segunda-feira, 20 de junho de 2011

Wilson Café


Cantor, compositor, percussionista, Wilson Café nasceu no bairro Rio Vermelho, em Salvador. Pesquisador musical viajou por alguns estados das regiões norte e nordeste, entre os quais Pará, Alagoas, Ceará e Bahia, reunindo diversos ritmos, os quais trabalha em seus discos.

Em 2002 fundou a ONG "Escola de Educação Percussiva Integral" (EEPI), em Salvador, na qual trabalha com a comunidade carente. Como músico percussionista trabalhou com Maria Bethânia, Armandinho, Tânia Alves e Elba Ramalho, entre outros.


Em 1994 ganhou o "Troféu Caymmi"com o show"Batam palmas". No ano seguinte gravou o primeiro CD "Batam palmas", considerado um dos melhores do ano pela crítica baiana, no qual interpretou "Tropicália(Caetano Veloso) e "Asa branca" (Luiz Gonzaga), além de "Toque de djembê" e "Baticum", ambas de sua autoria.

Em 1996 representou o Brasil no "Perc Pan" (Panorama Percussivo Mundial) ao lado do também percussionista Naná Vasconcelos.


Em 1997, Wilson Café lançou o CD "Coração de tambor ", no qual interpretou, entre outras: "O gosto do amor ", de Gonzaguinha, "Sebastiana", de Jackson do pandeiro e Rosil Cavalcanti; "Baiano Burro Nasce Morto" e "Vendedor de Caranguejo", de Gordurinha; Mambo da Cantareira, de Barbosa da Silva e Eloide Warthon.


Num ótimo disco, Wilson Café apostou em clássicos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Gordurinha. Não chega a ser revelador que a música de qualidade precise estar relacionada a erudição, a sofisticação da melodia ou a seus versos bem elaborados. Essas características, no entanto, não impedem a canção popular, que já desfruta de reconhecimento e respeito de historiadores e críticos, de conquistar e desfrutar o status de boa música.

A canção nordestina tem exemplo disso em clássicos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Manezinho Araújo e Waldeck Arthur de Macedo, o Gordurinha, compositor do pelourinho, em Salvador. Ver algumas de suas mais importantes composições reunidas num só disco talvez seja uma boa ideia para medir a dimensão de sua obra.

O disco Coração de Tambor, do Percussionista Wilson Café faz isso com ousadia: além de enfrentar o desafio do registro ao vivo, ele deu novos arranjos e incorporou a música clássica Trenzinho Caipira, de Heitor Villa Lobos, num trabalho uniforme e bem acabado.


O CD foi apresentado no dia 26 de agosto de 1997 em coquetel no Museu de Arte da Bahia. Mesmo com um tipo de música das mais populares – daquelas que, não faz muito tempo, costumava-se ouvir em rodas de amigos e festas populares. Café fez um disco fadado a nunca aparecer na programação das emissoras de rádio baianas.

Coração de Tambor é um disco surpreendente, com repertório de bom gosto, arranjos inteligentes, capazes de preservar a originalidade das canções, apenas acrescentando pequenos retoques percussivos na maioria das faixas. O desafio aparece nas excelentes execuções do forró Olha pro Céu, de Luiz Gonzaga e José Fernandes; na toada Asa Branca, tão reinventada desde o seu lançamento, há exatos 50 anos.

O instrumentista conseguiu combinar com eficiência a percussão com os instrumentos tradicionais da música nordestina – sanfona e flauta. Para compor a seleção das doze faixas – quatro delas de sua autoria – Café recorreu às lembranças da infância. Seus homenageados, justificou, fazem parte de um time de artistas responsáveis pela construção da identidade musical nordestina – o que chamou de Coração do Brasil . Assim Gonzaga é o coração da melodia nordestina; Jackson do Pandeiro, do ritmo; Manezinho de Araújo, da embolada; e Gordurinha, da sensibilidade e da crítica social.


