Carolina Cardoso de Menezes Cavalcanti (27/05/1916 - 31/12/1999) Pianista. Compositora. Descendente do "clã" dos Cardoso de Menezes, família de grandes pianistas, que deixaram sua marca na história da MPB. Filha do pianista Osvaldo Cardoso de Menezes, começou a estudar piano aos 13 anos de idade com Zaíra Braga, aperfeiçoando-se posteriormente com Gabriel de Almeida e Paulino Chaves. Sua mãe D. Sinhá, também tocava piano. Chegou até a ter aulas com Chiquinha Gonzaga.
Em 1930, formou-se pelo Instituto Nacional de Música, INM, em teoria e solfejo. Posteriormente, estudou harmonia com Newton Pádua, seu primo. Mesmo com a idade avançada e enfrentando problemas de saúde, Carolina recebia com prazer convites para recitais. Carolina que faleceu no último dia do ano de 1999 (aos 84 anos), e residia no bairro do Méier, Zona Norte carioca, foi enterrada no cemitério São João Batista no primeiro dia do ano 2000.
Nos anos 30 gravou algumas de suas composições pela Odeon. Fez um disco na década de 40 em companhia do violonista Garoto, e teve fundamental importância na transposição do choro para o piano. Compôs vários choros, valsas, sambas e boleros.
Uma das instrumentistas que mais presente esteve no desenvolvimento do rádio e da indústria fonográfica brasileira, memória viva dessa época, acompanhou vários cantores em programas radiofônicos e gravações em 78 rpm. Lançou também discos solo, com composições de grandes artistas nacionais, além de suas próprias composições. Teve fundamental importância na transposição do choro para o piano.
Intérprete por excelência de Ernesto Nazareth, interpretou também Zequinha de Abreu, Pixinguinha e outros autores brasileiros. Eclética, gravou gêneros estrangeiros também, chegando a compor foxes e até mesmo um "rock", do qual foi precursora no Brasil, no final de década de 1950.
Em 1931, gravou seu primeiro disco, pela Parlophon, com duas composições de sua autoria: o fox "Good bye" e o samba "Eu passo". Na época, participou do Festival Parlophon no Teatro Cassino Beira-Mar, ao lado de Eduardo Souto, do Bando de Tangarás, de Elisa Coelho, Ary Barroso, Luperce Miranda, Tute e outros. Participou também do "1º Broadway Cocktail", show promovido pelo empresário e dono do Cibe Teatro Broadway, que, segundo a imprensa da época, funcionava como "aperitivo para os filmes."
Em seguida, gravou dois foxes, "Foi um sonho", de Glauco Viana e "Ela me trata bem", de sua autoria. Também no mesmo ano, fez a trilha sonora para o filme "Mulher", com direção de Otávio Gabus Mendes e fotografia de Humberto Mauro.
Em 1933, gravou na Odeon os fox-trotes "I have money" e "My sweet haven", de sua autoria. No ano seguinte gravou, também de sua autoria, o choro "Comigo é assim" e o fox-blue "Preludiando".
Em 1935 transferiu-se para a Rádio Tupi (...nove anos depois foi para a Nacional, onde ficou até 1968, quando se aposentou). No mesmo ano, gravou na Odeon o choro "Novidade", de sua autoria e o batuque "Caboclinha", de Osvaldo Cardoso de Menezes.
Em 1936, acompanhou ao piano na Odeon, o cantor Jorge Fernandes na gravação do coco "Gibi bacurau", de sua autoria e em "Pregões cariocas", de João de Barro. No ano seguinte, acompanhou com Seus Batutas, a gravação do disco da dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho, que trazia o cateretê "Papagaiada" e no samba "Seu Macário".
Em 1939, gravou na Victor um pout-pourri com os sambas "É bom parar/Juro" e "Não tenho lágrimas/ Tenha pena de mim". No mesmo ano, seu fox-canção "Nossa melodia", parceria com J. Carlos Lisboa, foi gravado por Francisco Alves na Odeon. No ano seguinte, compôs com Saint Clair Sena a canção "Já fui feliz", gravada por Francisco Alves.
Em 1941 gravou na Victor os sambas "Palpite infeliz", de Noel Rosa e "Agora é cinza", de Alcebíades Barcelos e Armando Marçal, este último, em ritmo de fox.
Em 1942 gravou de sua autoria o fox "Potpourri de melodias" e o choro "Eu sou do barulho". No mesmo ano, acompanhou ao piano com seu quarteto a gravação do fox "Eu, você e mais ninguém" e do samba "Amor próprio", por Francisco Alves, na Odeon. Ainda no mesmo ano, gravou na Victor o primeiro de uma série de cinco discos em dueto com o violonista Garoto interpretando o fox "Maria Elena", de Lorenzo Barcelata e o choro "Amoroso", de Garoto.
