Tenho paixão por piano... acreditem tentei aprender certa vez, mas não aconteceu. E passei para a coxia ou seja para os bastidores, dentro do universo da música - mas fora de cena. Embora ainda sonhe tocar uma música completa (digo completa porque me ensinaram tocar primeiro com a mão direita, depois com a mão esquerda e então juntar as duas. Um desastre as duas não se alcançavam \0/ faltava sintonia, harmonia... e então desisti. Segundo meu amigo Edmar Correa eis aí o erro).
Nesta postagem vou destacar o pianista cujas teclas ambientam-se com igual destreza entre o erudito, o popular e o limiar entre ambos, o carioca João Carlos Assis Brasil. Virtuoso ao piano, João Carlos Assis Brasil é um raro caso de músico erudito que se dá bem no terreno da música popular.
Sua arte dilui as divisas entre a música erudita e popular, sempre com primazia da qualidade e do refinamento artísticos. É ele um dos músicos que melhor representa essa vertente e um dos nomes mais respeitados no cenário da MPB, alem de representar o Brasil em várias turnês realizadas pela Europa e Estados Unidos.
João Carlos Miranda de Assis Brasil - 28/8/1945 Rio de Janeiro/RJ -
João Carlos iniciou seus estudos de piano no Conservatório Brasileiro de Música (RJ), onde estudou piano, harmonia e teoria musical. Aos 10 anos de idade, recebeu o 1º Premio do Conservatório. Irmão gêmeo do falecido saxofonista Victor Assis Brasil, aos 15 anos de idade João Carlos já era acompanhado por orquestras em concertos.
Em 1960, continuou seus estudos com o concertista Jacques Klein. Dois anos depois, venceu o Concurso Nacional de Piano da Bahia. Em 1964, viajou para Paris (França), onde estudou com Pierre Sancan.
Em 1965, na Áustria, ganhou o terceiro prêmio do Concurso Internacional Beethoven. Ainda na Áustria, atuou como solista na Orquestra Filarmônica de Viena e em seguida viajou pela Europa e pelo mundo apresentando-se em grandes concertos.
Em 1965, participou do Concurso Internacional Beethoven, realizado em Viena (Áustria). Classificou-se em 3º lugar, disputando com mais de 60 candidatos. Nessa capital, aprimorou seus estudos com Richard Hauser e Dieter Weber, e atuou como solista na Orquestra Filarmônica de Viena.
Apesar de consagrado como concertista clássico, João Carlos Assis Brasil envolveu-se com a música popular a partir da década de 80, quando formou o João Carlos Assis Brasil Trio com Zeca Assumpção (baixo) e Cláudio Caribé (bateria).
No ano seguinte, apresentou-se no Wigmore Hall (Londres), no Brahmsaal (Viena), no auditório da Família Meneghine (Milão) e no Teatro de Belgrado (Iuguslávia).
Em 1970, estudou com Ilona Kabos, em Londres.
Em 1975, apresentou-se na Universidade Católica em Washington.
Na década de 1980, formou, com Zeca Assumpção (baixo) e Cláudio Caribé (bateria), o João Carlos Assis Brasil Trio, que mais tarde contou com a participação de David Chew (violoncelo) e Idriss Boudrioua (sax). Apresentou-se, com o grupo, em vários concertos.
Ainda nessa época, atuou como professor do Conservatório Brasileiro de Música e, durante cinco anos, como professor e diretor da Faculdade de Música da Universidade Estácio de Sá (RJ).
A partir de 1982, começou a desenvolver um trabalho com Clara Sverner (dois pianos e quatro mãos), gravando o LP "Clara Sverner e João Carlos Assis Brasil: Satie-Joplin", considerado um dos 10 melhores disco do ano pelas revistas "Manchete" e "IstoÉ".
Em 1985, atuou como membro do júri do Concurso Nacional de Piano Arnaldo Strela, realizado em Juiz de Fora (MG). Apresentou-se, nesse ano, novamente ao lado de Clara Sverner, no Teatro Cultura Artística (SP), em concerto gravado ao vivo e lançado no LP "Clara Sverner e João Carlos Assis Brasil: Gershwin-Fauré".
Mais tarde, apresentou-se no Rio e em São Paulo, em duo piano-oboé com Harold Emert, e em duo piano-violino com Oscar Lafer.
Atuou em inúmeros concertos com a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, sob a regência de Eleazar de Carvalho e John Neschling, entre outros maestros.
Dirigiu a série "Concertos de Sábado", no Shopping Cassino Atlântico (RJ).
Atuou nos projetos "Metrô-Música" e "Rioarte instrumental" (RJ).
Acompanhou artistas como Maria Bethânia e Zizi Possi e gravou com grandes nomes da MPB, como Wagner Tiso, Jaques Morelenbaum, Ney Matogrosso, Alaíde Costa e Olivia Byington, entre outros, destacando-se por sua atuação, em 1987, no show "Pescador de pérolas", de Ney Matogrosso, com o qual viajou pelo Brasil e Portugal.
Em 1988, além de inúmeras apresentações em salas de concerto, gravou, com Ney Matogrosso e Wagner Tiso, e participação de Jaques Morelenbaum e Jurim Moreira, o disco "A Floresta Amazônica - Villa-Lobos".
Lançou dois discos sobre Villa-Lobos, o primeiro com a cantora Leila Guimarães, executando a Bachiana nº 5, e o segundo realizando a primeira gravação do 3º movimento da Bachiana nº 2.
