O Grêmio Recreativo Escola de Samba Consulado - escola de samba de Florianópolis localizada no bairro de Saco dos Limões - desfilou, em 2004, com o enredo "Uma Rosa para Neide Maria".
Uma Rosa Para Neide Maria
Quanta saudade
Da rosa que encantou a multidão!
Pelos palcos da vida
Hoje faço da avenida
Um turbilhão de emoção
Num cantinho qualquer
Se ouvia o cantar dessa bela mulher
No rádio, também foi atriz
Fez o povo feliz
Hoje uma estrela a brilhar
E nos carnavais passados
Do Miramar dos mascarados
Ficou só lembranças
De confete e serpentina, pierrôs e colombinas
Embalados por sua voz divina
Vem me abraçar que eu tô que tô
Trouxe uma rosa pra você, amor
Vem mergulhar nessa alegria
Que a Consulado irradia
BIS
Moça faceira, na capital do samba, encantou
Rara beleza, voz de cristal que Deus abençoou
Nos festivais, foi aplaudida de pé
Defendeu grandes artistas e se consagrou
Mas a saudade foi maior da terra onde nasceu
E Neide voltou ao seu ninho
Pra cantar as canções de Zininho
Põe a alma no gogó, cantor
Leva o coração no pé, sambista
Pra fechar eu quero um show de bateria
Vamos exaltar Neide Maria
BIS
Neide Mariarrosa foi uma das principais cantoras de Santa Catarina e é um nome essencial quando se fala na construção da identidade cultural de Florianópolis, pois ela ajudou a projetar Santa Catarina artística e culturalmente em outros estados brasileiros e abriu portas para vários músicos locais.
Sobre ela recentemente foi realizado o documentário, "Ai Que Saudade de Neide!", pelas jornalistas Fernanda Peres e Taíse Bertoldi, do Curso de Comunicação da UFSC, e um importante livro, com várias fotos e dois CDs, um dos quais com gravações inéditas, sob os auspícios da Fundação Franklin Cascaes, deverá ser lançado em breve.
Entre os depoimentos constantes na obra, o do crítico musical conterrâneo Ilmar Carvalho e de Maximiliano Rosa, irmão dessa que é considerada a mais importante cantora popular de Santa Catarina até hoje: "uma voz com a suavidade das Marias e a beleza das rosas", como declarou a madrinha artística Elizeth Cardoso, na esteira de sua admiração por ela.
Florianopolitana, nascida na rua Menino Deus, em 11 de abril de 1936, começou sua carreira no rádio, aos 13 anos de idade, como cantora. A partir de um concurso que venceu, começou a trabalhar na Rádio Guarujá e pouco tempo depois na Rádio Diário da Manhã, onde era cantora, radioatriz e locutora, nas décadas de 1950 e 1960.
Conhecida pelo timbre de voz e pela capacidade de fazer até quatro personagens diferentes em uma mesma radionovela, teve seu talento reconhecido por Elisete Cardoso, cantora de renome e sucesso nacional, que, após conhecer Neide durante a passagem para um show em Florianópolis, em 1962, convenceu a catarinense a ir tentar a carreira no Rio de Janeiro.
Na capital fluminense, gravou seu primeiro compacto e morou na casa de Elisete Cardoso entre 1964 e 1970, quando teve a oportunidade de conhecer grandes nomes da música como Baden Powell, Elis Regina e Jacob do Bandolin.
Entre suas atividades, estrelou o espetáculo Sua Excelência, o Samba, que ficou durante quase um ano em cartaz no Golden Room do tradicional Copacabana Palace. Além disso, participou, em 1967, do II Festival Internacional da Canção, quando classificou composições de Edu Lobo e Paulo Gustavo da Silva Constanza entre as 20 finalistas e ficou com o segundo lugar na premiação de melhor intérprete do festival, perdendo para Milton Nascimento.
Participou de outros festivais de música, como o de Juiz de Fora, onde foi escolhida a melhor intérprete, e a I Bienal do Samba de 1968, quando defendeu a música Protesto Meu Amor, de autoria de Pixinguinha.
Na TV, apresentou-se em programas como o do apresentador Flávio Cavalcanti e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte-Preta. Foi, inclusive, durante o primeiro programa que participou de Stanislaw Ponte-Preta, que Neide, por sugestão de Elizete Cardoso, junta o "Maria" e o "Rosa" de seu nome, e passou a assinar artisticamente como "Neide Mariarrosa".
Em 1965, a prefeitura de Florianópolis lançou um concurso para escolher uma música que representasse a Capital dos catarinenses. Na ocasião, o amigo e poeta Zininho convidou Neide, então a mais famosa cantora do Estado, para interpretar seu Rancho de Amor à Ilha, que ele havia composto especialmente para o concurso.
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