Adelaide Chiozzo é atriz, cantora, instrumentista, compositora. Adelaide diz que desde criança era inquieta ("a mais levada da classe") e sempre teve vocação para a carreira artística. "Quando era bem pequena, se ouvia fox-trot, saía sapateando. Era a época da Shirley Temple... Aos 9 anos, já tocava uma violinha porque morava no Brás, em São Paulo, onde a música sertaneja é muito forte", recorda a cantora. Mas foi quando pegou no acordeon pela primeira vez que sua mãe viu que ali estava nascendo uma grande estrela. "Meu pai não queria que ninguém tocasse em seu acordeon, que ele mal sabia tocar. Mas eu sabia que se pegasse naquilo, tocaria tranquilamente. Minha mãe então segurou as correias do instrumento e eu toquei uma valsa inteira, Saudades de Matão, que era de autoria do irmão dela. Ela ficou muito nervosa e começou a chorar", conta ela, orgulhosa de ser autodidata no acordeon. (cliquemusic/2001)
VIDA E OBRA
Adelaide Chiozzo (São Paulo, 8 de maio de 1931) é uma atriz e acordeonista brasileira. Ela nasceu na capital paulista na Rua Martins Burchard, bairro do Brás, em que predominavam os italianos e seus descendentes. Morava perto das porteiras do Brás, nas quais costumava se dependurar quando elas se moviam para dar passagem ou impedir o trânsito. Um divertimento da criançada.
Era filha de Geraldo Chiozzo e Leonor Cavallini, naturais, respectivamente, de Botucatu e Sorocaba. Seu pai, mestre-entalhador e hábil marceneiro, era gerente da fábrica de móveis Paschoal Bianco. Mais tarde passou a trabalhar por conta própria, recebendo encomendas através da mesma indústria. Certa ocasião, uma loja de músicas pagou-lhe os serviços com um acordeão, que ele não conseguia tocar. Tocava, sim, violão. Quem acabou se interessando pelo instrumento foi Adelaidinha, que às escondidas tirou a primeira música, a valsa Saudades de Matão, sem precisar de qualquer professor.
Aliás, os 4 filhos de seu Geraldo e D. Leonor tinham inclinação musical: Carolina, a primeira, cantava e tocava violão, Afonso, também era do acordeão, e Silvinha, a caçula, cantava. Adelaide, a terceira, é o que se sabe. Com 11 anos de idade, Adelaidinha inscreveu-se num programa de calouros da Rádio Bandeirantes de São Paulo, que era apresentado por Vicente Leporace, apenas solando músicas como Branca e Saudades de Matão.
Cumprida 4 etapas, ganhou o 1º prêmio, em dinheiro, e o convite para atuar no programa sertanejo Na Serra da Mantiqueira, apresentado todos os dias, às 8 horas da manhã, na mesma Bandeirantes, sob a direção dos Irmãos Mota, que também faziam seus números. Para maior segurança da garota, seu pai, homem rígido, determinou que Afonso, com seu acordeão, fizesse duo com ela. A dupla foi batizada de Irmãos Chiozzo.
Os Irmãos Chiozzo, durante alguns anos, passaram a excursionar pelo interior junto com os Irmãos Mota. E lá ia toda a família Chiozzo, inclusive seu Geraldo, de violão em punho, mais D. Leonor, a única que não se incorporava à parte artística.
Adelaide lembra-se que estavam se apresentando em Andradas, Minas Gerais, em 1945, quando alguém eufórico adentra ao recinto da apresentação e, aos gritos, anuncia que a guerra tinha acabado fazia pouco. Artistas e público imediatamente saíram às ruas, cantando, para comemorar.
Seu pai, em 1946, muda-se para Niterói e monta uma pequena fábrica de móveis. O compositor Irani de Oliveira, por acaso, redescobre Adelaide e a leva ao prestigioso programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Renato exigia uma imitação e ela escolhe a figura gauchesca de Pedro Raimundo, popularíssimo cantor e acordeonista.
