João da Praia - (Rio de Janeiro/RJ, 1950 ******** São Paulo/SP, 1/7/1988) --- Antônio Jorge Zacarias, o João da Praia, foi um cantor e compositor popular. Fez sucesso em 1974 com a música "O Boi Vai Atrás" ("Aonde a Vaca Vai"), que vendeu 300 000 discos. Também fez sucesso com "Formiga Cabeçuda".
Analfabeto, trabalhava como motorista, balconista. Usando um violão com apenas uma corda, João da Praia foi descoberto pelo produtor Jacques Ayres, quando vendia sorvete na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Segundo matéria publicada na Revista Veja João da Praia faleceu na cidade de Duque de Caxias/RJ devido a um ataque cardíaco. Entretanto, amigos do compositor afirmam que ele faleceu em 1989 na cidade de São Paulo/SP, no Hospital Zona Sul no bairro de Santo Amaro; e, que foi enterrado no cemitério São Luis. Fonte: Revista Veja, 13 de julho, 1988 - Edição n° 1036 - Pág; 83.
Empunhando um violão de uma corda só que achou no lixo, João da Praia conseguiu sucesso logo no primeiro compacto simples, apresentando no lado A uma canção rural com estrofes hilárias, que aproveita como refrão um dito popular: “Aonde a vaca vai, o boi vai atrás”. Um dos maiores sucessos populares de 1974 (servindo até como jingle publicitário de uma marca de inseticida!), “O boi vai atrás” consagrou João da Praia nacionalmente, tornando-o atração em vários programas de televisão da época, e o single vendeu trezentas mil cópias (o lado B, “Meu cajueiro”, é a faixa que encerra o presente compacto duplo).
Meses depois, veio o segundo single, com “Formiga cabeçuda” e “Preta linda”, faixas também aqui constantes.
Em 1975, ele ainda lançaria a música “Poluição”, lado B de outro compacto simples da Beverly/Copacabana, dividido com a dupla Conde e Drácula, que no lado A interpretava “Tá faltando ôme”.
Seu último disco foi um outro compacto duplo, editado em 1981 pela obscura Nacional Discos, apresentando as músicas “Com minha vaca lavei a égua”, “Mundo enrolado”, “Custo de vida até o ano 2001” e “Rock coceira”.
Com minha vaca lavei a égua
Mundo enrolado
Preta linda
Em 1920, o compositor Eduardo Souto fez sucesso no carnaval com a marchinha Pois não, com João da Praia, uma das composições pioneiras no gênero.
"Pemberê", chula baiana
Com o Grupo do Moringa, gravação feita para a Casa Edison, Rio de Janeiro. "Pemberê", foi um dos destaques do carnaval de 1921, se fixando como peça instrumental de meio-do-ano no repertório de bandas de música. Composição de Eduardo Souto (música) e João da Praia (letra). AUDIO com letra (https://www.discografiabrasileira.art.br/.../14653/pembere)
Pemberê
Pemberê... Pemberá
Pemberê... Pemberá
Menina que namora qué casá
Criança que chora qué mamá
Pemberê... Pemberá
Galinha no ninho que não botá
É logo agarrada pra ir chocá
Pemberê... Pemberá
Pemberê... Pemberá
A noite bonita que é de luá
Foi feita pra gente mais se gostá
Pemberê
Perna de fora é o que mais se vê, meu bem
Pemberá
Guarde essa perna se qué casá, Iaiá
Pemberê... Pemberá
Pemberê... Pemberá
Muié deste tempo véve a mostrá
O que era pecado só maginá
Na minha opinião 93 anos de história separam a música "Pemberê", chula baiana de Eduardo Souto e João da Praia – 1921, da música "Você não vale nada" de Dorgival Dantas - 2014.
Marília Batista (ou Baptista) uma das melhores intérpretes do compositor Noel Rosa (a outra grande: Aracy de Almeida). Marília Monteiro de Barros Baptista nasceu no Rio de Janeiro em 18 de abril de 1917. Seu pai, Renato Hugo Baptista, era médico do Exército; sua mãe, Edith Monteiro de Barros Baptista, era pianista. Marília tinha dois irmãos, Renato e Henrique, que também eram compositores. Desde menina, essa herdeira de uma tradicional família carioca, neta do poeta e Barão Luís Monteiro de Barros, já manifestava seu interesse pela música.
