domingo, 31 de julho de 2011

Moacir Silva


Moacir Silva (Cataguases/MG 1940 — Conselheiro Lafaiete, 13 de agosto de 2002) foi um saxofonista e produtor musical brasileiro.

Moacyr aprendeu a tocar saxofone com professores anônimos de sua cidade natal. Aos 10 anos, já integrava uma banda de Conselheiro Lafayette, e logo depois que se mudou para o Rio de Janeiro, aos 17 anos, fazia parte da banda do destacamento militar onde serviu o Exército.


Moacir tocou nas orquestras dos maestros Fon Fon e Zacarias. Foi diretor artístico da Copacabana Discos e gravou alguns discos antológicos, inclusive Sax Voz, com Elizeth Cardoso.



Seu apelido era Bob Fleming, idéia do produtor Nilo Sérgio. Moacyr Silva nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 1940, e faleceu em 2002, em Conselheiro Lafaiete. Ele foi um saxofonista e produtor musical brasileiro. Só que ele não era apenas o Moacyr Silva, porque, por várias vezes, ele foi também o Bob Fleming. Mas o Bob Fleming também nem sempre foi o Moacyr Silva, porque outro saxofonista brasileiro, chamado Zito Righi, também foi o Bob Fleming.

Em 2002 morreu o Bob Fleming. Quem se lembra do Bob Fleming?! Sax tenor. Seus discos vendiam muito no Brasil, mas de repente ele parou de gravar e desapareceu. Nunca se soube por que. Na verdade,  nunca se soube nada sobre Bob Fleming. Pelo nome era americano e branco, mas os discos não traziam sua biografia, não traziam sua foto, não traziam nem o nome dos músicos que o acompanhavam. As publicações especializadas em música o ignoravam, nos Estados Unidos ninguém o conhecia.

Qual era o mistério? O mistério, soube-se muito depois, se chamava Moacyr Silva. Um grande saxofonista negro brasileiro que teve o reconhecimento que merecia, principalmente dos seus pares na música.Moacyr Silva não tinha o físico para sustentar o pseudônimo, ao contrário, por exemplo, do Farnésio Dutra e Silva, que além de competente pianista tinha a pinta, e uma voz de barítono adequadamente sinátrica, para ser Dick Farney a vida toda.

Na mesma época em que Moacyr Silva virou Bob Fleming (e outro pseudoamericano chamado Ed Lincoln também fazia sucesso no Brasil) , Cauby Peixoto virou Ron Coby e foi tentar fazer sucesso nos Estados Unidos. Ainda não era a hora.



Uma das conquistas da bossa nova foi que, depois do seu estouro lá fora, ninguém mais precisou ser Ron Coby ou coisa parecida em lugar algum. Gente como o Ivan Lins e o João Bosco, sem falar no João Gilberto e descendentes, tem um grande público nos Estados Unidos, qualquer músico brasileiro tem um grande público no Japão e não é exagero ufanista dizer que hoje o Caetano, sem precisar se chamar Kay Tanner, é considerado o melhor cantor do mundo. Aliás, quem disse que ele é foi um crítico do "New York Times". E o porteiro do edifício do Tom em Nova York só chamava ele de Joe Bean ("Where have you been, Mr. Bean?") porque tinha entendido "Jobim" errado.

Infelizmente, o progresso de Bob Fleming para Joe Bean não ensinou muita coisa a um país onde nenhum edifício novo tem nome em português e entrega de pizza se chama "delivery".

O tempo é o senhor da verdade e da razão...  (texto retirado de Samba-Choro).


Acontece que o Bob Fleming nunca existiu materialmente, ou seja, ele era uma abstração. Ele surgiu em 1959, fruto da imaginação criativa e lucrativa de Nilo Sérgio, o produtor musical da gravadora Musidisc. A Musidisc, então, passou a ser dona do Bob Fleming, e o Nilo Sérgio escolhia o saxofonista que ele achava melhor para fazer as gravações do Bob Fleming.

Sua estratégia, de criar um saxofonista de nome norte-americano, tocando os hits do momento, como boleros, baladas e até bossa-nova, deu certo, e vendeu milhares de cópias. Sabem aonde? No Brasil, é claro. Nilo Sérgio reconhecia que poderia se aproveitar comercialmente dessa velha mania brasileira de almejar ser a Europa ou os Estados Unidos, e consumir o que vem de lá sem sequer analisar o conteúdo.

Moacyr Silva não era o Bob Fleming, um gênio do saxofone mundial, mas somenteum saxofonista pobre, brasileiro, muito versátil, além de tocar jazz, bolero, e quaisquer outras coisas que viessem, era bom de samba... Poder-se-ia dizer que o Moacyr era melhor do que o próprio Bob Fleming.

  • Discografia
1960 - Sax Voz - Eliseth Cardoso e Moacyr Silva
1961 - Sax & Voz Nº 2 - Elizeth Cardoso e Moacyr Silva
1963 - É Tempo de Samba - Moacyr Silva - Sua Orquestra e Coro
198x - Mr. Sax - Bob Fleming (Produzido por Nilo Sérgio)
2000 - Seleção de Ouro - 20 Sucessos - Moacyr Silva


FONTE

Um comentário:

Taynam Magalhães disse...

Adorei sua postagem. Conheço o trabalho do Moacyr Silva, mas somente hoje descobri que ele foi o Bob Fleming.