sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Diário da Música ♪♫: Sérgio Ricardo


Diário da Música ♪♫: Sérgio Ricardo Sérgio Ricardo - Nasceu em Marília, São Paulo, em 1932, João Lufti (Sérgio Ricardo), o primeiro filho de Maria Mansur Lutfi e Abdalla Lutfi. Vindo da Síria, o casal se mudou para Marília em 1930.

Em 1940, aos 8 anos, Sérgio ingressa no Conservatório de Música para estudar piano e teoria musical. Lá, extravasa seu temperamento inquieto e sua criatividade artística. Terminando o ginásio, viaja para São Vicente, e começa a trabalhar na rádio Cultura São Vicente. Inicia como operador de som e locutor e passa para a discoteca – onde trava conhecimento diário com toda a música da época e amplia seu conhecimento da história da música. Do erudito ao popular, do nacional ao estrangeiro.

Na década de 1950, muda-se para o Rio de Janeiro e começa a trabalhar na noite. Sucedem-se rápidas e fecundas transformações, até o surgimento da Bossa Nova. Descobre Johnny Alf, Moacir Peixoto, João Donato, João Gilberto, Lúcio Alves, Tito Madi, Fats Elpídio, Esdras e outros com os quais aprende a música mais elaborada, pesquisando formas e o bom gosto vanguardista que cada qual expressa com seu instrumento, interpretação ou composição.

Nos anos 60, sai o LP "A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo", só com composições próprias: "O nosso olhar", "Ausência de Você", "Pernas", "Não gosto Mais de Mim", "Poema Azul", "Buquet de Izabel" e a de maior sucesso, "Zelão".

Seu primeiro filme, "Menino da Calça Branca", foi produzido em 35 mm. Roda o filme na favela Macedo Sobrinho (hoje extinta). Atuam no filme Zezinho Gama, Laura Figueiredo, Ziraldo e Sérgio. Seu irmão Dib Lutfi faz a fotografia. Nessa época dedica-se mais ao cinema, Sérgio termina seu curta e é convidado pelo Itamaraty a representar o Brasil no festival de cinema de São Francisco na Califórnia. “Menino da Calça Branca” participa do festival de Karlovi-Vary (Tchecoslováquia). No Rio, ganha o Prêmio Governador do Estado. Em seu primeiro longa-metragem -“Esse Mundo é Meu”, escreve, roteiriza, faz a trilha sonora e dirige, com a ajuda do Itamaraty.

Em 1963, ingressa no Centro Popular de Cultura – CPC, e se integra no movimento em universidades, favelas, portas de fábricas, usando a música como meio de conscientização. Faz a trilha sonora do filme de Glauber Rocha, "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que lhe rende vários prêmios, enquanto Ruy Guerra acaba a montagem de “Esse Mundo é Meu”.


Em 67, Inscreve sua música Beto Bom de Bola, a convite de Solano Ribeiro, no festival da TV Record. Chega à final, mas impedido de cantar pelas vaias, quebra seu violão e o atira na platéia, e transforma-se em notícia no mundo inteiro.

Em 1968, é decretado o AI-5 e a ditadura enrijece cruelmente, disposta a desmantelar toda a oposição ao sistema, e institui a censura acabando com a liberdade de expressão, mas Sérgio Ricardo continua apresentando suas músicas de resistência: são dezenas de trilhas sonoras, 10 discos, além da produção cinematográfica e literária.


Em 2008, é agraciado com a Comenda da Ordem Cultural, pela Secretaria dos Direitos Humanos, em reconhecimento por sua trajetória e contribuição à cultura brasileira.

Parte do depoimento de Ziraldo na contracapa do LP “A Grande Música de Sérgio Ricardo”, lançado pela Companhia Brasileira de Discos, em 1967.

Como Chaplin, Sérgio foi buscar no cotidiano, no trivial, a tragédia e a comédia da vida, mas, principalmente, a necessidade de vivê-la. Isso já estava nas suas experiências como músico, mas – é claro – o cinema lhe dava oportunidade de ampliá-lo e aprofundá-lo. Pode-se dizer tudo de ‘Esse Mundo é meu’ menos que não seja um filme ousado, apaixonado, irreverente, desligado de regras – ou sujeito a uma só: a sensibilidade de seu autor. E a música ganhara uma dimensão nova – o cantor cederá lugar ao intérprete (lição que ele passará a limpo em ‘Deus e o Diabo na Terra do So’l, quando compôs para Glauber Rocha). A música surgia como um elemento dramático objetivo, nunca apenas com uma função de sublinhar ou de ligar as sequências. Uma música-comentário, crítica, um corpo organicamente integrado no corpo maior do filme. As composições, em si mesmas consideradas, definem o novo Sérgio Ricardo (tantas vezes ele já foi novo!) preocupado em pesquisar a música brasileira e suas raízes, mandando um recado muito mais autêntico porque fundado na cultura do próprio povo”.
  • LIVROS


Quem Quebrou meu Violão
Uma análise da cultura brasileira nas décadas de 40 a 90.
Sérgio Ricardo
Editora Record, 1991

A epopéica história da cultura brasileira das décadas de 40 a 90 é descrita neste livro como um filme. O autor, para não perder o fio condutor, revolve o tempo com habilidade, extraindo dos fatos mais marcantes de seu processo um sabor que só a vivência oferece. Tendo vivido intensamente nas variadas profissões artísticas que exerceu, Sérgio Ricardo revela os obstáculos, segredos e, com límpida clareza, os meandros deste intrincado processo, esclarecendo o leitor a respeio do caos em que nossa cultura se encontra. Mais do que contar as suas próprias experiências, como aquela em que quebrou o seu violão e o arremessou sobre a platéia, ele as desmonta, para avaliar com profundidade suas causas e consequências.

O Elefante Adormecido (Livro Infantil)

Elo:Ela - poemas - Sérgio Ricardo
Editora Civilização Brasileira, 1982 - "Os que acompanhamos a trajetória artística de Sérgio Ricardo costumamos não ter surpresas quando se revela mais uma face de sua personalidade. Compositor, instrumentista, cantor, cineasta, ator, letrista, multi-intérprete de si mesmo e de tantos outros, é ele em essência um convite da criação poética. É de ver que o poeta, aqui, novo embora ou propondo-se só agora, não tenta atingir construtividades ou estruturatices complexas ou voluntariosas ou veleitárias: suas palavras são de todos nós, mas poucos de nós sabemos com elas dizer os sentimentos e as emoções e as tristezas e os espantos que todos compreendemos e admiramos nesses que, poucos, sabem usar delas assim. Sérgio Ricardo sabe – e bem. É prosseguir, poeta." - Antonio Houaiss, apresentação de para o livro Elo:Ela
FONTE

tortura nunca mais

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