Marília Batista aos quatro anos de idade.
Carioca, 1936 - Arquivo Nirez
Em uma ida à sua casa, para cortar os cabelos de seu pai e irmãos, o barbeiro da família esqueceu seu violão. Ela, então com seis anos, não largou mais o objeto, “ganhando”, dessa forma, seu primeiro instrumento musical. O violão, instrumento que seria uma de suas grandes paixões, até ganhou versos da precoce criança:
Fala tudo que meu peito sente
Pois, meu amigo verdadeiro
nem brincando você mente.
Começou a compor com oito anos. Depois, foi estudar no Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ), onde se formou em teoria, solfejo e harmonia, mesmo tendo abandonado o curso de piano no quarto semestre.
Aos doze anos, começou a estudar violão com o compositor Josué de Barros, por iniciativa do próprio Josué. Ele parecia pressentir quem tinha talento, pois, ao ver um recital de Marília no Cassino Beira-Mar, ficou tão encantado que passou a lhe ministrar aulas de graça. Lembrando que foi Josué quem mais tarde descobriria o talento de Carmen Miranda.
Marília ainda estudou violão clássico com o virtuoso José Rebelo, pois tinha a intenção de se tornar uma concertista. Mas, seu interesse pela música popular era mais forte.
Em 1931, em uma festa na casa da cantora Elisinha Coelho, conheceu os seguintes artistas: o Maestro Hekel Tavares, o compositor Luís Peixoto, e ainda, Almirante e o Bando de Tangarás.
Segundo o Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira, ela conheceu o compositor Noel Rosa em 1932, quando foi convidada a cantar no espetáculo Uma Hora de Arte, no Grêmio Esportivo Onze de Julho; ela tinha quatorze anos. Mas, como Noel integrava o Bando de Tangarás, é possível que eles tenham se conhecido na festa de Elisinha, no ano anterior, data que marcaria o final do Bando. A menos que o compositor de Vila Isabel tenha faltado.
O fato é que, sendo em 1931 ou 1932, Marília e Noel tornaram-se grandes amigos.
Ainda em 1932, ela gravaria seu primeiro disco na Victor. O lado A trazia a marcha de sua autoria, em parceria com seu irmão Henrique, Me Larga; no lado B, o samba, também da autoria de ambos, Pedi, Implorei. O acompanhamento ficou a cargo de Rogério Guimarães, ao violão, e João Martins, ao bandolim.
Carioca, 1937 - Arquivo Nirez
Os irmãos Baptista, Marília e Henrique.
Arquivo Nirez
Por ocasião do oitavo Broadway Cocktail (show que precedia o filme exibido no Cine Bradway, no Rio de Janeiro), ela foi convidada por Almirante para cantar ao lado de grandes nomes da época: Sílvio Caldas, Jorge Fernandes e Rogério Guimarães (que era instrumentista). O sucesso foi tanto que ela recebeu convite de Ademar Casé (avô da atriz Regina Casé e um dos pioneiros do rádio brasileiro) para fazer parte do Programa Casé, na Rádio Phillips, com um contrato considerado altíssimo na época: 45 mil réis.
Foi no Programa Casé, pioneiro dos programas de auditório, que ela e Noel Rosa (que também era contratado) fizeram célebres improvisos com o samba De Babado, da autoria de Noel e João Mina. As improvisações chegavam a durar até dez (!) minutos, sem repetições nos versos por parte dos dois. Lembrando que os versos eram criados na hora.
Noel Rosa criou um prefixo para a participação de Marília Batista no Programa Casé, citando a voz característica da garota:
Fala o Programa Casé! Veja se adivinha quem é... Faço a pergunta por troça pois todo mundo já conhece A garota da voz grossa.
Marília ao microfone e Noel Rosa à direita.
Atrás dela, o irmão Henrique Batista.
