domingo, 11 de dezembro de 2011

José Ricardo


José Alves Tobias (6/3/1939 Rio de Janeiro/RJ - 11/5/1999 Rio de Janeiro/RJ). Iniciou a carreira artística ainda criança, apresentando-se no programa "Ritmos da Polícia Militar", na Rádio Guanabara. Posteriormente apresentou-se num programa de calouros comandado por Isaac Zaltman, na Rádio Mauá.

Em 1963, recebeu da Revista do Rádio o prêmio de "Revelação do ano". Contratado pela RCA Victor, gravou em 1964, um compacto simples com a canção "Eu que amo somente a ti", versão de Aldacir Louro para a canção italiana "Io che amo solo te", de Sérgio Endrigo. A gravação foi hit em programas de Rádio como "Grande parada Pastilhas Valda", apresentado por César de Alencar na Rádio Nacional.

Nesse mesmo ano, "Eu que amo somente a ti" foi incluída no LP "Juventude esquema 64", da RCA Victor, que contou com as particpações de Rosemary, Sergio Murilo, Adilson Ramos e outros. Participou, ainda em 1964, do LP "Rio de Janeiro (400)", da RCA Victor, lançado em homenagem ao quarto centenário de fundação da cidade, interpretando "Terra carioca", de Antônio Almeida, e "Rio de Janeiro", de Ary Barroso.

Com o sucesso de sua primeira gravação, lançou, em 1965, seu primeiro LP, intitulado "Eu que amo somente a ti", e que, além da música título, incluiu as músicas "Por que só penso em ti" e "Canção da serra", ambas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim; "Me disseram que", versão de Mojica para "M'hanno detto che", de Del Turco, Meccia e Endrigo; "Travesseiro", de José Messias; "Somente uma saudade" e "Delírio de amor", de Hélio Justo e Dayse Justo; "Choro de amor", de Erasmo Carlos e Renato Barros; "O meu mundo (Il mio mondo", de Bindi, Paoli e E. Guerrieri; "Amor traiçoeiro", de Tito Climent; "Quando é hora de adeus", de Jorge Smera e Paulo Gesta, e "Anamaria", de Sérgio Endrigo, e versão de Aldacir Louro.

ANAMARIA - JOSÉ RICARDO

Com o sucesso alcançado, foi contratado pela Rádio Nacional e passou a ter um horário dentro do programa Manoel Barcelos. Nesse ano, recebeu o "Troféu Cidade do Rio de Janeiro", entregue pela Prefeitura no ano do IV centenário da cidade e ganhou o título de "Favorito da Nova Geração".

Ainda em 1965, participou de três coletâneas na RCA Victor: "Carnaval quatrocentão" cantando a marcha "Cem", de José Messias; "Nova geração", com as músicas "Delírio de amor", de Hélio Justo e Dayse Justo, e "Me disseram que (M'hanno detto che)", de Turco, Meccia, Endrigo e Mojica, e no LP "Carnaval RCA 66", visando o carnaval do ano seguinte, cantou a marcha "Abrigo", de Anicio Bichara.

No mesmo período, particiou do programa "Encontro com os brotos", apresentado por José Messias na Rádio Guanabara, o que lhe permitiu ser um dos precursores da Jovem Guarda que, na mesma época, começava a estourar em São Paulo a partir do programa da TV Record. Também nesse ano, venceu o Festival da Canção, com a música "Gina".

Em 1966, lançou o LP "Lembra de mim", com música título de A. Bernabini e H. Djian, com versão de Rossini Pinto. Esse LP incluiu ainda as composições "Por que foi", de Renato Correia e Neusa de Souza; "Além do adeus", de Carlos Cruz e Almeida Rego; "Minha amargura", de Silvinha e Adelaide Chiozzo; "Dá-me", de Adilson Godoy; "Eu te amo (Ti amo)", de Reverberi e Calabrese, com versão de Paulo Queiros; "Tudo que te quero", de Donaldson Gonçalves e Renato Correia; "Você nunca poderá partir (You can never stop me loving you", de I. Samwell e J. Slater, em versão de Rossini Pinto; "Pelo bem maior", de Elizabeth, "Canção para nem chorar", de Ribamar e Roberto Faissal; "Eterna paixão", de Adelaide Chiozzo e Carlos Matos, e "O homem que não sabia amar (Love theme from "The Carpetbaggers", de E. Bernstein, com versão de sua autoria. No mesmo ano, sua gravação para a canção "O homem que não sabia amar" foi incluída no LP "14 sucessos VOL. 2" da RCA Victor.

