O Trio Nordestino é um trio de Forró iniciado em 1957 no Rio de Janeiro. Hoje com 52 anos e mais de 40 discos depois, o Trio Nordestino continua a fazer sucesso. Forró pé-de-serra é a especialidade do Trio Nordestino que, desde 1957, bota os casais do país inteiro pra dançar coladinho.
O trio foi criado após a separação do grupo que acompanhava Luiz Gonzaga. Miudinho e Zito Borborema, junto com o talento promissor de Dominguinhos (este apresentado por Luiz Gonzaga), formaram o Trio Nordestino original. Mais tarde se consolidou com a ajuda de Coroné, Cobrinha e Lindú.
O Trio Nordestino original foi formado no início de 1957 por José Domingos de Morais, João Batista de Lima Filho e Manoel Valdivino de Souza, conhecidos pelos nomes artísticos Dominguinhos, Zé Minhoca (depois Miudinho) e Zito Borborema. Na época, tiveram a ajuda do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
O nome Trio Nordestino foi dado por Helena, esposa de Gonzagão. Esta formação original se manteve por dois anos, sendo que, como não havia patente do nome do trio, o mesmo foi disputado depois pelos trios baiano (formado por Lindú, Cobrinha e Coroné) e paulista (formado por Xavier, Heleno e Toninho).
Este foi o Trio Nordestino original, seguido depois por todas as variações do trio comentadas neste artigo até a formação atual.
Em maio de 1958 três jovens baianos. Evaldo dos Santos (Coroné), Lindolfo Mendes Barbosa (Lindú) e José Pedro Cerqueira (Cobrinha), se juntaram no Pelourinho com um único sonho: "Fazer Sucesso na Música".
Fazendo o circuito de casas noturnas de Salvador, quando estavam trabalhando para a boate Clock, conheceram o recém-contratado Gordurinha, músico e compositor que iria abrir as portas do Rio de Janeiro. Gordurinha, grande radialista da época os viu tocar e ficou encantado com aqueles três meninos colocando platéias ao delírio e lhe fez um convite: "O de ir para o Rio de Janeiro", ele lhes prometeu uma gravadora.
Com a promessa de gravar um disco, Gordurinha levou-os a Odeon Records e a RCA, onde não tiveram oportunidade. Numa nova tentativa, desta vez na Copacabana Discos, passaram no teste dirigido por Nazareno de Brito.
Contratados, gravariam dali a dez dias um álbum completo com 12 músicas. E assim em 1962 gravaram o seu primeiro sucesso: "Chupando Gelo". Com o sucesso da canção "Carta à Maceió", de Gordurinha e de "Chupando gelo", de Edésio Deda, presentes no primeiro disco, o Trio passou a gravar um LP por ano, lançando vários sucessos.
Então, veio um sucesso atrás do outro: "Pau de Arara é a Vovozinha", "Vamos Xamegar", "No Meio das Meninas”, "dentre outros.
Pau de Arara é a vovozinha
Trio Nordestino
Composição: Gordurinha
Vim da Bahia pro Rio de Janeiro
Pra ganhar dinheiro
Desaforo não
Pau-de-arara é a vovozinha
Eu só viajo é de avião
Pau-de-arara é a vovozinha
Eu só viajo é de avião
Humorista de almanaque
Aprendiz de gozador
Eu vou lhe levar na Bahia
Você vai cair duro lá em Salvador
Vai escorregar no petróleo
Vou lhe cobrir de cacau
Se chegar falando em gíria
Você vai entrar no pau
Depois ô cabra-da-peste
Não me diga que o Nordeste
Só tem cabra mau
Depois ô cabra da peste
Não me diga que o Nordeste
Só tem cabra mau
Em busca do sucesso, o Trio resolveu tentar uma participação no famoso programa O Trabalhador Se Diverte, da Rádio Mayrink Veiga, comandado por Raimundo Nobre de Almeida (Raimundinho).
