sábado, 29 de agosto de 2009

Fagner


Raimundo Fagner Cândido Lopes (Orós, 13 de outubro de 1949) é um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro. Mais jovem dos cinco filhos de José Fares, imigrante libanês, e Dona Francisca, Fagner nasceu na capital cearense, embora tenha sido registrado no município de Orós. Cearense de Orós, aos seis anos ganhou um concurso infantil na rádio local, cantando uma canção em homenagem ao dia das mães. Na adolescência formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas.

Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música "Nada Sou", parceria sua e de Marcus Francisco. Fagner tornou-se popular no estado e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra.


Fagner mudou-se para Brasília em 1971, classificando-se em primeiro lugar no Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com "Mucuripe" (com Belchior).


Ainda em 71, Fagner foi para o Rio de Janeiro, onde Elis Regina gravou "Mucuripe", que se tornou o primeiro sucesso de Fagner como compositor e também como cantor, pois gravou a mesma música em um compacto da série Disco de Bolso, que tinha, do outro lado, Caetano Veloso interpretando "Asa Branca".


O primeiro LP de Fagner, "Manera, Fru-fru, Manera", veio em 1973 pela Philips, incluindo "Canteiros", um de seus maiores sucessos, música sobre poesia de Cecília Meireles. Mais tarde fez a trilha sonora do filme "Joana, a Francesa", que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e canto.


De volta ao Brasil, Fagner lança outros LPs na segunda metade dos anos 70, combinando um repertório romântico a partir de "Raimundo Fagner", de 1976, com a linha nordestina de seu trabalho. Ao mesmo tempo grava músicas de sambistas, como "Sinal Fechado", de Paulinho da Viola.

Outros trabalhos, como "Orós", disco que teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal, demonstram uma atitude mais vanguardista e menos preocupada com o sucesso comercial.


Nas décadas de 80 e 90 seus discos se dividem entre o romântico e o nordestino, incluindo canções em trilhas de novelas e tornando Fagner um cantor conhecido em todo o país, intérprete e compositor de enormes sucessos, como "Ave Noturna" (com Cacá Diegues), "Astro Vagabundo" (com Fausto Lindo), "Última Mentira" (com Capinam), "Asa Partida" (com Abel Silva), "Corda de Aço" (com Clodô), "Cavalo Ferro" (com Ricardo Bezerra), "Fracassos", "Revelação" (Clodô/ Clésio), "Pensamento", "Guerreiro Menino" (Gonzaguinha), "Deslizes" (Sullivan/ Massadas) e "Borbulhas de Amor".





O primeiro álbum da década, Pedras Que Cantam de 1991 teve como primeira canção de trabalho "Borbulhas de Amor", que tornou-se imediatamente sucesso nacional. O disco recebeu disco de platina tripla por vender 750 mil exemplares, e as canções "Borbulhas de Amor", "Pedras Que Cantam" e "Cabecinha no Ombro" ficaram durante oito meses nos primeiros lugares nas rádios do Brasil.


Fagner passou dois anos sem lançar um disco novo. Foram vinte meses de preparo até que o disco "Demais",  fosse lançado em maio de 1993. O disco revive os principais temas da Bossa Nova, com versões de canções de Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dorival Caymmi.


No ano seguinte lançou o disco Caboclo Sonhador, desta vez com clássicos do forró, com versões de canções de Dominguinhos, Luiz Gonzaga e vários outros. O disco não possui nenhuma canção de sua autoria.


Em 1995 fixou moradia em Fortaleza, e lançou mais um álbum: Retratos. O álbum recuperou canções do fim dos anos 1970, ainda não gravadas por Fagner.


O vigésimo álbum de sua carreira foi lançado em 1996 com o título de Pecado Verde. neste mesmo ano, Fagner completava 23 anos de carreira artística.


Em 1998, depois da Copa da França, Raimundo Fagner retornou a Fortaleza onde fez três shows de lançamento do disco ‘‘AMIGOS E CANÇÕES’’. O primeiro em um bar chamado ‘‘Caros Amigos’’ (8 de agosto) ao lado de artistas cearenses como Fausto Nilo, Paulo Façanha, Manassés, Ana Fonteles, Teti e Kátia Freitas. O ‘‘Mucuripe Ilhas’’ foi o palco do segundo (15 de outubro) e o ‘‘Parque do Vaqueiro’’ o terceiro show.