Em pleno sucesso, foi convidado para atuar nas TVs Rio e Record e apresentou-se nos históricos programas "Corte Rayol Show", "O fino da bossa", "Esta noite se improvisa" e "Jovem Guarda".

Em 1967, participou de duas coletâneas da RCA Victor: "14 sucessos do yê-yê-yê", com a canção "Gina", e "Carnaval jovem", cantando a marcha "Se tudo na vida é amor", de José Messias e Anicio Bichara. Em 1969, juntamente com a cantora Marília Barbosa e o cantor Victor Hugo, participou do LP "Para viver um grande amor", com músicas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, no qual interpretou as canções "Brigas nunca mais" e "Se todos fossem iguais a você", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e "Primavera", de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, além de cantar em dueto com Marília Barbosa as músicas "Este seu olhar" e "Só em teus braços", de Tom Jobim.

Nesse ano, gravou a balada "Algum dia", versão de Rossini Pinto para "I shall be released", de Bob Dylan, para o LP "As 13 de mais sorte", da gravadora Caravelle. Participou ainda do LP "Juventude e ritmo", da RCA Victor, interpretando as músicas "Preciso de você demais", de Roberto Correia e Sylvio Son, e "A palavra é você", de Welton Sant'Ana.

Em 1970, lançou, pela gravadora Caravelle, o LP "José Ricardo", no qual interpretou "Samba da madrugada", de Dora Lopes, Carminha Mascarenhas e Herotides Nascimento; "Sertaneja", de René Bittencourt; "Ninguém me ama", de Fernando Lobo e Antônio Maria; "Leva meu samba", de Ataulfo Alves; "Ai que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", de Ataulfo Alves e Mário Lago; "Pela rua" e "Quem foi", de Dolores Duran e Ribamar, "Violão", de Wilson Ferreira e Vitório Júnior, "A última canção", de Guilherme Augusto Pereira, "Tudo acabado", de J. Piedade e Osvaldo Martins, "Olhando o céu" e " Vê que luar", de José Messias, "Serenata do adeus", de Vinicius de Moraes, e "Noite chuvosa", de Britinho e Fernando César.

No mesmo ano, participou do LP "As 13 de sorte", da gravadora Caravelle, com a interpretação da música "Esta noite (Stasera)", de Palumbo e Tayolí, em versão de Ernâni Campos. Em 1971, participou do LP "Nosso carnaval", Outra coletânea carnavalesca da gravadora Caravelle, interpretando a marcha "Meus cabelos grisalhos", de José Messias.

Em 1972, a gravadora Odeon lançou duas coletâneas com gravações suas: "Só sucessos - VOL. 10", com a canção "Oração de um jovem triste", e "Em tempo de romance" com a música "São coisas da vida". No ano seguinte, sua gravação da música "A rosa", de Lourival Faissal, foi incluída no LP "Só sucessos VOL. 11", da Odeon.

