sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Diário da Música ♪♫: Chico Science


Diário da Música ♪♫: Chico Science - Há 15 anos, no dia 2 de fevereiro de 1997, se calava uma das vozes mais brilhantes da música brasileira. Enquanto dirigia de Olinda para Recife, Chico Sciente, que liderava o grupo Nação Zumbi, perdeu o controle do Fiat Uno que dirigia, se chocou contra um poste e morreu, aos 30 anos.

Porém, os pouco mais de sete anos que esteve na ativa foram suficientes para que Francisco de Assis França, como era seu nome de batismo, causasse uma revolução na música brasileira e recolocasse Pernambuco no mapa cultural do país.


Tudo começou na Orla Orbe. Não é nenhum barzinho à beira-mar do Recife, mas o nome da primeira banda da qual Francisco de Assis França fez parte, nos idos de 1987. Nessa época, ele ainda não era Chico Science, mas sua inventividade já se anunciava, alimentada pela participação, três anos antes, na Legião Hip Hop, um grupo de dança de rua no qual grafiteiros, músicos e dançarinos curtiam o melhor da música negra norte-americana.

Junto com Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, Chico Science lançou o manifesto Caranguejos com cérebro. O texto foi o pontapé inicial do movimento manguebeat, que misturava ritmos regionais como o maracatu ao rock e a música eletrônica. A iniciativa chamou não só a atenção de gravadoras como a Sony e a Virgin, como do Brasil inteiro.

No início de 91, Chico Science entrou em contato com o Lamento Negro, um bloco afro que trabalhava com educação popular no centro comunitário Daruê Malungo, periferia do Recife. O vigor da percussão chamou a atenção do cantor, que começou a trilhar rumo distinto, misturando num mesmo balaio black music e música de raiz, como maracatu e coco de roda - eis aqui o embrião do que se batizou manguebit.

Nesse mesmo ano, nada mais de Orla Orbe ou Loustal, a galera atendia pelo nome de Chico Science e Lamento Negro: a Chico (voz), Lúcio (guitarra) e Dengue (baixo) juntaram-se Toca Ogam (percussão/efeitos), Canhoto (caixa), Gira (tambor), Gilmar Bola 8 (tambor) e Jorge du Peixe (tambor). Canhoto não ficou muito tempo, sendo substituído por Pupilo. O público assistiria, em junho, ao primeiro show da banda - já conhecida como Chico Science e Nação Zumbi (CSNZ) - no Espaço Oásis, em Olinda.

A partir daí, várias outras apresentações aconteceram, junto com outros grupos do Recife como o mundo livre s/a. A turma reunia os tipos mais diversos, músicos, jornalistas, artistas plásticos, punks... O elo entre todos era o gosto por música, fosse qual fosse o tipo ou a origem. Os jornais locais começavam a abrir espaço e a designar a cena musical que fervilhava no Recife sob o rótulo de mangue ou manguebit.

Uma coletânea começou a ser elaborada em 92, com músicas de CSNZ e mundo livre s/a, batizada de Caranguejos com Cérebro - o mesmo nome de um manifesto escrito por integrantes do manguebit. O projeto não deu certo e as bandas se organizaram para fazer uma pequena excursão pelo Brasil. Três shows em São Paulo e Belo Horizonte foram suficientes para chamar a atenção de crítica e público e para fazer a Sony Music elaborar uma proposta de contrato. No final do ano, o grupo entrava no estúdio Nas Nuvens acompanhado do produtor Liminha para gravar o primeiro disco.

A banda que mais se destacou foi a Nação Zumbi. O grupo fez três shows em Belo Horizonte e São Paulo e se projetou para a mídia nacional. Lançado em 1994, Da lama ao caos até hoje é exaltado como um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos e projetou o grupo.



