segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Caíto Marcondes


A música pode te levar para qualquer lugar,
pode criar um cenário, reinventar um sentimento,
resgatar uma memória...

João Carlos Marcondes Nassif, mais conhecido como Caíto Marcondes (1954 Rio de Janeiro/RJ) é um percussionista e compositor brasileiro, integrante da Orquestra Popular de Cordas. Seu primeiro disco solo, Porta do Templo, foi considerado um dos 150 melhores lançamentos de 1995 na Europa pelo World Music Charts Europe.


Nascido no Rio de Janeiro, Caíto Marcondes começou seus estudos de piano aos oito anos, continuando depois ao violão, e passando, na adolescência, a tocar bateria, vindo mais tarde a estudar o instrumento com Rubens Barsotti (Zimbo Trio) e percussão sinfônica com Cláudio Stephan. Sem nunca abandonar os instrumentos que aprendeu, estudou composição com Hans Joachin Koellreuter e harmonia tradicional e contraponto com Mário Ficarelli.

Viveu em Taubaté (SP) até os 17 anos de idade, quando foi para São Paulo cursar Arquitetura. Cursando Arquitetura na FAU-USP, freqüentou o ambiente musical de São Paulo, formando o primeiro grupo, "Platô", com Sizão Machado, Datcha, José Neto, Paulo Machado e Duda Neves.

Nessa época, recebeu convite para tocar com Hermeto Pascoal e passou a integrar o grupo do músico. Formou, então, uma segunda banda, "Pé Ante Pé", com Teco Cardoso, Mané Silveira, Beto Caldas e Chico Guedes, fazendo inúmeros concertos e gravando dois discos - "Pé ante pé", em 1980, considerado o melhor disco instrumental do ano pela crítica, e "Imagens do Inconsciente", em 1982, com formação de quinteto e participação de Nico Assumpção e Silvio Mazzuca Jr.



A partir da dissolução da banda, Caíto Marcondes montou um estúdio de gravação para propaganda e passou a compor trilhas para teatro, balé e cinema, entre estas, algumas premiadas, como "Canabraba", de Reinaldo Volpato, "O que move" e "Frio na Barriga", ambos do diretor Nilson Villas-Boas.

Depois começou um trabalho com Marlui Miranda, parceria que rendeu turnês pela Europa e Estados Unidos, além de arranjos para Marlui Miranda, Coral e Orquestra Jazz Sinfônica, no projeto do disco "Missa Indígena 2 Ihu-Rezar", lançado no Brasil, Alemanha e Estados Unidos.

Participou também de shows e gravações com Toninho Horta, Mauro Senise, Heraldo do Monte, Nelson Ayres, Milton Nascimento, Francis Hime, Paulo Moura, Chico César, Duofel, Rita Lee, Ná Ozzetti e Joyce, realizando com esta uma turnê para o Japão, junto com Arismar do Espírito Santo e Nailor Proveta Azevedo.

Em junho de 1995, gravou seu primeiro trabalho solo, CD "Porta do templo", na Califórnia, com o quarteto de cordas americano Turtle Island e François de Lima (participante, junto com o líder Proveta, da Banda Mantiqueira). O disco rendeu a admiração e amizade de Airto Moreira, que num fax entusiasmado, após ouvir o disco, chamou Caíto Marcondes de "o Villa-Lobos da percussão...". Indicado ao "Prêmio Sharp".

O CD "Porta do templo" foi editado na Alemanha e lançado em fevereiro de 1999, nos Estados Unidos.

Em 1997, compôs as trilhas sonoras para dois filmes de longa-metragem: "A Grande Noitada", de Denoy de Oliveira, e "O Cineasta da Selva" (em parceria com Teco Cardoso), de Aurélio Michiles, ambos premiados no Festival de Cinema de Brasília.

Como integrante da Orquestra Popular de Câmara, ganhou o "Prêmio Movimento", em 1999.

Em 2001, Caíto Marcondes gravou o CD "Sul Encontra Norte" ou "North Meets South", com Tracy Silverman. Este é um dos mais célebres encontros musicais das Américas. Os músicos em questão são o percussionista brasileiro Caito Marcondes e o violinista americano Tracy Silverman. Ambos dividem composição e arranjos nas 11 faixas do CD. A parceria deles começou ainda antes deste trabalho efetivo.

Em 1995, quando Caito gravou seu primeiro CD solo, “Porta do Templo”, Silverman integrava o Turtle Island String Quartet, que participou do disco.

Em 1999, Silverman participou com Caito do Festival Percussões do Brasil. Dali saiu o coração desde disco, como afirmou Caito.

É este, portanto, o novo trabalho desta dupla de músicos ecléticos e criativos, que se reuniram espontaneamente num encontro de latitudes geograficamente opostas, porém muito próximas no plano anímico e subjetivo, onde a música não conhece fronteiras nem estilos, e flui leve e verdadeira como o remar compassado do velho ribeirinho conduzindo sua piroga rio acima.


Ao fazer uso de instrumentos de percussão de várias partes do mundo, como as tablas indianas, o berimbau, o pandeirão da Península Ibérica também presente no boi do Maranhão, o pandeiro brasileiro, o djembê africano, Caito Marcondes desenha uma tapeçaria única e original, sobre a qual Tracy Silverman elabora suas melodias, num bordado que ora evoca as planícies americanas, o alaúde árabe ou a rabeca nordestina, fazendo uso de toda sua refinada técnica e capacidade de improvisação jazzística seja no violino tradicional ou no de seis cordas, um dos únicos no mundo, surpreendendo o ouvinte com a diversidade de timbres do seu arco, que faz seu instrumento por vezes soar como uma flauta (ouça-se a música “Last Word” ).

