domingo, 28 de agosto de 2011

Teixeirinha

Vítor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha, (Rolante, 3 de março de 1927 — Porto Alegre, 4 de dezembro de 1985) foi um cantor e compositor brasileiro, também conhecido como o "Rei do Disco", pelos recordes de vendas de discos que consegue até hoje, mesmo já falecido.

Teixeirinha especial RBS - Teixeirinha Neto - o palhaço


Teixeirinha teve uma infância difícil, especialmente por ter perdido aos sete anos o pai, um carreteiro, e aos nove anos a mãe, em um incêndio. Ficando órfão foi morar com parentes, mas estes como não tinham condições de sustentá-lo, saiu pelo mundo fazendo de tudo um pouco, como: trabalhou em granjas do interior e quando veio para Porto Alegre carregou malas em portas de pensões, vendeu doces como ambulante, entregador de viandas, vendeu jornais, enfim fazia qualquer atividade para poder sobreviver.

Com dezesseis anos se auto-registrou como Cidadão Brasileiro. Aos dezoito anos se alistou no Exército, mas não chegou a servir, quando nesta ocasião foi trabalhar no DAER (Departamento de Estradas de Rodagem), como operador de máquinas durante seis anos.

Dali saiu para tentar a carreira artística cantando nas rádios das cidades do interior, tais como: Lajeado, Estrela, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, nesta última conheceu sua esposa Zoraida Lima Teixeira. Casaram-se em 1957 e foram morar em Soledade, em seguida mudaram-se para Passo Fundo, onde compraram um “Tiro ao Alvo” que era cuidado por ele e sua esposa e a noite Teixeirinha se apresentava na Rádio Municipal de Passo Fundo.
 
Em 1959 foi convidado para gravar em São Paulo. Viajou na segunda classe de um trem. Gravou seu primeiro 78RPM, de um lado a música “Xote Soledade” e do outro lado “Briga no Batizado”.
 
Segundo depoimento de um dos membros da Gravadora Chantecler, Dr. Biaggio Baccarin, o sucesso assim aconteceu:  “A sigla PTJ, no 78 RPM, abrigava três nomes: Palmeira, Teddy e Jairo, então diretores da Chantecler e fundadores do selo sertanejo. Como se constata, “Coração de Luto” ocupou o lado “B” do quarto disco gravado por Teixeirinha, o qual foi lançado sem qualquer preocupação de sucesso, no entanto aconteceu espontaneamente após seis meses de seu lançamento. As primeiras reações vieram de Sorocaba/SP e em pouco tempo já era sucesso nas demais cidades da região. Foi nessa ocasião que a gravadora Chantecler resolveu trazer o cantor para São Paulo a fim de trabalhar o disco, cujo trabalho teve início com um show na cidade de Sorocaba/SP e, posteriormente, nas demais cidades do Estado de São Paulo, até o triângulo mineiro.
 
O sucesso aconteceu em todo o Brasil, com venda superior a um milhão de cópias no ano de 1961. Um acontecimento inédito na história da música popular brasileira. Para se ter idéia deste fato, o disco Coração de Luto chegou a ser vendido no câmbio negro em Belém do Pará, havia fila para comprá-lo. A gravadora não tinha condições de atender os pedidos e era obrigada a distribuir cotas para cada loja. O fato de Belém do Pará foi registrado pelo saudoso Edgard Pina, então agente da Chantecler naquela capital”.
 
Teixeirinha voltou a Passo Fundo, vendeu o “Tiro ao Alvo” e se mudou para Porto Alegre. Foi chamado novamente pela Chantecler, desta vez para morar na capital paulista e continuar a divulgação do sucesso de Coração de Luto, no entanto, recusou domiciliar-se em São Paulo, voltando para Porto Alegre.

Com o que ganhou na excursão em São Paulo, comprou uma casa, no bairro da Glória em Porto Alegre, onde viveu toda sua vida e uma Kombi para viajar por todo o Brasil. Então, definitivamente Teixeirinha assumiu a carreira artística, passando a trabalhar em circos, parques, teatros, cinemas e demais casas de espetáculos. Como o próprio cantor relatou em uma de suas últimas entrevistas à imprensa: “... onde o povo me pediu para estar, eu fui...”(RBS/TV- julho/1985).

Em 1960, Teixeirinha estoura nas paradas de sucesso com a música "Coração de Luto", que descreve sua triste infância e principalmente a morte trágica de sua mãe. O lançamento de "Coração de Luto" tornou-se sucesso nacional, pois vendeu milhões de cópias e se tornou um dos singles mais vendidos da história da música mundial.

"Coração de Luto" chegou a ser regravada por diversos intérpretes, entre eles, a dupla sertaneja Milionário & José Rico, com uma roupagem sertaneja.

Engenheiros do Hawaii - Coração de Luto

Humberto Gessinger (vocalista, guitarrista e baixista, brasileiro, líder da banda Engenheiros do Hawaii) sempre mostrou-se fã de Teixeirinha, e aqui eles cantam em parceria a música "Coração de Luto".