Ao chegarem no auditório do programa, encontram Luiz Gonzaga e imediatamente lhe pedem para que "mostre o caminho das pedras no Rio de Janeiro". Gonzagão se recusa a dar ajuda e continua a ensaiar. Frustrados com o ídolo, apelam para Raimundo que, depois da insistência de Gordurinha, concordou com a apresentação de apenas uma música, "Carta a Maceió", sucesso instantâneo entre o público do auditório, que aplaudia com fervor pedindo bis. A partir daí tudo mudou; Raimundo pediu à Ângela Maria, a atração seguinte, que cedesse para o Trio Nordestino cinco dos seus dez minutos de apresentação. Ela, que tinha adorado "Carta a Maceió"(composição de Gordurinha), aceitou o pedido e transformou-se na madrinha do Trio, que pôde apresentar mais dois números.
Isso garantiu um contrato com a rádio para se apresentarem em programas ao lado da própria Ângela e de artistas como Luiz Gonzaga e Nelson Gonçalves. Famosos, partiram para o Nordeste junto com Luiz Gonzaga por 75 dias, para fazer a propaganda de uma marca de cachaça.
Foi nessa ocasião que, jantando no Recife, Gonzagão relembrou o pedido de ajuda feito pelo Trio no auditório da Rádio Mayrink e disse: Se eu tivesse ajudado, vocês teriam se acomodado e hoje não teriam alcançado a marca de vendas que ultrapassa a minha. Desde então Gonzagão passou a ajudá-los e uma longa amizade foi selada.
Depois de 11 obras na Copacabana Discos, migraram para a CBS em 1967.
Em 1969, Lindú sofreu um acidente de carro que requeria mais de um ano de tratamento. Mesmo assim, a nova gravadora resolveu dar continuidade ao trabalho, levando o sanfoneiro de ambulância para os estúdios de gravação.
Em 1970 saiu o disco com a música "Procurando tu", de Antônio Barros, que se transformou no maior sucesso do Trio Nordestino, alavancando mais de 1 milhão de cópias vendidas e levando-os das paradas sertanejas para as rádios dos mais diversos segmentos em todo o país.
"Procurando Tú ", foi a grande consagração do Trio Nordestino, pois ficou 90 dias nas paradas de sucesso vendendo mais de 1.000.000 de discos, ficando atrás apenas do Rei Roberto Carlos. Ainda na década de 70 o Trio teve a felicidade de gravar muitos sucesso como: ” Forró Pesado, Chililiqui, Chinelo da Rosinha, Petrolina Juazeiro, Chap Chap ” dentre outros.
O sucesso nacional levou o Trio a permanecer no primeiro lugar do programa Sílvio Santos, na TV, durante 90 dias e a receber da CBS o Troféu Chico Viola pelo segundo lugar na vendagem de discos de 1970. O primeiro lugar foi de Roberto Carlos.
O sucesso continuou durante toda a década e trouxe Luiz Gonzaga e o forró de volta às principais rádios. Ainda foram responsáveis pelo enriquecimento do ritmo, introduzindo no forró de raiz (zabumba, triângulo, sanfona) uma segunda sanfona e a bateria.
Em 1982, já de volta à Copacabana Discos, Lindú morre devido a uma insuficiência renal. Decididos a continuar com o forró, em nome de um pacto feito quando tinham acabado de formar o Trio Nordestino, Coroné e Cobrinha encontram em Genaro o substituto para o sanfoneiro.
Assim atravessaram a década de 80, até a saída de Genaro, no início dos anos 90, sendo substituído por Beto Souza, afilhado de Lindú.
Em 1994, o Trio Nordestino sofreu outra baixa. Dessa vez, um câncer de intestino levou Cobrinha e seu triângulo. Deprimido, Coroné quase abandona a zabumba. Porém, um sonho e a lembrança do pacto feito há mais de 30 anos em nome do forró, o manteve na estrada. O substituto de Cobrinha foi encontrado em Luís Mário, que outrora era adepto do rock, mas que herdou a voz e o talento do pai, Lindú, e se bandeou de vez para o forró.
Pouco tempo depois, em 2000, confirmando a profecia de Gonzagão quando estava perto da morte, o forró voltou a ser sucesso nacional, alavancado por Gilberto Gil e os hits da trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles e com o surgimento de grupos novos como o Falamansa e o Forróçacana.
Pouco tempo depois, em 2000, confirmando a profecia de Gonzagão quando estava perto da morte, o forró voltou a ser sucesso nacional, alavancado por Gilberto Gil e os hits da trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles e com o surgimento de grupos novos como o Falamansa e o Forróçacana.
