sexta-feira, 27 de maio de 2016

Almirante


Henrique Foréis Domingues (Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1908— Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1980) foi um cantor, compositor e radialista brasileiro, também conhecido por Almirante. Filho de Eduardo Foréis Domingues e Maria José Foréis, nasceu em Vila Isabel, tradicional bairro carioca.

Aprendeu a ler em Barbacena, continuando depois seus estudos em um colégio de Friburgo onde estudou um pouco de alemão. Com a morte de seu pai, em 1924, começou a trabalhar como caixeiro de uma loja. Em 1925, empregou-se no comércio, na seção de vidros e santos da Casa Cruz, depois numa fábrica de linhas e em seguida no Magazine Costa Guimarães. 

Seu apelido, Almirante, teve origem no período em que serviu na Marinha (1926-27), quando teve oportunidade de desfilar ao lado do comandante da Reserva Naval, em traje de gala, sendo confundido com um almirante. Seu codinome na Era de Ouro do Rádio era: "a mais alta patente do Rádio", graças a programas inovadores como Curiosidades musicais entre outros.


Depois de servir à Marinha, Amirante estudou Contabilidade, chegando a ser guarda-livros de algumas firmas comerciais. Em 1928, conheceu João de Barro, "Braguinha"; e este convidou-o, um dia, para uma festa em sua casa. Braguinha organizara um conjunto musical para se divertirem. Foi convidado, nessa mesma noite, para ser o pandeirista do conjunto, que era conhecido como Flor do Tempo, e contava com os violonistas Álvaro Miranda Ribeiro (Alvinho) e Henrique Brito.

Pioneiro da música popular no país, Almirante começou sua carreira musical em 1928 no grupo amador "Flor do Tempo" formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, como cantor e pandeirista. Compunham o grupo, além de Almirante (cantor e pandeirista) os violonistas Braguinha (João de Barro) Alvinho e Henrique Brito. 


Em 1929, convidados a gravar um disco na Parlophon (subsidiária da Odeon) admitem mais um violonista, do bairro vizinho de Vila Isabel, um jovem talento chamado Noel Rosa. Depois de participar, com muito sucesso, de várias festas e shows, o conjunto foi convidado a fazer gravações. Diante da impossibilidade de levar toda aquela multidão (de 20 a 30 pessoas) para o estúdio, combinaram então que fariam um conjunto menor com Braguinha (violão e vocal), Noel Rosa (violão), Henrique Brito (violão) e Almirante (pandeiro e vocal) e por sugestão de Braguinha adotaram o nome de "Bando dos Tangarás".


Segundo a lenda, os Tangarás se reúnem em grupos de cinco e fazem uma roda de dança. O grupo então é rebatizado para Bando de Tangarás, nome inspirado numa lenda do litoral paranaense, a "dança dos tangarás" que conta a história de um grupo de pássaros (os tangarás) que se reúne para dançar e cantar alegremente.


Ao lado de Noel Rosa e Braguinha, iniciou sua carreira artística em 1928, no conjunto Bando de Tangarás. O "bando" se desfez em 1933 mas Almirante continuou sua carreira como cantor, interpretando sambas e músicas de carnaval, muitas de grande sucesso e hoje clássicos da música popular brasileira, como "O Orvalho Vem Caindo" (Noel Rosa / Kid Pepe), "Yes, Nós Temos Bananas" e "Touradas em Madri" (João de Barro/Alberto Ribeiro), entre outras.


Almirante foi parceiro de Carmen Miranda em discos e filmes nacionais. Em 1931 iniciou a sua carreira solo. Participou dos filmes Alô, alô, Brasil, Estudantes, Alô, alô, carnaval e Banana da terra. No carnaval de 30, Almirante lançou a música “Na Pavuna”, um dos seus grandes sucessos.


Em 1938 inicia a carreira de radialista onde lhe é atribuído o “slogan” A Mais Alta Patente do Rádio. Em 18 anos de atividade no rádio, estreou mais de vinte programas. Entre eles, destacamos: Caixa de perguntas (1938), A canção antiga (1941), Campeonato brasileiro de calouros (1944), Carnaval antigo (1946), Incrível! Fantástico! Extraordinário (1947), No Tempo de Noel Rosa (1951), Recolhendo o folclore (1955), entre outros. Além de todas estas atividades, Almirante foi colecionador de dados relativos a história da MPB, tornando-se uma das maiores autoridades no assunto. 

