sexta-feira, 8 de novembro de 2013

MPB4


MPB4 é um grupo vocal e instrumental brasileiro formado em Niterói, Rio de Janeiro, em 1965. A primeira formação contou com Miltinho (Milton Lima dos Santos Filho, Campos dos Goytacazes, 18 de outubro de 1943), Magro (Antônio José Waghabi Filho, Itaocara, RJ, 14 de novembro de 1943, São Paulo (cidade), SP, 8 de agosto de 2012), Aquiles (Aquiles Rique Reis, Niterói, RJ, 22 de maio de 1948) e Ruy Faria (Ruy Alexandre Faria, Cambuci, RJ, 31 de julho de 1937).



Em 2004 Ruy Faria saiu do quarteto. sendo substituído por Dalmo Medeiros (Rio de Janeiro, RJ, 26 de novembro de 1951), ex-integrante do grupo Céu da Boca, convidado para ficar em seu lugar.

Em 2012, o grupo perde Magro Waghabi, vítima de um câncer, aos 68 anos. O cantor, compositor e arranjador Paulo Malaguti Pauleira, ex-integrante do Céu da Boca e integrante do Arranco de Varsóvia, é convidado para substituir Magro. Após alguns shows por São Paulo, Fortaleza e Minas, sendo anunciando ainda como participação especial, nos dias 25 e 26 de janeiro de 2013, Paulo Malaguti Pauleira foi apresentado oficialmente como novo integrante do MPB4, em dois emocionantes shows no Rival Petrobras.



Seus principais gêneros musicais são o samba e o MPB. Com um repertório marcado por composições de personalidades da música popular brasileira, como por exemplo Noel Rosa, Milton Nascimento, Chico Buarque, João Bosco, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, o grupo apresenta-se em todo o Brasil, com sucesso de público e de crítica.

A formação do grupo ocorreu em meados de 1964, quando Aquiles, Magro, Ruy e Miltinho integravam o Centro Popular de Cultura, afiliado à União Nacional dos Estudantes - UNE. Magro e Miltinho eram estudantes do 3.º ano de Engenharia da Universidade Federal Fluminense - UFF. Ambos tinham formação musical iniciada desde criança: Miltinho aprendeu violão na adolescência com o instrumentista Jodacil Damasceno e Magro havia participado da Sociedade Musical Patápio Silva, além de ter aprendido teoria musical com Eumir Deodato e Isaac Karabtchevsky.


Ruy tinha acabado de se graduar em Direito pela mesma universidade e era escriturário da antiga agência do Instituto de Assistência e Previdência Social - IAPS. Ao mesmo tempo, trabalhava na noite carioca em dois grupos vocais e tinha sido ''crooner'' em Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro. Aquiles era estudante secundarista e participava do coral de uma escola estadual de Niterói.

De família católica, aos 17 anos, resolveu seguir carreira musical com os outros três integrantes.
Cada um dos integrantes tem um gosto musical diferenciado, embora eles tenham sido influenciados pelo grupo vocal Os Cariocas. Miltinho, desde a adolescência, curtia música americana e Bossa-nova com os grupos Os Cariocas e Tamba Trio. Aquiles, ao mesmo tempo que tinha preferência pelo Trio Irakitan, era fã de Elvis Presley. Magro gostava d

Em 1965, resolvem ser músicos profissionais e viajam para São Paulo. Já tinham gravado o compacto simples "Samba Bem", em 1964, pelo selo Elenco. No início, os quatro rapazes passaram por dificuldades, pois já haviam trilhado carreiras promissoras na época e seus familiares lamentaram a decisão tomada, embora não tenham enfrentado tamanhas resistências. Além disso, Aquiles era menor de idade e seu pai desejava emancipá-lo. Entretanto, tal procedimento era demorado e Ruy Faria tornou-se seu tutor. A passagem da adolescência para a vida adulta foi abrupta para Aquiles, segundo o relato de Ruy Faria, pois foi comparada à troca da Coca-Cola por cerveja.



Lá, entram em contato com artistas recém-lançados na época, como Chico Buarque, Nara Leão, Sidney Miller, Quarteto em Cy, entre outros. Desde o início do grupo, tornam-se ativistas de uma nova proposta, a de uma música brasileira mais popular a todos os que escutarem, de forma que sejam exaltados o povo brasileiro e seus costumes e, principalmente, a crítica à situação política do país, imerso na Ditatura Militar. Desta maneira, entraram em seu repertório as músicas de protesto e sambas.