Isso permitiu que o Trio Nordestino voltasse às paradas com sua nova formação, prestigiada por um público renovado e jovem. Levados pela nova onda, foram quatro vezes à Europa, onde fizeram concorridos shows em Paris, no famoso restaurante Favela Chic, e em Londres, por intermédio do Bar do Luiz, freqüentado pela colônia brasileira.
Em 2000, Coroné, o componente remanescente, aliou-se ao produtor Talmo Scaranari para gravar um tributo ao Trio Nordestino, contando com a presença de Beto do Acordeom, no acordeom, e de Luiz Mário, filho de Lindu, no triângulo, CD "Xodó do Brasil", onde interpretam diversos clássicos da música nordestina, tais como "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, "Forró do Limoeiro", de Edgard Ferreira, "Súplica sertaneja", de Gordurinha e Nelinho, e "Último pau-de-arara", de Venâncio e Curumba, entre outras.
Regravaram também dois grandes sucessos do trio original, "Meu Pitiguari", de Agripino Arueira e Rosilda Santos, e "Na emenda", de Manuel Euzébio e Juarez Santiago, sendo que, nesta última, graças a um recurso tecnológico, a voz de Lindu aparece fazendo dueto com a de seu filho.
No mesmo ano, a Polydisc lançou "20 supersucessos", remasterizados, contando, entre outros, com os sucessos, "Cuidado com as coisas", de Antônio Barros, "As Marias que eu amei", de Renê Bitencourt e Francisco Xavier, "A Bahia tem", de Tito Mendes e Almeidinha, "No meio das meninas", de Lindolfo Barbosa, e "Vamos chamegar", de Dilson Dória e Elino Julião, entre outras.
O trio voltou a atuar com essa nova formação e apresentou-se no Rio de Janeiro, no projeto "Canta Brasil", na casa de espetáculos Asa Branca, no bairro da Lapa.
Ainda em 2000 lançou o CD "Nós tudo junto", comemorando 40 anos de carreira, trazendo sucessos como "Tá chegando mais", "Chupando gelo" e "Machucando sim".
O Trio tornou-se em um dos mais requisitados no movimento conhecido como novo forró.
Em 2001 lançou o CD "Balanço bom", pela Abril Music, que contou com as participações do Trio Virgulino na faixa "Forró e paixão" e do Rastapé nas faixas "Cochilou o cachimbo cai" e "Balanço bom". Regravou também "Fumacê", de Rossini Pinto e SolangeCorrêa. No mesmo período, apresentou-se em diversas casas de espetáculos, como o Malagueta, em São Cristóvão no Rio de Janeiro.
Em 2003, o Trio lançou pela Indie Record o CD "O baú do Trio Nordestino", com 14 faixas, quase todas em pot-pourri e que contou com as participações especiais de Alceu Valença, Elba Ramalho, Lenine, Dominguinhos, Forroçacana e Fagner. Fazem parte desse disco sucessos como "Bichinho danado", "Menina da noite", "Petrolina", "Juazeiro" e "Procurando tu".
Nesse ano, participou na Fundição Progresso, Rio de Janeiro do show comemorativo dos 45 anos de carreira que contou com as participações especiais de Elba Ramalho, Dominguinhos e Forroçacana.
Em 2004, foi lançado, também pela Indie Records, o CD "O Baú do Trio Nordestino - 2" que contou com as participações especiais do grupo Falamansa na faixa "Amor de São João", Eduardo Krieger; Bezerra da Silva em "Parada boa", de Dino Gaudêncio Braia e Tavinho Paes; Alcione, na música "O neném", de Cecéu e Quininho Valente no pot-pourri "Meu pitiguari", de Agripino Aroeira e Rosilda Santos, "Chora viola', de Venâncio e Curumba e "Na emenda", de Manoel Euzébio e Juarez Santiago.
Destacaram-se ainda as faixas "Apague o candeeiro", de João Silva e Raimundo Evangelista; "Bola de meia", de Duani e "Atira no bicho", de Agripino Aroeira e Onildo Almeida.
