sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cazuza


Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza (Rio de Janeiro/ RJ, 4 de abril de 1958 – Rio de Janeiro,/RJ, 7 de julho de 1990), filho de João Araújo, produtor fonográfico, e de Lucinha Araújo. O pai foi ao cartório registrar seu único filho e ditou para o escrivão: Agenor de Miranda Araújo. Mas, antes que o menino chegasse ao mundo, João Araújo já havia lhe dado outro nome, que o acompanharia por toda a vida.

Herdeiro de uma família pernambucana, João Araújo resolvera chamar o filho de Cazuza, um tipo de gíria nordestina para moleque. Ainda durante a gravidez de Lúcia - e sem o ultrassom dos dias de hoje para saber o sexo da criança -, o pai repetia aos amigos: eu vou ter um cazuza. E teve um Agenor, Cazuza, músico e poeta do Brasil.

Além de lhe darem o nome artístico, os personagens da família de Cazuza determinaram seu envolvimento com a música. Ele mesmo gostava de afirmar que sua história musical começou com seu avô, quando, no início do século, ele se mudou de um engenho em Pernambuco para o que era, na época, o areal do Leblon.

A partir daí, a história se desenrolou. Seu pai, João Araújo, conheceu uma moça que morava nas imediações, com quem acabou se casando. A moça chamava-se Lúcia e adorava cantar - como Cazuza dizia, cantava como um passarinho. Tanto que uma das primeiras novelas da televisão brasileira teve uma gravação sua na trilha sonora: Peito vazio, de Cartola. Já adulto, Cazuza se lembraria de ouvir a mãe cantarolando pela casa.


Na sua memória fotográfica também ficaram registrados momentos nos pátios e nas comemorações das escolas. Quase sempre lembranças de sua infância, já que, a partir de 11, 12 anos, suas relações com os colégios se tornaram ruins.


Também marcaram as reminiscências do garoto as aparições de artistas em seu lar. Quando ainda era criança, conheceu Elis Regina, os Novos Baianos, Jair Rodrigues, entre outros. Por essa época, durante sua infância, seu pai já estava ligado ao mundo da música e ocupava lugar de destaque na Som Livre, gravadora do grupo Globo. Algum tempo depois, ele se tornaria presidente da empresa.


Porém, a primeira influência que Cazuza recebeu em direção à música veio mesmo de sua mãe. Foi ela quem despertou sua atenção e sua vocação para a arte. E, depois que o filho se transformou no Cazuza ídolo da juventude brasileira do anos 80 e morreu de Aids em 1990, ela levou à frente o projeto da Fundação Cazuza, uma das primeiras entidades civis no Brasil voltada ao apoio a soropositivos. O trabalho de Lúcia é como uma continuação da mensagem de Cazuza aos jovens.


Cazuza foi um cantor e compositor brasileiro, que ganhou fama como poeta da sua geração enquanto vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Sua parceria com Roberto Frejat foi criticamente aclamada. Dentre as composições famosas junto ao Barão Vermelho estão "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".


Cazuza tornou-se um dos ícones da música brasileira do final do século XX. Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte Do Meu Show", "O Tempo Não Pára" e "O Nosso Amor A Gente Inventa".


Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas que era bissexual. Em 1989 declarou ser soropositivo e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro.


Foi chamado de poeta, de representante de uma geração de guru dos anos 80. Mas Cazuza foi, na verdade, um tipo de pirata. Estavam presentes nele a audácia de quem abordou o navio da MPB e conheceu os seus tesouros; o romantismo de quem, sob o luar, se embebeda e tece versos, contemplando as paixões; a acidez de uma geração que viu o mundo mudar para um tempo mais duro, menos solidário e mais competitivo.


As músicas

Amor, Amor, Andróide sem par, Azul e amarelo, Baby suporte, Balada do Esplanada, Bete Balanço, Bilhetinho azul, Blues da Piedade, Blues do iniciante, Billy Negão, Boas novas, Brasil, Burguesia, Carente profissional, Certo dia na cidade, Cobaias de Deus, Codinome Beija-Flor, Completamente blue, Como já dizia Djavan, Conto de fadas, De quem é o poder?, Dolorosa, Down em mim.