Ainda nesse programa, ela lançaria o samba de Noel, Pela Décima Vez, em 1935, que seria gravado pela primeira vez em 1947 (dez anos após a morte de Noel), por Aracy de Almeida.
Curiosidade: um de seus passatempos favoritos era tricotar. Ela praticava tricô nos intervalos dos programas em que participava.
O último disco gravado por Noel Rosa, no qual Marília também participou, trazia os sambas: Quem Ri Melhor, de Noel; e Quantos Beijos, de Noel e Vadico. Ambos foram acompanhados pela orquestra de Pixinguinha, tendo no coro Cyro monteiro, Odete Amaral, Almirante e as pastoras e ritmistas da Mangueira, puxados por ninguém menos que Cartola. Ou seja, um encontro de Grandes!
Quando Noel Rosa faleceu, em 04 de maio de 1937, D. Martha, mãe do compositor, deu à Marília Batista os manuscritos do filho. Marília entregou-os a Almirante, que também era pesquisador musical, e que os conservou com muito cuidado. Após o enterro de Noel, ela compôs com seu irmão Henrique o samba Não há mais samba na terra, e o cantou na mesma noite na Rádio Educadora.
Foi nessa época que Marília Batista recebeu o título de Princesinha do Samba.
Ela integrou o elenco da Rádio Nacional desde o dia de sua inauguração, em 12 de setembro de 1936. Nessa emissora, passou a integrar o grupo vocal As Três Marias (inicialmente formado por ela, Bidu Reis e Salomé Cotelli), que acompanhava os intérpretes da rádio. Ainda atuou na Rádio Cajuti, Cruzeiro do Sul e Transmissora, onde apresentou o programa Samba e outras coisas.
1938
Aos 21 anos, em 1938, viajou para o Uruguai, fazendo oito apresentações em rádios diferentes. Em 1940, gravou o samba de Noel Rosa, Silêncio de um minuto. Em parceria com o irmão Henrique Batista, compôs o samba Grande Prêmio, gravado por Linda Batista em 1943, na Victor. Em 1944, após gravar os sambas Liberdade (de Pereira Matos e Manoel Vieira) e Salão Azul (de sua autoria e seu irmão Henrique), afastou-se da carreira artística, época em que se casou.
As Três Marias. - Da esquerda para direita: Marília Batista
(fazendo o V da Vitória, Bidu reis e Salomé Cotelli).
Revista A Noite Illustrada, 1942.
Na década de 1950, Marília retornou à sua carreira de cantora e compositora. Teve músicas de sua autoria gravadas por Elizeth Cardoso (Praça Sete, samba-canção em parceria com Sebastião Fonseca, que fez sucesso); e, novamente em parceria com o irmão Henrique Batista, gravou os sambas Lamento e Tamborim batendo.
Nessa década ainda gravou músicas de Noel Rosa, inclusive algumas inéditas. Em 1954, ela lançaria um LP só com composições do Poeta da Vila.
Nos anos 60, Marília Batista se revezaria no rádio e na TV. Em 1965, participou, ao lado de Aracy de Almeida, Dircinha Batista, Cyro Monteiro e outros, do show de despedida de Sílvio Caldas (que, felizmente, ainda viria a fazer outros shows de despedida, até perto de sua morte, em 1998), no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
Em 1988, aos 70 anos, participou do projeto Concerto ao meio dia, no Teatro João Teotônio (uma entrevista musical conduzida pelo pesquisador Ricardo Cravo Albin), onde chegou a ir às lágrimas com os aplausos recebidos pela plateia que superlotava o teatro.
Mais uma curiosidade: Marília Batista voltou a estudar na década de 1960, formando-se em Direito.
Sem dúvida, Marília Batista foi (e é) uma de nossas maiores intérpretes e compositora de talento. Faleceu, 09 de julho de 1990, da notícia divulgada pela televisão,
Revista Carioca, 1936.
1937
Revista Carioca, 1936.
Arquivo Nirez
Marilia Baptista, interessante figura do "briadcasting" carioca,
em suggestivo estudo de Julien Mandel.