O álbum trazia músicas como Samba Makossa, Rios, pontes & overdrives, A cidade e a faixa que lhe deu título. Logo Chico Science era o porta-voz de toda uma geração e um dos responsáveis por renovar o rock nacional, junto de bandas como Planet Hemp, Raimundos, Skank e O Rappa.

Da Lama ao Caos conseguiu arrebatar os críticos dos principais cadernos culturais do Brasil, levando também o público ao delírio, apesar de, em algumas faixas, deixar de lado a força que a Nação Zumbi demonstra no palco. Mas os shows não eram mais problema: a banda começou a excursionar e mostrar as histórias do mangue mundo afora. Participando de festivais nos Estados Unidos ou fazendo shows pela Europa, CSNZ foram deixando sua marca por onde passavam, preparando o terreno para novas idéias - e para o novo disco.

Afrociberdelia, de 1996, trouxe Manguetown, Macô e Maracatu atômico e levou a Nação Zumbi a excursionar pelo país. Mas Chico aproveitou pouco o sucesso de seu segundo rebento, lançado em junho, já que, cerca de sete meses depois, aconteceu o acidente que lhe tirou a vida.

O ano de 97 chegou para mudar radicalmente a trajetória da banda. Num acidente de carro na fronteira entre o Recife e Olinda, Chico Science morreu, às vesperas dos shows que o grupo faria no carnaval. A estupidez do fato chocou a todos e fãs desolados choravam em todo o País, questionando a injustiça: por que morrer, aos 33 anos, um cara que ainda tinha tanto para fazer, que tinha muito a dizer? A precocidade, antes de mais nada, colocou o nome de Chico no panteão dos artistas-mito.

A Nação Zumbi, no entanto, se viu zonza, perdida, e levou bom tempo para achar o norte novamente. Muito se especulou sobre a continuidade da banda: uns diziam que seria impossível sem o vocalista, outros acreditavam que, se continuassem, não chegaria aos pés do que o grupo era com Chico nos microfones.

Depois de um "CD tributo" - CSNZ, de 98 -, o grupo lançou o disco Rádio S.AMB.A. Saindo da supervisão de uma grande gravadora, o disco foi autoproduzido e saiu pela Y?Brazil Music: elogios e críticas apareceram, exaltando o fôlego da Nação de seguir adiante, longe da sombra de Chico Science.

LEGADO

A morte de Chico Science, claro, enfraqueceu bastante a cena musical do Recife. Sem seu rosto mais conhecido, as bandas pernambucanas enfrentaram dificuldades e chegou até a se cogitar o fim da Nação Zumbi. Mas a banda resistiu à morte do seu líder, promoveu Jorge du Peixe para o vocal e segue na ativa, fazendo shows e lançando bons discos, como Rádio S.Amb.A., de 2000 e Fome de Tudo, de 2007.

O Mundo Livre S/A também continua produtivo e lançou em 2011 o disco Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa. O grupo perdeu em 1996 o percussionista Otto, que se lançou em carreira solo e tem um trabalho relevante, lançando em 2009 o álbum Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos.

E bandas como Mombojó, Eddie, Nuda e Cordel do Fogo Encantado e artistas como China, Lirinha e Karina Buhr fecham a conta do legado de Chico Science.  Com público no Brasil inteiro, carreiras sólidas e relevância musical, estre grupos comprovam que o som feito em Pernambuco continua forte e que a missão de abrir caminhos rumo ao resto do país foi cumprida com louvor por Chico Science.

Do Portal Uai


FONTE

pernambuco

http://www2.uol.com.br/JC/chicoscience

Um comentário:

gæn disse...

meu,, tava vendo uns vhs antigo aki e vi uma appresentação do chico no programa livre (uma das ultimas, senão...) e tem uma gata q fica no palco cantando e dançando com chico. to procurando ela e eis que encontro esse lindo post.. parabéns
conheci o mangueboy em 93.
Chico me ajudou a mensurar o mixto de ritmos e sons que nosso Brasil transpira.
Mais que músico Chico foi um grande cientista.
Abços