O show foi aberto com a participação especial da atriz Nilda Spencer, que recita Sagrado é o Meu Santo, de Paulo Atto. A seguir, duas emboladas da dupla Jaime Sodré e Wilson Café – Sagrado Profano de Lá Vem o Coco. Depois, Café apresentou Dezessete e Setecentos, dele e de J. Velloso, um dos produtivos compositores da nova geração.


As homenagens começaram com o conhecido contagiante coco Sebastiana, composição maliciosa que consagrou Rosil Cavalcanti, e popularizou Jackson do Pandeiro, em 1953, O maranhense João do Vale é lembrado com O Canto da Ema – pareceria com Ayres Viana e Alvetino Cavalcanti), consagrada por Gilberto Gil, no LP Expresso 2222, de 1974.


Um dos melhores momentos do disco é o resgate do talentoso Gordurinha. No disco, o compositor aparece nas impagáveis Baiano Burro Nasce Morto e Vendedor de Caranguejo. Café também agrada com a versão de Cuma É O Nome Dele, a mais famosa embolada de Manoelzinho Araújo. Lançada em 1963. Manoelzinho foi o responsável por levar a embolada – forma poético-musical bem humorada, em compasso binário e andamento rápido, utilizada por solistas ou em diálogos e desafios – para São Paulo e Rio de Janeiro.


O CD Coração de Tambor foi gravado nas duas apresentações de Café no Teatro da ACBEU, nos dias 16 e 17 de outubro/1996. O show teve a direção musical do maestro Luciano Chaves.

Um dos trunfos de Café está na qualidade e no entrosamento dos músicos – Edu Fagundes (violão) Paulo Reis (percussão), Cícero (sanfona), André Becker (sax), Dunga Dantas(trumpete) e Luciano Chaves (flauta). A seqüência com que arrumou consegue dar uniformidade ao disco. Nem mesmo o break para execução da belíssima Trenzinho Caipira, de Heitor Villa-Lobos distoa na seqüência. Acompanhado de celos de Marcos Roriz, Lima e Cândida Lobão, Café faz do clássico de Villa-Lobos um momento especial do disco, dando-lhe uma roupagem nordestina eficiente.

Este é o segundo CD de Wilson Café e o primeiro em que aparece como cantador – como ele mesmo se define. Para homenagear os dez músicos que considera os cavaleiros da música nordestina, o percussionista passou um ano pesquisando uma série de ritmos do Norte e Nordeste, como Maxixe, a embolada e o baião – combinado este com o rap americano. Para isso, contou com a colaboração do pesquisador baiano Perfilino Neto, dono de um dos importantes acervos musicais do País.

Segundo Café, a embolada, ritmo nordestino no qual a música é um diálogo, é o verdadeiro rap, já que o canto dos arppers também é um discurso. Sua proposta é explorar sonoridades de instrumentos percussivos, o que fez com maestria no primeiro CD, Batam Palmas, e resgatar as raízes rítmicas brasileiras, como faz em Coração de Tambor.

Em 1998, Wilson Café foi indicado para o "Prêmio Sharp"com o disco "Coração de tambor" na categoria "Pop Revelação".

Neste mesmo ano, Wilson viajou por vários países, entre os quais a Alemanha. Foi convidado pelo maestro Eberhard Schoener para gravar a ópera "Beleza Negra", baseada no conto "Madame Butterfly".

Em 1999 apresentou o show "Cocoblackdance", no "Projeto Petrobrás de Música", espetáculo no qual contou com as participações de Xangai e Virgínia Rodrigues.

Em 2000 montou o espetáculo "Notícias do Brasil", apresentado também em Barcelona (Espanha). Com sobrenome bem brasileiro o percussionista Wilson Café apresentou em São Paulo, no SESC Pompéia e Itaquera, o show "Notícias do Brasil", colocando num panelão diversos ritmos do folclore brasileiro como o maracatu, embolado, coco e boi-bumbá e servindo ao público uma apresentação quente, apimentada e cheia de movimento.

