sábado, 4 de janeiro de 2020

Minha Fama de Mau


Em 2001, Erasmo Carlos, compôs e gravou no álbum *Pra falar de amor* a música: Quem vai ficar no gol? 
Embora o título nos reporte ao futebol, esporte favorito dos brasileiros, a composição refere-se a corrupção dentro do contexto sócio-político-cultural, fazendo forte critica as mídias de comunicação de massa populacional, que a época do lançamento e também nos dias atuais, ora expõem, ora escondem e até mesmo distorcem os fatos, a depender, convenientemente, de suas afinidades com os envolvidos e os benefícios que daquele fato podem resultar. 

Para vencer o adversário é  precisa saber Quem vai ficar no gol? 

Erasmo faz uma pausa na música e tem uma conversa com o seu amigo Alcides citando como exemplo um cara que passou a vida ensinando algo ao filho e fazendo outra coisa bem diferente; e, então ele questiona: “Que que isso? Como é que fica? Como é que fica isso"? e, por fim conclui: "Este país precisa que alguém fique no gol. Este país não tem goleiro. Ele precisa que alguém fique no gol!” 



Paulo gravou um disco que não tocou em nenhum lugar

Se o povo não escuta, não cai no gosto e não vai comprar
É que o rádio só toca o que o povo quer escutar
E o povo só compra o que ouviu o rádio tocar
Me avisa, quem vai ficar no gol?

Quando o salário aumenta, a voz do povo quer festejar
É mais uma 'graninha' no fim do mês pra poder gastar
Só que pra ter o aumento o dinheiro sai de algum lugar
E seja de onde for, é o próprio povo quem vai pagar

Me avisa quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?

Gastou uma nota preta por um sapato italiano
Grife das mais famosas, seus pés na moda era o seu plano
Examinando o bicho, ficou com cara de imbecil
Embaixo da palmilha estava escrito "made in Brazil"
Me avisa quem vai ficar no gol?

João fez aniversário e convidou uma multidão
Num restaurante caro comemorou com muita emoção
Todos comeram muito e beberam mais do que já se viu
Quando chegou a conta o garçom gritou "seu joão sumiu!"

Me avisa quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?

Rosa namoradeira amava Antônio e Sebastião
Só que eles eram gêmeos e ela curtia a situação
Entre seus dois amores um belo dia ela se distrai
Quando nasceu o filho, os irmãos gritaram: "é a cara do pai"
Põe a rede na baliza, e me avisa

Me avisa quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?
Quem vai ficar no gol?

Alcides, veja só! O cara passa a vida, 
passa a vida inteira explicando pro filho:
"Meu filho, um dos mandamentos é:
'Não roubarás'. É feio roubar. 
Aí o menino: Sim papai, sim. 
E, aí a vida passa, vai passando. 
Aí um belo dia o menino abre o jornal tá escrito: 
Desviado dinheiro público 
Ai o menino olha do lado do jornal tá uma foto. 
Ele olha a foto e diz: É papai! É papai!
Que que isso? Como é que fica? Como é que fica isso? 
Este país precisa que alguém fique no gol. 
Ninguém quer ficar no gol. 
Este país precisa que alguém fique no gol. 
Este país não tem goleiro. 
Ele precisa que alguém fique no gol!

Em 01/09/2019, 
Erasmo Carlos publicou uma foto de Alcides em suas mídias sociais e se despediu do amigo dizendo: "Este é meu secretário, amigo e conselheiro Alcides Dutra da Silveira Filho... eminente ser humano, que durante 40 anos me ajudou a administrar as aventuras da minha história...ele morreu de câncer ontem deixando as lembranças dos momentos admiráveis que vivemos juntos, serei eternamente grato por isso...tenha a Paz merecida!"


Erasmo Carlos cresceu na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, cercado por elementos que tornariam sua identidade musical singular. Já adolescente, fez destacar sua personalidade no meio de um bando de fãs de rock´n´roll e bossa nova que se reunia no hoje famoso Bar Divino, na Rua do Matoso. Tim Maia e Jorge Ben, ambos maníacos por música, faziam parte dessa turma. Logo depois, conheceu o capixaba aspirante a cantor Roberto Carlos, quando concerto de Bill Haley no ginásio do Maracanãzinho. Aquela visão do herói do rock americano em solo brasileiro abriu a mente de Erasmo: de volta ao bairro, formou os Snakes com os dissidentes de outro grupo local, os Sputniks - que encerraram atividades após lendária briga entre dois de seus integrantes, Roberto Carlos e Tim Maia.



O grupo vocal de Erasmo estrelou algumas aventuras no underground do mercado musical, até ser contratado pela gravadora pernambucana Mocambo como "concorrentes" dos Golden Boys. Na Mocambo, The Snakes gravaram um bolachão de 78 RPM e também um compacto duplo em 1960, antes de chegarem, por fim, a um único LP, “Só Twist”, pela CBS em 1961. Como nem nesta oportunidade o grupo alcançou o sucesso, seu final foi decretado.


