quinta-feira, 7 de julho de 2011

Prêmio da Música Brasileira se rende ao samba de Noel Rosa


Sem um grande vencedor e com os seus 35 troféus pulverizados por cantores das mais variadas categorias - passando do samba ao erudito -, a 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira se destacou mesmo pela homenagem ao cantor, compositor, bandolinista e poeta Noel Rosa.

Considerado um dos maiores compositores populares brasileiros, o sambista morreu em 1937, aos 26 anos, vítima de tuberculose, e com mais de 230 canções no currículo. A festa, apresentada por Débora Bloch e Regina Casé, agitou o Theatro Municipal do Rio, no Centro da capital fluminense, na noite desta quarta-feira (6).

Dez números musicais reuniram grandes nomes do cenário artístico nacional para um tributo emocionante ao mito da década de 1930. Paulinho da Viola e sua filha, Beatriz Faria, abriram os trabalhos cantando De Babado e Feitiço da Vila. Dori e Nana Caymmi fizeram dueto em Três Apitos e Último Desejo. Em seguida, Yamandu Costa e Hamilton de Holanda tocaram Coisas Nossas. Depois foi a vez de Zizi Possi soltar seu vozeirão em Pela Décima Vez.

Revelação da música na edição do prêmio de 2010, Tulipa Ruiz e Zélia Duncan fizeram um dueto em duas canções, Quando o Samba Acabou e O X do Problema. Wilson das Neves e Tantinho da Mangueira vieram a seguir com os sucessos Com Que Roupa? e Conversa de Botequim.

Coube a Lenine e Luísa Malta três canções, Pierrot Apaixonado, As Pastorinhas e O Orvalho Vem Caindo. Marisa Monte atacou de Feitio de Oração; Ivete Sangalo veio de Palpite Infeliz e todos estes cantores, juntos, soltaram a voz em Até Amanhã, no encerramento e com direito a bolas pretas e brancas e pierrôs e colombinas invadindo a plateia, depois do trio Jô Soares, Aracy Balabanian e Nathalia Timberg ler um texto em prol do poeta.

Entre um número musical e outro, as apresentadoras da noite contaram peculiaridades de Noel Rosa, como o fato de ele só usar um sapato engraxado, seus inúmeros amores e suas intérpretes favoritas - Marília Batista e Aracy de Almeida -, sempre permeadas por belíssimas imagens de arquivo da década de 1930, quando o compositor morava no bairro carioca de Vila Isabel.

Sem direito a comentar seus prêmios por conta da grande quantidade deles - e o que elevaria o tempo da cerimônica, de duas horas -, os artistas só levantavam seus troféus e posavam para fotos. O protocolo foi quebrado por Leny Andrade, que faturou na categoria Melhor Álbum em Língua Estrangeira, que homenageou Cauby Peixoto - também concorrente -, sentado à primeira fila, que discursou mesmo sem microfone.

- Eu te amo! Eu te amo! Eu queria perder hoje para você!

O momento saia-justa da noite ficou por conta do Roupa Nova, que não prestigiou a festa. Semanas antes do prêmio, o grupo divulgou uma nota afirmando que não concordava com o fato de seu novo CD - Roupa Nova 30 Anos Ao Vivo - estar concorrendo na categoria Canção Popular. Eles também não mandaram representante e Débora Bloch se limitou a dizer que "o Roupa Nova não veio receber o prêmio". O troféu ficou na mão da modelo...

Na saída, Zeca Pagodinho comemorou seu prêmio de Melhor Cantor na categoria samba em entrevista ao R7.

- O prêmio é sempre um estímulo. Vou trabalhar para fazer mais coisa bacana e ser premiado de novo!

Idealizador da premiação, José Maurício Machline discursou na abertura sobre o valor da música brasileira e sobre o "momento de transição da música, da comercilização até as questões de direito autoral", numa clara referência à crise do Ecad, responsável pela arrecadação no Brasil.

Ao todo, foram 104 indicados por uma banca formada por jornalistas, músicos e críticos musicais. Pela primeira vez, o Prêmio da Música Brasileira ganha caráter itinerante e percorrerá, a partir do mês que vem, seis capitais brasileiras com o show em homenagem a Noel Rosa.

A anfitriã Regina Casé abraça Alcione e Zeca Pagodinho, melhor cantora e cantor de samba

Veja, a seguir, a lista completa com todos os premiados da 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira:

  • CATEGORIA MPB

Melhor álbum: Quando o Canto É Reza, de Roberta Sá & Trio Madeira Brasil

Melhor grupo: Os Cariocas

Melhor cantor: Emílio Santiago

Melhor cantora: Roberta Sá

  • CATEGORIA PROJETOS ESPECIAIS

Álbum em língua estrangeira: Alma Mia, de Leny Andrade

Álbum erudito: Chopin The Nocturnes, de Nelson Freire

Álbum infantil: Quando Eu Crescer, de Éramos Três

Álbum projeto especial: Adoniran 100 anos

Álbum eletrônico: Calavera, de Guizado

  • CATEGORIA CANÇÃO POPULAR

Melhor álbum: Cine Tropical, de Criolina

Melhor dupla: Zezé Di Camargo & Luciano

Melhor grupo: Roupa Nova

Melhor cantor: Reginaldo Rossi

Melhor cantora: Sandra de Sá

  • CATEGORIA REVELAÇÃO

Artista: Luísa Malta

  • CATEGORIA CANÇÃO

Melhor canção: Dolores e suas Desilusões, de Monardo e Mauro Diniz, intérprete Zeca Pagodinho

  • CATEGORIA ESPECIAIS/DVD

Arnaldo Antunes, por Ao Vivo Lá em Casa

  • CATEGORIA REGIONAL

Melhor álbum: Capoeira de Besouro, de Paulo César Pinheiro

Melhor dupla: Renato Teixeira e Sérgio Reis

Melhor grupo: Quinteto Violado

Melhor cantor: Vitor Ramil

Melhor cantora: Elba Ramalho

  • CATEGORIA POP/ROCK/REGGAE/HIPHOP/FUNK

Melhor álbum: Música de Brinquedo, de Pato Fu

Melhor grupo: Pedro Luís e a Parede

Melhor cantor: Lulu Santos

Melhor cantora: Vanessa da Mata

  • CATEGORIA ARRANJADOR

Cristóvão Bastos por Tantas Marés, de Edu Lobo

  • CATEGORIA PROJETO VISUAL

Artista: Gringo Cardia pelo disco Capoeira de Besouro, de Paulo César Pinheiro

  • CATEGORIA INSTRUMENTAL

Melhor álbum: Gismontipascoal, de Hamilton de Holanda e André Mehmari

Melhor solista: Hamilton de Holanda

Melhor grupo: Trio de Câmara Brasileiro

  • CATEGORIA SAMBA

Melhor álbum: Pra Gente Fazer Mais um Samba, de Wilson das Neves

Melhor grupo: Gafieira São Paulo

Melhor cantor: Zeca Pagodinho

Melhor cantora: Alcione

FONTE

R7 ENTRETENIMENTO

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