré, que resultou da abreviatura do nome do pai, José Vandregisilo. Cursou a Faculdade de Direito, do Rio de Janeiro, época em que participou do Centro Popular de Cultura, da extinta União Nacional dos Estudantes, onde conheceu seu primeiro parceiro, Carlos Lyra.

Geraldo Vandré fez a letra da música de Carlos Lyra Quem quiser encontrar o amor, gravada por ele em abril de 1961 em 78 rpm, na RGE, e em 1962 por Carlos Lyra no LP O sambalanço de Carlos Lyra, pela Philips. Esta música seria incluída no episódio "Couro de gato" do filme Cinco vezes favela, trabalho produzido pelo Centro Popular de Cultura. Em 1962, Vandré apresentou-se no Juão Sebastião Bar, em São Paulo SP, iniciando trabalhos com Luís Roberto, Baden Powell e Vera Brasil...

Em 1966, Geraldo Vandré chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso "Disparada", interpretada por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico Buarque.



Descrição do vídeo: Aos vigorosos acordes iniciais do Quarteto Novo combinado com o Trio Marayá, a platéia que lotava o Teatro Record explodia em gritos e aplausos. E ainda em meio ao tumulto, Jair Rodrigues começava a cantar os primeiros versos desta moda para viola e laço. Seguia-se uma letra enorme, que só não foi maior porque os autores - Geraldo Vandré e Theófilo de Barros Filho, passaram a madrugada anterior à primeira apresentação fazendo cortes na historia épica do vaqueiro que foi boi e um dia sem montou. Após muitas discussões entre os jurados e brigas de torcidas, a música acabou dividindo o primeiro lugar daquele festival da TV Record (1966) com A Banda, de Chico Buarque de Hollanda. A gravação dessa faixa foi feita pela Philips, na época do festival, com a mesma equipe que havia defendido a música.

Em 1968, Geraldo Vandré participou do III Festival Internacional da Canção com "Pra não dizer que não falei de flores" ou "Caminhando". A composição era um hino de resistência contra o governo militar e foi censurada. O Refrão: "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.



Em setembro de 1968, Vandré defendeu  Chico Buarque e Tom Jobim, diante de milhares de pessoas no Maracanãzinho (jornais da época falam em 30 mil), no Rio de Janeiro. A maioria queria ver “Pra não dizer que não falei das Flores" ou "Caminhando” como vencedora da fase nacional do 3° Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo, e por isso vaiava a decisão do júri, que escolhera “Sabiá”.

“Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda merecem o nosso respeito. (...) Pra vocês que continuam pensando que me apóiam vaiando... (...) A vida não se resume em festivais”, disse Vandré, enquanto a multidão acenava com lenços brancos. O sucesso de Geraldo Vandré ficou em segundo lugar no festival, perdendo para "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim.

"Caminhando" na interpretação de Zé Ramalho...




1967





Vídeo raro (talvez uma das filmagens mais antigas do Hermeto, de cabelo curto e sem barba) do legendário Quarteto Novo acompanhando Geraldo Vandré junto do Trio Marayá.

Ainda em 1968, com o AI-5, Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda da viúva de Guimarães Rosa, morto no ano anterior, o compositor partiu para o Chile e, de lá, para a França. No Chile, seu primeiro destino, Vandré manteve contatos com artistas locais e gravou um compacto com as músicas “Desacordonar” e “Caminando” – quem recebeu da mão dele um desses compactos tem o exemplar numerado pelo próprio autor.

De lá, Vandré viajou para a Europa – no final de 1970, gravaria na França o pungente “Das Terras de Benvirá”, seu quinto LP – e seria o último, lançado no Brasil apenas em 1973 (na França, foi lançado um compacto, "La Passion Bresilienne"). "Foi algo quase de improviso", conta Marcelo Melo, que participou da gravação e pouco depois formaria o grupo Quinteto Violado.

Em 1971, Vandré voltou ao Chile.

Em 1972, Geraldo Vandré ganhou um festival no Peru com "Pátria Amada Idolatrada, Salve, Salve", parceria com Manduka (falecido em 2004), filho do poeta Thiago de Mello e da jornalista Pomona Politis.