Sem seu conjunto e sem a perspectiva de gravação como artista solo, Erasmo foi arranjar trabalho como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial - por intermédio de quem viria a tornar-se crooner do grupo Renato & Seus Blue Caps, em 1962. Com Erasmo dividindo os vocais com o baixista Paulo César, Renato & Seus Blue Caps publicaram seu primeiro LP para a Copacabana. Curiosamente, não muito depois, os Blue Caps acompanhariam o próprio Roberto Carlos na gravação de "Splish Splash", numa versão para o português feita por Erasmo. O sucesso do disco garantiu não só a contratação de Renato & Seus Blue Caps pela CBS, como também o nascimento da lendária parceria entre Roberto e Erasmo.


Ao mesmo tempo, Erasmo - já com o nome artístico Erasmo Carlos - tornou-se versionista para diversos artistas. Isso, somado ao sucesso de suas parcerias com Roberto, o levou no final de 1964 até a gravadora RGE (mais direcionada à MPB e ao samba), para ser o nome do selo no já disputado mercado do iê-iê-iê. O pop-rock brasileiro, que começara com o rock´n´roll dos anos 50 e havia passado pelo twist do início dos anos 60, chegava ao iê-iê-iê naquele 1964 como um reflexo comportamental local à beatlemania. 

A Jovem Guarda agrupou as influências do pop britânico e ganhou popularidade definitiva a partir de setembro de 1965 - quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda. Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa em São Paulo por três anos seguidos, o programa deu visibilidade para que Erasmo e Roberto se tornassem os principais nomes e também compositores da Jovem Guarda, com talento de sobra para garantir material de qualidade até para os colegas. 

Em pouco mais de cinco anos na RGE, que se estenderam até o final dos anos 60, Erasmo gravou discos com acompanhamento dos amigos Renato e seus Blue Caps, os Fevers, The Jet Black´s e The Jordans, além do Som Três de César Camargo Mariano. Com o fim do programa (e do movimento) Jovem Guarda, Erasmo mergulhou ainda mais na bossa e na MPB que vinha tangenciando ao longo dos anos. Ele, que havia composto para festivais e até gravado "Aquarela do Brasil" em 1969 -, voltou a morar no Rio de Janeiro e foi contratado pela PolyGram.


Naquele início dos anos 70, a gravadora formou um elenco invejável de MPBistas e lá Erasmo deixaria gravados discos que bem mesclaram suas raízes roqueiras com as tendências da MPB. Influenciado pelo movimento tropicalista e pela música negra americana, cravou seqüência antológica de discos durante toda a década de 70, como “Carlos, Erasmo...” (1971), “Sonhos & Memórias 1941-1972” (1972) ou “Pelas Esquinas de Ipanema” (1978). Tal fase desembocaria, já no início dos anos 80, em período de grande sucesso comercial, com os discos “Erasmo Carlos Convida...” (1980), “Mulher (Sexo Frágil)” (1981) e “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor” (1982).

Após trabalhar mais esporadicamente durante a década de 90 (quando regravou antigos sucessos, participou de homenagens à Jovem Guarda e de discos-tributos vários), Em 2001, completou 60 anos e lançou seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”.. O show desse álbum foi lançado depois em CD e DVD: “Erasmo Ao Vivo”, que, além de registrar um momento histórico de um mito da música brasileira. 

No final de 2002, os 40 anos de carreira de Erasmo foram comemorados com o lançamento da caixa “Mesmo Que Seja Eu” – contendo toda a sua discografia no período 1971-1988, recheada de material bônus raro e inédito. 

No ano seguinte, ao final do 10º Prêmio Multishow de Música, Erasmo foi o grande homenageado da noite – com um prêmio especial pelo conjunto da obra. Sua discografia teve continuidade em 2004 com “ Santa Música “ só com material inédito e nos coroando em 2007 com Erasmo Carlos Convida II reunindo feras da MPB em torno de sua obra . A escalação dessa autêntica “ seleção brasileira “ passa por nomes como Chico Buarque, Lulu Santos, Zeca Pagodinho, Skank, Los Hermanos, Os Cariocas, Djavan, Adriana Calcanhoto, Simone, Marisa Monte, Kis Abelha e Milton Nascimento. 



Nesse período, começou a escrever o seu petardo literário “Minha Fama de Mau“ reunindo suas memórias e que veio a ser lançado em 2009. 

Neste mesmo ano, lançou seu mais recente CD intitulado tão somente “Rock n Roll“ com produção de Liminha e lançado por sua gravadora Coqueiro Verde Records, Erasmo retoma o seu lado mais roqueiro e conquista o prêmio de melhor CD do ano além de ser indicado ao Grammy. 

Lançou o álbum “Sexo” seguindo a trilogia, com participações nas composições de Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Chico Amaral, Nelson Mota e Frejat nas guitarras. 

No mesmo ano, foi premiado como melhor compositor pela APCA, indicado como melhor show pelo jornal O Globo, melhor capa nos últimos 25 anos pela Folha de SP, considerado como um dos melhores álbuns de 2011 e “Roupa Suja” entre as melhores músicas pela tradicional revista de música Rolling Stone. 


