Você vai ver
Miúcha
Você vai ver
você vai implorar
me pedir pra voltar
e eu vou dizer:
"Dessa vez não vai dar"
Eu fui gostar de você
dei carinho, amor, pra valer
dei tanto amor,
mas você queria só prazer
Você zombou e brincou
com as coisas mais sérias que eu fiz
quando eu tentei, com você ser feliz
era tão forte ilusão
que prendi o meu coração
Você matou ilusão
e libertou o meu coração
hoje é você que vai ter q chorar
você vai ver...
Eu fui gostar de você
dei carinho, amor, pra valer
dei tanto amor,
mas você queria só prazer
Você sombou e brincou
com as coisas mais sérias que eu fiz
quando eu tentei, com você ser feliz
era tão forte ilusão
que prendi o meu coração
Você matou ilusão
e libertou o meu coração
hoje é você que vai ter q chorar
você vai ver...
O programa Som Brasil – Chico Buarque, exibido pela Rede Globo no dia 17 de dezembro de 2010, foi um belíssimo exemplo de música e interpretação. Jovens artistas interpretando canções que em sua grande maioria, foram compostas antes do seu nascimento. As exceções ficaram por conta de Cauby Peixoto e Miúcha. Cauby deu uma aula de interpretação, em “Bastidores”, para os jovens Renato Goda, Maria Eugênia, Aleh Ferreira e todas as Mulheres de Hollanda. A cantora Miúcha foi ainda mais brilhante. Em “Eu te amo”, abusou do charme e da belíssima voz, mesmo antes de brindar aos ouvintes com sua versão em francês de uma das obras-primas do seu irmão, Chico.
A vida de Miúcha é recheada de personalidades. Filha do historiador Sergio Buarque de Hollanda, irmã de Chico Buarque, mãe de Bebel Gilberto e ex-mulher de João Gilberto, a cantora e (eventual) compositora teve e tem personalidade suficiente para deixar sua própria marca na história da música popular brasileira.
Miúcha (Heloísa Maria Buarque de Hollanda), cantora, nasceu no Rio de Janeiro em 30/11/1937 e mudou-se para São Paulo aos oito anos de idade, com a família.
O pai, Sergio Buarque de Hollanda, era amigo de músicos e gostava de promover saraus e noitadas musicais. Dorival Caymmi e Vinícius de Moraes eram alguns que apareciam com freqüência.
Miúcha começou a tocar violão e cantar com os seis irmãos, influenciada pelo repertório da casa, que passava por Ataulfo Alves, Ismael Silva, Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa.
Na década de 60 conseguiu uma bolsa para estudar História da Arte em Paris. Durante umas férias viajou com amigos para a Itália e Grécia, e lá começou a cantar e tocar em todos os lugares por onde passavam.
Com a experiência, de volta a Paris, passou a se apresentar no bar "La Candelaria", onde se apresentava também a chilena Violeta Parra.
Graças a Violeta conheceu João Gilberto, com quem acabou se mudando para Nova York e casando. Foi em Nova York sua estréia em disco: The Best of Two Worlds, com João Gilberto e Stan Getz, gravado em 1975.
No mesmo ano, excursionou com Getz, e juntos participaram do Festival de Jazz de Newport. Ainda em 1975 fez sua primeira gravação ao lado de Tom Jobim, cantando na faixa Bôto, do LP Urubu.
Com Tom Jobim gravou dois discos, Miúcha e Antônio Carlos Jobim (1977) e Miúcha e Tom Jobim (1979), em que lançou alguns dos maiores sucessos de sua carreira: Maninha (composta pelo irmão Chico Buarque em homenagem a ela), Pela luz dos olhos teus (Vinicius), Vai levando (Chico Buarque e Caetano Veloso), Samba do avião, Falando de amor (ambas de Tom Jobim) e Dinheiro em penca (Tom Jobim e Cacaso), que serviria de inspiração para o irmão Chico criar a música Paratodos, título de seu disco em 1993.
Em 1977 participou do famoso show no Canecão ao lado de Vinícius, Toquinho e Tom, que rendeu um disco histórico.
