Os Vocalistas Tropicais, conjunto vocal e instrumental brasileiro formado em Fortaleza, Ceará, em 1941 (que deu voz a várias canções de Lauro Maia) teve várias formações até se definir, em 1946, com os seguintes componentes: os fortalezenses Nilo Xavier da Mota (1922), líder, violão e arranjos; Raimundo Evandro Jataí de Sousa (1926), vocal, viola americana e arranjos; Artur Oliveira (1922), vocal e percussão; Danúbio Barbosa Lima (1921), percussão; e o recifense Arlindo Borges (1921), vocal e violão solo.
Apresentavam-se na Ceará Rádio Clube até 1944, quando excursionaram por São Luís do Maranhão, onde se apresentaram na Rádio Timbira e no Hotel Cassino Central, e em Manaus/AM, apresentando-se na Rádio Baré.
Em 1945, o conjunto seguiu para o Rio de Janeiro em busca de melhores oportunidades de trabalho. Ali, eles assinaram contratos com a Rádio Mundial e com a gravadora Odeon, pela qual lançaram o primeiro disco, em 1946, com o fox Papai, Mamãe, Você e Eu, da autoria de Paulo Sucupira, e o balanceio Tão Fácil, Tão Bom, de Lauro Maia. Foi um sucesso. Nessa época, o cantor e compositor Paulo Sucupira integrou o conjunto, e gravou com eles os primeiros discos.
Em 1949, emplacaram seu primeiro sucesso de Carnaval: Jacarepaguá (Marino Pinto, Paquito e Romeu Gentil), que chegou a vencer o Concurso Oficial da Prefeitura do Distrito Federal, realizado no Teatro João Caetano.
Terminado o contrato com a Rádio Mundial, o grupo passou a se apresentar na Rádio Tupi. Eles trabalharam em diversos cassinos cariocas, antes mesmo destes serem fechados e proibidos, e participaram de cinco filmes brasileiros.
Participaram das revistas musicais Quem está de ronda é São Borja e Confete na Boca (1949 e 1950, respectivamente) com Dercy Gonçalves, realizados no Teatro Glória.
O grupo se desfez em 1963 por não ter mais espaço na mídia, como tantos outros artistas, deixando 49 discos em 78rpm nas gravadoras Odeon, Copacabana e Continental.
Em 2004, Os frequentadores habituais do projeto “Café + Tapioca" fizeram uma viagem à época dos Vocalistas Tropicais. Foi a proposta do filme “Fragmentos de Harmonia”, do cineasta carioca Nilo Mota. O documentário inédito abriu a sessão “Café + Tapioca” do Espaço Unibanco, de Cinema.
Em 2004, Os frequentadores habituais do projeto “Café + Tapioca" fizeram uma viagem à época dos Vocalistas Tropicais. Foi a proposta do filme “Fragmentos de Harmonia”, do cineasta carioca Nilo Mota. O documentário inédito abriu a sessão “Café + Tapioca” do Espaço Unibanco, de Cinema.
O documentário, que aborda a história do grupo cearense Vocalistas Tropicais, foi apresentado à seleção do Cine Ceará, mas não foi classificado. Assim, permanece inédito inclusive para o público de Fortaleza.
Contando com imagens raras dos Vocalistas e de alguns dos filmes de que o grupo participou, na áurea época da Atlântida, o filme de Nilo Mota parte do depoimento de Danúbio Barbosa Lima, um dos últimos remanescentes do grupo, ao lado de Vicente Ferreira, para contar a história dos cearenses que, reunidos inicialmente no Liceu do Ceará, partiram para o Rio de Janeiro capital da República e conquistaram sucesso no rádio e no cinema, com projeção nacional nas décadas de 40 a 60.
“Para um conjunto dar certo, é preciso ter duas coisas: harmonia e harmonia”, declarou Danúbio, quando a história dos Vocalistas e a produção de Nilo Mota mereceram amplo destaque. Nilo Mota afirma que seu filme é uma espécie de “acerto de contas” com a memória de seu pai.
“Os Vocalistas sumiram da mídia. Falam mais dos Quatro Ases e um Coringa, ou dos Cariocas, do conjunto do Adoniran... Esqueceram esse grupo que nasceu aqui no Ceará e arrebentou no Rio de Janeiro por mais de 25 anos”, avalia o diretor, que já atuou como camera-flyer (cinegrafista de saltos de pára-quedas) e repórter cinematográfico da Rede Globo durante vários anos.
Para Nilo Mota, o objetivo do filme, mais do que elaborar uma biografia aprofundada dos Vocalistas, é “mostrar as lembranças do Danúbio, o sentimento de saudade que ele tem e a tristeza dele em ver que a indústria da música acabou com esses grandes conjuntos vocais”.
Rodado entre novembro e janeiro de 2003, o filme inclui ainda fotos antigas do álbum pessoal de Danúbio Barbosa Lima (que deverá comparecer à sessão de hoje), além de depoimentos dos pesquisadores Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, e Christiano Câmara. Fragmentos da memória, na tela do cinema.
Originalmente composto por seis integrantes, o grupo passou por várias formações - incluindo Paulo de Tarso Siqueira, Paulo Sucupira, Eduardo Pamplona e Vicente Ferreira da Silva - até chegar ao quinteto que se notabilizou, a partir de 1946: o pernambucano aqui radicado Arlindo Borges (crooner e violão-solo), e os cearenses Artur Oliveira (violão, percussão e vocais), Raimundo Jataí de Sousa (viola americana e vocais), Nilo Xavier Mota (percussão, pai do cineasta José Nilo Moura Mota, diretor de “Fragmentos de Harmonia”) e Danúbio, também percussionista.
Sucessos
Sucessos
A Maior Maria, João de Deus Ressurreição e G. Cardoso (1949)
Coitadinho do Papai, Henrique de Almeida e M. Garcez (c/Marlene) (1947)
Daqui Não Saio, Paquito e Romeu Gentil (1950)
Diamante Negro, David Nasser e Marino Pinto (1950)
Exaltação a Noel, Waldemar Ressurreição (1948)
Guarda-Chuva de Pobre, Raul Sampaio, Chico Anysio e Rubens Silva (1955)
Jacarepaguá, Paquito, Romeu Gentil e Marino Pinto (1949)
Marieta Vai, Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti (1953)
Não Falem Mal de Ninguém, Dias da Cruz e Ciro Monteiro (1952)
Não Manche Meu Panamá, Alcebíades Nogueira (1948)
O Lugar da Solteira, Pedro Caetano, Clemente Moniz e Guilherme Neto (1955)
Pedido a São João, Herivelto Martins e Darci de Oliveira (c/Ruy Rey) (1953)
Samba, Maestro!, Alcebíades Nogueira (1953)
Tomara Que Chova, Paquito e Romeu Gentil (1950)
Trevo de Quatro Folhas (I'm Looking Over a Four Leaf Clover), Harry Woods e Mort Dixon, versão de Nilo Sérgio (1949)
Turma do Funil, Mirabeau, Milton de Oliveira e Urgel de Castro (1956)
Filmografia
Caídos do Céu (1946)
Eu Quero É Movimento (1949)
Carnaval no Fogo (1950)
Guerra ao Samba (1955)
Depois Eu Conto (1956)
FONTE
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