Coração De Luto - Teixeirinha
Composição: Teixerinha
Engenheiros do Hawaii

O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida

Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida

Vinha vindo da escola
Quando de longe avistei
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei

Antes que alguém me dissesse
Eu logo imaginei
Que o caso era de morte
Da mãezinha que eu amei

Seguiu num carro de boi
Aquele preto caixão
Ao lado eu ia chorando
A triste separação

Ao chegar no campo santo
Foi maior a exclamação
Cobriram com terra fria
Minha mãe do coração

Dali eu saí chorando
Por mãos de estranhos levado
Mas não levou nem dois meses
No mundo fui atirado

Com a morte da minha mãe
Fiquei desorientado
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado

Passei fome, passei frio
Por este mundo perdido
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido

Pra não roubar, não matar
Não ferir, não ser ferido
Descanse em paz, minha mãe
Eu cumprirei seu pedido

O que me resta na mente
Minha mãezinha é teu vulto
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto

Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.



(Humberto Gessinger e Luis Carlos Borges - Coração De Luto. Especial teixeirinha RBS TV.)
 
Em 1961 Teixeirinha conheceu em Bagé a cantora Mary Terezinha, que se tornou sua companheira.

DESAFIO DA LOUÇA - TEIXEIRINHA & MARY TEREZINHA - 1978

Teixeirinha e Mary Terezinha - O Desafio dos Doutores

Teixeirinha começou a viajar para todo o Brasil como o “Gaúcho Coração do Rio Grande”. Em 1963, ganhou o troféu “Chico Viola” outorgado pela TV Record de São Paulo, no programa “Astros do Disco”, um programa de gala da televisão brasileira e tinha por objetivo premiar os melhores dos disco de cada ano e Teixeirinha ganhou por ter sido o cantor campeão de vendagem por dois anos consecutivos, 1962/1963.

Internacionalmente ganhou o troféu “Elefante de Ouro” como maior vendagem de discos em Portugal.

A música Coração de Luto, até hoje, vendeu mais de vinte e cinco milhões de cópias, a única no mundo mais vendida, superando cantores como Michael Jackson, Julio Iglesias, cantores contemporâneos de grande vendagem de discos, mas não de uma única música, como o caso de Coração de Luto, que continua na cotação de uma das músicas mais vendidas.
 
Em 1964, Teixeirinha escreveu a história do filme “Coração de Luto”, que foi produzido pela Leopoldis Som, em 1966, outro recorde de bilheteria. Atuou também no cinema, sendo que o filme Coração de Luto, de 1967, era uma autobiografia.


Coração de Luto é um filme brasileiro, do gênero drama, dirigido por Eduardo Llorente em 1967. O filme é baseado na música: "Coração de Luto" e na história de Teixeirinha, a música tornou um sucesso internacional, ocasionando em 1965 a atenção do produtor de cinejornais Derly Martinez, da empresa LeopoldisSom, que resolveu convidar Teixeirinha para co-produzir um filme baseado na história pessoal do cantor, e com isso dar início ao seu novo empreendimento: criar um pólo cinematográfico no Sul. Martinez articulou a proposta, usando Teixeirinha e sua partner como atores principais, e a letra da música como base para o roteiro. Sua ideia era fazer um filme que realmente se pagasse e não fosse apenas mais um título esquecido nas prateleiras.



O filme Coração de Luto, lançado em 1967, realmente fez muito sucesso dentro e fora do Estado. Em Porto Alegre, foi lançado em sete cinemas - Imperial, Avenida, Colombo, Atlas, Rosário, Marrocos e Talia -, ficou em cartaz um mês e onze dias, batendo todos os recordes de público por semana. Basta dizer que numa semana chuvosa 40 mil pessoas assistiram à fita, superando expectativas as mais otimistas.

Teixeirinha foi um típico músico da linha mais popular da música gaúcha, tendo-se tornado, em seu tempo, um ícone do estilo. Uma de suas canções mais famosas é "Querência Amada", que em sua introdução possui uma dedicatória ao pai e acabou se tornando um hino informal ao Rio Grande do Sul.


Em 1969, encenou no filme “Motorista sem Limites” juntamente com Valter D’Avila, produzido por Itacir Rossi.

Em 1970 criou sua própria produtora “Teixeirinha Produções Artísticas Ltda, pela qual escreveu, produziu e distribuiu dez filmes, quais sejam: “Ela Tornou-se Freira” (1972); “Teixeirinha 7 Provas”(1973); “Pobre João” (1974); “A Quadrilha do Perna Dura” (1975); “Carmem a Cigana (1976); “O Gaúcho de Passo Fundo”(1978) ; “Meu Pobre Coração de Luto”(1978); Na trilha da Justiça (1978); “Tropeiro Velho” (1980); “A Filha de Iemanjá” (1981).