O CD começa com Repente, de Caito Marcondes. Uma variação de canção popular brasileira, improvisada no xilofone baixo, por Caito, e no violino elétrico com pedal wah-wah, por Silverman. Uma abundância musical acrescida ainda de tabla e a voz percussiva de Caito. Segue com o clássico O trenzinho do caipira, de Heitor Villa-Lobos, também com um belo e emocionante vocalise de Caito, que ainda se utiliza de pandeiro, tornozeleira indiana e caxixi, entre outros recursos.

O bom humor brasileiro abre passagem na interpretação e interatividade dos músicos executando Chicletes com banana, de Gordurinha e Almira Castilho. A quarta música é Olive Branch, de Tracy Silverman, com interpretações bem livres e vigorosas dos músicos. Ainda de composição de Silverman, a quinta faixa é Are you sleeping? Uma canção de ninar que ele escreveu com a ajuda de sua filha de oito anos. Depois vem Dança do sol, de Caito, que o instrumentista compôs quando já estava de volta ao Brasil.

O CD foi gravado em Nashville. Depois Caito mandou a base e outras partes para Tracy completar. Por falar em Nashville, até a pizzaria onde eles almoçavam durante a gravação foi homenageada. Assim nasceu Firehouse, de Silverman. Caito não deve ter resistido e aproveitou o inusitado utilizando uma frigideira entre seus instrumentos nessa faixa.

Paracamby, de Caito, é o nome de um rio numa estrada próxima ao Rio de Janeiro. O músico achou o nome sonoro e… lá vai composição. Zabumba e triângulo dão um ar bem nordestino à canção, apesar do violino elétrico de Silverman, que, aliás, o dedilha de vez em quando. Segue com Canon, de Silverman. Bonita canção com a ilusão de se escutar um vendaval.

A penúltima música é Canção da partida, de Dorival Caymmi, com arranjo de Caito. O músico procura criar uma certa tensão que simboliza a partida das jangadas dos pescadores, como sugere a música. O CD fecha com uma única parceria entre os dois músicos para esse trabalho. Last word tem também um fato curioso. Tracy usa o arco do violino para soar como uma flauta, sem ajuda de nenhum efeito eletrônico. Um som arrojado e viril, onde se percebe as sutilezas criativas de cada instrumentista.” - Sérgio Fogaça, Página da Música

Enquanto Marcondes faz seu show, Silverman contribui com outro, acrescentando o som de seu violino, que pode ser tanto o convencional como o elétrico, ou ainda o violino criado especialmente para ele, com seis cordas” - Gislaine Gutierre, Diário do Grande ABC

Ficha técnica

Tracy Silverman: violino acústico e elétrico.

Caito Marcondes: percussão (xilofone baixo, tabla, pandeirão, caxixis, tornozeleira indiana, pandeiro, tamborim, pandeirão, handdrums, canos de PVC, djembaby, chocalho nepalês, frigideira, zabumba, triângulo, castabaça, berimbau, pratos com arco, roda d’água).

Produzido por Caito Marcondes e Tracy Silverman. Lançado em julho de 2002 pela Gravadora Núcleo Contemporâneo.

Em novembro de 2003 faz várias apresentações com grande sucesso, ao lado do violinista Tracy Silverman e a Orquestra Sinfônica do Paraná e a Jazz Sinfônica de São Paulo, tocando entre outras coisas sua música Dança do Sol, com arranjo de sua autoria.

Participante ativo como percussionista, compositor e arranjador da Orquestra Popular de Câmara, que recentemente lançou o seu segundo CD “Danças, Jogos e Canções” participou de turnê pela Europa, apresentando-se no Festival de Rudolstadt, Alemanha, vários festivais na Espanha, no Sfinks em Antuérpia, Bélgica e no Nuits Atypiques de Langon, França.

Caito gravou ao vivo, em março de 2004, e lancou em março de 2005 o seu novo trabalho solo intitulado Auto-Retrato, onde concentra toda sua experiência e uma carreira de 35 anos como instrumentista, compositor e arranjador. O trabalho foi gravado ao vivo no Espaço Cachuera, com a participação especial de Marlui Miranda e Mônica Salmaso. O próprio público também participou sob a regência de Caito, compondo junto com o músico uma peça que será parte integrante do novo CD, usando suas vozes e dobraduras estalantes de papel.
Em 03 de novembro/2009,  aconteceu o encontro entre músicos franceses e brasileiros que produzem música contemporânea. O Claire Michael Quartet veio ao Brasil para se apresentar ao lado do percussionista Caíto Marcondes. O repertório reuniu composições francesas e brasileiras. Formado por Caíto Marcondes (percussão); Jean-Michel Vallet (piano); Claire Michael (flauta e saxofones); Patrick Chartol (contrabaixo); Thierry Le Gall (bateria).


Em 2010, Caito Marcondes apresentou-se em Notorious, Buenos Aires, (5/03/2010), acompanhado de Oswaldo Fattorusso na bateria, Martin Sued no bandoneon, Ignacio Varchausky no contrabaixo, Arthur de Faria no piano e Mauricio Pereira no sax soprano e voz.




FONTE

DICIONÁRIO MPB

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