O espetáculo ficou em cartaz no Rio por quase um ano, seguindo depois para outras cidades na América do Sul e Europa.
Depois disso Miúcha manteve uma carreira bem-sucedida, gravando discos e excursionando com freqüência pelas Américas, Europa e Japão. Seu disco mais recente, Rosa amarela (1999), foi lançado primeiro no Japão, e inclui clássicos como Doce de coco (Jacob do Bandolim) e composições recentes, como Assentamento (Chico Buarque).
A carreira de Miúcha está intimamente ligada aos principais nomes da bossa nova: Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto. A cantora diz que não foi apenas um privilégio poder cantar com os ícones do estilo. “Cada apresentação que fazia ao lado deles envolvia histórias de vida”, recorda a artista carioca, amiga pessoal de Tom e Vinicius, além de ter sido casada com João Gilberto, com o qual teve a filha única, Bebel Gilberto.
Em 2010 - De volta a Belo Horizonte para dividir o palco do projeto SESC MPB com o mineiro Celso Adolfo, Miúcha fez show domingo de manhã, no Parque Municipal, acompanhada de Camilla Dias (piano) e Georgiana de Moraes (percussão e canto), que é filha de Vinicius. “Vou cantar basicamente Chico Buarque”, anunciou. “Mas vou abrir uma janelinha para o Vinicius”, acrescentou com carinho.
A princípio, a programação para o set no qual ela esteve acompanhada de Celso Adolfo e seu violão traria os hits Maninha, de Chico, e João e Maria, uma comovente melodia de Sivuca, que, como recordou Celso, apesar de datar de 1947, só foi letrada pelo irmão de Miúcha em 1970. Ao fim da apresentação, os dois cantaram "Quem te viu, quem te vê", também de Chico, e Vai levando, de Chico com Caetano Veloso.
“Miúcha tem uma dessas vozes inesperadas que, mesmo sem grande extensão, é capaz de captar tudo em termos de melodia e letra”, elogia Celso Adolfo, sem ocultar o desejo de ver a intérprete gravar uma de suas canções. “Ela sempre teve um gosto apurado”, acrescenta o cantor e compositor mineiro, que não é nenhum desconhecido para Miúcha. “Será um prazer cantar ao lado de um compositor tão interessante”, afirmou a irmã de Chico, que, ao pesquisar a carreira do mineiro, descobriu ter conhecimento de algumas de suas músicas.
Celso, que dedicou o mais recente CD à Estrada Real de Vila Rica, cantou duas músicas do repertório do disco no show (Barcarola lusitana e Fumo picado), além de Nós dois e outras composições, cantaram canções de todas as épocas, do disco Tempo para a frente.
No momento terminando trabalho ao lado de Nelson Pereira dos Santos, que irá culminar em dois filmes sobre Tom Jobim – o roteiro é assinado a quatro mãos, por ela e o diretor – Miúcha já começou a preparar a gravação do primeiro DVD. “Será gravado em março, em São Paulo, com direção de José Possi Neto e cenário dos irmãos Fernando e Humberto Campana”, disse Miúcha.
PÁGINAS DA VIDA
Miúcha estreou em disco em 1977, ao lado do amigo Tom Jobim. O mais recente lançamento da cantora é Outros sonhos, que chegou ao mercado paralelamente a uma coletânea em que ela resgata o repertório de Tom, Vinicius e João Gilberto. Protagonista de uma série de histórias envolvendo a MPB, depois de publicar artigos na revista Nosso caminho, do mestre Oscar Niemeyer, e na imprensa paulista, a cantora anuncia disposição para escrever livro de memórias. Dos tempos em que morou em Paris – quando estudou história da arte na Sorbonne e École du Louvre e teve oportunidade de conhecer e conviver com mitos como Violeta Parra – passando por Roma, onde morou com a família, e o México, já casada com João Gilberto, a filha do historiador Sérgio Buarque e de dona Memélia Buarque de Holanda coleciona histórias dignas de ilustrar as páginas de um livro.
FONTE
Siteletras
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