Revista Carioca, 1936.- Arquivo Nirez
"Marília Batista, elemento de realce da Rádio Nacional"
Revista Illustrada, 28 de julho de 1942 - Arquivo Nirez
Tristeza do Jeca - Orquestra de Cordas Arte Viva - Amilson Godoy
Esta nêga qué me dá – Bahiano – 1921
Nosso ranchinho – Fernando Albuquerque – 1925
Outono – Eduardo Souto – 1921
Jura – Mário Reis – 1929
Carinhoso – Pixinguinha – 1928
Tristeza do Jeca – Patrício Teixeira – 1926
Cielito lindo – Cielito lindo – 1925
Yes! We Have No Bananas – Ben Selvin – 1923
Marcha Triunfal Brasileira – Canhoto – 1925
April showers – Al Jolson – 1921
Fechei meu jardim – Mário Pinheiro – 1920
Pemberê, chula baiana – Eduardo Souto – 1921
"Pemberê" com o Grupo do Moringa, gravação feita para a Casa Edison, Rio de Janeiro
Na minha opinião 93 anos de história separam a música "Pemberê, chula baiana de Eduardo Souto – 1921" da música "Você não vale nada" de Dorgival Dantas - 2014
"Pemberê", foi um dos destaques do carnaval de 1921, se fixando como peça instrumental de meio-do-ano no repertório de bandas de música. Composição de Eduardo Souto (música) e João da Praia (letra). Foi interpretada por Bahiano. audio
Dorgival Dantas de Paiva (Olho-d'Água do Borges, 5 de janeiro de 1971) cantor, compositor, instrumentista e produtor musical brasileiro, conhecido como "O Poeta" por manter uma linha de composições falando de amor, aprendeu a tocar acordeão com seu pai e já aos 14 anos fazia apresentações musicais. Juntou-se ao Grupo Show Terríveis de Natal como tecladista e oito anos depois, passou a integrar a banda da dupla Sirano & Sirino.
Nos anos 90, produziu álbuns de diversas bandas de forró. Em 1999, passou a fazer parte da Banda Pirata, grupo que no ano seguinte fez uma turnê em homenagem aos quinhentos anos do Brasil.
Em 2006, lança O Homem do Coração, com destaque para os sucessos “Eu não vou mais chorar” e “Por quê?”. Em 2007, veio “Primeiro Passo”, com direito a turnê por todo o país.
Em 2011 o álbum duplo Quanto Custa, que traz os sucessos “Declaração” e “Coração Teimoso”
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Em 2012, mais um álbum, Sanfona e Voz, emplacando as faixas “KKK” e “Acabou na Lama”.
Suas canções também estiveram em trilhas sonoras de telenovelas da Rede Globo, tais como “Barriguinha” (em Malhação, cantada por Aviões do Forró), “Você Não Vale Nada" (em Caminho das Índias, cantada por Calcinha Preta), “Pode Chorar" (em Araguaia, cantada por Jorge e Mateus) e “Amor Covarde” (em Fina Estampa, cantada por Jorge e Mateus).
BARRIGUINHA
Você Não Vale Nada
Pode Chorar
Amor Covarde
Já teve canções gravadas por artistas e bandas como Cristiano Araújo, Michel Teló, Calcinha Preta, Aviões do Forró, Alexandre Pires, César Menotti e Fabiano, Maria Cecília & Rodolfo, Jorge e Mateus, Gabriel Gava, Marcos & Belutti, Flávio José, Waldonys, Rastapé, Felipe Araújo, Frank Aguiar, além de diversas bandas de forró.
Em 24 de julho 2013, ele gravou seu primeiro DVD oficial em Fortaleza com seus maiores sucessos. Contou com a participação de outros artistas, tais como Chambinho do Acordeon, Solange Almeida, Xand Avião, seu filho Cícero Dantas, Bell Marques, Flávio José, Jorge e Mateus e a dupla César Menotti e Fabiano.
Dorgival Dantas gravou o longa-metragem chamado Shaolin do Sertão no estado do Ceará, com as filmagens iniciadas em novembro de 2015 e com término em fevereiro de 2016. O filme foi estreado no cinema em outubro de 2016.
