Aqui eu destaco "Quem sabe isso quer dizer Amor", uma das composições de Lô Borges / Márcio Borges - interpretada por Milton Nascimento, que mais me surpreendem...
Quem sabe isso quer dizer Amor
Cheguei a tempo de te ver acordar
Eu vim correndo a frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira
Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois,
Sinais de bem, desejos de cais
Pequenos fragmentos de luz
Falar da cor, dos temporais,
de ceu azul das flores de abril
Pensar além do bem do mal
Lembrar de coisas que ninguem viu
O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele, tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer!
Pensei no tempo, e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça
Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar
Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você
O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele, tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer!
Lô Borges
Os irmãos Marilton, Márcio e Lô Borges, os amigos Beto Guedes, Bituca entre outros se não estavam no "quarto dos homens", envolvidos com música, estavam na esquina, cantando e tocando violão. Bituca, mais conhecido como Milton Nascimento, convidou Lô Borges para dividir um disco inteiro com ele. Assim nasceu: Clube da Esquina lançado em 1972, quando Lô Borges tinha apenas 18 anos. No disco ele grava a música "Um girassol da cor do seu cabelo" cantando ao piano, tendo o acompanhamento de uma orquestra regida por Eumir Deodato.
Um Girassol da cor de seu Cabelo - Lo Borges
O disco ainda traz: "O Trem Azul", "Saídas e bandeiras", "Cais", "Paisagem da janela", "Nada será como antes" e "Clube da Esquina nº 2".
O Clube da Esquina II
Clube da Esquina ainda hoje é reverenciado como um dos discos mais importantes da MPB.
V I D A E OBRA
Salomão Borges Filho, conhecido como Lô Borges (Belo Horizonte, 10 de janeiro de 1952) é um cantor e compositor brasileiro.
Lô Borges foi um dos fundadores do Clube da Esquina, grupo de artistas mineiros que marcou presença na música popular nas décadas de 1970 e 1980. É co-autor, junto com Milton Nascimento, do disco Clube da Esquina, de 1972, que se tornaria um marco na música popular brasileira. Entre suas composições mais famosas destacam-se, entre outras, Paisagem da Janela, Para Lennon e McCartney, Clube da Esquina n.º 2 e O Trem Azul.
Lô Borges - Paisagem da Janela
Com um contrato nas mãos para gravar um segundo álbum, Lô Borges se viu numa encruzilhada, já que não tinha material para isso. Acreditem ou não, mas as primeiras músicas que ele compôs na vida foram aquelas registradas no "Clube". Daí pra frente, ele teve que se disciplinar para compor as músicas que fariam parte de seu segundo álbum. Acontece que essa disciplina não existia, simplesmente por que Lô jamais tivera que compor por obrigação.
A solução então, foi compor enquanto gravava. Desta maratona, surgiu Lô Borges, seu segundo trabalho. Ou simplesmente, o "disco do tênis" como é conhecido até hoje, graças à foto da capa, que mostra um par de tênis velhos do próprio cantor.
Seria difícil imaginar que aos 19 anos, Lô Borges faria um trabalho tão ou mais inovador que o anterior, mas a verdade é que isso aconteceu. O "disco do tênis" é considerado um clássico experimental por seu próprio autor e um trabalho à frente de seu tempo, também um pouco ignorado na época. Canções como "Canção postal", "O Caçador" e "Faça seu jogo" estão entre os destaques de um trabalho que acabou por deixar Lô Borges completamente esgotado e sem vontade de continuar fazendo música profissionalmente.
Lô Borges passaria os próximos sete anos sem registrar absolutamente nada do que compunha. Este hiato só seria quebrado em 1979 com o lançamento de Via Láctea. De novo um clássico. Basta citarmos as músicas que compunham este álbum. Nove entre dez canções de qualquer coletânea de Lô Borges são deste disco. "Clube da Esquina 2" - com uma letra criada por Márcio Borges, em cima do instrumental registrado no disco Clube da Esquina - , "A Via Láctea", "Equatorial", "Vento de Maio", "Tudo que você podia ser" e "Nau sem rumo".
O ano de 1980 seria especial para Lô Borges e sua família. Os Borges é um projeto especial que reuniu toda a família, com apenas dois convidados : Milton (que era "da família") e a pimentinha Elis Regina. Um belo disco que mostrou ao mundo o clima que reinava na casa dos Borges, traduzido até em imagens, através da capa, que mostrava o quarto dos meninos, com violões pelo chão e pôsteres pela parede.
Nuvem Cigana é seu trabalho de 1981, em que Lô regravaria a faixa-título, já registrada no Clube da Esquina. Mais uma vez, as composições teriam letras de Márcio e Ronaldo Bastos, com a inclusão de Murilo Antunes no "Clube". Músicas como "A Força do vento" de Rogério Freitas e "Viver, viver" - esta com participação do indefectível Bituca - são uma amostra da capacidade de composição de Lô Borges.