Em 1974, lançou, pela Odeon, o LP "José Ricardo", que contou com a direção musical do maestro Gaya, e no qual gravou "A canção que eu fiz (La chanson pour Anna)", de André Popp e J. C. Massoulier, e versão de Rossini Pinto; "Não vou te esquecer", de Fernando Vespar; "Vem tirar-me da fossa", de Roberto Correia e Jon Lemos; "Sempre no meu coração (Always in my heart)", de Ernesto Lecuona, e versão de Mário Mendes; "É tarde pra recomeçar", de Miguel, Rossini Pinto e José Augusto; "Minha solidão", de J. Ricardo e Sebastião Ferreira da Silva; "Pensando bem", de Jovenil Santos e Paulo Debétio; "Negue", de Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos; "Tenho vontade de dizer", de Dora Lopes e Clayton Werre; "Como eu queria voltar a ser criança", de Roberto Correia e Jon Lemos; "Chega", de Paulo Debétio e Mercier, e "Descobri meus erros", de Miguel, Iracema Pinto e José Augusto.


Em 1975, sua gravação para a canção "Sempre no meu coração (Always in my heart", foi incluída no LP "Flashback nacional", da gravadora Coronado/EMI-Odeon. No mesmo ano, o LP "Preferência nacional", da gravadora Odeon, incluiu sua interpretação para as músicas "Diga a verdade", de José Augusto, Miguel e Rossini Pinto, e "Pressentimento", de Elizabeth.

Em 1976, lançou, ainda pela Odeon, outro LP com seu nome como título, no qual interpretou as canções "Só quis fazer de ti uma mulher", de Mita; "Não se vá (Tu t'em vas", de Alain Barrière, e versão de Thyna, em faixa que contou com a participação especial da cantora Sônia Melo; "Perdoa meu amor perdoa", de Paulo Debétio; "Ela é tudo (She's my girl)", de Morris Albert, e versão de Rossini Pinto; "Guacyra", clássico de Hekel Tavares e Juraci Camargo; "Não volto mais", de Édson Ribeiro; "Tanto amor jogado fora", de sua autoria; "Amor de verdade", de Malvin e Livi; "Voltarei voltarás (Tornerai torneró)", de R. Vecchioni, R. Pareti e Vermar, em versão de Silvia Boarato; "Diga que sim", de Malvin e José Augusto,;"Flor sertaneja", de César Roberto e Pedro Paulo; "Mil razões para chorar", de Roberto Correia, Jon Lemos e Eros, e "Dez anos (Diez años)", de R. Hernandez, e versão de Lourival Faissal, além da regravação de "Eu que amo somente a ti", seu primeiro sucesso.


Em 1977, o LP "Preferência nacional - VOL. 3"; da gravadora Coronado/EMI-Odeon, que contou com as presenças de artistas como Simone, Zé Rodrix, Agnaldo Timóteo e outros, incluiu sua gravação para a música "Amor de verdade". No mesmo ano, sua gravação da clássica canção "Guacyra" foi incluída no LP "Clube dos artistas"; da gravadora GTA.

Em 1979, interpretou a canção "Meu cantinho", de Roberto de Souza Lopes, no "1º Festival dos estudantes - programa Flávio Cavalcanti", que foi lançada em disco pela WEA.

Em 1989, lançou, de forma independente, com o apoio da SOMARJ, o LP "25 anos cantando o amor", no qual interpretou as músicas "Luz dos meus sonhos", de Roberto Correia e Orestes; "Serenata suburbana", clássico do pernambucano Capiba; "Amor bandido", de Michael Sullivan e Paulo Massadas; "Preciso de você demais", de Roberto Correia e Sylvio Son; "Foi Deus", de Alberto Janes; "Abandono", de Nazareno de Brito e Presyla de Barros; "Tudo de mim", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim; "Não tenho você", de Paulo Marques e Ari Monteiro, "O que eu faço amanhã", de José Augusto; "Não adianta mais", de Michael Sullivan e Paulo Massadas; "Falta, excesso ou talvez", de Paulo e Regina Correia, e "Gina", de L. Reed e M. Murray, com versão de Romeo Nunes.


Em 35 anos de carreira fez mais de 6.000 apresentações e realizou excursões aos Estados Unidos, diversos países da América latina, Europa e Ásia. O país onde mais se apresentou fora do Brasil foi Portugal, onde chegou a receber uma homenagem especial do presidente Mário Soares.