João Carlos Assis Brasil apresentou nestes álbuns a íntegra das Bachianas Brasileiras Nº4, e das Cirandas, do compositor Villa-Lobos, além de um epílogo composto especialmente para o álbum. A obra As Bachianas tem uma emoção apaixonada, lírica, de construção rigorosa, como convém ao seu grande inspirador, J.S.Bach, já as Cirandas são composições mais curtas, a maioria de grande leveza, onde Villa-Lobos extrapolou suas visões musicais criando para o piano uma linguagem sofisticada e instigante.
Em 1989, apresentou-se, ao lado de Olívia Byington, no Rio de Janeiro (Rio Jazz Clube) e em outras capitais, em show que gerou um disco gravado ao vivo.
Lançou a seguir, o disco "Self portrait" sobre a obra de seu irmão Vitor Assis Brasil, com a participação de Zeca Assumpção (contrabaixo), Jurim Moreira (bateria) e Paulo Sérgio Santos (clarineta e sax).
Em 1992, apresentou-se, ao lado de Alaíde Costa, em show que originou a gravação de um CD.
De 1994 a 1997, idealizou e apresentou o programa "Instrumental informal", transmitido pela TVE.
Em 2000, dividiu o palco do Teatro Café Pequeno (RJ) com Claudia Netto e Claudio Botelho, no show "American concert", interpretando clássicos da canção norte-americana de autoria de George & Ira Gershwin, Irving Berling, Cole Porter e Rodgers & Hart, entre outros.
Nesse mesmo ano, fez recital na Fundação Eva Klabin (RJ), ao lado de Clara Sverner, interpretando obras de Erik Satie, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth e Ravel.
Apresentou-se, em 2001, na Série Instrumental da Sala Cecília Meireles (RJ), interpretando obras de Gershwin, Chiquinha Gonzaga, Nazareth, Cole Porter e do irmão Victor Assis Brasil.
Em 2004, gravou o CD "Todos os pianos". Fez show de lançamento do disco no Mistura Fina (RJ). Nesse mesmo ano, apresentou-se no tributo "Para Victor, com carinho", em homenagem a seu irmão Victor Assis Brasil, no espaço que leva o nome do instrumentista e compositor falecido em 1981, no Parque dos Patins, na Lagoa (RJ), do qual também participaram Nivaldo Ornellas e Luiz Avellar Trio.
Em 2005, apresentou-se, ao lado de Claudia Lira, no Café Teatro Arena (RJ), com o show "Chão de Estrelas - Uma homenagem à Era do Rádio".
Além de sua trajetória como pianista, atua como professor de piano.
Em 2010 (06/06/10) o pianista João Carlos Assis Brasil participou do Projeto Villa-Lobos Popular que lembrou os 50 anos da morte do maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - no Centro Cultural Correios da capital pernambucana. O carioca, que era violonista e violoncelista, se apropriou da cultura popular e de elementos da natureza para compor sua obra antropofágica, referência do modernismo musical brasileiro.
Em novembro/2010, dia 24, na casa de espetáculos Carnegie Hall, em Manhattan - no Weill Recital Hall, aconteceu o espetáculo “Brazilian Classics: From Villa-Lobos to Tom Jobim”, com o maestro João Carlos Assis Brasil ao piano, Duo Santoro (dueto de cello), Paulo Pedrassol (violão), Karla Bach (percussão) e as cantoras Angélica de la Riva e Glisse Campos.
No dia 05/11/2010 - O Centro Cultural Correios Salvador (Salvador/BA) apresentou o Projeto de João Carlos Assis Brasil “Mestres Brasileiros” é uma homenagem aos compositores de maior expressividade de nosso país que fizeram história dentro da Música Popular Brasileira e que são prestigiados e reconhecidos por suas belíssimas obras que estão eternizadas para sempre dentro dos corações do grande público brasileiro. São eles: Tom Jobim, Villa Lobos, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Cartola, entre outros.
Roteiro do show:
Apanhei-te cavaquinho (Ernesto Nazareth) 4:00
Odeon (Ernesto Nazareth) 3:00
As rosas não falam (Cartola) 4:00
Samba de uma nota só (Tom Jobim/Newton Mendonça) 4:50
Impressões seresteiras (Villa Lobos) 4:00
Retrato em branco e preto (Tom Jobim e Chico Buarque) 3:40
Manhã de carnaval (Luis Bonfá e Antonio Maria) 4:20
Minha (Francis Hyme e Ruy Guerra) 4:00
Aracê (Chiquinha Gonzaga) 3:40
Tico tico no fubá (Zequinha de Abreu) 4:00
Suíte improviso (João Carlos Assis Brasil) 4:15
O pianista e compositor Kenny Werner, em seu livro "Effortless Mastery liberatin the Masther Musician Winth" editado nos Estados Unidos em 1996, relata a influência marcante e definitiva de sua convivência com João Carlos Assis Brasil e as conseqüências sobre sua trajetória profissional e de vida.
João Carlos Assis Brasil é reconhecido em razão do seu talento, domínio técnico e apurada sensibilidade. Atualmente prepara seu novo CD, assim como o magistério, atividade que faz questão de continuar desenvolvendo.
Gershwin [Medley] - Joao Carlos Assis Brasil & Olivia Byington
FONTE
Biscoito Fino
Dicionário MPB
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