domingo, 20 de novembro de 2011

Trio Marayá


O Trio Marayá foi formado em 1954, contando com Behring Leiros no tantã, Marconi Campos no violão e Hilton Acioli no afoché. Inicialmente adotaram o nome de Marajá e apresentaram-se no programa da Sociedade Artística Estudantil, na Rádio Poti.

Em 1956, durante a realização de um congresso da União Nacional dos Estudantes, UNE, em Natal/RN, foram convidados a ir ao Rio de Janeiro, onde alguns estudantes pretendiam criar um programa nos moldes do SAE. Pouco antes de viajar para o Rio de Janeiro, adotaram, por sugestão do professor e folclorista Luís da Câmara Cascudo, o nome de Trio Marayá.

Rio de Janeiro, os jovens vocalistas conseguiram participar de diversos programas na Rádio Nacional, entre os quais, "Grande Show Brahma", "César de Alencar" e "Paulo Gracindo". Atuaram ainda em diversas casas noturnas, sendo contratados com exclusividade para se apresentar no Restaurante "Cabeça Chata", de propriedade do conhecido cantor de emboladas Manezinho Araújo.

Pouco depois, passaram a atuar na Rádio e na TV Tupi. Por essa época, foram convidados pelo cantor e compositor Luiz Vieira, que assistiu à participação do Trio Marayá na gravação de um disco de um cantor cearense na gravadora Copacabana, acabando por convidá-os a se apresentarem em seu programa de rádio em São Paulo.


No programa de Luiz Vieira na Rádio Record, interpretaram o corridinho "Maria Filó", de Luiz Vieira e João do Vale, e posteriormente gravado em LP pelo trio. Aprovados em teste, foram contratados pela Rádio e TV Record.


Na Rádio Record, passaram a apresentar o programa semanal "Música e poesia com o Trio Marayá", produzido por Luiz Vieira, além de participar de outros programas da emissora.

Na TV Record, ganharam também um programa semanal, "Trio Marayá e você", com produção de Nilton Travesso e Eduardo Moreira. Apresentaram-se ainda nos programas "Sucesso Arno", de Blota Jr., "Astros do disco", de Rendal Juliano, e "O fino da bossa", apresentado por Elis Regina, entre outros.

Paulistinha - Airton Rocha e Trio Marayá

Nesse período, ainda muito jovens, enfrentaram problemas com o Juizado de Menores nas apresentações em boates como "Boite Oásis", "Star Dust", "Nick Bar", "African" e "A Baiuca", nas quais cantavam e tinham que ficar do lado de fora, na calçada, durante os intervalos.


Em 1958, gravaram pela Odeon o primeiro disco, interpretando o samba "O rei do samba", de Hervê Cordovil e Vicente Leporace e o mambo "Patrícia", de P. Prado e A . Bourget. Nesse período, realizaram excursões a diversas capitais do país.

Em 1959, gravaram o segundo disco, cantando as composições "Meu tio" ,de F. Barcellini, H. Contet e J. C. Carrière, com versão de Fred Jorge, e "Onde estará minha vida", de Segovia, Naranjo e Roman, em versão também de Fred Jorge.


No mesmo ano, receberam o convite para representar o Brasil no "Festival da Juventude", em Viena, na Áustria, recebendo as passagens, a hospedagem e a comida. O tempo previsto de permanência na Europa era de apenas dez dias, mas o trio acabou ficando um ano. Durante este período na Europa, viajaram para a Espanha, apresentando-se na cidade de Barcelona, na boate El Cortijo.

Em seguida, rumaram para a Hungria, onde gravaram um disco com músicas brasileiras, pelo selo Balaton e apresentaram-se em programas da TV húngara. Em seguida, foram contratados pela filarmônica de Budapeste e apresentaram-se com a orquestra em quase todas as cidades húngaras.

Pouco depois retornaram à Áustria onde obtiveram sucesso interpretando a "Polca de Liechtensteiner". Apresentaram-se em diversas casas de espetáculo de renome como "Éden Bar", "Lido", "Maxim's", "Moulin Rouge" e "Baden Cassino".

De volta ao Brasil em 1960, gravaram mais um disco pela Odeon, no qual cantaram o samba "Prova de carinho", de Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil, e o fox "Um telegrama", de H. G. Segura e Nadir Perez.

Em 1961, foram contratados pela RCA Victor, gravando em seu primeiro disco o bolero "Por pecadora" e a canção "O matador", de J. Bowers e I. Burgess, com versão de Fred Jorge.

No mesmo ano gravaram o bolero "Descansa, coração", de Arquimedes Messima, e o samba "Sambinha quadrado", de Marconi Campos e Hilton Acioli.


Ainda em 1961, fizeram excursão ao Uruguai apresentando-se no Cassino Migues em Punta Del Este e na TV Canal 4 de Montevidéu. Foram contratados por três meses pela TV Canal 9 de Buenos Aires na Argentina, onde participaram do programa "Festival 62", produzido e apresentado por Paloma Black.

No mesmo ano gravaram o rock balada "Nena Nenita", de Joaquin Pietro e Juvenal Fernandes e o bolero "Pede", de A . Algueró, A . Guijarro e Teixeira Filho.

Em 1966, obtiveram destaque no II Festival de Música Popular Brasileira apresentado na TV Record em São Paulo. Defenderam, juntamente com Jair Rodrigues, a composição "Disparada", de Geraldo Vandré e Teo, e que, com arranjos de Hilton Acioli, tirou o primeiro lugar.