Em 2010, Erasmo compôs em parceira com Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle um samba enredo para a GRES Beija-Flor, que anunciou um enredo sobre Roberto Carlos para 2011, porém, o samba composto por Erasmo não passou nas eliminatórias, a canção escolhida foi "A Simplicidade de um Rei", que tem como um dos co-autores, JR Beija-Flor, filho do intérprete da Escola, Neguinho da Beija-Flor.

Erasmo lançou um novo disco intitulado Sexo em agosto de 2011. Ainda em 2011, participou do Rock In Rio ao lado de Arnaldo Antunes. Em 2012, o pai do rock brasileiro Erasmo Carlos encontrou-se com o pai do rock português Ruy Veloso nos palcos do Rock in Rio Lisboa.


Motivos para comemorar são muitos. Gentil como poucos, Erasmo Carlos quer dividir a festa conosco lançando um DVD e CD gravado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro ao vivo, parceria da Coqueiro Verde Records com o Canal Brasil, em comemoração aos seus 50 anos de estrada. 


O mais bonito de tudo é ver o cara em plena forma, se entregando com a mesma sede de palco de sempre, emocionado ao receber as participações da musa Marisa (cantando com ele Mais Um na Multidão, que gravaram juntos há alguns anos) e do amigo Roberto (com quem canta Parei na Contramão e É Preciso Saber Viver). 


O show faz um passeio por todas as fases da carreira de Erasmo, com sucessos como “Sentado à Beira do Caminho”, “Minha Fama de Mau”, “Mulher”, “Quero que tudo vá para o inferno”, entre outros clássicos conhecidos pelo seu grande público.

Em 2013 a faixa "Além do Horizonte" foi tema da novela homônima das 19 horas, também da Rede Globo. Em 2014, é lançado Gigante Gentil, seu terceiro disco consecutivo só com músicas inéditas.[16] O disco venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.

Em 14 de maio de 2014, seu filho Alexandre Pessoal, também cantor e compositor, morreu aos 40 anos de idade, vítima de morte cerebral causada por um acidente de moto em 7 de maio. Ficou em coma induzido, porém não resistiu ao tratamento e faleceu.

Em março de 2015, o deputado federal Tiririca foi condenado a pagar uma indenização a Erasmo e Roberto Carlos por parodiar a música O Portão nas eleições de 2014.[20] Em junho do mesmo ano, Erasmo lançou o DVD Meus Lados B, só com músicas "lado B" de seu repertório.

No dia 29 de agosto de 2018, o cantor foi indicado ao Grammy Latino: Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação, já no dia 13 de novembro de 2018, em Four Seasons Hotel, em Las Vegas, Erasmo Carlos foi homenageado e então recebeu o prêmio, insigne de "à excelência musical", o cantor sentiu-se lisonjeado.

Também vale sobre-exceder o prêmio UBC em 9 de outubro em 2018, em mesma data a "União brasileira dos compositores" ou simplesmente UBC, entrega ao cantor Erasmo Carlos o prêmio insigne "compositor brasileiro do ano", juntamente com essa remuneração, foi feita uma homenagem em forma de um documentário, neste documentário, inúmeros artistas atuais e clássicos compareceram, como por exemplo: Gilberto Gil, Ludmilla, entre vários outros, no documentário, esses ícones reforçam a importância de Erasmo Carlos na composição da música brasileira em geral.

Em dezembro de 2019, lançou o EP Quem Foi Que Disse Que Eu Não Faço Samba..., álbum dedicado a canções de samba e ao samba rock compostas ao longo de sua carreira.


Atualmente vem desbravando o Brasil com sua turnê Sexo & Rock´n´roll. Afinal de contas, ele é o brasa, o tremendo, o gigante gentil. O poeta (“com a força do meu canto esquento seu quarto pra secar seu pranto”) e o filósofo (“estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim”). O romântico incurável (“detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer”). O roqueiro inveterado (“pus a vida na mesa e resolvi jogar”). Uma autoridade na compreensão do amor, da mulher, da natureza. Vários Erasmos, todos coerentemente articulados no panorama desses 50 anos, comovendo e contagiando a galera. É o aniversário da estrada dele. E o presente é nosso.




Minha Fama de Mau é um filme brasileiro lançado em 2019, do gênero drama biográfico baseado na vida do cantor e compositor Erasmo Carlos. Na Tijuca dos anos sessenta, lutando e fazendo pequenos trabalhos, o jovem Erasmo Carlos possui uma grande paixão: o rock and roll. Fã dos artistas Elvis Presley, Bill Haley & His Comets, Chuck Berry, ele aprende a tocar violão e decide viver da música. Misturando seu talento e um pouco de sorte, ele conquista a admiração do apresentador de TV Carlos Imperial e através dele conhece Roberto Carlos, com quem começa a compor várias canções, a parceria se torna um sucesso e junto com Wanderléa eles ganham um programa de televisão chamado Jovem Guarda, onde são as atrações principais. Com todo o sucesso, Erasmo Carlos se torna o Tremendão, símbolo vivo do rock brasileiro.



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