O retorno oficial ao Brasil aconteceu em 21 de agosto de 1973. “Quero agora só fazer canções de amor e paz”, declarou ao Jornal Nacional, na chegada, em Brasília, lembrando que nunca esteve vinculado a qualquer grupo político.

No início de agosto de 1982, por volta de 200 pessoas testemunharam a volta de Geraldo Vandré aos palcos. Foi em uma sala de cinema em Puerto Stroessner, na fronteira do Paraguai com o Brasil. Cantou do lado paraguaio. Defendia a anulação de todos os atos praticados com base no AI-5 – o que, na prática, significaria o retorno à Constituição de 1946. “Não houve aplausos nem gritos (na entrada de Vandré)”, contou a repórter Ruth Bolognese, do Jornal do Brasil, em texto publicado dia 9 de agosto. Foram dez músicas, quase todas inéditas. “E falam em liberdade, soldados, homens fracos e fortes, homens aprendendo a ser gente.”

Após o exílio compôs "Fabiana", em homenagem à Força Aérea Brasileira. Em março de 1995 apresentou-se no Memorial da América Latina, em São Paulo, no concerto realizado pelo IV Comando Regional (CONAR), em comemoração a Semana da Asa. Na ocasião, um coral de cadetes lançou sua música Fabiana, uma homenagem a FAB.


Vandré, militares, Força Aérea? A relação parece estranha, mas vem dos tempos de criança. O pequeno Geraldo tinha 4 anos quando explodiu a 2ª Guerra Mundial, e ele gostava de imitar o vôo de caças. “Porque só tu soubeste enquanto infante/ As luzes do luzir mais reluzente/ Pertencer ao meu ser mais permanente” são os versos finais de “Fabiana”, escrita em 23 de outubro de 1985 “em honra da Força Aérea Brasileira”.

Daí o nome, “Fabiana”. Em 1995, ele esteve presente a uma comemoração da Semana da Asa, em que cadetes da FAB cantaram a sua composição. “Musicalmente é uma valsa. Literariamente, compõe de três estrofes de seis decassílabos e um refrão de três versos de seis sílabas”, explicou, didático, em entrevista ao jornal paulistano Diário Popular (atual Diário de São Paulo) em 26 de julho de 1991.

Nos anos 90 foram lançadas coletâneas com obras suas. Em 1997 o Quinteto Violado lançou o CD Quinteto Violado canta Vandré (selo Atração), incluindo antigos sucessos e apenas uma música inédita: Republica brasileira. Ainda em 1997, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho regravaram Disparada e Canção da despedida no CD Grande encontro 2.
CURIOSIDADES

*A canção "Pra não Dizer que não Falei das Flores", foi usada em 2006 pelo Governo Federal como trilha musical para publicidade de suas Políticas de Educação como o ProUni e o ENEM, sendo executada em um ritmo diferente. Dessa forma, a música que foi considerada uma ameaça ao governo ditatorial passou a ser usada para publicidade do governo no período democrático.

*Muitos ao de citar “Pra não Dizer que não Falei das Flores” (subtítulos "Caminhando" e "Sexta Coluna") como a sua música mais famosa. Outros lembrarão de “Disparada”, celebrizada por Jair Rodrigues. Poucos, certamente, lembrarão de “Pequeno Concerto que virou Canção”, “Samba em Prelúdio”, “Quem Quiser Encontrar Amor”, “Canção Nordestina”.

*Foi Vandré quem primeiro defendeu uma música de Chico Buarque em um festival? Pois foi ele quem cantou “Sonho de um Carnaval”, do novato Chico, no 1° Festival de Música Popular Brasileira, em 1965. Os dois dividiriam o prêmio do Festival da Música Popular Brasileira em 1966, quando "A Banda", de Chico, e “Disparada”, de Vandré e Théo de Barros, dividiram a torcida. "A Banda" ganhou no júri, mas o prêmio foi dividido entre os dois...

Geraldo Vandré reside na pequena cidade de Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina.

FONTE

Site Letras
Wikipédia
Digestivo Cultural

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