Em 1951, tornou-se o primeiro biógrafo do Poeta da Vila, ao produzir para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas semanais No Tempo de Noel Rosa, com histórias, depoimentos e interpretações de suas músicas, muitas delas inéditas. Entre 18 de outubro de 1952 e 3 de janeiro de 1953, publicou na Revista da Semana, em capítulos, A Vida de Noel Rosa.

Casou-se com Ilka Braga Domingues, irmã de Braguinha, passando a residir, por coincidência, na Rua Almirante Cockrane, em um edifício também chamado Almirante (Cockrane). Em janeiro de 1958, quase morreu, vítima de derrame cerebral, que o obrigou a reaprender a falar, fato que o marcou profundamente a partir de então. 

Em 1963, com o mesmo título da série radiofônica, a editora Francisco Alves lançou seu livro sobre o ex-companheiro do Bando de Tangarás. O livro No Tempo de Noel Rosa, a primeira biografia eficaz do Poeta da Vila. 


A morte de Almirante foi causada por uma aneurisma cerebral. Faleceu no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1980.


Em 1990, Sérgio Cabral publicou o livro No Tempo de Almirante.

Curiosidades:

Em 1926, foi fazer a reserva naval, na Marinha de Guerra do Brasil, estudando de noite para não perder o emprego. No ano seguinte, a 5 de julho, participou das solenidades de recepção do hidroavião Jaú. Em um carro que cruzava as ruas da capital, com o Capitão Matias da Costa, dirigente da reserva, sentado na frente, ia ele atrás, como ordenança, instalado em um banquinho, todo duro e engomado. Na rua, perguntavam: "Quem é o da frente?" É o comandante. Esse aí atrás? Ah, esse deve ser o Almirante! O apelido pegou. E o reservista naval Henrique Foréis Domingues foi definitivamente promovido a Almirante, ao menos para a MPB.


Almirante dedicou sua vida à divulgação e à preservação da memória musical brasileira, tendo organizado um vasto acervo de livros e discos que se tornou importante fonte de pesquisa sobre o folclore e a música popular brasileira.

Em 1965, seu arquivo foi incorporado ao MIS, Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. A coleção de Almirante adquirida pelo governo do estado na época da inauguração do MIS, é composta de milhares de partituras, livros, fotos, recortes de jornais, além de instrumentos musicais que pertenceram a músicos brasileiros famosos.


Bom amigo e admirador de João Pernambuco, foi Almirante que tomou a sua defesa na contenda com Catulo da Paixão Cearense pela autoria da música de Caboca de Caxangá e Luar do Sertão. Sobre essa questão complicada e controversa, Almirante escreveu as páginas mais equilibradas no livro No Tempo de Noel Rosa (1963). Almirante preservou no seu arquivo numerosas músicas de Pernambuco, sobretudo vocais.

Seus maiores sucessos:
1930 Na Pavuna
1931 Eu Vou Pra Vila
1931 Já Não Posso Mais
1933 Prato Fundo
1933 Moreninha da Praia
1933 Contraste
1933 O Orvalho Vem Caindo
1934 Menina Oxigenê
1934 Ninguém Fura o Balão
1935 Deixa a Lua Sossegada
1935 Pensei Que Pudesse Te Amar
1936 Amor em Excesso
1936 Marchinha do Grande Galo
1936 Levei Um Bolo
1936 Tarzan (O Filho do Alfaiate)
1937 Vida Marvada
1937 Apanhei Um Resfriado
1938 Yes, Nós Temos Bananas
1938 Touradas em Madrid
1939 Hino do Carnaval Brasileiro
1939 Vivo Cantando
1939 O Que é Que Me Acontecia
1940 Minha Fantasia
1941 Não Sei Dizer Adeus
1941 Qual Será o Score Meu Bem?
1951 Marchinha do Poeta


FONTE

https://pt.wikipedia.org/wiki/Almirante_(compositor)

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