quarta-feira, 8 de agosto de 2012

João Só


João Só ou João Evangelista de Melo Fortes (Teresina, 3 de novembro de 1943 — Salvador, 20 de junho de 1992) foi um cantor e compositor brasileiro. Caçula entre os 12 filhos de Tito Fortes e de Irene Couto de Mello, aprendeu a tocar os primeiros acordes de cavaquinho quando ainda era criança, tendo começado a estudar vários instrumentos aos 15 anos, na época em que veio com a família de Teresina para Salvador.


Em 1971 defendeu seu primeiro sucesso, Canção para Janaína, no sexto Festival Internacional da Canção. Em seguida gravou aquele que seria seu maior sucesso, Menina da Ladeira.

Ainda do começo da década de 1970 datam seus outros êxitos: Ando na Velocidade e Copacabana. A partir de 1978, João Só passou a se dedicar somente a shows, tendo se apresentado centenas de vezes por todo o Brasil, deixando gravados 15 discos e algumas fitas, contendo mais de 40 músicas de sua autoria, nos 20 anos de sua carreira. Entre elas, curiosamente, também compôs o primeiro hino oficial do time de futebol Londrina Esporte Clube, "Bandeira do Meu Coração", na sua campanha de 1977. Faleceu em decorrência de um infarto, aos 48 anos, quando já se encontrava esquecido pelo grande público.


Os versos "Menina que mora na ladeira/ E desce a ladeira sem parar/ Debaixo do pé da laranjeira/ Ela senta pra poder descansar..." tocaram sem parar durante todo o ano de 1971. "Fico feliz de ter ficado em primeiro lugar, na frente da musica Jesus Cristo, do meu amigo Roberto Carlos", orgulha-se João Só. Vinte anos depois, Roberto Carlos continua Rei, Menina da ladeira foi regravada no último disco disco de Neguinho da Beija-Flor, mas passou despercebida. João Só é lembrado em programas de flash back.

O sucesso passou, os fãs sumiram, e as gravadoras não o disputam mais. João Só resiste. Deixou o Rio, voltou a morar na casa dos pais, em Salvador, e continua criando. Sua última composição que está num disco independente, é Qual é a música?. "Qual é a música que faz você não me esquecer?", pergunta o autor. Menina da ladeira é claro. Um sucesso inesquecível. Houve uma época que ele tentou se livrar desta homenagem que fez em 1968 para as meninas de Salvador.

Depois do estouro do compacto simples, em 1971, a Odeon produziu um LP e dois compactos duplos de João. Em todos incluiu Menina da ladeira. Haja sucesso! "Ela ofuscava todas as outras faixas. Quando ia nas rádios, ninguém queria saber do resto do disco." João ficava calado, aproveitava para fazer shows e programas de tevê. Até que cansou. "Se eu tivesse continuado naquele ritmo de toada, estava emplacando até hoje." João Só radicalizou. Saiu da Odeon e começou a fazer samba-canção e bolero. Não deu certo.

Em 1978 trocou o Rio por São Paulo, onde ficou até 1984. Voltou para Salvador. Os 12 meses ininterruptos de sucesso não garantiram ao compositor um futuro tranqüilo. Até o segundo semestre de 1972, quando a música já tinha caído para o oitavo lugar, João não recebeu um centavo de direito autoral. "O autor tinha que se filiar a uma entidade que arrecadaria os direitos, mas eu não sabia", diz. "Perdi muito dinheiro por não me cercar das pessoas certas." Não há nenhum rancor nisso. João Só não lamenta o fim do sucesso e muito menos o fato de ter que cantar em casas noturnas de Salvador, recebendo Cr$ 500 de couvert artístico por pessoa. "O dinheiro não é tudo na vida". João continuou com aquele mesmo jeito tímido do final dos anos 60 quando trabalhava na TV Aratu e o produtor David Raw perguntou qual era o seu nome. "É João, só."

MÁRCIA VIEIRA

FONTE


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