Após 4 semanas, ganha o 1º prêmio e um contrato da Nacional, mas apenas como acordeonista, pois acreditavam que tinha mesmo aquela voz imitativa. Assim passa a fazer parte do Regional de Dante Santoro, um dos melhores do Brasil, mesmo sendo mulher e jovenzinha. Estava à altura daqueles músicos experientes.
Um ano e meio depois, uma cantora falha durante a transmissão e Adelaide, que fazia o acompanhamento, a substituiu na emergência. Só assim descobrem sua bela voz natural e passam a aproveitá-la também como cantora.
Já tinha sido levada, igualmente, por Irani de Oliveira, em 1946, com 15 anos, para um teste na Atlântida e é aprovada. Com seu irmão Afonso, faz o acompanhamento de Bob Nelson, cowboy brasileiro, em 2 filmes: Este Mundo É Um Pandeiro, de 1947, e É Com Esse Que Eu Vou, 1948. Só no filme seguinte, E O Mundo Se Diverte, de 1949, consegue um quadro só para elas, no qual canta ar rancheira Tempo de Criança, na faixa 18, que gravaria, em 1950, em seu disco de estréia na Star.
Bob Nelson canta "Como é Burro o Meu Cavalo" (1948)
O cantor Bob Nelson foi o pioneiro no gênero country no Brasil. Num tempo em que a música regional era representada apenas pela tradicional música caipira, imortalizada por duplas como Alvarenga e Ranchinho.
Neste número musical da chanchada "É Com Este Que Eu Vou" (1948 - dir. Watson Macedo), Bob canta "Como é Burro o Meu Cavalo", com direito a sapateado e o acompanhamento musical da acordeonista Adelaide Chiozzo, em seu segundo filme, e seu irmão Afonso. O filme foi um grande sucesso naquele ano, lançado pela companhia cinematográfica Atlântida.
Firmando-se como cantora da Rádio Nacional, já não precisava também acompanhar Bob Nelson em suas apresentações. Na Nacional ficaria 25 anos, sendo chamada de diversas maneiras, conforme o programa: A Que Tem Simpatia Para Dar e Vender (César de Alencar), A Bela e o Seu Acordeão (Paulo Gracindo) e, aí já incluindo seu marido Carlos Mattos, O Casal 20 (Manoel Barcelos).
No filme Carnaval No Fogo, de 1950, marco do musical brasileiro, tem a oportunidade de representar um papel, além de cantar a polca "Pedalando", na faixa 11, grande êxito, uma de suas músicas mais requisitada até hoje.
"Adelaide recorda sua participação no filme Carnaval no Fogo, de Watson Macedo: "O Watson perguntou: 'Adelaide, você não teria uma música alegre para uma cena que tivesse bicicletas, moinhos rodando... tipo música da Holanda...?' Ele tinha uma imaginação fantástica. Nisso, o Bené Nunes começou a compor no piano. E o Watson: 'Pedalando, pedalando vou buscar o meu amor'. (O ator) Anselmo Duarte fez a letra. Cheguei em casa e treinei. Eu ouvia uma música no cinema, chegava em casa e saía a música inteira. Acabei gravando a música, Pedalando."
Em 1950, Adelaide Chiozzo lança seu 1º disco, através da Star, com "Pedalando" e "Tempo de Criança", acompanhada do acordeonista Alencar Terra.
No ano seguinte, em janeiro, casa-se com o violonista Carlos Mattos. Foram somente 6 meses entre namoro, noivado e casamento, pois seu Geraldo não abria mão da marcação cerrada.
Carlos Mattos, carioca de coração, apenas nascido em Nova Iguaçu, teve suas primeiras lições de violão popular graças ao compositor pernambucano Abdon Lira e se formaria em violão clássico pela Escola Nacional de Música. Em 1979, no concurso Violão de Ouro, da TV-Globo, entre 450 concorrentes profissionais, ficou em 2º lugar.