Em 2005, o grupo se apresentou no Clube Sírio e Libanês, na zona sul do Rio de Janeiro, dentro do projeto Forró Carioca, finalizando um show que contou com Mestre Zinho, Trio Girassol e o Trio Xamego.
Em 11 de abril do mesmo ano, o Trio perdeu o último integrante que participara de sua formação original, com a morte do zabumbeiro Coroné.
Em outubro do mesmo ano, a Indie Records lançou o CD "O melhor do Trio Nordestino", trazendo um painel representativo da produção de cocos, forrós e xaxados. No disco, o grupo recebe convidados como Alceu Valença, Elba Ramalho e Dominguinhos. É destaque o pot-pourri com "Procurando tu", "Petrolina", Juazeiro" e "Paixão de Beata".
Integrantes
Formação Original
Dominguinhos - sanfona
Miudinho (anteriormente Zé Minhoca) - zabumba
Zito Borborema - triângulo, pandeiro e voz
Rencontro com a primeira formação do trio nordestino criado em 1957. No início dos anos 80, o programa “Esta é a sua vida” em homenagem a Dominguinhos, apresentado por J. Silvestre, promoveu um reencontro histórico e emocionante, reuniu a formação original do Trio Nordestino com Zito, Dominguinhos e Miudinho interpretando o Coco "Mata Sete", de Venâncio e Curumba, gravado por Zito em 1957 e que foi grande sucesso na época.
Mata Sete
Os moradores do engenho Mané Pedro
Quase que morrem de medo
Quando ouviu falar
Que um tal de Mata Sete fugiu da cadeia
A coisa tava feia naquele lugar
Foram falar com o Simeão
Inspetor de quarteirão
Bicho macho pra brigar
Aí fizeram uma tocaia pra pegar
O Mata Sete se viesse no engenho perturbar
Aí fizeram uma tocaia pra pegar
O Mata Sete se viesse no engenho perturbar
Mas o negócio é que o Mata Sete
Era de jogar confete,
De fritar bolinho
Falava mansinho
Não era de nada
Fugia da parada
Até com um sozinho
O inspetor correu forte pra o engenho
Com todo seu empenho
Pra Mata Sete pegar
O Mata Sete quando viu o inspetor
Falou fino, suspirou e
Desapareceu de lá
Formação atual
Luís Mário - triângulo e voz
Beto Souza - sanfona
Coroneto - zabumba
Ex-integrantes
Lindú - sanfona e voz
Cobrinha - triângulo
Coroné - zabumba
Genário - sanfona e voz
Discografia
1963 - Trio Nordestino (Chupando Gelo)
1964 - Pau-de-Arara é a Vovózinha
1965 - Aqui Mora o Xaxado
1966 - O Troféu é Nosso
1967 - Vamos Xamegá
1968 - É Forró que Vamos Ter
1969 - Nós Estamos na Praça
1970 - No Meio das Meninas
1971 - Ninguém Pode com Você
1972 - Renovação
1973 - Primeiro e Único
1974 - Trio Nordestino (Chililique)
1975 - Forró Pesado
1976 - O Alegríssimo Trio Nordestino
1977 - Estamos Aí pra Balançar
1978 - Os Rouxinhos da Bahia
1979 - Trio Nordestino e o Homem de Saia
1980 - Corte o Bolo
1981 - Ô Bicho Bom!
1982 - Dia de Festejo
1983 - Amor pra Dar
1984 - Com Amor e Carinho
1985 - Forró de Cima a Baixo
1986 - Forró Temperado
1987 - Forró de Categoria
1988 - Na Intimidade do Trio Nordestino
1989 - Festa do Povão
1990 - Trio Nordestino Somos Nós
1991 - Vale a Pena Ouvir de Novo, vol. 1
1994 - Vale a Pena Ouvir de Novo, vol. 2
1997 - Xodó do Brasil
1999 - Nós Tudo Junto
2001 - Balanço Bom
2003 - Baú do Trio Nordestino
2004 - Baú do Trio Nordestino, vol. 2
2006 - Meu Eterno Xodó
2007 - Nova Geração
2008 - 50 Anos (A nova geração, formada por Beto Souza, Luiz Mário e Coroneto, lançou esse álbum comemorativo repleto de regravações).
2009 - O Povo Quer Forró
FONTE
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