terça-feira, 10 de maio de 2011

Paulo Sérgio Santos


Paulo Sérgio Santos Brasil - estudou exclusivamente no Brasil, com o professor José Botelho, na Escola Villa-Lobos e os professores Jayoleno dos Santos e José Carlos de Castro, no curso de clarineta da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Paulo é clarinetista do Quinteto Villa-Lobos desde 1975.

Em 1977, passou a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro na função de primeiro clarinetista solista e exerceu esta atividade durante 18 anos consecutivos.

Seu primeiro cd solo, o "Segura Ele", obteve o Prêmio Sharp de 1995 na categoria Revelação.

Em 2000 e 2004, foi laureado com o Prêmio Carlos Gomes nas categorias de Melhor Conjunto Instrumental (com o Quinteto Villa-Lobos) e de Melhor Solista respectivamente.

Em 2002 ganhou os dois mais importantes prêmios de música instrumental do Rio de Janeiro que foram o Prêmio CARAS e o Prêmio RIVAL, na categoria de melhor instrumentista com o seu CD Gargalhada da gravadora Kuarup, juntamente com seu filho Caio Márcio e o percussionista Oscar Bolão.

A clarineta que traduz a alma musical brasileira

Certos discos, pouquíssimos, ouvidos, fazem pensar que a linguagem musical por que se pautam chegou à perfeição. Gargalhada, segundo CD-solo de Paulo Sérgio Santos é um deles. É um lançamento da gravadora Kuarup. A mesma que lançou, em 1995, o primeiro solo do clarinetista, Segura Ele, ainda em catálogo.

Há uma quase unanimidade entre músicos e amantes da música: Paulo Sérgio Santos é o maior clarinetista brasileiro de todos os tempos. Assim achava Abel Ferreira, que o tinha como seu afilhado musical. Assim pensam Guinga, Maurício Carrilho, Pedro Amorim, Luciana Rabello e a turma que faz e ouve samba e choro.

Gargalhada é um disco de feitura econômica. Menos pelo custo - mais porque o trio que nele atua é bastante para a música maravilhosa que faz: a clarineta de Paulo Sérgio, o violão de seis cordas de seu filho, o jovem - tem 19 anos - Caio Márcio e a percussão delicada de Oscar Bolão.

São virtuoses, os três. São instrumentistas que se põem a serviço da música (ao contrário de tantos que usam a música para mostrar serviço, exibir técnica, explorar efeitos, abusar de escalas, explorar habilidades manuais).

No repertório, a predominância de choros, mas também polcas, maxixes, corta-jacas, os gêneros formadores do choro que, apesar de formadores, não se perderam na liguagem formada.

De fato, Gargalhada traça uma breve história do choro, de seus fundadores aos que o projetam para o futuro como gênero vivíssimo, contemporâneo, de fronteiras abertas. O choro do título do CD é de Pixinguinha, que teve outras duas obras escolhidas para o repertório: Cuidado, Colega (com Benedito Lacerda) e Choro de Gafieira. Anteriores ao mestre do saxofone e da flauta, estão lá Anacleto de Medeiros (Três Estrelinhas) e Chiquinha Gonzaga (Angá). Posteriores, Hermeto Paschoal (com o clássico Bebê), Maurício Carrilho (Alumiando, parceria com João Lyra) e Guinga, com três números: Nítido e Obscuro, Canibaile e Caiu do Céu. Este último guarda, no trocadilho, a homenagem do compositor ao filho de Paulo Sérgio, Caio.

Completando a seleção, três faixas assinadas por Paulo Sérgio - as três primeiras que apresenta ao público: Choro Sambado, Homenagem ao Abel e Samba Chorado. "Quem me fez mostrar minhas composições foi um jornalista lá de Juiz de Fora", conta o clarinetista. "Ele assistiu a um show meu e veio conversar. Disse que faltava alguma coisa, faltava música minha; estava convencido de que eu sabia compor."

