domingo, 31 de julho de 2011

Trio Nagô



Dentre a infinidade dos trios vocais da música universal, merece destaque o Trio Nagô, que no Brasil, ao lado do Trio Irakitan, foram os melhores exemplos na arte de vocalizar em trio. Foi o Trio Nagô quem desbravou o caminho e modelou os padrões dos arranjos adotados mais tarde pelos outros trios brasileiros, inclusive o Irakitan. A fórmula musical soava mágica, misturava o som dos trios latinos com o som do agreste, com as histórias dos poetas repentistas, dos violeiros, pescadores e jangadeiros de olhar mareado, cantando mistérios e prodígios, valentes como cangaceiros... (Blog Bossa Brasileira)


Trio vocal e instrumental. O trio foi criado na cidade de Fortalerza, CE em 1950 sendo inegrado por Evaldo Gouvêia, compositor, cantor e violonista nascido em Iguatu, CE, em 8/8/1930; pelo cantor e violonista Mário Alves, nascido em 1914, e pelo vocalista e tocador de atabaque Epaminondas de Souza, os dois, naturais da cidade de Fortaleza, CE. Epaminondas de Souza faleceu de infarte no Rio de Janeiro, em 27/10/2004.


Inicialmente, utilizaram o nome artístico de Trio Iracema e iniciaram a carreira artística apresentando temas folclóricos nordestinos na Rádio Clube do Ceará. Em seguida fizeram apresentações nas Rádios Poti, de Natal, RN; Araripe, na cidade do Crato, no Ceará, Borborema, na cidade de Campina Grande e também, na Rádio Tamandaré, de Recife, PE.

Em 1952, foram contratados para apresentar um programa semanal na Rádio Record, de São Paulo que permaneceu no ar por cinco anos. Ainda nesse ano, assinaram contrato com a gravadora Sinter e lançaram o rasqueado "Moça bonita", de Gilvan Chaves e Alcyr Pires Vermelho, e o maracatu "Paisagem sertaneja", de Hortêncio Aguiar.


Em 1953, foram contratados pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro e gravaram pela Sinter os sambas "Homem não chora por mulher", de Victor Simon e José Roy, e "Projeto 1000", de Assis Valente e Salvador Micelli, sendo que esse último, contou com a participação da cantora e compositora Dora Lopes.


Em 1954, foram convidados para os festejos do Quarto Centenário da cidade de São Paulo como representantes do Ceará, fazendo apresentações na Rádio Tupi. O trio permaneceu em São Paulo por um mês e em seguida seguiu para uma temporada na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre, RS. Antes de retornar ao Ceará, o trio foi para o Rio de Janeiro, onde se apresentou no programa César de Alencar na Rádio Nacional e assinou contrato com a gravadora Continental.

No mesmo ano, gravaram o rasqueado "Moça bonita", de Alcyr Pires Vermelho e Gilvan Chaves e a toada "Prece ao vento", de Alcyr Pires Vermelho, Fernando Luiz e Gilvan Chaves, primeiro grande sucesso do trio, contando com acompanhamento de Radamés Gnattali e seu conjunto.


Dois meses depois, lançaram com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra, o samba "Aquarela cearense", de Valdemar Ressurreição e a toada "Boiadeiro", de Klécius Caldas e Armando Cavalcânti.

Em seguida, o trio retornou ao Ceará para acabar de cumprir o contrato com a Rádio Clube do Ceará. Ainda em 1954, receberam o Prêmio Roquete Pinto como "O Melhor Conjunto Vocal" do ano.


Em 1955. gravaram o corrido "Tropeiro do sul", de Graça Batista e Antônio Aguiar; o fox-canção "Iremos ao cinema?", de Armando Cavalcânti; o samba "Vive seu Mané chorando", de Luiz Assunção, e a guarânia "Morena do Paraguai", de Emílio Cavalcânti.


Em 1956, o trio retornou ao Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Jornal do Brasil e pela gravadora RCA Victor. No mesmo ano, gravaram a toada "Dei ao mar para guardar", de Gilvan chaves, e o rojão "Dança de caboclo", de Hekel Tavares.

Em seguida, gravaram a toada "Soprando o vento", de Fernando César e o samba "Acorrege a prenúncia", de Vicente Amar.

No final do mesmo ano, o trio lançou a toada "Natal pobre", de Luiz Vieira. Nessa época, apresentaram-se nas boates Vogue, no Rio de Janeiro e Oásis, em São Paulo.

Acompanhando o êxito dos trios internacionais, fizeram turnês no México, Argentina, Uruguai e outros países da América Latina. Nos Estados Unidos, gravaram programas de TV e discos de 78 rpms. Em seguida na Europa, obtêm êxito na França, Inglaterra e Portugal. Em 1956, o trio excursionou pela Europa para onde seguiu como representante do Brasil na Festa do conhaque e do café, realizada na cidade de Paris, na França. Evaldo que tinha medo de avião - ia de ônibus para os shows pelo Brasil enquanto os companheiros voavam - agora era obrigado a cruzar os mares pelo ar.

Com a repercussão da temporada de Paris, o produtor Max de Rieux do selo Decca, contrata o trio para a gravação de mais uma coleção de canções lançadas em discos de 10 polegadas, compactos e 78 rpms. Gravações inéditas no Brasil. Na volta, são ovacionados e condecorados por autoridades pela divulgação da nossa cultura no exterior.


Em 1957, lançaram disco com o baião "O gemedor", de Gilvan Chaves e o bolero "Duvido (Lo dudo)", de C. Navarro em versão de Lourival Faissal.


No mesmo ano, gravaram os sambas "Laura", de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho, e "Prece", de Marino Pinto e Vadico; a toada "Dô de cotovelo", de José Renato e Manezinho Araújo, e o samba-canção "Contra-senso", de Antonio Bruno.


(Trio Nagô canta "Saudades da Bahia" de Dorival Caymmi no filme "Chico Fumaça" dirigido por Victor Lima, com arranjos para orquestra de Radamés Gnattali, produzido e estrelado por Mazzaropi em 1957).



Pra quem ficou com vontade de ouvir a música "Saudades da Bahia" completa confira a interpretação de Gilberto Gil, presente no DVD BandaDois



Em 1958, o trio lançou uma guarânia que se tornaria sucesso nacional e clássico do gênero romântico, "Cabecinha no ombro", de Paulo Borges. No lado B do disco estava o samba "Cartão postal", também de Paulo Borges.

No mesmo ano, gravaram o samba-canção "Se alguém telefonar", de Jair Amorim e Alcyr Pires Vermelho; o bolero "Cachito", de Consuelo Velasquez; o samba "Três beijos", de Antônio Bruno, José Saccomani e Gaúcho, e o baião "Mambo do Ceará", de Catulo de Paula e Roberto Silveira.

Em 1959, o trio gravou duas composições do componente do trio Evaldo Gouveia, o samba-canção "A noite e a prece" e a "Guarânia do adeus", parcerias com Almeida Rego.

Ainda nesse ano, lançaram o bolero "Ansiedade", de Roberto Faissal e Lourival Faissal e a balada "Quem é", de Osmar navarro e Oldemar Magalhães. Nesse ano, foi lançado o LP "Um passeio com o Trio Nagô".




Em 1960, gravaram a "Balada de amor", de Paulo Borges, e o samba "Pior pra você", de Evaldo Gouveia e Almeida Rego, além de dois boleros da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, "Beija-me depois" e "Cantiga de quem está só". Ainda nesse ano, gravaram para a Polydor os sambas-canção "Ave Maria dos namorados", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, e "Divino pecado", de Rubens Marçal.

Também nessa época, lançaram o LP "Ouvindo o Trio Nagô", pela RCA Victor.

Em 1961, lançaram pela RCA Victor o bolero "Uma vez mais", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, e o samba-canção "Sem dizer nada", de Alleardo Freitas.

No ano seguinte, lançaram seu último disco, com a balada "Sempre assim", de Aloísio Carvalho e o rasqueado "Dolores", de Jair Amorim. Nesse mesmo ano, o trio se desfez a partir da saída de Mário Alves. Ainda houve uma tentativa de retorno com a entrada de Manuel Batista, porém, sem sucesso.




Na década de 1990, o selo Revivendo lançou o CD "Prece ao vento" com 21 músicas gravadas pelo trio: "Prece ao vento", de Alcyr Pires Vermelho; Fernando Luiz e Gilvan Chaves; "Quero-te assim", de Tito Madi; "acorrege a prenúncia", de Vicente Amar; "Meu pião", de Zé do Norte; "Prece", de Vadico e Marino Pinto; "Mocambo de páia", de Gilvan Chaves; "Tropeiro do sul", de Graça Batista e Antônio Aguiar; "Quem é", de Osmar Navarro e Oldemar Magalhães; "Guarânia do adeus", de Evaldo Gouveia e Almeida Rêgo; "O vaqueiro", de Luiz Vieira; "Pior pra você", de Evaldo Gouveia e Almeida Rêgo; "O gemedor", de Gilvan Chaves; "A noite e a prece", de Evaldo Gouveia e Almeida Rêgo; "Segunda-feira", de Jairo Argileo e Heron Domingues; "Dô de cotovelo", de Manézinho Araujo e José Renato; "Balada do amor", de Paulo Borges; "Yayá da Bahia", de Clodoaldo de Brito, o Codó e João Melo; "Três beijos", de Antônio Bruno, José Saccomani e Gaúcho; "Mambo do Ceará", de Catulo de Paula e Roberto Silveira; "Adeus de Xique-Xique", de Paulo Neves e "Cartão postal", de Paulo Borges.

TRIO NAGÔ - CHEGA DE SAUDADE
Composição : Tom Jobim e Vinícius

Vai minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser,
diz-lhe, numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.
Chega, de saudade
a realidade, É que sem ela não há paz,
não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca,
dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver sem mim

FONTE


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