sábado, 6 de março de 2021

Mário Reis


Mário da Silveira Meireles Reis (Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1907 — Rio de Janeiro, 5 de outubro de 1981) foi um popular cantor brasileiro da era do rádio. Ganhou o epíteto de Bacharel do Samba. Nasceu numa família de classe média-alta. Sua mãe, Alice da Silveira Reis e seu pai foi Raul Meireles Reis (advogado, e também presidiu o America Football Club). Aos dois anos, mudou-se para a rua Afonso Pena nº 53, na Tijuca, indicando a ascensão social dos Reis e forjando o caráter elitista de Mário.


Em 1922, ele integrou a equipe juvenil do America, pela qual disputou o campeonato estadual da categoria na posição de meia-direita. Com quatro gols marcados, foi artilheiro da equipe, que se sagrou vice-campeã.Ele também se enveredou no tênis, chegando a integrar a seleção estadual.

Mário se formou em Direito em 1930 na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na turma de Ary Barroso (LLB, 1929), de quem era amigo e incentivador, tendo gravado sua primeira música ("Vou à Penha") e seu primeiro sucesso popular, "Vamos deixar de intimidades". Mas foi revelado por Sinhô, em 1928.



Com a ajuda de seu tio Guilherme da Silveira, que era amigo do presidente do Banco do Brasil, conseguiu um emprego no setor jurídico da instituição. Com a deposição do então presidente do Brasil Washington Luís ainda em 1930, Guilherme teve de deixar seu cargo e Mário aproveitou para pedir demissão na mesma época em que sua parceria dom Francisco Alves começava a decolar.


Carreira musical

Aprendeu violão com Carlos Lentini (Carlos Sertório de Freitas Lentini), então futuro integrante do Regional de Benedito Lacerda. Em 1926, aos 19 anos, encontrou Sinhô, compositor e instrumentista cognominado "O Rei do Samba", na loja de instrumentos e partituras A Guitarra de Prata. Mário o pediu que se tornasse seu professor. Sinhô aceitou após ouvi-lo cantar "Ora Vejam Só" e gostar de seu modo singular de cantar.

Depois de dois anos dedicados a aprimorar a técnica do pupilo, Sinhô apresentou Mário Reis a Fred Figner, o todo-poderoso da gravadora Odeon, que ao ouvi-lo cantar topou gravar um disco com a voz do até então desconhecido..Seu primeiro registro fonográfico, lançado em 1928 e bem recebido pela crítica, trazia "Que vale a nota sem o carinho da mulher" de um lado e "Carinhos de vovô" do outro. Além de Sinhô, Donga tocou violão em ambas. Mais tarde, Mário reconheceria a importância de Sinhô em sua formação musical, considerando-o responsável por lhe ensinar "o segredo do samba".

Parceria com Francisco Alves

Da esquerda para a direita: Pessoa desconhecida, Pery Cunha, Mário Reis, Francisco Alves, Noel Rosa e Nonô a bordo do navio Itaquera em 1932.

No mesmo ano em que saiu do Branco do Brasil, Mário iniciou uma parceria com Francisco Alves, mesmo ambos tendo vozes bem diferentes. Não se sabe qual dos dois teve a ideia da colaboração, que rendeu 24 músicas em 12 discos. O primeiro lançamento, de setembro daquele ano, vinha com "Deixa Essa Mulher Chorar" (Brancura) e "Quá-quá-quá" (Lauro de Barros, o Gradim) e foi criado com o melhor que as tecnologias da época poderiam oferecer.



Francisco, que tinha faro para negócios, decidiu transformar a dupla num espetáculo ao vivo, promovendo apresentações que traziam a participação de nomes como Lamartine Babo.[10]

Em 1931, um empresário argentino contratou a dupla para se apresentar em Buenos Aires; além deles, foram junto Carmen Miranda, Luperce Miranda, Artur de Souza Nascimento e uma equipe de bailarinos. Foram trinta dias de apresentações realizadas em duas sessões; o cantor de tango Carlos Gardel se apresentava entre uma e outra.


