Paulo Padilha é uma peça rara na MPB contemporânea: um cantor/compositor que baseia seu repertório em canções de sua própria lavra, que não teme o ecletismo na hora de criar e que, por isso mesmo, consegue imprimir uma marca bem pessoal a suas músicas.
Como cantor e compositor, lançou os álbuns Cara Legal, Certeza e o Samba Deslocado, Descolado Samba.
Preconceito com Paulo Padilha
Foi indicado ao Prêmio Apetesp (1991) pela composição da trilha sonora da peça Uma Rapsódia de Personagens Extravagantes. Integrou o grupo Aquilo Del Nisso desde sua formação (1986) até 2001, atuando como baixista, compositor e arranjador.
Em Certeza lançado em 2001, Padilha exercita seu estilo: uma curiosa mescla de influências das músicas negra e nordestina, espalhada em 12 canções de arranjos bem-construídos (todos em um registro low-profile, sem timbres bombásticos) e valorizadas pela interpretação igualmente sutil do cantor.
Há uma notável presença da black music no álbum, através da inflexão vocal de Paulo e do estilo particularmente balançante de algumas das canções - o melhor exemplo é Aquela Ginga, não por acaso dedicada a Luiz Melodia, um precursor da fusão blues/soul com o samba que parece nortear o trabalho de Padilha.
Neste contexto, faz pleno sentido a inclusão de um único cover no disco, justamente Não Vou Ficar, cavalo de batalha de Tim Maia. Com Padilha, a canção ficou sutil, com a adição de um naipe de metais e vocais femininos de apoio.
O samba-rock surge, descarado, em Juçara, pleno de guitarras com wah-wah, pandeiro, caixa e ganzá.
Abrindo o disco, ele escolhe Certeza É Ilusão, também gravada recentemente por sua companheira de gravadora Suzana Salles, e que aqui vem numa versão suingada. Para fechar o disco, Padilha concede-se um sambinha quase ortodoxo, com Novela.
Apesar da marcante influência black, Paulo Padilha não nega ter um pé ao Norte da Bahia. Várias faixas evidenciam isso, como o sabor nordestino que marca A Fome, com letra irônica sobre o miserê reinante no sertão e a intervenção de uma viola caipira. Há mais Nordeste - e mais humor - em Cachorro, curioso "rap-repente" com direito a flautinha emulando um pífano pernambucano. Uma contagiante batida de pandeiro, "prima" do samba do Recôncavo baiano, marca a irônica Rasguei o Papel, convivendo bem com o acordeon de Oswaldinho.
Fofoca de Maria - com Paulo Padilha e Marias do Vera
O cantor e compositor paulistano Paulo Padilha, que recentemente teve canções gravadas por Simone e Marcos Sacramento, além de ter excursionado pelo Projeto Pixinguinha 30 Anos. Seu mais recente trabalho, o CD “Samba Deslocado Descolado Samba”, mistura influências e referências criando um samba autoral, predominantemente acústico e que passa pela MPB, pop, o samba-rock e o samba de roda.
FONTE
CLIQUEMUSIC
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