Esse cara, Eu queria ter uma bomba, Eu quero alguém, Exagerado, Faz parte do meu show, Filho único, Garota de Bauru, Hey rei, Ideologia, Largado no mundo, Maior abandonado, Mal nenhum, Malandragem, Manhatã, Medieval II, Minha flor, meu bebê, Mulher sem razão, Nabucodonosor, O Brasil vai ensinar o mundo, O tempo não pára, O nosso amor a gente inventa.


Perto do fogo, Ponto fraco, Por aí , Por que a gente é assim?, Portuga, Posando de Star, Preciso dizer que te amo, Pro dia nascer feliz, Quando eu estiver cantando, Quarta feira, Ritual, Rock in geral, Sem vergonha, Só as mães são felizes, Solidão que nada, Subproduto do rock, Todo amor que houver nessa vida, Um trem para as estrelas, Vai à luta, Vem comigo, Vida fácil.


Você Sabia?
*Na infância, Cazuza sequer sabia seu nome de batismo, por isso não respondia à chamada na escola. Só mais tarde, quando descobre que um dos compositores prediletos, Cartola, também se chamava Agenor (na verdade, Angenor, por um erro do cartório), é que Cazuza começa a aceitar o nome.


* Cazuza era também grande fã da roqueira Rita Lee, para quem chegou a compor a letra da canção "Perto do fogo", que Rita musicou.


*Graças ao ambiente profissional do pai, Cazuza cresceu em volta dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros. A mãe, Lucinha Araújo, também cantava e gravou três discos.

*Em 1972, tirando férias em Londres, Cazuza conhece as canções de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones, e logo tornou-se um grande fã.


*Por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação em 1976, mas desistiu do curso três semanas depois.

*João Araújo criou um emprego para o filho na gravadora Som Livre, da qual ainda é presidente. Na Som Livre, Cazuza trabalhou no departamento artístico, onde fez triagem de fitas de novos cantores. Logo depois trabalhou na assessoria de imprensa, onde escreveu releases para divulgar os artistas.

*No final de 1979 Cazuza fez um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, em São Francisco, Estados Unidos. Lá descobriu a literatura da Geração Beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde teria grande influência em sua carreira.

*Em 1980 Cazuza retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. Foi nessa época que Cazuza cantou em público pela primeira vez.

*O cantor e compositor Léo Jaime, convidado para integrar uma nova banda de rock de garagem que se formava no bairro carioca do Rio Vermelho, não aceitou, mas indicou Cazuza aos vocais. Daqueles ensaios na casa do tecladista Maurício Barros, nasceu o Barão Vermelho. O Barão Vermelho, que até então era formado por Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostra à banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro. Dali para frente, a banda que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio.

*Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum, Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo.


*Em fevereiro de 1989, Cazuza declara publicamente que era soropositivo, ajudando assim a criar consciência em relação a doença e os efeitos. Cazuza comparece na cerimônia do Prêmio Sharp de cadeira de rodas, onde recebe os prêmios de melhor canção para "Brasil" e melhor álbum para Ideologia.


*Burguesia (1989), foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nítidamente enfraquecida. É um álbum duplo de conceito dual, sendo o primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB. Burguesia é o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias. Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de Deus".

*Em apenas nove anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes.

*Após a morte de Cazuza, os pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza em 1990. A Sociedade Viva Cazuza tem como intenção proporcionar uma vida melhor à crianças soropositivas através de assistência à saúde, educação e lazer.


*Em 1997, a cantora Cássia Eller lançou o álbum Veneno AntiMonotonia, que traz somente composições de Cazuza.

*As canções de Cazuza já foram reinterpretadas pelos mais diversos artistas brasileiros dos mais diversos gêneros musicais.


*A Som Livre realizou o show Tributo a Cazuza em 1999, posteriormente lançado em CD e DVD, do qual participaram Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni.


*No ano 2000 foi exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical Cazas de Cazuza, escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, cuja história tem base nas canções de Cazuza.


*Em 2004 foi lançado o filme biográfico Cazuza - O Tempo Não Pára, de Sandra Werneck.

Cazuza - Quase Um Segundo

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