Em 2001, a convite do diretor Eugênio Barba, Wilson Café apresentou-se no Odin Teatret, em Holsterbo, na Dinamarca.

Em 2003 fez turnê com o espetáculo "Alegria de viver", apresentado em várias capitais, entre as quais São Paulo, Maceió e Fortaleza.

Em 2004, Wilson Café lançou o disco "O tempo e a maré ", com 13 composições de suas autoria, entre as quais "Alegria de viver", "Chico Roço", "Ciranda", "Coco black dance" e "Deu poeira".

No CD atuou como percussionista, cantor e arranjador e contou com as participações especiais de Mestre Hercílio na faixa "Fé em Deus"; Mestre Paixão na música "O balanço da rabeca"; Willian Silva em "Sistema"; Mestra Honorina da Conceiça em "Bem bolada embolada embalada" e na faixa-título "O tempo e a maré".


Wilson Café, soteropolitano, nascido no bairro do Rio Vermelho – considerado o mais boêmio de Salvador –, é um grande pesquisador de ritmos populares do norte e nordeste, ou, como ele mesmo prefere, “ritmos que sobem e descem ao som da maré”. O resultado de sua profunda pesquisa musical nos estados do Pará, Alagoas, Ceará e Bahia, pode ser conferido em seu terceiro álbum, “O tempo e a maré”, lançamento da Dabliú Discos.

Mas, ao longo das 13 faixas do disco, ele não reproduz identicamente esses ritmos, nem mesmo traz à tona seu caráter ritualístico. Pelo contrário, recria-os, incorporando a eles elementos contemporâneos – arranjos elaborados com guitarras e baixo elétricos, cello, flautas e pífaros, além da presença de um DJ – adicionados à influência de mestres como Jackson do Pandeiro, Gordurinha, Manezinho Araújo.

Ritmos como coco, ciranda, embolada, maracatu ou os próprios toques dos tambores servem de base para músicas com clima pop, em que se percebem influências da black music, “do hip-hop de Jackson do Pandeiro”, como quer o artista, do blues; tudo devidamente deglutido, assimilado e fundido.

Além de compor todas as faixas do álbum, Wilson Café é responsável pela voz, percussão e arranjos – junto com o maestro Luciano Chaves. Secundado por sua performática banda, formada pelos músicos Angela Lopo, Carlinhos Marques, Paulinho Caldas, Tita Alves (coro), Luciano Chaves (flauta, direção musical), Jaguar Andrade (guitarra, violão), Erick Firmino (baixo), Paulo Reis, Eduardo de Dalva, Serginho (percussão), Jair Mascarenhas (palmas), Nino Bezerra (baixo), EDJAY (DJ) e Marcos Roriz (cello), Wilson Café faz de “O tempo e a maré”, além de um resgate da cultura regional nordestina, uma releitura deliciosamente atual desses ritmos populares.

Musicalmente Falando”, projeto do músico e percussionista Wilson Café lançado em agosto de 2010 desenvolve novos sons e timbres percussivos apoiando-se em outros estilos musicais como a música eletrônica .

A composição eletrônica do show desenvolve ritmos mais rápidos e precisos criados pela percussão, além de oferecer a possibilidade de um gênero musical próprio, principalmente relacionado com a música popular nos sub-estilos considerados dançantes tais como Techno, house, drum and bass, hip hop, com o plano harmônico, dinâmico e melódico numa interconexão, comunidade virtual e inteligência coletiva.

Nesse show podemos encontrar na música os princípios do movimento percussivo social da cibercultura, foram criadas no repertório de vinte musicas relações inusitadas entre as tecnologias de informação com o samba, embolada, maracatu, coco, baião, reggae, com composições de Wilson Café, Jackson do Pandeiro, Jorge Ben Jor, Tim Maia, Benito di Paula, Roberto Carlos, Chico Science e outros.

Wilson Café também dirige a “Escola de Educação Percussiva Integral – EEPI”, em Salvador, que educa adolescentes carentes em risco pessoal e social.

FONTE




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