No ano seguinte, Mário, Francisco, Noel Rosa, Pery Cunha e Nonô fizeram uma turnê conjunta ao sul do Brasil.

Carreira solo

Ainda pela Odeon, lançou seu segundo disco de estúdio, com mais duas músicas de Sinhô: "Sabiá" e "Deus nos Livre do Castigo das Mulheres". Em novembro de 1928, veio o terceiro disco, de novo com duas obras de Sinhô: "Jura" e "Gosto Que Me Enrosco" (esta última teve a autoria de sua primeira parte reivindicada por Heitor dos Prazeres). Este terceiro disco vendeu 30 mil cópias nas primeiras semanas, quantidade considerava expressiva na época.




O estilo diferenciado de Mário ao cantar foi recebido inicialmente com estranhamento, mas eventualmente recebeu elogios da crítica. Por outro lado, tradicionalistas o acusavam de ser um "filhinho de papai" querendo ditar os rumos do canto de samba.

Para seu quarto disco, decidiu interpretar criações de outros compositores: "Vou à Penha", do colega de faculdade Ary Barroso, e "Margot", de Alfredinho Dermeval.

No carnaval de 1929, duas canções lançadas por Mário Reis gozaram de grande popularidade: "Dorinha, Meu Amor", de Freitinhas; e "Gosto Que Me Enrosco". Os sucessos impulsionaram a carreira do cantor, que totalizou sete discos lançados naquele ano.

Também naquele ano, Mário passou a compor, embora sob o pseudônimo Zé Carioca. Às vezes, comprava sambas de compositores do Estácio.


Em 1935, realizou uma segunda excursão pelo Sul, desta vez com Carmen Miranda, com quem participou da inauguração da Rádio Farroupilha e gravou muitos sucessos.Em janeiro de 1936, Mário gravou um disco com "Este Meio Não Serve" (Noel Rosa) e "Tira... Tira..." (Alberto Simões e Donga) que não foi bem recebido pela crítica. No dia 10 daquele mês, Mário deu sua carreira musical por encerrada.


Volta à música

Mário ainda realizou alguns trabalhos após se aposentar. Em 1939, gravou quatro músicas e participou de um programa da Rádio Nacional com Francisco Alves e Jean Sablon (da França); já em 1940, lançou duas músicas para o carnaval. Quase uma década depois, em 1951, lançou três discos. Mais outra quase-década depois, em 1960, lançou seu primeiro LP, Mário Reis Canta Suas Criações em Hi-Fi, pela Odeon. Em 1965, pela Elenco, lançou seu segundo LP, Ao Meu Rio, em homenagem aos 400 anos da sua cidade natal.

Em 1971, lançou o terceiro LP, auto intitulado, que trazia entre as faixas o samba "Bolsa de Amores", de Chico Buarque.


Também em 1971, Mário realizou aquela que é considerada sua real despedida da música: uma série de apresentações em três dias no chamado "Golden Room" do Copacabana Palace, que tiveram o então ex-presidente da república Juscelino Kubitschek e Chico Buarque em meio ao público; este último se emocionou com a interpretação que Mário fez de sua canção "A Banda".

Carreira no cinema

Mário estreou no cinema em 1935 nos musicais Alô, Alô, Brasil! e Estudantes. Neste último fez o papel de um estudante em uma relação amorosa com uma cantora de rádio chamada Mimi, interpretada por Carmen Miranda. Mais tarde, participou de Alô, Alô, Carnaval! (1936) e Joujoux e Balangandãs (1939).





Morte e legado

Mário morreu em 5 de outubro de 1981 de insuficiência renal e embolia pulmonar após complicações de uma cirurgia para tratar de um aneurisma abdominal. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, 

Em 1995 Júlio Bressane fez o filme O Mandarim sobre a trajetória de Mário Reis, que foi interpretado por Fernando Eiras.

Mário Reis, esteve presente na trilha sonora da telenovela Kananga do Japão (1989/1990), da extinta Rede Manchete, com a canção "Gosto que me enrosco", canção essa, que em 1995, viria a inspirar um samba enredo da Portela.

FONTE

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