A parceria com Chico Buarque iniciou-se nesta viagem e durou aproximadamente dez anos. Durante este período, o MPB4 firmou sua musicalidade e acompanhava-o em suas apresentações como escudeiro musical, com boas interpretações das composições de Chico, que já foi considerado como o "quinto integrante de um quarteto". Um dos maiores destaques nesta década são as músicas "Quem te viu, quem te vê" e "Roda Viva", ambas de 1967. Além disso, ganharam espaço também nos famosos festivais de música, produzidos pela Rede Record.

Em 1966, foi lançado o primeiro LP do grupo, com o título "MPB4". O destaque vai para as músicas "Lamento", "Teresa Tristeza". Em 1967, foi lançado outro trabalho, com as músicas "Quem te viu, quem te vê", "Brincadeira de Angola", "Cordão da Saideira" e "Gabriela", que ficou em 6.º lugar no III Festival da Música Popular da Rede Record.


Em 1968, lançam mais um LP com o mesmo título do grupo. Desta vez, a novidade é que cada integrante do grupo tem autonomia sobre uma faixa, como explicou Magro no programa Ensaio, de 1973. Aquiles cantou a música "Estrela é Lua Nova" com o coral da Escola Municipal de Niterói, onde estudou. Miltinho estreia como compositor na faixa "Vim pra ficar". Entretanto, apesar das inovações do grupo, o disco não obteve o reconhecimento esperado.

Ao mesmo tempo, os quatro rapazes enfrentavam dificuldades financeiras e a marca ferrenha da Censura, apesar de serem requisitados para apresentações nos palcos e na televisão. Além disso, em 1968, Chico Buarque vai à Itália para se proteger da Ditadura Militar. Sem seu parceiro, o grupo perdeu o norte e seus integrantes quase desistiram da carreira. O MPB4 tinha seus espetáculos encerrados a qualquer tempo pela Censura. Para dribla-la, os quatro integrantes tinham truques para enganar os censores, além de negociar as letras das músicas, prática que continuaria na década seguinte.


A composição vocal do MPB4 até 1968 era: Ruy, 1.ª voz; Magro, 2.ª; Miltinho, 3.ª; e Aquiles, 4.ª voz. A partir de então, quando Aquiles estudou belcanto (impostação vocal), sua professora discordou da sua posição nas vozes do quarteto e sugeriu a troca das posições vocais. Então, Miltinho, ficou com a 4.ª voz, e Aquiles, com a 3.ª. A troca permanece até hoje e percebe-se que a sonoridade das vozes ficou harmônica.

Em 1970, o MPB4 lança o LP "Deixa Estar", um dos marcos principais da carreira do quarteto. O destaque principal é a música "Amigo é pra essas coisas", de Aldir Blanc e Sílvio da Silva Júnior, que reflete também o espírito do quarteto em enfrentar dificuldades juntos. Como Chico Buarque ainda não estava no Brasil, a música foi uma espécie de "independência" ao parceiro, pois eles não seriam vistos mais como "Porta-voz do Chico", mas um quarteto vocal com personalidade própria. Outros destaques são "Candeias", com o primeiro arranjo vocal de Miltinho, "Boca do Mota", de Milton Nascimento e "Derramaro o Gai".



Em 1971, foi lançado o LP "De Palavra…Em Palavra....", que consolida o estilo do trabalho anterior. Destacam-se as músicas "Cravo e Canela", de Milton Nascimento, "O Cafona", Marcos Valle, "Eu chego lá", de Ataulfo Alves, "De Palavra…Em Palavra…", de Miltinho e Magro e "Pois é, pra quê", de Sidney Miller.

A parceria com Chico Buarque continua firme até meados desta década. Ele e o quarteto viajaram para alguns países, como Argentina e Portugal. As marcas da resistência e contestação contra o Governo Militar continuam firmes nos trabalhos do quarteto, mesmo que eles tenham seus espetáculos encerrados arbitrariamente e buscado negociações em Brasília. A questão financeira também seria complicada para o MPB4, como explica Ruy Faria, em entrevista concedida à jornalista Rosa Minine. Para custear as apresentações, eles pegavam empréstimos aos bancos e, mesmo assim, corriam o risco de ter o investimento perdido com um simples ato da Censura. Mesmo alcançando sucesso de crítica e público, o sossego contra as perseguições viria a partir de 1979, ano da Lei da Anistia.


