Era só para ser um vídeo bonitinho, com pessoas fofinhas e uma farra de amigos alegres e contentes. Mas pode ter se tornado, em dois dias, a primeira manifestação de um movimento musical, os "Novos Curitibanos".
Desde quarta-feira, 18, mais de 350 mil pessoas já assistiram no YouTube ao clipe da música "Oração", da A Banda Mais Bonita da Cidade, a mais nova queridinha de todos – no Facebook, quase não há comentários negativos, vindos de gente de todos os gostos...
O que causou espanto foi a qualidade dos 6 minutos filmados em plano-sequência aparentemente sem pretensão. A música também agradou os ouvidos indies acostumados com I'm From Barcelona, Belle & Sebastian, Beirut e outros similares.
O grupo de músicos de Curitiba, que já existe há dois anos, segue essa linha de músicas fofas, do bem, feita por gente bacana, bem-vestida e moderna. Não à toa o guitarrista do grupo, Rodrigo Lemos, 27 anos, os compara ao movimento Novos Paulistas, formado por Dudu Tsuda, Tatá Aeroplano, Thiago Pethit, Tiê e Tulipa Ruiz.
"A gente tinha o zelo de fazer o filme, bonitinho e tal. Mas estávamos totalmente descompromissados", diz Rodrigo. Eles aproveitam a onda viral para marcar shows e calibrar a agenda. A Banda Mais Bonita da Cidade vai tocar no StudioSP, em São Paulo, em 7 de junho, dois dias antes do show no Sesc da Esquina, em Curitiba, o motivo da divulgação dos vídeos.
O clipe foi filmado sete vezes, depois de vários ensaios na casa de uma amiga dos integrantes da banda, que aparece tocando bandolim. "Oração" é o terceiro dos clipes promocionais; os outros são: "Canção Para Não Voltar" e "A Boa Pessoa", todas "composições próprias de amigos", como Leo Fressato, o autor de "Oração" que não faz parte da banda.
Não volte pra casa meu amor que aqui é triste
Não volte pro mundo onde você não existe
Não volte mais
Não olhe pra trás
Mas não se esqueça de mim não
Não me lembre que o sol nasce no leste
e no oeste morre depois
O que acontece é triste demais
Pra quem não sabe viver pra quem não sabe amar
Não volte pra casa meu amor que a casa é triste
Desde que você partiu aqui nada existe
Então não adianta voltar
Acabou o seu tempo
acabou o seu mar acabou seu dia
Acabou, acabou
Não volte pra casa meu amor que aqui é triste
Vá voar com o vento que só lá você existe
Não esqueça que não sei mais nada
Nada de você
Não me espere porque eu não volto logo
Não nade porque eu me afogo
Não voe porque eu caio do ar
Não sei flutuar nas nuvens como você
Você não vai entender
Que eu não sei voar
Eu não sei mais nada
Dó com baixo em dó
Sol com baixo em si
Lá com baixo em lá
Lá com baixo em sol
Fá com baixo em fá
Fá com baixo em fá sustenido
Sol com baixo em sol
Sol com lá bemol
Veja a letra de "Oração" (retirada daqui):
Meu amor essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa
Cabe o meu amor!
Cabe em três vidas inteiras
Cabe em uma penteadeira
Cabe nós dois
Cabe até o meu amor
Essa é a última oração pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa
Cabe o meu amor!
Cabe em três vidas inteiras
Cabe em uma penteadeira
Cabe essa oração
São só cinco integrantes: atriz, cantora e vocalista da ABMBDC Uyara Torrente, Vinícius Nisi (violão e teclado), Rodrigo Lemos (guitarra), Diego Plaça (baixo) e Luís Bourscheidt (bateria). Com exceção de Uyara, todos são formados em música ou produção musical na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Vinda de Paranavaí, Uyara Torrente chegou em Curitiba em 2005 para ser atriz, e se encantou com o trabalho de alguns músicos curitibanos (Luiz Felipe Leprevost, Thiago Chaves, Léo Fressato, entre outros) e em 2009 começaram A Banda Mais Bonita da Cidade. A proposta é clara: tocar versões dos compositores da cidade.
A Banda Mais Bonita da Cidade ocupa um espaço de transição, uma fronteira. Dentro dela as composições de MPB se relacionam muito bem com o conceito de uma banda de rock. Se de um lado a MPB por vezes é individualista, o rock, apesar de coletivo, se vê amarrado em melodias menos criativas, que se repetem verso a verso e variam apenas no refrão e eventualmente num pré-refrão. Caso tivesse os dois pés na MPB, talvez o projeto se chamasse Uyara Torrente, como temos por aí muitas Marias, Adrianas ou Anas; mas tendo um pé no coletivo, A Mais Bonita não poderia deixar de ser Banda.
Não apenas reproduzir as canções de outros compositores, mas dar uma cara nova para elas, é o que faz os intrumentistas da banda destacáveis. Em "Canção pra não voltar", de Léo Fressato, os graves de Diego Plaça (baixo) e a guitarra de Rodrigo Lemos dão o "algo a mais" da música. Nas baquetas, é Luis Boursheidt quem manda nas variações de ritmo de "Mercadoramama", e no teclado, Vinícius Nisi é o reponsável por um teclado que parece flutuar em "Aos garotos de Aluguel".