Tendo como partida o lançamento do elepê "MANERA FRU FRU, MANERA", em 1973, Raimundo Fagner completou em 1998, 25 anos de carreira artística com o CD duplo ‘‘AMIGOS E CANÇÕES’’ (BMG, No. 7432158704-2).


Como o título exemplifica, o disco reuniu alguns dos seus amigos, algumas regravações como Revelação (Clodo/Clésio, de 78), Semente (Fagner/Mário de Andrade, de 85), Distância (Fagner/Guilherme de Brito, de 95), algumas canções inéditas na voz de Fagner como Custe o Que Custar (Hélio Justo/Edson Ribeiro), Espere Por Mim, Morena (Gonzaguinha) e Horas Azuis (Fagner/Fausto Nilo), outras conhecidas em duetos, alguns fáceis de entender, outros nunca imaginados.


Na segunda categoria (nunca imaginados) estão Fábio Jr. em Eternas Ondas (Zé Ramalho), Fafá de Belém em Fracasso (Fagner), Emílio Santiago em Noves Fora (Belchior/Fagner), Nana Caymmi em Penas do Tiê (adaptação de Fagner), Zezé di Camargo e Luciano em Retrovisor (Fagner/Fausto Nilo) e Luiz Melodia em Sangue e Pudins (Fagner/Abel Silva).


Mas do que aceitáveis, os duetos que completam o disco representam boa parte da historia da música brasileira: Chico Buarque com Traduzir-se (Fagner/Ferreira Gullar), Ney Matogrosso em Retrato Marrom (Rodger Rogério/Fausto Nilo), Djavan em Mucuripe (Fagner/Belchior), Joanna em Saudade (Mário Palmério), Ângela Maria em Monte Castelo (Renato Russo), Ivan Lins em Quarto Escuro (Ivan Lins/Fagner), Milton Nascimento em Morro Velho e Zé Ramalho com Astro Vagabundo (Fagner/Fausto Nilo).


"Eles se tornaram meus grandes amigos" - comenta Fagner. É realmente uma grande comemoração. Pude gravar canções que queria há tempos. Além disso, gosto da alquimia das vozes e sei que os fãs também ficam felizes em ver seus cantores favoritos juntos."


Ainda na década de 1990 lançou Terral, que não possuía nenhuma canção de sua autoria. TERRAL - Gravadora: BMG (Nº 7432150061-2)- Lançamento: 1997 (CD).
Volta, Morena (João Lyra/Paulo César Pinheiro)
O Vendedor de Biscoitos (Gordurinha/Nelinho)
Os Sertões (Edeor de Paula)
Quero Voltar Pra Bahia (Paulo Diniz/Odibar)
Rela Bucho (Genésio Tocantins)
Forró do Tio Augusto (Luiz Vieira)
Mambo da Cantareira (Barbosa da Silva/Eloide Warthon)
Amor Pra Dar (Cecéu/Lindolfo Barbosa)
Espumas Ao Vento (Accioly Neto)
Terral (Ednardo)
Forró do Chiq-tak (Pinto do Acordeon/Aracílio Araújo)


Em julho de 1997, Raimundo Fagner lançou TERRAL (BMG, Nº 7432150061-2) o seu 21º disco solo. Lançado inicialmente no Ceará, o disco relembra o nome da canção mais famosa de Ednardo gravada por ele em 1973.


Produzido pelo próprio Fagner e seus amigos Alfredo Moura, Robertinho de Recife e Rildo Hora, o repertório do disco é variado e, embora parecido, é bem diferente dos anteriores. A baladinha Espumas Ao Vento, a primeira música de trabalho, estourou em todas as rádios do País e puxou o disco.

Gravado no AR Studios, Studio Lagoa, Estúdio Mega, com direção artística de Jorge Davidson, o disco tem onze faixas: Volta, Morena (João Lyra/Paulo César Pinheiro), O Vendedor de Biscoitos (Gordurinha/Nelinho), Os Sertões (Edeor de Paula), Quero Voltar Pra Bahia(Paulo Diniz/Odibar), Rela Bucho (Genésio Tocantins), Forró do Tio Augusto (Luiz Vieira), Mambo da Cantareira (Barbosa da Silva/Eloide Warthon), Amor Pra Dar (Cecéu/Lindolfo Barbosa), Espumas Ao Vento (Accioly Neto), Terral (Ednardo) e Forró do Chiq-tak (Pinto do Acordeon/Aracílio Araújo) e com a participação de Elba Ramalho.