A impressionante penetração da Rádio Nacional oferecia oportunidades para as excursões. Adelaide calcula que, até hoje, sempre com Carlos acompanhando-a ao violão, já tenha se apresentado em mais de 800 cidades brasileiras, em muitas delas mais de uma vez. Seus netos, mais recentemente, também passaram a acompanhá-la, talentosos que são: Bruno, no contrabaixo e guitarra, Fábio Leandro, teclado e cavaquinho, e Roberto, percussão. São filhos de sua única filha, Cristina Maria, nascida em 1955.
Na maioria dos filmes, Eliana era a "mocinha". Ely de Souza Macedo (1925-1990), professora primária de Itacoara/RJ, foi descoberta por Watson Macedo, seu tio, diretor de filmes nacionais da Atlântida, numa visita a essa cidade. Com o nome artístico de Eliana, estreou no filme "E O Mundo Se Diverte", de 1949, logo conquistando os espectadores.
Eliana Macedo casou-se com o radialista Renato Murce. Sua brilhante trajetória no cinema atingiu 24 filmes. Adelaide fazia geralmente o papel de amiga da mocinha, na verdade uma transposição do que acontecia na vida real. Moravam no começo de suas carreiras em Niterói e viajavam juntas nas barcas e nos ônibus, pois, mesmo já estrelas do cinema nacional, não dispunham do suficiente para o táxi. E Adelaide ainda tinha de carregar o pesado acordeão.
Ambas formaram uma dupla imbatível nas chanchadas de então. Sozinha ou ao lado da amiga, Adelaide Chiozzo gravou 18 discos de 78 rotações e um raro LP - Lar, Doce Melodia - ao lado de seu marido, o violonista Carlos Mattos.
Por sugestão de Paulo Gracindo, a Revista do Rádio promoveu um concurso para escolher a "Namoradinha do Brasil", através do voto dos leitores. Adelaide ganhou, de modo que até hoje ostenta oficialmente esse título, pois nunca mais houve outra eleição.
CAREQUINHA-SAI DE BAIXO-1956-CINEMA BRASILEIRO
Apresentação de trecho do Filme da época de ouro do Cinema Brasileiro. Na sequência, cenas com Carequinha e Fred, Renato Restier, Ivon Curi, Adelaide Chiozzo e outros nomes da época.
Em 1979, Adelaide Chiozzo e Eliana Macedo foram convidadas para representar na novela "Feijão Maravilha", de Bráulio Pedroso, na TV-Globo, oportunidade em que repetiram o duo em "Beijinho Doce" e outras músicas.
Adelaide foi estrela da Atlântida Cinematográfica (atuando em 23 filmes, inclusive em musicais com Oscarito e Grande Otelo) e renomada cantora da Rádio Nacional, onde atuou por 27 anos, participando, dentre outros, dos programas "Alma do Sertão" e "Gente Que Brilha".
Em seus mais de vinte discos gravados, é dona de sucessos como "Beijinho Doce", "Sabiá na Gaiola", "Pedalando" e "Recruta Biruta". Recebeu vários prêmios e troféus, entre os quais, o título de "A Namoradinha do Brasil" (a primeira do País) e participou também como atriz nas novelas da Rede Globo: Feijão Maravilha e Deus nos Acuda.
Adelaide, com seu famoso acordeão, já se apresentou por quase todas as cidades brasileiras, juntamente com seu esposo Carlos Matos, respeitado violonista brasileiro, e teve o seu espetáculo "Cada um Tem o Acordeon que Merece" aclamado pela crítica como o melhor espetáculo do ano de 1975.
Presença da 'cantriz' Adelaide Chiozzo na versão anos 80 do Programa Raul Gil no SBT.
Em Abril de 2003, foi agraciada pela Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, com o título honorário de "cidadã cearense".
Em 2006, participou do programa "Rei Majestade", no SBT.
Televisão
2010 - Uma Rosa com Amor ... Genoveva (Genô) - SBT
1992 - Deus nos Acuda ... Jucelina - Rede Globo
1979 - Feijão Maravilha ... Leonor - Rede Globo
FONTE
Wikipédia
Letras.com
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