O ano de 1972 foi importante para o MPB4, pois é lançado o LP Cicatrizes, considerado como um dos trabalhos mais promissores. Miltinho destaca-se como compositor da música-título, com a parceria do jovem Paulo César Pinheiro. Os arranjos instrumental e vocal de Magro tornam-se mais ousados, com destaque para as músicas "Agiboré", "San Vicente", "Partido Alto" de Chico Buarque, "Pesadelo" e "Agiboré".

Ainda no mesmo ano, o MPB-4 foi considerado como o melhor Conjunto Vocal pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Um dos jurados que participou da votação foi o jovem jornalista Maurício Kubrusly.



Em 1973, o quarteto grava a música-tema de O Bem-Amado, composta por Toquinho e Vinícius de Moraes, para a novela de Dias Gomes. Com o nome de Coral Som Livre, os rapazes do quarteto cantam de forma escondida, para driblarem os censores, que teimavam em persegui-los.
No mesmo ano, o quarteto participa das apresentações do projeto Phono 73, ao lado de Chico Buarque. Justamente no período mais duro da Ditadura Militar brasileira, este evento ganhou um viés político, a partir da apresentação de artistas que foram perseguidos pelo regime, como Gal Gosta, Caetano Veloso, Gilberto Gil. Além disso, destacaram-se também os estreantes Raul Seixas e Odair José, e artistas consagrados, como Elis Regina.


Em 1974, o MPB-4 lançou dois excelentes LPs, com avaliações positivas da crítica e do público. O LP Antologia reúne pout-pourri de vários sambistas e outros nomes consagrados da música brasileira, como Dorival Caymmi, Noel Rosa, Paulinho da Viola e o próprio Chico Buarque. Este disco alcança a venda de 70.000 cópias, um valor expressivo para a época. O LP Palhaços e Reis destaca-se pelas composições de Gonzaguinha e Ivan Lins, tais como Tá Certo, Doutor e Palhaços e Reis, que também ganharam relevo nas vozes do quarteto e nos arranjos inovadores de Magro.



No ano seguinte, 1975, o MPB-4 emplaca o sucesso Porto, para a novela Gabriela Cravo e Canela. A mesma música é usada também no remake desta novela, em 2012, com muito sucesso. Ainda por cima, lança o LP MPB-4 10 anos, em comemoração ao décimo aniversário do grupo. Destaques para as músicas Inbalança e De Frente Pro Crime.

Nos anos 1970, participaram de espetáculos históricos, tais como Construção (1971), Phono 73 (1973), MPB-4 no Safári (1975) e Cobra de Vidro (1978). Além disso, lançam discos que consolidam a carreira do quarteto vocal, tais como De Palavra em Palavra, (1971), Cicatrizes (1972), Canto dos Homens (1976) e Cobra de Vidro (1978), entre outros trabalhos de sucesso de crítica e público.

 
Nos anos 1980, lançaram dois trabalhos infantis Flicts (com o Quarteto em Cy, em 1980) e Adivinha o que é (1981), além da participação no especial da Globo, Arca de Noé, com a música 'O Pato'. Outro trabalho de destaque é o disco "Amigo é Pra Essas" Coisas (1989), com a participação dos filhos dos integrantes do MPB-4 na banda de acompanhamento.

 
Nos anos 1990, lançaram discos importantes e com grande aceitação de crítica e de público, como Samba da Minha Terra (1991). Os primeiros discos do grupo, ao vivo, foram A Arte de Cantar ao Vivo (1995) e Melhores Momentos (1999). Continuam com a parceria com o grupo Quarteto em Cy em Bate-Boca (1997) e Somos Todos Iguais (1998).

Em (2000), o quarteto lança dois trabalhos, um deles com o Quarteto em Cy, Vinícius e a Arte do Encontro. Em (2004), Ruy Faria sai do grupo e Dalmo Medeiros torna-se integrante do MPB4. Em 2006, é lançado o DVD "MPB-4 40 Anos", com a participação de Chico Buarque, Milton Nascimento, Cauby Peixoto, Roberta Sá, entre outros artistas consagrados. Em 2008, o grupo gravou, junto com Toquinho, CD e DVD ao vivo, lançados pela Biscoito Fino.