Um hiato de três anos separam "Nuvem" do próximo trabalho de Lô Borges, Sonho Real - que em 2001 ganhou uma reedição luxuosa em CD. É o disco em que seu irmão Telo mais contribui, inclusive com a bela faixa que abre o álbum, "Tempestade". Mais uma vez, o trio de letristas, Márcio Borges, Murilo Antunes e Ronaldo Bastos se faz presente, mantendo assim a chama do Clube acesa.
Em 1987, Lô Borges faz seu primeiro e até agora, único registro oficial ao vivo de sua carreira. Lô Ao Vivo foi gravado no Rio de Janeiro em uma proposta "violão-piano-voz", acompanhado apenas por seu irmão Marilton. As participações especiais de Milton Nascimento ( em "Um Sonho na correnteza" ) e de Paulo Ricardo - então no auge de sua carreira com o RPM - em "Para Lennon e McCartney" ajudam a abrilhantar este álbum que jamais foi lançado no país.
Quase dez anos separam este registro ao vivo de Meu Filme, o disco que o próprio Lô Borges considera - ao lado do "disco do tênis" - como o mais emblemático de sua carreira. O disco foi gravado quase todo com voz, violão e percussão a cargo do mestre Marcos Suzano e do aclamado grupo Uakti. O velho amigo Bituca toca sanfona em "Alô", parceria dos dois. Um outro parceiro bastante famoso dá as caras aqui. Caetano Veloso assina a letra de "Sem não" enquanto Chico Amaral, principal letrista do Skank, assina a faixa-título com Lô. É neste disco que Lô Borges inaugura sua bem sucedida parceria com a banda mineira - principalmente com Samuel Rosa - de quem regravaria "Te ver".
No trabalho Feira Moderna, ele regrava alguns de seus maiores sucessos, além de gravar pela primeira vez a faixa-título, uma parceria sua com Beto Guedes e Fernando Brant. As participações especiais deste disco vão de Edgard Scandurra - um velho fã da música de Lô Borges- a Samuel Rosa. Um disco para antigos fãs relembrarem e novos terem seu primeiro contato com a música de um gênio sempre precoce chamado carinhosamente de Lô.
Fora do Brasil, Lô Borges teve seu trabalho de compositor reconhecido na Europa, tendo suas canções gravadas por intérpretes como a espanhola Ana Belen, a portuguesa Eugênia Melo e Castro, entre outros. Nos Estados Unidos, onde já se apresentou várias vezes, Lô é considerado um dos principais compositores brasileiros e suas músicas foram incluídas em coletâneas como “Brasil Classics I – Beleza Tropical”, elaborada por David Byrne (Talking Heads). No Japão, onde esteve para uma turnê de dez apresentações, encontrou um público conhecedor de seu trabalho, estando seus discos em catálogos com letras traduzidas para o japonês.
A partir dos anos 2000, Lô compôs e fez mais de 30 shows com Samuel Rosa, além de outras músicas em parceria com Tom Zé, Nando Reis, Arnaldo Antunes, demonstrando grande capacidade de transitar por gerações e estéticas diferentes do Clube.
SONHO REAL - Lô Borges
C U R I O S I D A D E S
*A canção "Paisagem da Janela" foi regravada em 2000 pela artista Vanessa Rangel.
*A cancão "Trem Azul" foi gravada por Tom Jobim em 1990 e regravada em 1994 numa versão em inglês feita pelo próprio Tom em seu disco Antônio Carlos Brasileiro Jobim.
*Clube da Esquina foi um movimento musical nascido na década de 1960 em Minas Gerais. O Clube da esquina surgiu da grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), na Belo Horizonte dos anos 1960. Considera-se que seus principais participantes tenham sido Tavinho Moura, Wagner Tiso, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Fernando Brant e os integrantes do 14 Bis, entre outros.
*O LP CLUBE DA ESQUINA foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o sétimo melhor disco brasileiro de todos os tempos.
*Em Pouso Alegre, a FDSM, o Conservatório e o Colégio Integral realizam em conjunto, no dia 11 de novembro/2010, o espetáculo Bares de Minas. O musical contou com as presenças de Márcio e Lô Borges, e teve como tema o famoso "Clube da Esquina", movimento da música mineira conhecido mundialmente. O espetáculo foi montado a partir das obras dos músicos e também teve textos de Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade. Também articiparam do evento outros artistas e cantores de Pouso Alegre.
*“Clube da Esquina” é um dos álbuns citados no livro
“1001 Albuns You Must Hear Before You Die”
(1001 álbuns que você deve ouvir antes de morrer).
D I S C O G R A F I A
1972: Clube da Esquina
1972: Lô Borges
1979: A Via Lactea
1980: Os Borges
1981: Nuvem Cigana
1984: Sonho Real
1987: Solo - Ao Vivo
1996: Meu Filme
2001: Feira Moderna
2003: Um Dia e Meio
2006: BHanda
2008: Intimidade
2008: Harmonia
♪ Milton Nascimento, Skank, Nando Reis, & Lô Borges - Resposta ♫
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis
Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...
Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...
Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou...
Dos versos seus
Tão meus que peço
Dos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(2x)
Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(3x)
FONTE
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