quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Serrinha e Caboclinho


Serrinha ou Antenor Serra (26/6/1917, Botucatu/SP - 19/8/1978 ), foi um cantor, compositor, e violeiro brasileiroSerrinha aprendeu a tocar viola com Lopinho, famoso violeiro de sua cidade natal. Aos 15 anos já participava de serenatas e tocava em festas. Aos 18 anos, começou a trabalhar na Estrada de Ferro Sorocabana. Era sobrinho de Raul Torres, um dos pioneiros da música sertaneja, que também trabalhava na Estrada de Ferro Sorocabana. Era o segundo dos dois filhos de um italiano motorista de praça e de Isabel, irmã de Raul Torres, cantador e compositor, talvez a mais importante expressão até hoje da música caipira, com vasta discografia e incursões pela música sertaneja em geral, tendo começado como O Embaixador da Embolada em 1927.

Serrinha & Caboclinho - Depois Que A Rosa Mudou

A toada Chitãozinho e Xororó, de Serrinha em parceria com o letrista Athos Campos, é um clássico da música brasileira.

Chitãozinho e Xororó

Desde menino, Serrinha interessava-se pela viola, sempre a rodear Lopinho, violeiro de Botucatu, para aprender os mistérios do instrumento. Botucatu, aliás, tem sido berço de gente de destaque na arte cabocla: Tinoco (da dupla com Tonico), Carreirinho, Zé da Estrada (da dupla com Pedro Bento), Angelino de Oliveira (nascido em Itaporanga/SP, mas em Botucatu desde pequeno e onde compôs a célebre Tristezas do Jeca), Raul Torres entre outros. É terra também da jornalista Rosa Nepomuceno, autora do livro Musica Caipira, Da Roça ao Rodeio, Editora 34, 1999, obra básica do assunto.

Aos 15 anos, Serrinha já tocava em festas. Em 1935, com 18 anos, é admitido como conferente na Estrada de Ferro Sorocabana. Raul Torres, seu tio, nome já consagrado por muitos sucessos, numa das idas a Botucatu, constata-se que ele possuía qualidades suficientes para ser lançado e assim propõe que formem uma nova dupla. Para tanto era preciso que Serrinha se mudasse para a capital paulista.

Serrinha e Caboclinho - No Velho Ranchinho

Em 1937, foi providenciado a transferência de Serrinha para os escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, pois não convinha deixar a segurança desse emprego pelo risco da vida de cantador. Desse modo, tal qual Raul Torres, também ferroviário da Sorocabana, sempre ele soube conciliar ambas as atividades, deixando a música para o período da noite e os finais de semana. Aposentando-se na estrada de ferro, em 1968.


Em São Paulo, nesse mesmo ano de 1937, Raul Torres e Serrinha gravaram o primeiro disco (Cheguei na Casa da Véia/ De Terça Pra Quarta-Feira) através da gravadora Colúmbia, no total 4 discos com 8 músicas nessa marca. Ainda em 1937, a dupla transferiu-se para a RCA-Victor e nela ficou até 1940, com 33 discos e 50 músicas gravadas.


Em 1941, na Odeon, a dupla consegue a proeza de gravar 13 discos com 25 músicas em apenas uma semana de agosto desse ano! E foram páginas que enriqueceram a música sertaneja e brasileira: Cabocla Tereza, No Mourão da Porteira, Futebol da Bicharada, Adeus Campina da Serra, Que Moça Bonita!, Paraguaíta, Festança no Rancho Fundo, A Mulher e o Trem e muitas mais.


No total, gravaram 60 discos com 83 músicas. Serrinha fazia a segunda voz. Registre-se, de passagem, que Mariano da Silva (pai do acordeonista Caçuçinha) e Serrinha, em 1938, fizeram a gravação original da valsa Saudades de Matão.


Raul Torres e Serrinha depois, infelizmente, se separariam por motivos não-artísticos para nunca mais manterem qualquer tipo de relacionamento.

Quando chegou a São Paulo, em 1937, Serrinha foi morar numa pensão, onde conheceu Luiz Marino Rebelo, bombeiro de apelido Mulatinho, com o qual costumava cantar sem compromisso. Mulatinho seria mais tarde funcionário da Secretaria da Saúde. Na mesma rua morava Olinda Itália (1918), natural de Mauá, com quem Serrinha casou-se em 1940; e tiveram os filhos Sueli e Jony.


Tendo de prosseguir sua carreira, após desfeita a dupla com Raul Torres, Serrinha procurou Mulatinho e com ele formou novo duo. Sugeriu a mudança de Mulatinho para Caboclinho, mais de acordo com os gêneros sertanejos. A partir de 1943, Serrinha formou dupla com Marino Rabelo, o Caboclinho. Com a nova dupla, Serrinha pode desenvolver mais livremente sua capacidade de compositor, o que não acontecia na dupla com o tio Raul Torres, grande compositor.

Entre 1943 a 1957, é de se notar que poucas músicas não tiveram a autoria de Serrinha, com e sem parceiros, e muitas foram sucesso. A dupla Serrinha e Caboclinho gravou mais de 50 discos em 78 rpm.