Em 2012 é lançado, pela Biscoito Fino, o CD Contigo Aprendi, com versões inéditas para o português feitas por diversos compositores brasileiros, para grandes boleros. Magro Waghabi morre em São Paulo (SP) após uma longa batalha contra o câncer, no dia 8 de agosto de 2012, aos 68 anos. Paulo Malaguti Pauleira entra em seu lugar.



Curiosidades
  • Hoje, Dalmo Medeiros ocupa a posição vocal do Ruy Faria, que é a 1ª voz;
  • Um dos jurados da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) que participou da votação para eleger o MPB4 como melhor Conjunto Vocal, em 1972, foi o jornalista Maurício Kubrusly;
  • Em 2007, Ruy Faria obtém seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, após 43 anos de formado. Ele estudou Direito pela Universidade Federal Fluminense - UFF e abdicou da carreira de advogado para seguir com o grupo. Hoje, trabalha também como advogado em um conceituado escritório do Rio de Janeiro;

  • Mesmo fora das atividades do grupo, seus integrantes continuam realizando atividades paralelas com grande versatilidade. Magro é um dos mais requisitados arranjadores instrumentais e vocais de vários artistas e mantém um bar no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Aquiles é escritor, colunista de dois jornais, e mantém um programa de rádio semanal "O Gogó de Aquiles". Miltinho é empresário do grupo e de alguns outros artistas, além de ser convidado como instrumentista para participar de discos com outros artistas. Dalmo Medeiros envereda pelo lado comunicador, divulgando as atividades do grupo no site oficial e no Orkut, além de ser produtor de outros artistas;

  • Dalmo Medeiros é sobrinho de Cauby Peixoto, que participou do DVD MPB-4 Quarenta Anos ao Vivo (2007). A música cantada foi Conceição, um dos maiores sucessos de Cauby;
  • Dalmo Medeiros participou do grupo 'Céu da Boca' e trabalhou também no LP de Kleiton e Kledir, na música 'Navega Coração' (1981). Além disso, ele é graduado em Jornalismo e História;
  • Os filhos dos integrantes do MPB-4 acompanham seus pais em excursões e gravações de trabalhos. Marcos Feijão, filho de Miltinho, na percussão e bateria; Pedro Reis, filho de Aquiles, no bandolim e guitarra; João Faria, filho de Ruy, no baixo;
  • Na contracapa do disco "Adivinhe o que é" (1981), podemos encontrar as fotografias de cada integrante do grupo, quando eles eram crianças. Existe também uma grande fotografia do quarteto, reunido com os seus filhos;
  • Ruy Faria grava seu primeiro trabalho, após seu desligamento do grupo, com Carlinhos Vergueiro, intitulado "Só Pra Chatear"(2005);
  • Em Abril de 2008, Ruy Faria adapta e dirige o espetáculo musical "Calabar", de Chico Buarque e Rui Guerra, no Teatro Niemeyer, Niterói;
  • Em 1982, Aquiles foi eleito presidente do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro. Em 1985, ainda no sindicato, organizou a produção e o lançamento do compacto simples "Nordeste Já", reunindo vários artistas brasileiros cantando duas músicas. O sucesso foi muito grande e o dinheiro arrecadado foi para auxiliar cidades mais pobres da Região Nordeste;

  • Aquiles, com senso agudo de organização e gerência, foi também empresário do grupo entre 1988 e 1990, um período muito fértil para o MPB-4. Em 1990, foi montado o espetáculo "Niterói, Niterói", em que o grupo cantava em uma das barcas de Niterói;
  • Miltinho é o integrante com maior referência musical. Possui boa habilidade com o violão e com os arranjos vocais e instrumentais. Compôs inúmeras músicas em parceria com Alceu Valença, Chico Buarque, Maurício Tapajós, Paulo César Pinheiro e Magro, entre outros.
  • Aquiles enveredou para o caminho das letras, ao escrever as críticas musicais de álbuns recém-lançados de outros artistas para diversos jornais de grande circulação. Os textos são caracterizados por uma linguagem técnica profunda, além de grande sensibilidade artística. Além disso, em 2004, lançou seu livro, o Gogó de Aquiles, pela editora A Girafa;
  • Magro revelou-se um erudito em música ao apresentar seu programa Vozes da Música, cujo link encontra-se no sítio oficial do MPB-4.


fonte

http://pt.wikipedia.org/wiki/MPB4

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