Patricia Kaas nasceu em 1966, em Forbach, França, perto da fronteira alemã. Filha de pai francês e mãe alemã, foi incentivada desde muito jovem a tornar-se cantora pela sua mãe, que adorava a chanson francesa e o cabaret alemão. Aos oito anos de idade, já cantava os maiores sucessos de Sylvie Vartan, Dalida, Claude François e Mireille Mathieu nos eventos de família e em pequenos concursos amadores que ocorriam na região.
Aos treze anos assinou um contrato com o clube de Saarbrücken, Rumpelkammer, onde atuou todos os sábados, durante sete anos. Foi ai que conheceu o seu primeiro produtor e agente, Bernard Schwartz, que tentou sem sucesso arranjar-lhe um contrato discográfico.
Em 1983, o compositor François Bernheim, que estava na região para participar num festival de cerveja, ouviu-a cantar no Rumpelkammer e ficou extremamente impressionado com a sua voz e com a sua capacidade interpretativa. Ao voltar para Paris, reuniu-se com Elisabeth Depardieu e propôs-lhe coproduzir o álbum de estreia de Patricia Kaas. Elisabeth ficou bastante emocionada com as interpretações de Kaas e, conjuntamente com o seu marido, o ator Gérard Depardieu, decidiu financiar a sua primeira gravação, o single Jalouse (ciumento), que foi editado em 1985. Infelizmente, este primeiro trabalho não impressionou a a crítica nem o público, conseguindo vendas muito pouco expressivas.
Dois anos mais tarde, François Bernheim apresentou-a a Didier Barbelivien, que lhe ofereceu Mademoiselle Chante Le Blues (a menina canta blues), uma canção que tinha sido rejeitada por Nicoletta, cantora de renome em França. O single, lançado em abril de 1987, foi muito bem recebido pelo público e pela crítica, alcançou rapidamente o primeiro lugar no top de vendas francês e recebeu o prémio Charles Cros. Este sucesso permitiu-lhe atuar pela primeira vez no famoso Olympia, em dezembro de 1987, ao garantir a primeira parte do concerto de Julie Pietri.
Em Novembro de 1988 foi editado o seu primeiro álbum Mademoiselle Chante… (menina canta…). O LP foi um estrondoso sucesso e tornou-a numa estrela da música francesa da noite para o dia, especialmente devido aos megassucessos D’Allemagne (da Alemanha), Mon Mec À Moi (o meu tipo), Elle Voulait Jouer Cabaret (ela queria cantar cabaret) e Quand Jimmy Dit (quando o Jimmy diz). Estas ascensão astronómica valeu-lhe o título de Revelação do Ano no Victoires de la Musique e permitiu-lhe fazer a sua primeira tournée, que durou 16 meses e a levou a cantar por toda a França, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, entre outros. É por esta altura que a sua mãe, com quem tinha laços muito fortes, morre de cancro – Em 2011, Patricia Kaas viria a confidenciar que sua primeira tournée foi a forma como lidou com esta enorme perda e que lhe permitiu escapar à dor avassaladora que sentiu.
1990 foi um ano de mudanças para Kaas: assinou pela Sony Music e passou a ser representada por Cyril Prieur e Richard Walter, que contribuíram significativamente para o seu sucesso internacional. Com uma nova editora, lançou no final do ano Scène De Vie (palco da vida), o seu segundo trabalho de longa duração. Logo na semana de edição alcançou o primeiro lugar na tabela de vendas dos países francófonos e ai permaneceu por quinze semanas, permitindo-lhe alcançar o galardão de dupla platina.
Na senda deste novo sucesso, entre 1990 e 1991 realizou a sua segunda tournée, que a levou a cantar pelo mundo inteiro, nomeadamente no Japão, Canadá e URSS. Desta tournée surgiu, em 1991, o CD duplo Carnets De Scène (notas de palco), o seu primeiro disco ao vivo, que a Sony reeditou em 2004 com um DVD do espetáculo realizado em Moscovo. Também em 1991, recebeu dois prémios internacionais de grande prestígio: o World Music Award e um Bambi. No ano seguinte, posicionou-se na terceira posição no concurso da ECHO Best International Female Singer, ao lado de figuras como Cher (que recebeu o primeiro lugar), Tina Turner, Madonna e Whitney Houston.
O seu terceiro disco, Je Te Dis Vous (eu trato-te por vós), foi editado em 1993 e vendeu mais de três milhões de cópias em todo o mundo. Foi produzido no Reino Unido por Robin Millar e nele surge a primeira canção que gravou em alemão, Ganz Und Gar (absolutamente). Este trabalho tornou-se o mais bem sucedido de Kaas na Alemanha, na Áustria e na Suíça até aos dias de hoje.
A tournée mundial que se seguiu, Tour de Charme, cobriu 19 países e levou-a a atuar em Hanói, no Vietname, e no Camboja, tornando-a a primeira cantora ocidental a cantar nestes países após a guerra do Vietname. Durante essa tournée, também deu um concerto em Chernobyl, para mais de trinta mil espectadores, numa região particularmente afetada pelo destarte nuclear que ocorreu em 1986.
Em 1997, Dans Ma Chair (na minha carne) foi gravado, produzido e editado. Este trabalho marcou a segunda vez que trabalhou oficialmente com o compositor francês Jean-Jacques Goldman – a colaboração com o Goldman, que continua até aos dias de hoje, foi uma das mais importantes na sua carreira. Outros contribuintes para o sucesso do álbum foram os compositores e cantores americanos Lyle Lovett e James Taylor.
No ano seguinte, para além da sua terceira grande tournée mundial – Dans Ma Chair Tour – e da edição do CD/DVD da mesma, cantou com os tenores Plácido Domingo e Alejandro Fernández no gala natalícia no Guildhall de Viena. Os três foram acompanhados pela Orquestra Filarmónica de Viena e o concerto foi editado em CD e DVD em 1999, com o título Christmas In Vienna Vol. VI.
Em 1999 surgiu o seu quinto trabalho de originais, Le Mot de Passe (a senha), que foi produzida por Pascal Obispo. Para além de Obispo, muitos foram os compositores franceses que contribuíram com canções para este álbum, como Jean-Jacques Goldman e Zazie. Uma das canções do CD, Les Éternelles (os eternos), teve posteriormente uma versão em dueto com o tenor suíço Erkan Aki, sob o título de Unter Der Haut (debaixo da pele), que foi o tema principal da série Sturmzeit (tempos de tempestade) da ZDF, baseada no livro de Charlotte Link.
Em junho de 1999, apareceu no show beneficente Michael Jackson & Friends em Seul e em Munique. Para além de Kaas e Jackson, também estiveram presentes nestes espetáculos Mariah Carey, Luther Vandross e Status Quo. Estes concertos, que tiveram como finalidade angariar fundos para a UNESCO, a Cruz Vermelha e a Nelson Mandela Foudation, foram transmitidos em direto para 39 países.
Em 2000 surgiu no mercado o seu primeiro best of: uma box set elaboradamente produzida, que continha quase todos os álbuns de estúdio publicados pela Sony e um livreto abrangente com muitas fotos. Por essa altura, recebeu o prémio Adenauer-de-Gaulle em Berlim.
Em abril do ano seguinte, foi convidada pela casa real luxemburguesa a dar um concerto pela ocasião da ascensão de Henri Guillame ao grão ducado. Nessa ocasião, foi acompanhada pela Orquestra Filarmónica de Luxemburgo e foi vista por mais de 50 mil espetadores. No final do concerto, o Grão Duque confidenciou que Patricia é a sua cantora favorita desde a edição do seu primeiro álbum, em 1988.
Em 2000, mudou-se para Zurique, na Suíça, e começou a trabalhar no seu álbum conceptual Piano Bar, que foi lançado em 2002. Nesse mesmo ano iniciou a sua carreira de atriz, ao lado de Jeremy Irons, no filme dirigido por Claude Lelouch, And now… Ladies and Gentlemen (com o título em português, Amantes do Passado).