Garoto & Carolina Cardoso de Menezes - Amoroso (1942)
No ano seguinte, gravou mais dois discos com Garoto, interpretando "Amor-Celito lindo", de G. Ruiz e "Jalousie", de Jacob Gade, em ritmo de fox e os choros "Tico-tico no fubá", de Zequinha de Abreu e "Carinhoso", de Pixinguinha e João de Barro. Complementando a tarefa iniciada por Ernesto Nazareth, ajudou a adaptar o chorinho para piano, como no seu LP gravado sob etiqueta Sinter Música de Ernesto Nazareth.
Garoto & Carolina Cardoso de Menezes - Carinhoso (1943)
Em 1944, gravou os dois últimos discos com o violonista Garoto No primeiro, interpretou os choros "Rato, rato", de Casemiro Rocha e "Fala bandolim", de José Augusto Gil e, no segundo, que contou com os vocais de Ruy Rey, o fox "Dor de um coração", de José Augusto Gil e "Os patinadores", de Waldteufel
Em 1950, após seis anos sem gravações solo ingressou na Sinter e laçou o primeiro disco da gravadora, com os choros "Pombo correio" e "Regressando", de sua autoria.
Em 1951, gravou "Baionando", um pot-pourri de baiões de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga e o choro "Expressinho", de sua autoria. No mesmo ano, gravou a modinha "Luar de Paquetá", de Freire Júnior e o choro "Malandrinho", de Gadé.
Carolina Cardoso de Menezes & Zé Menezes - Malandrinho
Em 1952, compôs com Everaldo Bahia, o choro "Nossa amizade" e o bolero "Beijos de amor", gravados por ela na Sinter no mesmo ano.
Em 1953, gravou ao piano de sua autoria o baião "Fla-Flu" e o choro "Rapadura". No mesmo ano, gravou na Sinter, de Ernesto Nazareth, os choros "Brejeiro" e "Escorregando".
No ano seguinte, gravou de Nonô, o choro "Uma farra em Campo Grande". Ainda no mesmo ano, gravou na Sinter mais dois choros de Ernesto Nazareth "Odeon" e "Tenebroso". Também em 1954, lançou o LP "Sucessos em desfile nº 1", no qual interpretou entre outras, "Se você jurar", de Nilton Bastos, Ismael Sila e Francisco Alves, "Kalú", de Humberto Teixeira e "Jura", de Sinhô.
Em 1955, gravou os sambas "Ai que saudades da Amélia", de Ataulfo Alves e Mário Lago e "Maria boa", de Assis Valente. No mesmo ano, gravou o fox "Um yankee em Ipirapuera", de João Grimaldi e o choro "Derrapando na Gávea", de sua autoria.
Também no mesmo ano, participou do II Festival da Velha Guarda, na Rádio Record paulista, organizado por Almirante, ao lado de J. Cascata, Donga, João da Baiana, Dilermando Reis, Radamés Gnattali, Gilberto Alves, entre outros. Ainda no mesmo ano, gravou pela Odeon o LP "Sucessos em desfile nº2", tocando composições como "Pomba gira", de João da Baiana, "Com que roupa", de Noel Rosa, "Me leva seu Rafael", de Caninha e "Camisa listada", de Assis Valente.
Gravou também na mesma época, o LP "Lembrando Carmen Miranda", no qual interpretou 8 composições gravadas por Carmen Miranda, entre as quais, "Alô, alô", de André Filho, "Adeus batucada", de Synval Silva e "O que é que a baiana tem?", de Dorival Caymmi.
Em 1956, gravou o samba "Se acaso você chegasse", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins e o choro "Atômico", de Ray Fortuny. No mesmo ano, gravou pela Odeon dois pot-pourris com músicas de carnaval.
Em 1957, gravou os sambas "Despedida de Mangueira", de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e "Maria, Maria", de Tuiú. No mesmo ano, tornou-se um das pioneiras do rock no Brasil ao gravar "Brasil rock", de sua autoria. Também no mesmo ano, lançou o LP "Teleco teco", interpretando ao piano, "Falsa baiana", de Geraldo Pereira, "Cristo nasceu na Bahia", de Sebastião Cyrino e Duque, "Ora vejam só", de Sinhô, "Faceira", de Ary Barroso e outras.