Moreninha matadera

A Dupla sertaneja Antenor Serra (o Serrinha) e Marino Rabelo (o Caboclinho) formada a partir de 1943, gravou diversas modas de viola, entre as quais, "Mato-grossense", "Verdadeiro mineiro", "Mineiro caprichoso", "Moreninha matadera" e "O valor dessa viola", todas de sua autoria Serrinha; e foi premiada na Rádio Excelsior, no programa "A Hora da Peneira".

Chuá Chuá

A Dupla estreou na Victor no mesmo ano com a moda de viola "Fui nascido pra vancê" e o recortado "Recortando", ambas de Serrinha. Em seguida gravou também de autoria de Serrinha as modas de viola "Quando eu era carreiro" e "Eu nasci no mês de agosto".

Namoro na fronteira

No ano seguinte a dupla gravou a moda de viola "Patriota sertanejo", a valsa "Recordando Botucatu", ambas de Serrinha e o rasqueado "Namoro na fronteira", de Rielinho, entre outras.

Em 1945, a dupla Serrinha e Caboclinho gravou o rasqueado "Sertão de Minas", de Serrinha e Joaquim dos Santos a moda de viola "Saudades de boiadeiro" e de Serrinha a moda de viola "Caboco bão" e o rasqueado "Adeus Paraguai", entre outras.

Felicidade de caboclo

Em 1946 gravou a toada "Felicidade de caboclo", de Serrinha e Rielinho, o cateretê "Custe o que custá", de Caboclinho, a moda de viola "Cavalinho ventania", de Serrinha e Athos Campos e o rasqueado "Saudades", de Serrinha e Athos Campos.


Em 1947 gravou a toada "Chitãozinho e Xororó", parceria de Serrinha e Athos Campos e que se tornou um dos maiores clássicos da música sertaneja. No mesmo disco apareceu o rasqueado "Linda guarani", parceria com Caboclinho.

No ano seguinte gravou a moda de viola "Ambição de sertanejo", de Serrinha e Rielinho, a polca "Recordação", de Serrinha, Caboclinho e Rielinho e a moda de viola "Por teus amores", de Serrinha e Marcelino Costa Filho, entre outras.

Em 1949 gravou de Serrinha e Arlindo Pinto o valseado "Velho guasca". No mesmo período passou a gravar na Continental onde estreou como cateretê "Do que eu mais gosto", de Serrinha e Geraldo Costa e o cururu "Chorando no cururu", de Serrinha.

No ano seguinte a dupla gravou as toadas "História das lágrimas", de Ado Benatti e Serrinha e "Vamos churrasqueá", de Serrinha e as modas de viola "Os crimes do Dioguinho" e "A morte do Dioguinho", ambas de Ado Benatti, Anacleto Rosas Jr. e Serrinha.

Em 1951 a dupla gravou mais duas composições de Ado Benatti e Serrinha, as toadas "Velha palhoça" e "Bom Jesus de Pirapora". Regravou a toada Chitãozinho e Xororó na Continental (1951).

No ano seguinte foi gravada a toada "Os três beijos do calvário", de Serrinha, Campos Negreiros e Ado Benatti.

Quarto centenário

Em 1953 a dupla gravou duas homenagens à cidade de São Paulo, o catira "Quarto centenário", de Serrinha e o cateretê "Saudação a São Paulo", de Ado Benatti, Serrinha e Campos Negreiros.

O Fim do Zé Carreiro


Serrinha fazia a primeira voz. Entre os demais sucessos, O Fim do Zé Carreiro, Os Três Beijos do Calvário, Codorninha Mineira, Bom Jesus de Pirapora, Vai Canoa Vai, Velha Palhoça e outros.

Codorninha Mineira

Depois do falecimento de Caboclinho, Serrinha recomporia a dupla com Zé do Rancho (João Izidoro Pereira), sempre com Riellinho junto.

Em 1958, com a morte de Caboclinho, a dupla se desfez. Passou a fazer parceria a partir de 1958 com Zé do Rancho com quem gravou alguns discos. Formou, ainda, um trio de bastante sucesso ao lado de Rielinho e Zé do Rancho.


Serrinha é considerado, ao lado de Raul Torres, responsável pela introdução do uso do violão nas duplas caipiras.


Em 1968 Serrinha tem de deixar a vida artística por causa de problemas cardíacos. Mesmo assim vem a gravar um Lp independente em 1970. Faleceu com apenas 61 anos, em 19.8.1978, na sua Botucatu, que sempre enalteceu e amou.


Em 1981 teve a composição "Caçada de onça" gravada por Rolando Boldrin no disco "Caipira", pela RGE. O mesmo Boldrin voltou a registrá-lo em 1984 no disco "Empório brasileiro", pela Barclay, com a música "Mineiro de Monte Belo", com Lourival dos Santos.


FONTE


Um comentário:

Unknown disse...

No tempo que se cantava por puro prazer pela arte.