E sabia, sempre soube. Só não havia, antes, mostrado. "Quando comecei a tocar com o Guinga, nos anos 90, fui pegando o gosto pela composição, mas guardei o que fazia", diz. Revelou-se, por fim, compositor à altura da excelência do instrumentista.

Paulo Sérgio Santos é carioca, nascido no dia 8 de julho de 1958, no subúrbio de Piedade, e foi criado em outro subúrbio, Quintino Bocaiúva. São, tradicionalmente, bairros de chorões - afastados do centro, abrigam as rodas de fim de tarde em que os violões, bandolins, flautas, clarinetas, pandeiros, cavaquinhos terçam notas, combinam ritmos: onde se manteve sempre a tradição do choro do Rio.

Mas ele não começou no choro. Nem mesmo começou tocando clarineta. Seu primeiro instrumento foi uma gaita de boca. O pai a comprou. Largou-a sobre o sofá. Paulo Sérgio tinha pouco mais de 3 anos. Quando o pai voltou, o menino estava tocando músicas que ouvia na igreja.

Na igreja? A família freqüentava uma, evangélica. Hoje, Paulo Sérgio tem "horror" a religiões organizadas em seitas, mas, naquela época, não tinha como não ir aos cultos. O que foi bom para a sua formação musical. Cantava no coro. Aos 11 anos, o regente da orquestra e do coro da igreja o fez estudar solfejo. Paulo Sérgio queria tocar flauta. "O cara praticamente me obrigou a pegar a clarineta", lembra. "Tinha sido chorão, tocado em festas, um contador de histórias", recorda. "Pouco depois, conheci o clarinetista José da Silva Freitas, que era militar, hoje é clarinetista da Orquestra Sinfônica Brasileira. Ele era um músico acadêmico, mas passou a ser meu ídolo musical."

O desenvolvimento do instrumentista adolescente foi muito rápido - mas ainda longe do choro. Conheceu o violonista Tilde, que havia tocado com Pixinguinha e que o levou a uma roda de choro em Cascadura, na Rua Caparaó, reduto de feras - mas foi só coisa de olhar.

Paulo Sérgio passou a estudar com o clarinetista José Botelho; fez curso na escola de preparação de músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira, participou de concertos, ganhou prêmios e - aos 16 anos - entrou para o Quinteto Villa-Lobos, que era integrado por músicos experientes, consagrados - Aírton Barbosa, Carlos Gomes, Carlos Ratto e Brás Limonge.

Com o Quinteto Villa-Lobos viajou Brasil inteiro, América Latina, outros continentes, gravou diversos discos. Aos 18 anos, tornou-se - de cara - primeiro clarinetista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No lugar do mesmo José Botelho que havia sido seu mestre. Ficou 18 anos na orquestra.

"É curioso, mas achei muito fácil tocar na Sinfônica, onde sua execução fica diluída no corpo da orquestra. Eu vinha de um quinteto camerístico e era o único clarinetista - não tinha direito ao erro." E, além da perfeição exigida, o Villa-Lobos ofereceu-lhe a oportunidade de ser ouvido pelo mundo do choro.

"Considero que as duas melhores escolas para músicos são o conjunto de câmara e o mundo do choro", diz Paulo Sérgio. Pois nesse mundo conheceu o violonista Raphael Rabello, com quem tocou muito, e, por ele, foi apresentado a Guinga, com quem passou a tocar.

Formou, com o violonista Maurício Carrilho e o bandolinista (e violonita-tenor) Pedro Amorim o grupo O Trio, vencedor de dois prêmios Sharp, em 1995: o de melhor grupo instrumental e melhor disco. Ainda em 1995, ganhou o prêmio Sharp de revelação como solista instrumental, pelo CD Segura Ele.