No ano seguinte gravou o bolero mambo "Covardia", de Getúlio Macedo e Lourival Faissal e o fox-trot "Patrícia", de Perez Prado. Em 1960, lançou o LP "Carolina no samba", apresentando "A coroa do rei", de Haroldo Lobo e David Nasser, "Bahia com H", de Denis Brean, "Olhos verdes", de Vicente Paiva e "Barracão", de Oldemar Magalhães e Luiz Antônio.
Em 1967, compôs a marcha-rancho "Aquela rosa que você me deu", em parceria com Armando Fernandes, que, interpretada por Ellen de Lima no II Concurso de Músicas de Carnaval, promovido pelo MIS e pela Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara em 1968, ficou classificada em segundo lugar, graças a influências de dois jurados, seus declarados admiradores, Jacob do Bandolim e Ricardo Cravo Albin, que queriam a música em primeiro lugar, atribuído afinal a Zé Kéti.
Aposentou-se da Rádio Nacional em 1968, onde apresentou o programa "O piano da Carolina". Atuou também na Rádio Sociedade. A partir dos anos 1970, diminuiu suas atividades artísticas, apesar de continuar a se apresentar até o fim da vida.
Em 1989, a Eldorado lançou o LP "Fafá e Carolina - Fafá Lemos e Carolina Cardoso de Menezes, com 13 composições, entre as quais, "No rancho fundo", de Ary Barroso e Lamartine Babo, "Bem-te-vi atrevido", de Lina Pesce, "Ninguém me ama", de Fernando Lobo e Dolores Dura e "Conversa de botequim", de Noel Rosa e Vadico.
Em 1997 gravou um CD pelo selo Accoustic, com clássicos do choro, chamado "Preludiando", com clássicos como Odeon (Ernesto Nazareth), Lamento (Pixinguinha) e Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu) e composições de sua autoria.
Em 1999, participou de um recital na Sala Cecília Meireles no Rio de Janeiro, a fim de angariar fundos pa ara a Rádio MEC. Sua última aparição pública foi em outubro do ano 1999, na Sala Funarte (RJ), em recital da pianista Maria Teresa Madeira, quando chegou a tocar alguns de seus sucessos. Declarou se sentir triste por não ter sido convidada a participar do encerramento da minissérie "Chiquinha Gonzaga", produzida pela TV Globo em 1999. A pianista Maria Tereza Madeira lançou, em fevereiro de 2001, um CD em sua homenagem, só com composições da pianista.
Ouça mais de Carolina C. de Menezes aqui (Discos do Brasil).
(Série "Monumento Da Música Popular Brasileira".Coletânea de gravações realizadas no início da década de 50).
Outros sucessos seus: Aquela rosa que você me deu, marcha-rancho (1967); Ausência, fox (1938); Caboclinha (com Osvaldo Cardoso de Meneses), choro (1933); Comigo é assim, choro; Era tão lindo o meu amor, canção (1932); Esquina da vida (com Armando Fernandes), samba (1954); Eu e ela, samba (1958); Mentiras (com René Bittencourt), bolero (1958); Nós dois (com A Fernandes), samba (1954); Nosso mal, samba (1953); Papai Noel (com Jorge André), canção (1931); Pombo-correio, choro (1931), e Preludiando, fox (1932).
Carolina Cardoso de Menezes (piano) e Orlando Silveira (acordeon) - Honeymoon in Rio (1956)
Com Que Roupa
(Noel Rosa) - Faixa nº 10
Piano: Carolina C. Menezes
AS MÃOS DE TILLY LOSCH & CAROLINA CARDOSO DE MENEZES. Registro da Rádio Educativa Mensagem sobre a bailarina, coreógrafa, atriz e pintora austríaca Ottilie Ethel Losch, "Tilly Losch" (1903 - 1975) com áudios da compositora e pianista brasileira Carolina Cardoso de Menezes (1916 -1999).
Informações:
Fox "My sweet heaven", de autoria de Carolina Cardoso de Menezes interpretado por Carolina Cardoso de Menezes,com Orquestra, ano de 1933, selo Odeon. música guia : "Despertar da Montanha", de Eduardo Souto, interpretada por Carolina Cardoso de Menezes, gravação de 1997,selo Acoustic.
Cenas do curta de 7 minutos "Tilly Losch in Her Dance of the Hands", datado nos anos de 1930 -1933, direção do cenógrafo, arquiteto de teatro,desenhista industrial futurista "Norman Bel Geddes" (1893-1958), onde a expressividade e criatividade de Tilly Losch se apresenta, na chamada "Arabesque" ou "Dança das Mãos". Acervo: Rádio Educativa Mensagem.
FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário