sábado, 9 de julho de 2011

Henrique Vogeler


Henrique Gypson Vogeler, ou apenas Henrique Vogeler (Rio de Janeiro, 11 de junho de 1888 - Rio de Janeiro, 9 de maio de 1944), foi um compositor, pianista e regente brasileiro.

Nascido no bairro do Catumbi, de pai alemão e mãe brasileira, iniciou-se no piano com pouco mais de cinco anos, assistindo às aulas de música do irmão Jorge, pai de Jaime Vogeler, cantor da década de 1930.

Estudou no Colégio São Bento e em seguida no Colégio Universitário, mas foi obrigado a abandoná-lo por problemas financeiros. Empregado na Estrada de Ferro Central do Brasil, começou a compor para um teatro de amadores organizado por um colega de trabalho.

Ocasionalmente, tocou piano na sala de espera do Cinema Odeon, substituindo Ernesto Nazareth, pianista da casa. Cursou o Conservatório Nacional de Música. Concluídos os estudos musicais, a partir de 1919 lançou-se profissionalmente, compondo para os teatros de revista da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro.

De suas contribuições ao teatro musicado (1919-1942), destacou-se a partitura para a revista-opereta A canção brasileira, estreada em março de 1933 no Teatro Recreio, que alcançaria 300 representações consecutivas.

O seu samba-canção Linda flor, também conhecido em versões com os títulos de Meiga flor e Iaiá ou Ai, Ioiô (com Luiz Peixoto), transformou-se em sucesso após sua gravação por Araci Cortes, em 1929, na Parlophon.



  • Curiosidades sobre a música: "Linda Flor" - aqui.

É possível que Vogeler gostasse e acreditasse na canção, a ponto de procurar a melhor letra para ela. O fato é que recebeu três letras: "Linda flor" (letra de Cândido Costa), para a peça "A verdade do meio-dia", "Meiga flor" (letra de Freire Júnior) e a definitiva "Iaiá", de Luís Peixoto, para a peça "Miss Brasil", que acabou consagrada na voz de Araci Cortes com o nome de "Ai, Ioiô". As três foram gravadas. "Linda flor", na voz de Vicente Celestino (Odeon 1038-a, de março de 1929), "Meiga flor", na voz de Francisco Alves (Parlophon 12909-a, de janeiro de 1929), e "Ai, Ioiô", na voz de Araci Cortes (Parlophon 12929-a, de março de 1929). A canção recebeu ainda uma quarta letra, cômica, de Nelson de Abreu, lançada no disco "Miss favela", de novembro de 1930 (Parlophon 13246-a). (Ricardo Cravo Albin - Dicionário da MPB)

Linda Flor
(Henrique Vogeler/Cândido Costa)

Linda flor,
Tu não sabes, talvez,
Quanto é puro o amor,
Que me inspira; não crês...
Nem
Sobre mim teu olhar
Veio um dia pousar!...
E ainda aumenta a minha dor
Com cruel desdém!

Teu amor
Tu por fim me darás,
E o grande fervor
Com que te amo verás...
Sim
Teu escravo serei,
E a teus pés cairei
Ao te ver, minha enfim.

Felizes então, minha flor
Verás a extensão deste amor
Ditosos os dois, e unidos enfim
Teremos depois só venturas sem fim!

Meiga Flor
(Henrique Vogeler/Freire Jr.)


Meiga flor,
Não te lembras, talvez,
Das promessas de amor,
Que te fiz,
Já não crês...
Se
Queres me abandonar
Procurando negar
Que juraste a mim também
Minha ser, meu bem...

Meu amor
Por que negas, ó flor,
Sempre fui tão sincero,
Eu te quis, eu te quero...

Sei que sem ti morrerei.
És o meu ideal
Minha vida, afinal.

Linda Flor(aka Iaiá, aka Ai, Ioiô)
(Henrique Vogeler/Luiz Peixoto/Marques Pôrto)



Ai, Ioiô!
Eu nasci pra sofrê
Fui oiá pra você,
Meus oinho fechou!
E quando os óio eu abri,
Quis gritá, quis fugi,
Mas você,
Eu não sei por quê,
Você me chamô!

Ai, Ioiô,
Tenha pena de mim
Meu Sinhô do Bonfim
Pode inté se zangá
Se ele um dia soubé
Que você é que é,
O Ioiô de Iaiá!

Chorei toda noite
E pensei
Nos beijos de amô
Que te dei,
Ioiô, meu benzinho,
Do meu coração
Me leva pra casa
Me deixa mais não.

Miss Favela
(Henrique Vogeler/Nelson de Abreu)

Popular:
“Oh, português-pau-d’água, dá o fora!!!”

Povo:
“Ahhhhhhhhhhhh!!!”

Popular:
“Estais a beber gasolina, oh diabo[?]”

Povo:
“Ahhhhhhhhhhhh!!!”

Português:
“Eu bebo é com o meu dinheiro, seus vagabundos!!!
E aos despois, eu estou na minha terra.
Portugal e Brasil é tudo a mesma coisa!!!
E aos despois, eu bebo assim é de raiva.
É de desgosto. Tudo por causa de uma mulata!!!
Ai, as mulatas!
Quando eu te vejo na rua
pisando com aquele sapato rosa na areia
e com aquele vestido comprido feito rabo de pavão
... Minha Nossa Senhora...
Eu até me esqueço que sou português
... Ai, o raio da mulata!!!”

[cantando]:
Ai, mulata
Eu nasci prá sofrer
Quando eu brigo contigo
Eu só quero beber
E para minha desgraça
Bebo tanta cachaça
Que fico que nem um[?]
Muito jururú

Ai, mulata
Tenha pena de mim
Lá no bonde Bonfim
Eu caí na calçada
E se não fosse um patrício
Quase que por um tríz
Eu rachava o nariz

Bebi toda noite, mulata
Só por tua causa, oh ingrata
Meu doce de côco, tem pena de mim
Dá cá uma beijoca prá teu Joaquim
Façamos as pazes, querida
Eu juro que és minha vida
Estou pronto mulata, querida donzela
Tú és entre outras Misses
A Miss Favela

Em 1930, como pianista da Odeon, Henrique Vogeler acompanhou várias gravações do cantor Gastão Formenti. Além de compor partituras para revistas, produziu algumas peças de caráter musical mais cuidado, destacando-se seis músicas destinadas a um LP para distribuição no exterior; o disco incluía ainda seis composições de Ernesto Nazareth, interpretadas por ele, exímio pianista.

A partir de 1934, Vogeler atuou como diretor artístico das gravadoras Brunswick e Odeon.

No inicio da década de 1940, quando organizava programas musicais para a Hora do Brasil, foi contratado por Villa-Lobos, como seu auxiliar direto no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, onde permaneceu até a morte.

FONTE

CIFRANTIGA

DANIELLA THOMPSON

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