quinta-feira, 19 de maio de 2011

Academia Brasileira de Letras entra no ritmo da batucada


Rio - Remexendo seu rico acervo pessoal de memórias de bamba, Monarco evoca uma pequena lembrança de Cartola: “Ele tinha pendurado na parede de casa, preso com esparadrapo, o recorte do jornal em que saiu publicado artigo de Carlos Drummond de Andrade lhe tecendo elogios”. A simpatia, quase amor, entre imortal e poeta do morro é indício para tese de que samba e literatura sempre se afinaram bem. E, a partir de hoje, esta parceria de sucesso será retomada com o projeto ‘MPB na ABL’.

Em sua quinta edição, a série musical levará rodas de samba gratuitas à Academia Brasileira de Letras, sempre no horário de almoço (12h30). Na estreia, Monarco é convidado do grupo Samba de Fato para o show ‘Quando Me Chamar Saudade’ — uma homenagem ao compositor Nelson Cavaquinho.

Preferia estar cantando ao seu lado, mas também fico feliz de lhe prestar uma homenagem. Escolhi cinco músicas do meu companheiro de boemia. Também vou contar histórias que eu vivi — e não pesquisei — como os malabarismos que o poeta de cabelo cor de prata fazia”, afirma Monarco, quase versando.

O portelense elogia o projeto da ABL. “É sincero e honesto. Os compositores de samba merecem homenagem. Eles não sentaram em banco de escola, mas têm a poesia como dádiva de Deus”, diz Monarco, citando a canção ‘Testamento Partideiro’, de Candeia: “O sambista não precisa ser membro da Academia/Ao ser natural em sua poesia o povo lhe faz imortal”.

A série faz parte de uma estratégia para aproximar a Academia do público. “O samba é manifestação das mais importantes no universo cultural brasileiro. Ao promover o ‘MPB na ABL’, a Academia mantém-se fiel à vocação de casa de cultura aberta, democrática e criativa. Tem sido assim desde os tempos de Machado de Assis, Ruy Barbosa e Nabuco. Estamos mantendo a tradição”, justifica o presidente Marcos Vilaça.

Nos últimos tempos, as dependências da ABL já foram transformadas em palco para apresentações de todos os tipos — até grafitismo e hip-hop. São realizadas também homenagens improváveis a ídolos brasileiros: em abril, Ronaldinho Gaúcho, do Flamengo, recebeu a Medalha Machado de Assis (ocasião em que o atacante confessou nunca ter lido um livro).

O presidente enumera as atividades da instituição. “Temos, semanalmente, ciclos acadêmicos, debates sobre temas atuais ou de culto à memória dos Acadêmicos que já se foram. Toda semana há espetáculos de teatro, cinema, música popular brasileira. Uma vez por mês, concertos de música clássica. As exposições exibem telas ou esculturas de importantes artistas brasileiros. Tudo aberto ao público, com entrada grátis e transmissão ao vivo pela Internet”, informa Vilaça.

MPB NA ABL

SAIBA MAIS...

A SÉRIE renderá homenagens a artistas do samba e música popular recebendo convidados especiais. O Grupo Samba de Fato é anfitrião: os cantores e músicos Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda, Paulino Francisco Dias e Pedro Amorim se apresentarão em todas as edições deste ano.

18/05, Nelson Cavaquinho é homenageado. Das 20 músicas do show, Monarco escolheu cantar ‘Degrau da Vida’, ‘Duas Horas da Manhã’, ‘Minha Festa’ e ‘Devia Ser Condenada’.

AS RODAS serão realizadas no Teatro R. Magalhães Jr., na Avenida Presidente Wilson 203, Castelo. A apresentação, gratuita, começa às 12h30.

PRÓXIMAS edições: Pedro Caetano, compositor de marchas, sambas e choros, é homenageado em 8 de junho. Em 13 de julho, é a vez do poeta da Vila Isabel Noel Rosa. Wilson Moreira será o único homenageado ainda em vida, no dia 10 de agosto. Em 14 de setembro, Zé Keti é tema da roda de samba, que no dia 19 de outubro relembra sucessos de Assis Valente. A última apresentação desta edição do projeto acontece no dia 9 de novembro.

FONTE

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