Para Fagner "Terral é um vento que passou pelo Ceará, na década de 70, trazido pelo Ednardo. Ele tem todo um significado especial. A música dele abre o disco. Mas é um novo vento, diferente. O disco traz a lição de Gonzaga, fala em Luiz Vieira, Antônio Barros, Gordurinha, um dos pioneiros da música nordestina, Jackson do Pandeiro. A qualidade do trabalho de Gonzagão encobriu outros valores, que estavam escondidos. Meu disco se propõe a fazer um resgate dos ritmos, com uma produção mais esmerada.

Eu provoco desafios que ninguém provocou até hoje. Posso cantar o Nordeste, balada, brega junto do povão, tudo isso é motivo de crítica. E vejo isso como um tremendo provincianismo e um desrespeito às nossas qualidades e ao nosso talento. Sempre que chega um abestado de fora, falam "esse cara é um multi-mídia, faz tudo, assopra, chupa cana". Eles acham o máximo. Agora eu cantar o Nordeste , balada, estourar no Rio Grande do Sul a Manaus é motivo de crítica. Acham que eu não tenho identidade. Nunca padeci ao sabor da crítica que diz que eu virei brega, que eu não sou MPB. Acho que a mídia rotula muito. E quando não tem o que rotular eles ficam perdidos. Tenho consciência de que busquei, através da minha arte conhecer o meu Brasil.

Em qualquer aldeia que eu chegue neste País sou reconhecido. E isso me interessa muito mais do que ser reconhecido na Europa, nos Estados Unidos, em qualquer lugar. Eu amo o meu País. Prefiro chegar na minha cidade e estar tocando numa rádio do que alguém encher páginas de críticas, dizer que sou o máximo e usar termos que eu nem entendo muitas vezes. Sinto que sou uma coisa bem isolada de música brasileira, nesse contexto da tradição, de ser fiel a um determinado seguimento, a uma certa linha. Acho que existe um preconceito enorme no Brasil para quem tem um talento múltiplo."

O Vendedor de Biscoito
Gordurinha & Nelinho
do disco "Terral"

Eu sou o Zé Paraíba
Vim lá de riba só pra trabalhar
Pode me chamar de pau-de-arara
Se não vai com a minha cara
Que eu não vou ligar

Sou pai de família, sujeito honrado
Não compro fiado, não devo a ninguém
Não sou vigarista, eu acho isso feio
Não pego no alheio, pois não me convém

Talvez você não saiba, servi na Itália
Não tenho medalha, não sou Zé-Ninguém
Viver de trabalho é que eu compreendo
Por isso é que eu vendo biscoito no trem

eu sou o Zé Paraíba ...

Eu tenho um filhinho pequeno demais
Mas ele já faz o que vou lhe ensinar
Já assina o seu nome, já lê a cartilha
Já sabe que Brasília é a capitá

É um brasileirinho esperto e sadio
Não é um vadio, não ri de ninguém
Eu quero que na vida ele compreenda
Pra que ele não venda biscoito no trem.


Em 2001, gravou o álbum que tem o título apenas de Fagner. Tem canções em parceria com Zeca Baleiro, Fausto Nilo, Abel Silva e Cazuza. A parceria de Fagner e Zeca Baleiro rendeu uma série de shows pelo Brasil.


Em 2004, pela Indie Records, Fagner lançou o álbum Donos do Brasil.

Em 2007 Fagner lançou um CD em Fortaleza, em 2007. Em entrevista a revista QUEM, Fagner assume que já teve relacionamentos com homens. Questionado quanto a ser bissexual ele deixa claro que não gosta de rótulos.

Lançou "Uma canção no Rádio" em 2009.


CURIOSIDADES

Amo CANTEIROS na voz de Fagner.
Incentivada pela blogagem coletiva - HOJE É DIA DE CECÍLIA - fui atrás da verdadeira história dessa música/poema.

Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.
Cecília Meireles
http://www.geocities.com/fedrasp/cecilia-meireles.html



Canteiros
(Fagner, baseado no poema "Marcha" de Cecília Meirelles Músicas incidentais : Na hora do almoço (Belchior), Águas de Março (Antonio C. Jobim)dos discos "Manera Frufru Manera" e "Ao Vivo - Duplo" )
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um toco sozinho ...
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração
(www.fagner.com.br)

FONTE



http://www.raimundofagner.com.br

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