Teixeirinha - Paulistinha Bonita
Teixeirinha e Mazzaropi foram os maiores fenômenos populares do cinema sul-americano regional. No caso do cantor gaúcho, seus filmes chegaram a superar 1,5 milhões de espectadores, obtidos apenas nos três estados do sul do país. Eram co-produzidos por distribuidores e exibidores locais, que lhes asseguravam a permanência em cartaz.

Sua última produção, "A Filha De Iemanjá" foi distribuída pela Embrafilme com fracos resultados. Uma análise mais detalhada dos resultados de exibição pode conduzir a uma melhor compreensão da relação regional da distribuição e da exibição.

Em 1973 foi contratado para fazer quinze apresentações nos Estados Unidos da América.

Em 1975 foi para o Canadá, onde realizou dezoito espetáculos. Fez shows na maioria dos países da América do Sul.

Durante vinte anos, apresentou programas de rádio diariamente com duas edições: “Teixeirinha Amanhece Cantando” (de manhã) e “Teixeirinha Comanda o Espetáculo” (a noite) e “Teixeirinha Canta para o Brasil”(domingos, pela manhã) em diversas rádios da capital, com transmissão para o interior e outros estados brasileiros.

Recebeu nove discos de ouro, foi cidadão emérito de vários municípios como: Passo Fundo, Santo Antônio da Patrulha, Rolante e etc.

Teve nove filhos: Sirley Marisa; Líria Luisa; Victor Filho; Margareth; Elizabeth; Fátima Lisete; Márcia Bernadeth; Alexandre e Liane Ledurina. Durante vinte e dois anos Mary Terezinha lhe acompanhou com acordeon em shows, rádio e cinema.

Gravou 49 Lps inéditos, com mais de 70 Lps, incluindo regravações, atualmente sendo todos reeditados em disco laser, gravando mais de 700 músicas de sua autoria, deixando um acervo superior a 1200 composições de sua lavra.

Teixeirinha faleceu dia 04 de dezembro de 1985 e está sepultado no Cemitério da Santa Casa, quadra n.4, túmulo n.4, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.


Discografia
1960 - O Gaúcho Coração do Rio Grande
1961 - Assim é nos pampas
1961 - Um gaúcho canta para o Brasil
1962 - O Gaúcho Coração do Rio Grande, volume 4
1963 - Saudades de Passo Fundo
1963 - Teixeirinha interpreta
1963 - Êta gaúcho bom
1964 - Teixeirinha Show
1964 - Gaúcho autêntico
1964 - Canarinho cantador
1965 - O rei do disco
1965 - Bate-bate coração
1965 - Disco de ouro
1966 - Teixeirinha no cinema
1967 - Coração de Luto - trilha sonora do filme
1967 - Mocinho aventureiro
1967 - Dorme Angelita
1968 - Doce coração de mãe
1968 - Última tropeada
1969 - O rei
1969 - Volume de prata
1970 - Carícias de amor
1970 - Doce Amor
1971 - Num Fora de série
1971 - Entre a cruz e o amor
1971 - Chimarrão da hospitalidade
1972 - Ela tornou-se freira - trilha sonora do filme
1972 - Minha homenagem
1973 - O Internacional
1973 - Sempre Teixeirinha
1974 - Última Gineteada / Menina que passa
1975 - Pobre João - trilha sonora do filme
1975 - Aliança de ouro
1975 - Lindo Rancho
1977 - Novo Som de Teixeirinha
1977 - Norte a Sul
1977 - Canta meu povo / Fronteira gaúcha
1978 - Amor de verdade / Inseparável violão
1978 - Menina da gaita / O Centro-Oeste brasileiro
1979 - 20 anos de glória
1979 - Menina da Gaita
1980 - Menina Margareth / Vida e morte
1981 - Rio Grande de Outrora / Crime de Amor
1981 - Iemanjá - trilha sonora do filme
1982 - Que droga de vida / Infância frustrada
1982 - Os Reis do Desafio - Dez desafios inéditos - Teixeirinha e Mary Terezinha
1983 - Chegando de longe / Apenas uma flor
1984 - Guerra dos desafios - Teixeirinha e Nalva Aguiar
1984 - Quem é você agora / Amor desfeito
1985 - Amor aos passarinhos
1993 - Milonga da Fronteira [Contendo os grandes sucessos de Teixeirinha](Póstumo)
1994 - Teixeirinha Canta com Amigos (Póstumo)
Participação Especial1980 - A Grande Noite da Viola - ao vivo

FERRO A FERRO - TEIXEIRINHA & NALVA AGUIAR


Filmografia
1967 - Coração de Luto
1969 - Motorista sem limites
1972 - Ela Tornou-se Freira
1973 - Teixeirinha 7 Provas
1974 - O Pobre João
1976 - Na Trilha da Justiça
1976 - Carmen a Cigana
1976 - A Quadrilha do Perna Dura
1978 - Meu Pobre Coração de Luto
1978 - Gaúcho de Passo Fundo
1979 - Tropeiro Velho
1981 - A Filha de Iemanjá

A morte não marca hora



FONTE



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