sábado, 12 de fevereiro de 2011

Johnny Alf


Caixa resgata obra de Johnny Alf

Pianista é revisitado em caixa com três CDs. No entanto, o clássico "Eu e a brisa"não consta na seleção. CDs ganham pontos por edição temática e grandes participações...


Parte da obra do cantor, compositor e pianista Johnny Alf é lançada pela Lua Music numa caixa contendo três CDs e intitulada "Entre Amigos". O cantor, arranjador, compositor e pianista carioca Johnny Alf, falecido no ano passado, foi um dos grandes baluartes da música popular brasileira desde o final da década de 1940, quando começou a tocar com grandes nomes como Paulo Moura, Luiz Bonfá, João Donato e Tom Jobim, que, ao lado de outras figuras como João Gilberto, Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, formataram a Bossa Nova, movimento musical que até hoje é uma referência da cultural brasileira no exterior.

Caixa

O pacote lançado pela Lua Music disponibiliza no mercado uma parte da obra composta e interpretada pelo compositor de "Eu e a brisa" em três CDs. São eles: "Johnny Alf por seus amigos", uma espécie de livro de canções autorais, interpretadas por grandes nomes da música popular brasileira; "Alaíde Costa em tom de canção", álbum no qual a experiente cantora carioca empresta sua privilegiada voz para uma dezena de criações, letras e músicas de Johnny Alf, menos conhecidas do seu repertório, e "Johnny Alf ao vivo com seus convidados", onde ele, no momento maior do palco, canta ao lado de intérpretes conceituados do quilate de Cauby Peixoto, Cyda Moreira e Leny Andrade.



Discos

No CD "Johnny Alf por seus amigos", produzido por Thiago Marques Luiz, o texto de apresentação é de Bruno Pompeu. De acordo com ele, "como o próprio título sugere, é disco que reúne ao redor da obra de Johnny, artistas que tenham sido seus amigos. Entram também nomes admirados por ele, alguns companheiros de palco e vários colegas de trabalho. Não há intrusos ou neófitos. Há apenas o crivo seletivo de Johnny Alf, com toda qualidade que isso significa".

Assim, artistas da voz de várias gerações cantam no songbook em interpretações essencialmente acústicas, com no máximo quatro instrumentos. Desde as mais veteranas, como Áurea Martins em "Ensaio para a ilusão"; Leny Andrade em "O que é amar" e Claudete Soares em "Gesto final", aos da geração seguinte, como Toquinho em "Rapaz de bem"; Emílio Santiago em "Nós" e Joyce em "Fim de semana em Eldorado", até artistas mais novos, como Celso Lago em "Disa" e Adyel Silva em "Pensando em você". Destaque também para Cláudia Telles cantando "Olhos negros" e Wanderléa interpretando "Ilusão à toa".

Alaíde

Contemporânea de Johnny Alf, a cantora carioca Alaíde Costa Silveira Modin Gomide dedicou o álbum "Em tom de canção" ao repertório menos conhecido, mas não menos criativo do compositor carioca. As participações especiais ficam por conta dos instrumentistas Gilson Peranzzetta, no arranjo e piano, e o saxofonista Mauro Senise.

O jornalista Mário Lima, que apresenta o disco, relata a intimidade musical de Alaíde e Alf: "Essa parceira vem de muitos anos. Alaíde sempre escolheu para o seu repertório composições de Johnny. Eles sempre se entenderam muito bem, desde os tempos da pré Bossa Nova quando ambos já percorriam essa praia ainda não trilhada por barquinhos e garotas de Ipanema. Foi o talento de Alaíde, de Johnny e de mais um punhado de músicos e intérpretes inovadores que fez a Bossa Nova conquistar o mundo".

Alf

No disco ao vivo, que cantou ao lado de Cauby Peixoto, Cyda Moreira, Ed Motta e Leny Andrade, Johnny Alf dedicou o repertório para seu lado de intérprete de clássicos brasileiros e internacionais. Resgata com o seu piano refinado "Over the rainbow" e "Fly me to the moon" e "Nem eu", "Castigo" e "Corcovado", entre outras. Sua famosa "Eu e a brisa" não consta na caixa.

Obra
Caixa com três CDs que resgata a obra do cantor, compositor e pianista carioca Johnny Alf, autor do clássico"Eu e a brisa".

Johnny Alf - Entre Amigos
Lua Music
2010
40 faixas
60,00

VIDA E OBRA

Johnny Alf, nome artistico de Alfredo José da Silva (Rio de Janeiro, 19 de maio de 1929 - Santo André, 04 de março de 2010) foi um compositor, cantor e pianista brasileiro.

Johnny Alf nasceu em 19 de maio de 1929 no Rio de Janeiro e faleceu em 4 de março de 2010 em Santo André, São Paulo. Desde a infância começou a estudar piano com a professora Geni Borges. Primeiramente música erudita e depois popular, tendo como artistas prediletos Cole Porter, George Gershiw e Nat King Cole. Já em 1949 no Sinatra-Farney Fã Clube atuava ao lado de Bebeto Castilho, Dóris Monteiro, João Donato, Luiz Bonfá, Nora Ney, Paulo Moura e Tom Jobim, artistas que vieram a integrar a Bossa Nova.



Carreira

Perdeu o pai, cabo do exército, aos três anos de idade. Sua mãe trabalhava em casa de uma família na Tijuca e o criou sozinha. Seus estudos de piano começaram aos nove anos, com Geni Borges, amiga da família para a qual sua mãe trabalhava.

Após o início na música erudita, começou a se interessar pela música popular, principalmente trilhas sonoras do cinema norte-americano e por compositores como George Gershwin e Cole Porter.

Aos 14 anos, formou um conjunto musical com seus amigos de Vila Isabel, que tocavam na praça Sete (atual praça Barão de Drummond). Estudou no Colégio Pedro II. Entrando em contato com o Instituto Brasil-Estados Unidos, foi convidado para participar de um grupo artístico. Uma amiga americana sugeriu o nome de Johnny Alf.

Em 1952, Dick Farney e Nora Ney o contratam como pianista da nova Cantina do César, de propriedade do radialista César de Alencar, iniciando assim sua carreira profissional. Mary Gonçalves, atriz e Rainha do Rádio, estava sendo lançada como cantora, e escolheu três canções de Johnny: Estamos sós, O que é amar e Escuta para fazerem parte do seu longplay Convite ao Romance.

Foi gravado seu primeiro disco em 78 rpm, com a música Falsete de sua autoria, e De cigarro em cigarro (Luís Bonfá). Tocou nas boates Monte Carlo, Mandarim, Clube da Chave, Beco das Garrafas, Drink e Plaza. Duas canções se destacaram neste período: Céu e mar e Rapaz de bem (1953), consideradas a melodia e a harmonia, como revolucionárias e precursoras da bossa nova.

Em 1955 foi para São Paulo, tocando na boate Baiuca e no bar Michel, com os iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. Em 1962 voltou ao Rio de Janeiro, se apresentando no Bottle's Bar, junto com o conjunto musical Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas [1] e Sylvia Telles. Apresentava-se no Litlle Club e Top, o conjunto formado por Tião Neto (baixista) e Edison Machado (baterista).

Em 1965 realizou uma turnê pelo interior paulista. Tornou-se professor de música no Conservatório Meireles, de São Paulo. Participou do III Festival da Música Popular Brasileira em 1967, da TV Record - Canal 7, de São Paulo, com a música Eu e a brisa, tendo como intérprete a cantora Márcia (esposa de Silvio Luiz). A música foi desclassificada, porém se tornando um dos maiores sucessos de sua carreira.


Em seus últimos anos de vida Johnny raramente se apresentava, em razão de problemas de saúde. Esteve apenas na abertura das exposições dedicadas aos 50 anos da bossa nova na Oca, em 2008, e, em janeiro de 2009, no Auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo.

Na mostra sobre os 50 anos da bossa nova, Alf teve um encontro virtual com nomes como Tom Jobim, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Stan Getz. O artista tocava piano com as projeções dos colegas, já mortos, para um filme que foi exibido ao longo do evento. Segundo o curador da mostra, Marcello Dantas, Johnny Alf foi "o caso clássico do artista que não teve o reconhecimento a altura de seu talento. Alf foi um gênio e teve participação na história da nossa música".

O compositor não tinha parentes. Vivia em um asilo em Santo André. Seu último show foi em agosto de 2009, no Teatro do Sesi, em São Paulo, ao lado da cantora Alaíde Costa.

Faleceu aos 80 anos no hospital estadual Mário Covas, em Santo André (SP), onde, durante três anos, se tratou de um câncer de próstata. Ele vivia em uma casa de repouso na cidade.

Segundo o jornalista Ruy Castro, Johnny Alf foi o "verdadeiro pai da Bossa Nova". Tom Jobim, outro dos primeiros artistas da Bossa Nova, admirava Johnny Alf a ponto de apelidá-lo de "Genialf".

CURIOSIDADES

*Esquecidas por quase cinco décadas nos arquivos da RCA Victor (atualmente, um dos selos da Sony Music), 12 faixas de Johnny Alf podem finalmente vir a público. Além do valor histórico, esse disco - que iria se chamar "Bossa nova for the world", como noticiou O GLOBO em 2 de abril de 1963 - reafirma a genialidade do cantor, compositor e pianista que modernizou a música brasileira: Alf está cantando o fino e em inglês, em versões nunca conhecidas, em muitos casos. Alguns dos mistérios que cercam esse projeto começam a ser desvendados nesta reportagem, mas outras perguntas ainda ficam sem respostas. Entre elas: por que foi arquivado?  (Leia mais aqui - O Globo - Antônio Carlos Miguel)

FONTE

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