"Prepare o teu coração... p'ras coisas que eu vou contar...",  composição belíssima. Foi em 1966 e continua sendo até hoje uma das mais belas interpretações de Disparada...


Aos vigorosos acordes iniciais do Quarteto Novo combinado com o Trio Marayá, a platéia que lotava o Teatro Record explodia em gritos e aplausos. E ainda em meio ao tumulto, Jair Rodrigues começava a cantar os primeiros versos desta moda para viola e laço. (DISPARADA - Música de autoria de Geraldo Vandré e Théo de Barros, obteve o 1º Prêmio (juntamente com A BANDA) do II Festival da Música Popular Brasileira, organizado pela TV Record. Vídeo gravado na noite final do Festival, em 10/10/1966, no Teatro Record Consolação (São Paulo). Intérprete: Jair Rodrigues com Trio Marayá e Trio Novo).
 
Nos festivais internacionais, o Trio Marayá apresentara-se com Nat King Cole, Sammy Davis Jr., Ella Fitzgerald, Rita Pavone, Sérgio Endrigo e Catherine Valente.
 
Em 1968, retornaram à Europa, defendendo o Brasil no Festival Internacional de Música da Bulgária, realizado na cidade de Sófia, onde o trio recebeu Medalha de Ouro", tirando o 1º lugar com a composição "Che", de Marconi Campos e Geraldo Vandré. A composição "Che", vencedora do festival originalmente não tinha letra e havia sido proibida pela censura durante o regime militar, pois os censores entenderam que se tratava de uma homenagem ao guerrilheiro cubano Che Guevara, morto naquele ano.
 
Geraldo Vandré pediu a Marconi Campos para colocar a letra, o que foi recusado pelo autor, que a considerava de característica puramente instrumental. Fez, porém, outra música inspirada na primeira e Vandré colocou a letra. Após o festival, permaneceram um tempo em Sófia, apresentando-se em concorridos shows na capital búlgara. Visitaram também a Itália e a França. Em Paris, gravaram um disco pelo selo Barclay. Nesse período, participaram da revista musical "Tio samba", produzido pela diretora norte-americana Sonia Shaw e pelo maestro Bill Hithcock.
 
Ao longo de sua carreira, o Trio Marayá participou dos filmes "Uma certa Lucrécia", com Dercy Gonçalves, "O circo chegou à cidade" com Walter Stuart, e "Quelé do Pajeú", dirigido por Anselmo Duarte, com orquestração de Marconi Campos.
 
Estiveram sob contrato das gravadoras Sinter, RGE, RCA Victor, Odeon, Philips, Chantecler e Som Maior, gravando diversos discos em 45 e 78 rotações, além de compactos e LPs. Alguns de seus discos produzidos no Brasil foram divulgados em países da Europa, como Portugal, França e Itália, e em países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile. Um de seus maiores sucessos foi "Gauchinha bem querer", de Tito Madi, onde os vocalistas potiguares interpretaram de tal modo que muitos os confundiram com gaúchos.
 

Ao longo de sua vitoriosa carreira o Trio Marayá recebeu diversos prêmios. Em 1958, 1960, 1961, 1962 e 1963 receberam o Prêmio Roquette-Pinto como Melhor Conjunto Vocal. Receberam oito troféus de Melhores da Semana, a Taça de Honra ao Mérito do programa César de Alencar, o troféu Campeões da Popularidade da TV Tupi, no programa Ayrton Rodrigues, diploma de Melhor Conjunto Vocal do Festival da Música Internacional na Bulgária, o troféu Índio de Prata como personalidade musical de 1967, além de receber diversas medalhas de honra ao mérito como grupo vocal/instrumental.
 
A partir de 1975, o trio foi diminuindo cada vez mais as atividades, embora ainda se tenha apresentado em diversos festivais de música universitária na época em que o componente Behring Leirois cursava a faculdade de Direito da Universidade Mackenzie em São Paulo. Após esse período foram-se dedicando à produção de jingles comerciais e trilhas sonoras para filmes.
 
Marconi Campos fez formação superior em música e em 1985 formou o quinteto "Sombra", do qual faziam parte Faud Salomão, Beto Carrera, Vânia Bastos e Suely Gondim. Em 1996, Marconi Campos juntou-se a Behring Leiros, Hilton Acioli, Flávio Augusto, Sandra Marina, Vera Campos e Cintia Scola - para gravar o CD independente "Ação dos tempos", interpretando músicas nordestinas, entre as quais "Asa branca", de Luiz Gonzaga, e algumas especialmente de compositores norte-rio-grandenses, como "Moinho d'água", de Chico Elion, e "Capricho", de Carlos Lyra e Behring Leiros.


Behring Leiros, por sua vez, trabalhou como relações-públicas na área de divulgação da Rádio e Estúdio Ômega e também enveredou pela produção de jingles.
 
Hilton Acioli diplomou-se bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo e foi parceiro de Geraldo Vandré em diversas composições.
 
Marconi, Acioli e Behring já compuseram centenas de jingles, sendo os dois mais conhecidos, um de propaganda da Varig, e o histórico "Lula lá", utilizado pelo candido à Presidência da República pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva quando de sua primeira candidatura a presidência.

Pé do Lajeiro


FONTE

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