É claro que Uyara Torrente é inevitavelmente a estrela. Se vê à vontade com o terreno bem preparado pelos rapazes para usar o alcance considerável de sua voz (e a faixa "Nunca" elimina qualquer desconfiança), mas mais do que isso, para explorar sua condição de atriz e interpretar o que recita. Se Uyara sorri enquanto canta, o ouvinte sente, mesmo que não veja. E mesmo quando encarna personagens menos delicadas, emociona; como é o caso de "Ótima" ou "Solitária".
Por fim, "Boa pessoa" (L. F. Leprevost e Thiago Chaves) é a faixa mais representativa d'A Banda Mais Bonita da Cidade. Tem um belo início de violão e voz onde Uyara controla o desenvolvimento da música, que cresce aos poucos com a entrada dos instrumentos e chega ao ponto máximo nos últimos segundos, quando a vocalista já saiu de cena. O final da canção é uma interrupção brusca que pede por aplausos.
Há dois anos, eles mantém a formação e a independência dos membros. Todos tocam em outras bandas. "Os shows sempre foram animados, tiveram essa estética do clipe naturalmente, mas nunca fomos uma banda de tocar todo final de semana", afirma Rodrigo. "O foco agora é continuar o trabalho."
Vinda de Paranavaí, Uyara Torrente chegou em Curitiba em 2005 para ser atriz, e se encantou com o trabalho de alguns músicos curitibanos (Luiz Felipe Leprevost, Thiago Chaves, Léo Fressato, entre outros) e em 2009 começaram A Banda Mais Bonita da Cidade. A proposta é clara: tocar versões dos compositores da cidade.
A Banda Mais Bonita da Cidade ocupa um espaço de transição, uma fronteira. Dentro dela as composições de MPB se relacionam muito bem com o conceito de uma banda de rock. Se de um lado a MPB por vezes é individualista, o rock, apesar de coletivo, se vê amarrado em melodias menos criativas, que se repetem verso a verso e variam apenas no refrão e eventualmente num pré-refrão. Caso tivesse os dois pés na MPB, talvez o projeto se chamasse Uyara Torrente, como temos por aí muitas Marias, Adrianas ou Anas; mas tendo um pé no coletivo, A Mais Bonita não poderia deixar de ser Banda.
Não apenas reproduzir as canções de outros compositores, mas dar uma cara nova para elas, é o que faz os intrumentistas da banda destacáveis. Em "Canção pra não voltar", de Léo Fressato, os graves de Diego Plaça (baixo) e a guitarra de Rodrigo Lemos dão o "algo a mais" da música. Nas baquetas, é Luis Boursheidt quem manda nas variações de ritmo de "Mercadoramama", e no teclado, Vinícius Nisi é o reponsável por um teclado que parece flutuar em "Aos garotos de Aluguel".
É claro que Uyara Torrente é inevitavelmente a estrela. Se vê à vontade com o terreno bem preparado pelos rapazes para usar o alcance considerável de sua voz (e a faixa "Nunca" elimina qualquer desconfiança), mas mais do que isso, para explorar sua condição de atriz e interpretar o que recita. Se Uyara sorri enquanto canta, o ouvinte sente, mesmo que não veja. E mesmo quando encarna personagens menos delicadas, emociona; como é o caso de "Ótima" ou "Solitária".
Por fim, "Boa pessoa" (L. F. Leprevost e Thiago Chaves) é a faixa mais representativa d'A Banda Mais Bonita da Cidade. Tem um belo início de violão e voz onde Uyara controla o desenvolvimento da música, que cresce aos poucos com a entrada dos instrumentos e chega ao ponto máximo nos últimos segundos, quando a vocalista já saiu de cena. O final da canção é uma interrupção brusca que pede por aplausos.
Há dois anos, eles mantém a formação e a independência dos membros. Todos tocam em outras bandas. "Os shows sempre foram animados, tiveram essa estética do clipe naturalmente, mas nunca fomos uma banda de tocar todo final de semana", afirma Rodrigo. "O foco agora é continuar o trabalho."
Os 6 minutos de fama eles já têm.
A Banda Mais Bonita da Cidade é composta por cinco músicos\artistas\criadores que a partir da obra de compositores curitibanos colocam em prática suas construções, desconstrução e reconstrução de arranjos, climas, texturas e histórias
No show Sem querer deitei do teu lado mais frágil, abertura do Coletivo de Pequenos Conteúdos, a banda faz um passeio pela nova geração de compositores da capital paranaense, reunindo em seu repertório composições variadas em estilos e em temáticas, apresentando a singeleza e a crueldade da contemporaneidade. A dualidade é sempre presente, não mostrando o certo e o errado, mas sim o muito e o pouco, a histeria e a calmaria, o som e o silêncio.
Escute mais músicas de A Banda Mais Bonita da Cidade aqui...
No dia 9 de junho, o grupo se apresenta no SESC da Esquina, em Curitiba/PR, às 20h. Antes disso, a banda faz shows particulares em São Paulo e participa da Noite Fora do Eixo no Studio SP, no dia 7.
FONTE
ABMBDC
ESTADÃO
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defenestrando
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