O álbum Piano Bar, apesar de não ser a banda sonora do filme de Lelouch, inclui algumas músicas do filme e outras inspiradas na dinâmica da história. Este CD foi o primeiro que Patricia editou com canções maioritariamente em inglês e é uma homenagem às grandes cantoras franceses do século XX. O trabalho foi muito bem recebido em França e na Alemanha, tendo vendido mais de duzentos mil exemplares, e permitiu-lhe novamente receber o prémio Golden Europa.
Seguiu-se a tournée Piano Bar Live, que começou em setembro de 2002, em França, e durou até abril de 2003. Incluiu seis concertos esgotados nos EUA, com aparições em Los Angeles, Chicago, São Francisco, Detroit, e no afamado Beacon Theatre na Broadway, Nova Iorque. Apesar dos inúmero pedidos dos fãs, a tournée nunca foi publicada num álbum ao vivo.
No final de 2003 lançou Sexe Fort (sexo forte), que se tornou o nono álbum mais vendido em França em 2003. Após esta edição, recebeu a Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha pela sua contribuição à união entre a França e a Alemanha, uma honra que até então tinha sido atribuída apenas a artistas alemãs.
Nos dois anos seguintes, realizou a sua sétima tournée mundial, atuando em vinte cinco países, incluindo a China e a Rússia. Ao todo, deu 175 concertos, aos quais assistiram mais de quinhentos mil espetadores. Apesar do relativo fracasso do CD, a tournée foi um sucesso retumbante.
Após o final da Strong Sex Tour, em novembro de 2005, Kaas fez uma pausa até o início de 2008, interrompida apenas por algumas apresentações ao vivo. O novo álbum duplo, Kabaret, foi editado em março de 2009 e para o promover fez pequenos espetáculos em França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Finlândia, Rússia, Ucrânia, Polônia, Letónia, Lituânia, Estónia, Roménia e outros países.
Inesperadamente, mas para o gáudio de muitos fãs, a televisão francesa, no início de 2009, anunciou que Patricia Kaas iria representar o pais em Moscovo, no Festival Eurovisão da Canção 2009. Após uma pesquisa online para identificar a música favorita do seu último trabalho, Et s’il fallait le fairet (e se tivesse que ser feito) acabou por ser a canção selecionada, tendo alcançando a oitava posição no concurso. Apesar de não ter vencido, a participação de Kaas tornou-se memorável, trouxe a França de novo ao top 10 do concurso ao fim de oito anos e foi considerada a melhor canção pelos jornalistas persentes, o que lhe permitiu ganhar o Marcel Bezençon Awards 2009.
Entre 2010 e 2011 dedicou-se essencialmente à sua carreira de atriz, participando em diversas séries e telefilmes policiais franceses, dos quais se destaca Assassinée (assassinada). No final de 2011, editou a sua autobiografia, L’Ombre de ma Voix (a sombra da minha voz), que deu início a uma nova faceta da sua carreira. O livro, editado pela Flammarion, tornou-se um best-seller no espaço de um mês e já foi traduzido para inglês.
Em 2012 voltou a concentrar-se na sua carreira musical e editou Kaas Chante Piaf (Kaas canta Piaf), que é constituído por vinte e um dos títulos mais icónico da grande Edith Piaf. Este álbum pressupôs a criação de um espetáculo comemorativo dos 50 anos da morte de Piaf e foi levado a cena nas mais prestigiadas salas de espetáculo de todo o mundo, como o Royal Albert Hall, em Londres, o Carnegie Hall, em Nova York, o Olympia, em Paris, o Opereta Theater, em Moscovo, o La Scala, em Milão, e o Sejong Cultural Center, em Seul.
No final de 2015 começou a trabalhar no seu décimo trabalho de longa duração, Patricia Kaas, que foi editado no ano seguinte e que se tornou rapidamente um sucesso de vendas, tendo já alcançando o galardão de duplo ouro.
A este novo sucesso seguiu-se a sua nova tournée mundial, que terminará no final de 2018, com cinco espetáculos no Olympia de Paris em Dezembro de 2018.