Em Portugal, apresentou-se no "Teatro Coliseu de Lisboa" e no "Casino de Estoril". Também em terras portuguesas, ajudou a divulgar o Rancho Folclórico Brasil-Portugal. De voz possante, não se limitou ao repertório romântico da jovem guarda, realizando ainda diversas gravações para o carnaval.

A partir de 1991, foi um dos que mais lutou pela criação dos bailes populares da Cinelândia, projeto que abriu novo campo de trabalho para inúmeros artistas. No Reveion de 1998 para 1999, realizou, na Praia de Copacabana, aquele que seria seu último show.

Além dos fãs, sua memória é cultivada com carinho entre o meio artístico, como exemplifica o depoimento escrito do cantor Jorge Goulart, para o filho do artista, transcrito a seguir: "JOSÉ RICARDO, UM AMIGO!" "Na década de 60, eu cantava na Rádio Record, junto com alguns nomes do elenco da Rádio Nacional, como Nora Ney, Orlando Silva, Marlene, Emilinha Borba, Nélson Gonçalves e outros que marcaram uma época. Lá encontrei um grupo de Jovem Guarda, entre eles Roberto e Erasmo Carlos, Antônio Marcos, Wanderléa e companhia. Havia ali uma pessoa muito especial... Existia na sua conduta uma filosofia única, que estava no mais recôndito do seu ser. Conjugava o verbo servir na primeira pessoa, de noite e de dia. Seria ele um escolhido daquele que o enviou e que para tanto o capacitou para auxiliar seus companheiros em conflitos?

Sua meta foi moldada ao longo de sua vida! Numa época em que a sociedade sentia as marcas da ditadura, ele era mais um entre os demais que sonhavam e acreditavam num amanhã sem muros, num Brasil sem violência, num mundo sem tirania, onde a classe artística pudesse ir e voltar, levar adiante a arte de cantar, de poder expressar através da música seu desejo de ser livre, de fazer permanecer o verde das matas, o brilho do sol, o perfume das rosas, a brisa da natureza e construir seu próprio caminho, caminho se faz caminhando. Era um discípulo que vivera boa parte da sua vida semeando mais ou menos o socialismo primitivo. Estou falando do cantor José Ricardo, que após me conhecer tornou-se meu fã, meu amigo, meu irmão e dizia me ver como um pai.

Em 1964, com o golpe militar, eu e Nora Ney morávamos em Guarujá, e precisamos vir ao Rio para tratarmos de passaporte. José Ricardo nos emprestou um apartamento, onde nós ficamos por três meses, durante este período, José Ricardo nos levava, pessoalmente, duas quentinhas no almoço e no jantar. Esse fato continua vivo na minha memória, por isso tenho muita estima pela sua família, sua viúva Hercy Maria e seus filhos, Luiz Murillo e José Ricardo Filho.

Quando as irmãs Batista entraram em depressão, José Ricardo deu-lhes assistência, afeto e reconhecimento. Conduziu-as para a Casa de Saúde Doutor Eiras, onde as mesmas tiveram um tratamento devido e merecido. Com o falecimento de José Ricardo, sua viúva Hercy Maria e seus filhos Luiz Murillo e José Ricardo Filho, continuaram prestando assistência a Dircinha, porém a Linda e a Odete já haviam sido chamadas para perto de Deus, antes mesmo do que José Ricardo.

No ano 2000, surgiu a proposta de se fundar uma Instituição com o propósito de auxiliar o artista em declínio, aquelas pessoas que vivem da arte e também apoiar aqueles que estão iniciando na carreira artística. Graças à boa vontade daqueles que se dedicaram a essa tão nobre causa, foi fundada a FUNJOR- Fundação Sócio-Cultural José Ricardo, que fica situada à Rua Francisco Serrador, nº. 90, no Centro, no Rio de Janeiro - RJ. No meu entender, esse projeto José Ricardo já teria sido idealizado e hoje, nós somos convidados a assumirmos a bandeira que ele defendia! Um abraço carinhoso do amigo, Jorge Goulart."

FONTE

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