Paulo Sérgio é hoje um músico respeitado no mundo inteiro. Viaja, dá aulas, faz conferências, ensina música - fala de música brasileira, que é a que mais lhe importa. "De vez em quando vem alguém e diz que fulano, sicrano, eu mesmo, estão, estou, 'revivendo', 'fazendo renascer' 'revitalizando' o choro. Besteira, o choro nunca morreu. O choro é uma praga, não morre. O que acontece é que as pessoas param de ouvir, porque não toca no rádio, na televisão."

Seus cursos de pós-graduação em universidades norte-americanas e européias servem para que sirva melhor ao choro. Paulo Sérgio Santos toca ainda saxofone ("mas não me considero um saxofonista"), clarone. Atividades de professor, durante cinco anos na Uni-Rio, e de regente da Camerata da Universidade Gama Fiho, ajudam a formar novas gerações de chorões.

Enquanto tais gerações se formam e preparam-se para vir à tona, fica o alumbramento de ouvir os discos de Paulo Sérgio. Se existe uma alma musical brasileira, ele a traduz no mais nítido possível dos contornos.

Com o Quinteto Villa-Lobos gravou um cd com toda a obra camerística de Heitor Villa-Lobos que envolve instrumentos de sopro. Também com o QVL, gravou o CD UM SÔPRO NOVO com obras de jovens compositores brasileiros e o CD QUINTETOS BRASILEIROS com obras de compositores veteranos como Marlos Nobre, Jose Siqueira, Cláudio Santoro, Mignone, Tacuchian, Lindembergue Cardoso, Osvaldo Lacerda, Camargo Guarnieri dentre outros, com patrocínio da Petrobras e apoios da Academia Brasileira de Música e Sêlo Radio Mec.

De suas apresentações internacionais com o QVL destaca o Concerto de Abertura do Ano Villa-Lobos na Europa, em Paris, o Concerto em Berlim, na Copa da Cultura em 2006 e a recente "Tour" em países latinoamericanos (2008), patrocinada pelo Ministério da Cultura.

Paulo Sergio foi professor de clarineta da Uni-Rio por mais de 5 anos e tem sido convidado para se apresentar em importantes congressos internacionais de clarinetistas e Festivais de Música como os de Lubock, Oklahoma, Porto, Caracas, Perugia, Atlanta, dentre outros e nacionais como os de Campos do Jordão, Brasília, João Pessoa, Fortaleza, Ouro Preto, Curitiba, Londrina, Tatuí, Caxias do Sul, Aracaju, Natal, Diamantina, Salvador dentre muitos outros.

Em 2006, ministrou aulas na Califórnia em Casadero, no "Brazil Camp Festival" onde deu aulas de clarineta e pratica de conjunto.

Com o compositor Guinga, tem se apresentado nos últimos 15 anos em diversas cidades do Brasil e do exterior como no ano de 2006, quando tocaram com a Orquestra Filarmônica de Los Angeles na Disney Hall, em Los Angeles e em Punta del Leste no Uruguai no Festival de Jazz em 2006.

Em 2007 apresentou-se com o seu trio em um dos mais importantes festivais de jazz da Europa, o de San Sebastien, na Espanha.

Paulo Sergio tem se apresentado com diversas orquestras nacionais e estrangeiras como a Sinfônica Brasileira (OSB), a do Teatro Muncipal do Rio de Janeiro (OSTM) , a Nacional da Rádio MEC, a de Tatuí (estréia mundial do concerto do compositor residente Hudson Nogueira que compôs um concerto para clarineta e orquestra especialmente dedicado a Paulo Sergio Santos) a de Campinas estréia de uma obra inédita de Radames Gnatalli), a de Caxias do Sul, a de Porto Alegre (OSPA) a Pro-Música, a Jazz-Sinfônica, a de San Antonio (EUA), a Atlanta Symphonic Orchester (Paulo foi uma das atrações principais do ClarinetFest em Atlanta em 2006), a Filarmônica de Los Angeles, a Petrobras Sinfonica (2008) dentre outras.

beatles 'n' choro - cd 2


FONTE

Interarte Música

Samba Choro

Nenhum comentário: